Diana Prince
Do tempo que liguei para o 911, as viaturas não demoraram mais que cinco minutos para chegar ao consultório, Ryan, mesmo em choque, se agachou na minha frente e implorava para fugir e não iria fazer isso.
Mesmo agindo de forma errada como conduzi, darei orgulho ao meu pai assumindo as minhas responsabilidades. Sei que quando as notícias chegarem até o Gleen ele encomendará a minha morte onde quer que esteja.
Ou seja, é questão de tempo para estar morta.
Toquei no rosto do médico que foi o único que me deu uma oportunidade de ter meu próprio dinheiro, estava grata a tudo o que ele fez por mim durante os últimos anos, mesmo não sendo responsabilidade dele. Acho que a única coisa que poderia pesar contra ele é o fato da arma estar em seu nome.
Quando os policiais saíram do consultório e constataram a morte dos dois homens, olharam para mim com pena. Mas meu pai sempre disse.
“Não importa como eles te olhem, erga a cabeça e sinta orgulho de quem é”
Nesse momento sou a garota que vingou a morte do pai e não temerei a morte quando ela chegar até mim.
— Obrigado Diana, não tenho palavras para agradecer o que fez por mim agora, pena que eles a mataram. — Ryan diz ao me abraçar.
Olho para o policial que põe a mão no meio de minhas costas para me afastar do meio de toda a confusão que se instaurava de mais policiais, repórteres, curiosos e principalmente Gleen Powell, que gritava diversos palavrões querendo entrar.
Os policiais não me algemaram, por estar cooperando com o que estava acontecendo. Eles me encaminharam para a saída da clínica, mas antes de qualquer coisa olhei novamente para Ryan.
— Cuide da minha casa, por favor? — Peço com gentileza.
— Como se fosse minha filha, estarei ao seu lado a todo momento. — Sorrio para o homem com a mesma idade do meu pai.
Olho para os policiais e deixo que eles me conduzam para a viatura e somente quando saio que observo Gleen ao lado de vários policiais, evitando que se aproximasse de mim.
Ele é um homem alto, passava vários centímetros de todos os policiais que o circulavam. Mas não será isso que vai me intimidar, se em algum momento precisar enfrentá-lo, estarei na sua frente de queixo erguido e com a mesma coragem que tive ao puxar o gatilho para matar os dois que foram atrás de mim.
Meu olhar encontra os olhos escuros e injetados em ódio que emanava dele, tinha uma enorme convicção que se não puder me defender essa noite, não verei o dia nascer, quem dirá o julgamento.
— Tenho certeza que o delegado fará o possível para não ser morta ainda hoje. — Olho para o lado e um policial que ainda não havia visto surge ao lado da janela do carro.
— Não me importo de morrer! — Digo olhando para a movimentação de repórteres tentando tirar alguma foto minha.
O trajeto foi feito sob escolta, havia muitos carros nos seguindo e ao que entendi o delegado queria que chegasse viva na sua frente.
Entrar na viatura foi fácil, mas sair tivemos problemas, a multidão gritava por minha soltura, que foi legítima defesa, que eles eram bandidos e que eles deveriam ser presos. A confusão na frente da delegacia estava tão generalizada que foi necessário o delegado dar dois disparos para o alto para dispersar a multidão.
Olhei ao redor e me surpreendi quando um homem com certo charme abriu a porta da viatura e estendeu a mão para que saísse do carro.
— Boa tarde, senhorita Prince, pelo visto não conseguiu esperar pelas investigações! — Ele afirma apontando para as algemas em meus pulsos.
— Para você vê, tome uma atitude e estou aqui para receber a punição na qual me é devido! — Digo de queixo erguido.
Claro que estava com medo, principalmente por ser uma mulher em meio a vários homens que podem fazer o que quiserem comigo, ver tantos documentários de CSI e prisional não estava fazendo bem para a minha mente nesse momento.
— Pelo visto, além de destemida, você tem língua afiada, admiro a sua coragem, mas não é assim que funciona. — Ele põe a mão em meu ombro e me leva para a delegacia.
A população estava em polvorosa, muitos flashs e aplausos, ao que posso ver o ódio pelo Gleen Powell é em muitos. Ao entrar na sala do delegado, ele retirou as algemas e me mostrou onde sentar.
— Sinto muito senhorita, temos regras a seguir, se tivéssemos realmente feito da forma que você fez, para que policia, certo? — Concordo com a cabeça.
