Pedido ao Duque

1782 Words
Lais Narrando. Eu estava ansiosa e com um frio na barriga que é difícil até descrever. Eu queria muito que o Formiga falasse com o Duque pra mim, mas ele se recusa e eu não tenho outra saída. Primeiro eu vou ver com ele se ele me coloca em algum esquema que eu possa receber bem, porque eu não quero ficar nessa vida pra sempre, eu quero apenas pagar essas dívidas e internar o meu pai... ou então eu vou acabar morrendo na mão de qualquer vagabundo por aí. A minha sorte é que eu puxei o sangue quente da minha mãe e tudo o que eu tiver que fazer, faço sem ao menos ligar paga a opinião dos outros, afinal, hoje eu estou sem saída, ou eu vou atrás de pagar as dívidas ou corro risco. Nós chegamos no QG, os vapores estavam na porta e algumas meninas fazendo hora ali, provavelmente esperando para se oferecer para o Duque. Formiga bateu na porta e abriu levando o maior susto. O desgraçado estava comendo uma p**a em cima da mesa do escritório. — c*****o Formiga… — Duque reclamou. — Marca 5 que já termino aqui, pô. — Foi m*l Duque. — Formiga respondeu e me olhou enquanto fechava a porta. Formiga com certeza achou que eu fosse me importar com o Duque estar com outra menina, mas na verdade, eu não ligo, eu posso ter uma paixonite por ele, mas sei que essa menina só vai ser o lanche dele e logo ela descarta. Eu fico p**a mesmo quando ele está com a fiel, porque sei que aquela ele leva para casa, ele dorme com ela todas as noites e pode muito bem ter um futuro com ela, digo filhos... — Relaxa, eu tô de boa. — Falei reprovando o olhar dele. Ele não falou mais nada, apenas acendeu um baseado e nós dois começamos a conversar sobre bobeiras e eu acabei experimentando pela primeira vez o Beck. Sensação de paz, isso que estou sentindo… é como se eu estivesse em outra órbita, como se tudo estivesse em câmera lenta e só existisse eu e o Formiga alí. Cerca de meia hora depois a p*****a da Kemilly saiu do QG dele, que merda… ele não estava com qualquer uma, era a fiel dele. Ela passou por mim jogando o cabelo e limpando o batom dor de bosta dela. Ela era dois anos mais velha que eu na época da escola e desde esse período a gente nunca se bateu, ela sempre foi muito oferecida e na época, ela até parou de escutar para ficar com o Duque. Ela é o tipo de pessoa que leva chifre e porrada e não fala nada, pra ela o status de mulher de bandido é muito mais importante que tudo. — v***a. — Eu falei baixinho, mas parece que não foi tão baixo assim, ela se virou pra mim e veio me encarando. — O que tu falou sua p*****a. — Ela falou chamando a atenção de todos. — Acho que essa tinta afetou seu cérebro… — Eu debochei. — Tu ouviu eu dizer alguma coisa Formiga? — Sei de nada não… — Ele falou negando. — Tu escutou demais cunhada. — O Duque vai saber disso… — Ela falou se virando novamente e jogando o cabelo na minha cara. Que vontade de pegar esses megas m*l colocados e arrancar na unha. Quem liga para o que o Duque vai falar? É capaz dele mesmo meter a porrada nela por estar arrumando confusão na frente do QG dele. Formiga me cutucou e eu respirei fundo e me virei de costas para ela pra não ir lá e arrastar a cara dela no chão. — Se controla, pô… — Formiga pediu. — Tô de boa… — Eu falei cruzando os braços. — Tá ligada que se arrumar briga com a fiel dele, ele manda raspar sua cabeça né?! — Formiga me alertou e eu dei de ombros. — Tá pra nascer um homem que encostei a mão em mim… — Debochei. — Bora lá trocar logo esse papo com ele. — Formiga saiu puxando meu braço. Formiga é f**a, ele sempre fica inventando de passar a mão nas coisas erradas que os outros fazem… tudo bem que dessa vez eu provoquei, mas quero ver aquela vagabunda provar que eu disse algo. Eu pouco me importo com o que ela fala, eu quero mais é que se exploda com a cara toda quebrada. Meu sonho é o dia que eu encher ela de tapas… Eu nunca vou esquecer a humilhação que ela me fez passar no dia da quadra… Eu estava vendendo bebida para complementar a renda porque estava tendo jogo da várzea, Duque veio até mim e foi a primeira e única vez que ele meio que deu em cima de mim. Ela achou que eu estivesse dando bola e saiu gritando pra favela toda que eu estava querendo dar para o macho dela. Óbvio, depois ela tomou um salve bem dado do Duque, porque eu não fiz absolutamente nada além de vender um whisky pra ele, mas ela viu o fim do mundo. Depois disso, praticamente a favela toda me chamava de talarica e eu tive que aguentar, mas nunca abaixei minha cabeça, porque sei da minha índole e também sei que eu nunca me envolveria com