O babaca do Café
Diana sempre soube que era diferente, sempre percebeu que seu comportamento destoava das outras meninas.
Seu cabelo cacheado até altura das costa, sua pele n***a, nariz e lábios bem desenhados, emolduravam seu belo rosto.
Nunca teve muitas amigas, era gêniosa demais, impulsiva demais... sua mãe sempre a repreendia por não ser uma mocinha, desde muito cedo a ouvia gritando do Portão de casa:
- Menina!!! Desce já dessa árvore antes que vc se machuque; Diana como vc consegue chegar com essa sujeira toda?; Meu Deus do céu, como vai tirar essas mamonas do cabelo?!
No bairro onde cresceu as pessoas já nem se importavam mais, ela sempre vivia metida em alguma situação, principalmente brigas ou discussões.
Após muito custo, conseguiu entrar no cursinho preparatório para faculdade de Medicina. Filha de mãe costureira e pai cozinheiro, precisou trabalhar e auxiliar como podia.
Durante o dia trabalhava como recepcionista em uma clínica de psiquiatria, e a noite estudava.
- Só eu mesma, que ódio!! - Saindo de casa correndo Diane entrou no Uber, após escorregar no tapete interno se ajeitou no banco de trás.
- Bom dia, até que enfim choveu, estava precisando -disse o motorista tentando assunto puxar, enquanto uma mulher estressada o olhava pelo espelho do carro.
- Ah sim, bom mesmo é chover numa segunda, e ainda acordar atrasada para o trabalho, pensa numa animação seu moço?! - Oh meu Deus, essas horas o sarcasmo toma conta quando estou assim,- pensou Diane. - Mas precisava mesmo chover- Foi calada o resto da viagem.
Quando chegou no trabalho já se passava das 8h30, por sorte sua gerente não tinha chegado. O telefone tocou, era DR. Roberto, pedindo que o próximo paciente entrasse.
Diana tinha uma colega de trabalho, Patrícia, que também ficava na recepção, e como todas as mulheres da clínica tinha uma queda pelo Psiquiatra.
- A menina me perdoe o atraso, hoje sinto que a garapa azedou desde cedo- falou Diane envergonhada.
- n**a acontece, por enquanto está tranquilo, a maioria dos pacientes são queixas de dificuldade para dormir. Vai dar tudo certo até a hora de embora, vai ver- Paty falou com um sorriso.
As horas foram se seguindo, e faltando 30 minutos para ir embora, chegou o último paciente, Filipe Helfstein.
Chegou acompanhado de uma mulher, estava extremamente transtornado, falando alto e ofendendo alguns funcionários que tentaram acalma-lo e oferecer agua ou café enquanto esperava.
Após perturbar a paz no local, Diana já havia sinalizado o médico. Aproximando -se de do homem que estava agitado, foi explicar que seria o próximo ser atendido, oq ela não esperava era que o mesmo após toda irritação virou o copo de café, derramando todo na roupa de Diana e queimando um pouco sua pele.
Num misto de dor, e raiva olhou para cara do infeliz que colaborou pro seu dia de m***a. O homem que até então estava agitado, olhou para ela com cara de indiferença e deu as costas, sem se desculpar. A mulher que estava junto, olhou para Diana, e se desculpou.
- Por favor perdoe ele, está tendo um péssimo dia. Vou compensa-la pelas roupas - Ela se chamava Tânia, era alta, bonita, e pelas roupas, era rica.
- Td bem, creio que não seja necessário, se me der licença, vou ao banheiro, me trocar. - Rapidamente foi até o banheiro,lembrou que o feminino tinha sido interditado no final da tarde, não teve escolha a não ser aguardar o masculino desocupar, enquanto aguardava, abanava as mãos em cima do ombro e balançando a camisa branca para ventilar, sentido um pouco de alívio.
Neste momento o banheiro finalmente desocupou, e Diana deu de cara com Filipe, que saindo com pressa do banheiro quase a derrubou no chão.
- Por favor tome cuidado, Meu ombro- Ela disse já bufando de raiva e ainda tentando manter a compostura.
- Eu tomar cuidado? Vc fica aí igual boba parada a porta, e ainda com esse traje todo inadequado- Ele disse a observando lentamente dos pés a cabeça.- Quanto as roupas, compre outras, deixarei um cheque.
Diana que não aguentava mais de dor deixou o estranho falando e foi no banheiro, trancou a porta enquanto jogava água fria nos lugares onde apresentava ardência, pensava - Raiva, b****a, i*****l!!! E meu dia Ainda não acabou, tenho q correr, trocar essa blusa logo.
Demorou mais de 30 minutos para se sentir melhor e trocar de roupa... era o primeiro dia de cursinho, e não podia se atrasar, mas depois de tanto azar, estava esperando tudo.