Durante horas conversei e contei meu relato do que aconteceu, de como consegui a arma e expliquei a conversa que ouvi entre o meu chefe e o homem grandão.
— O homem que você matou é Lewis Powell, o único irmão de Gleen e, o rapaz é o filho do Glenn. — Engulo em seco.
Já serei morta apenas por matar o filho do cara que manda no submundo aqui em Cambridge, agora que sei que matei o filho e o único irmão é capaz desse delegado me entregar em uma bandeja de prata.
Mas para a minha surpresa, não fui morta na primeira noite, o delegado Ricardo Herlan, providenciou uma escolta e fui conduzida para uma cela no escritório do FBI. Seria onde estaria mais segura do Gleen.
Mesmo eles tomando o máximo de cuidado comigo, sabia que em algum momento teria que ir para um presídio e estar lá com outras detentas seria a minha prova de fogo. Tive a sorte de ficar na cela sob proteção do FBI até o dia julgamento.
Doutor Ryan, havia enviado uma roupa para me apresentar na frente do juiz, sabia que estaria em um julgamento com uma grande comoção pública e meu advogado acha que isso seja algo muito bom para mim. O juiz pode ter a sua decisão sobre pena, em base a opinião pública.
Estava sentada ao lado do advogado que o estado me indicou, ele parecia confiante de que não seria condenada a pena de morte, tudo dependia da turma de jurados.
Por quase uma semana o meu caso foi julgado e noticiado para o país inteiro, deixando claro que grande parte da população estava ao meu lado e principalmente desejavam que fosse feito justiça com a morte do meu pai, que permanecia sem solução.
— Fiquem de pé! — A voz irritante do meirinho me tira de meus devaneios.
Me ergo e coloco a mão na frente do meu corpo, olho para o meu advogado e percebo o quanto ele está apreensivo com o que o juiz dirá assim que abri o envelope dos jurados.
Meu olhar passar por cada uma das pessoas que estão com a decisão da minha vida em suas mãos, dou um leve sorriso a cada um deles.
— Jurado um pode declarar a sentença de Diana Prince! — O juiz diz.
Observo quando a mulher se ergue com o papel em suas mãos e olha para todos no tribunal.
— Por apresentar um crime agravado e de intensidade, declaramos ela culpada pelo crime de homicídio qualificado. — Fecho os olhos esperando o resto da sentença. — Pelo crime de porte de arma, a comissão de jurados a declara inocente pelo fato de que ela tentava se resguardar. — A jurada diz e meneio com a cabeça.
— Após ler e ouvir cada uma das provas, os advogados de ambas as partes, sentencio você a vinte e cinco anos de reclusão, podendo ter uma diminuição assim que atingir um terço da pena. — O juiz decreta batendo o martelo na mesa.
— Isso é injusto, ela matou meu filho… — Gleen que estava no fundo do tribunal, gritava com toda a força.
Agora que tenho minha pena, vou aproveitar meu tempo para estudar tranquilamente, sei que na cadeia eles permitem que estude lá, quem sabe não me torne advogada?
Penso comigo, me despeço do Ryan, ele me prometeu que cuidaria da casa, a manteria alugada e o dinheiro iria para uma conta para me manter assim que saísse da cadeia.
— Você sairá Diana Prince! — Foi o que ele me disse ao se despedir.
Cinco anos depois
Ter uma vida no presídio não foi nada fácil, por várias vezes tive que me livrar das tentativas de Gleen tentar me matar, mas por alguma providência divina sempre encontrei pessoas maravilhosas que me ajudaram.
Há um mês consegui minha liberdade condicional, hoje é o dia que conhecerei meu agente de condicional, poderei sair da penitenciaria e tentar um emprego ou estudar. A minha única preocupação é o Gleen, mesmo que ele tenha sumido um pouco, sabemos que ele irá se fazer presente em algum momento.
Me aproximo da sala da diretora da penitenciaria, ela é uma ótima pessoa, parece um planeta girando em sua própria orbita exibindo uma barriga de oito meses de gestação.
— Finalmente você chegou Diana! — A diretora se aproxima e segura em meu ombro em direção ao homem sentado na cadeira na frente da mesa da mulher.
— Boa tarde, senhorita sou Pete Mitchel, serei o seu agente pelo próximo ano.
Céus, que homem bonito…