macho dos outros, até porque de problemas eu já tô cheia. A gente entrou no QG e o Duque estava sem camiseta, mostrando o estrago que aquela v***a vez em seu peitoral com as unhas. Eu revirei os olhos e fingi não estar me importando. — Salve Duque. — Formiga cumprimentou ele. — A Laís tá querendo trocar um papo contigo. — Tá querendo o que filé? — Duque falou acendendo um baseado. — Queria ver contigo de tu me colocar em alguma cena ai pra eu levantar uma grana. — Falei com um pouco de receio, sei que é errado, mas não tenho saída. — Tô precisando fazer o acerto com os cara que meu pai pegou uma grana… — Quanta grana tu precisa? — Ele me perguntou tragando seu Beck. — Em torno de 6 mil. — Aê, tô ligado que tu tem uma mira boa… melhor que muito vapor aqui. — Ele falou dando um sorriso torto. — Os caras vão dar o bote em uma carga do morro do vidigal e eu quero alguém bom de mira pra pegar o policial que arma os esquemas. — Qual é Duque… vai sujar a mina assim? — Formiga reprovou o esquema. — A melhor parte é a grana, pô… — Duque falou. — 30 mil só pra deixar ele uns dias fora de cena. — Não vou precisar m4tar? Só dar um susto? — Perguntei engolindo seco. — Só um susto… — Duque falou sorrindo. — Estou dentro! — Eu respondi sem pensar duas vezes. — Ela pode ir presa, Duque… — Formiga se envolveu no meio da minha decisão. — Ela é menina, pô… arruma um trampo pra ela aqui dentro, que é mais suave. — Não Formiga, eu quero ir… tu sabe o quanto eu preciso dessa grana. — Falei um pouco nervosa. — Se eu não pegar essa grana, meu pai vai acabar com a minha vida… ele vai fazer mais dívida com os caras… tu viu o que ia acontecer se você não tivesse chegado na hora. — Tu tá com problema filé? — Duque perguntou. — Alquimista queria invadir minha casa. — Expliquei. — Nem bateu o prazo e ele queria cobrar… — Fica suave que nós vamo cobrar isso aí… — Duque piscou e eu senti minhas pernas tremerem. — Tu fica pronta amanhã às 22:00, Formiga vai te pegar, ele vai te acompanhar na cena, menor também vai… — Obrigado Duque! — Me levantei e apertei sua mão. O primeiro toque a gente nunca esquece. Nesse momento ele me olhou nos olhos e senti que ele me olhava diferente… eu acho que ele estava me testando… só pode… Saímos do QG e o Formiga me levou até o bar do seu João, hoje eu ia fazer um bico de garçonete aqui. Ele me deixou e foi embora sem trocar uma palavra, parecia que ele estava puto comigo e eu entendo completamente a reação dele, mas eu não tenho escolha… ou eu faço isso, ou eu estou na merda. De onde veio a primeira cobrança, virão outras. — Boa tarde Seu João… — Cumprimentei pegando o meu avental. — Boa tarde Laís. — Ele falou de costas pra mim — Pode atender aquela mesa? — Claro. — Falei pegando o caderninho. Quando eu olhei para a mesa, vi a Kemilly e a corja dela toda, inclusive a Sabrina… Desse meio todo, a Sabrina é a única que ainda consigo engolir… Eu respirei fundo e fui até lá. — Boa noite, qual o pedido de vocês? — Falei revirando os olhos. — Deveria ser proibido contratar talaricas… — Uma das meninas falou. — Para com isso… — A Sabrina repreendeu. — Liga não, ela esqueceu o remedinho hoje. — Tá defendendo, Sabrina? — Kemilly falou. — Ah… tá sujo aqui, querida. Ela pegou o copo de cerveja e virou no chão, só pra eu ter que limpar. Meu sangue subiu, eu não pensei duas vezes em pegar o caderno e enfiar na cara dela fazendo um corte com o arame que envolve as folhas. — Não me provoca, v***a! — Eu respondi praticamente espumando de raiva. Quem estava em volta enviou a cena, começou a rir da cara da Kemilly, eu achei bom que ela tenha passado essa humilhação… assim ela para de provocar as pessoas. — Olha o que você fez com o meu rosto. — Ela falou choramingando e vendo sua mão com um pouquinho de sangue. — Eu vou mandar o Duque te dar uma lição. — Você provocou Kemilly. — A Sabrina falou revirando os olhos. — Vai embora limpar essa cara… está horrorosa. — Você vai se arrepender. — Ela falou se levantando com a corja toda. — Tô morrendo de medo. — Provoquei dando risada. Eu virei minhas costas e voltei para o balcão, joguei o caderninho em cima da mesa e me sentei pra tentar me acalmar. — Se continuar dando moral, isso nunca vai acabar… — Seu João falou. — Vai lá, menina… limpar aquela bagunça e por favor, não espanta mais clientes. — A culpa não foi minha, não… — Falei com a cara fechada. Eu me arrastei até lá e limpei toda a bagunça, depois voltei para o balcão e continuei os meus serviços sem que ninguém me enchesse mais o saco.
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