Mesmo depois de tanto tempo após ter chegado, ainda não tropecei com a Emily.
Estou até com medo de dar de cara com toda a família dela ou um monte de gatos.
Mexi um pouco o copo de whisky que estava em minha mão, enquanto observava todo o resort. Esse lugar é lindo. Da primeira vez que vim aqui, não observei muito. Eu estava concluindo a faculdade e bem, estava sempre muito bêbado para lembrar de algo coerente. Tenho meras lembranças de garotas, body shots e muito sexo.
Eu sou responsável, mas era a minha folga antes de realmente pôr a mão na massa e trabalhar e eu estava feliz, ué! Carpe Diem! Apesar dos apesares, fui orador da turma e acredite, um dos primeiros da classe! Quando fazemos o que amamos tudo é mais fácil e bem mais gostoso.
Eu amava cada pedacinho daquela agência, me tornando até um pouco workaholic... Muitas foram as vezes a Emily teve que me arrastar para fora do meu escritório as duas horas da manhã, afundado em papeladas e contratos, criando discursos...
— Caaara, encontrei uma loira que... — Ricardo se senta do meu lado, parecia empolgado. Falou de mulher ele já fica alegre. Quem não fica, né? — Num biquíni azul, muito gostosa! — Arfou, me fazendo soltar uma risada. Devia ser uma modelo chapada. — Ela me deu três entradas para uma festa a fantasia que vai haver hoje a noite... Pensei que poderíamos ir... — Começou a falar manso e eu suspirei. Ou eu aceitava ou ele iria ficar o tempo todo reclamando.
Aquiesço, interrompendo o discurso persuasivo do Rick.
Uma festa não iria fazer m*l.
Viemos aqui para nos divertir mesmo.
Eduardo se aproximou da mesa com um sorriso i****a, parecia ter encontrado a Fantástica Fábrica de Chocolate ou se drogado. Lembrando que ele é certo demais para a segunda opção.
— Encontrei a garota perfeita. Advogada, tranquila, inteligente e com um ótimo papo. — O que é isso? Convenção de mulheres perfeitas? Também quero uma. — Ela me convidou para uma festa..
— À fantasia?! A garota do Ricardo também o chamou e nos deu ingressos. — Completei, franzindo o cenho. Como eles iriam acha-las? Telepatia? — Pelo menos essas garotas misteriosas disseram com que fantasias vão estar?
— A minha disse que iria de chapeuzinho vermelho. — Ricardo sorriu malicioso.
O safado está louco pra bancar o "lobo-mau".
— Engraçado, a minha disse que estaria de Branca de Neve. — Eduardo suspirou e eu revirei os olhos. Só vou para dançar e abocanhar alguma modelo. Servir de candelabro cheio de velas não está na lista.
— E vocês vão fantasiados de quê? — Perguntei e eles deram de ombros sem saber o quê responder. Ergui as sobrancelhas, soltando um largo sorriso. — Vamos às compras, amigos! — Falei de modo afeminado e nós rimos.
****
A máscara de Zorro e o lápis de olho esquisito que o Ricardo me fez passar (lê-se: me obrigou até me deixar com medo), intensificaram o azul dos meus olhos. O reflexo do espelho só faltava miar.
Uau, até eu me pegaria.
A espada de brinquedo na cintura e a camiseta extremamente colada e meio aberta me deixaram parecido com um gogoboy de luxo. Imitaria facinho o Magic Mike.
Sorri para o espelho e me virei, tomando um susto com o Ricardo que me olhava sem piscar.
Cruzes, ele estava dando medo.
— Essa fantasia de vampiro caiu bem em você, cara. — Bati palmas e ele riu, mostrando as presas falsas. Ele estava um protótipo moderno do Drácula.
Um estalar alto de chicote me faz cair sentado na cama, passando perto de berrar com o susto.
Voltamos ao tempo da escravidão?
— CARAMBA, EDUARDO! — Levei a mão ao peito e resfoleguei algumas vezes. Meu amigo ria copiosamente, junto com outro. Eduardo estava vestido de cowboy. Como saudação, ele tira o chapéu. Sorrindo, retribui lhe dando o dedo do meio
.
— Ao seu dispô, colega! — Ele mastigava alguma coisa que eu realmente esperava não ser fumo e sim, uma goma de mascar.
— Nós poderíamos facilmente ganhar dinheiro em algum clube, fingindo que somos gogoboys...— Eu e Edu encaramos o Ricardo e ele dá uma risada — Esquece, vamos embora. Estou louco para ver com meus olhos e outras coisas grandes a minha chapeuzinho vermelho. — Piscou e saiu balançando a chave do carro na mão.
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Depois de eternos quinze minutos sendo obrigado a ouvir o Ricardo cantando Adele, desço do carro, ainda com os tímpanos reclamando, esperando Pink e o Cérebro saírem do telefone com as garotas. Os dois voltaram com umas caras nada boas. Iiiiiiiih.
— Elas nos deram bolo. — Ri alto. Pela primeira vez os bonitinhos levaram um bolo.
Sim, eu já levei.
E eles fizeram um cartaz com isso e me zoaram por um mês. Inteiro.
— De que sabor? — Aproveito a situação para caçoar deles. Recebo dois dedos e não paro de rir. Abraço os dois de lado e saio andando.
— Mulher é o que não falta. Vem, vamos curtir um pouco. —E entramos. A musica alta, bebidas, algumas modelos de enfermeira e princesinha sexys, coelhinhas e fadas. O clichê dessas festas.
Pedimos 3 doses de whisky pura e com gelo e brindamos à vida, por que a nossa noite começou agora!
Depois de umas... Ah, não sei quantas doses de whisky e alguns amassos com uma bruxinha, estou sentado, olhando Ricardo e Eduardo virarem alguns shots de tequila. Eles se viram e me oferecem. Balanço a cabeça. Quero ficar são e aproveitar o momento.
— Aiôu silveeeer! — Eduardo chega, rodando aquele bendito chicote. Faço careta. O quanto ele tinha bebido? Só tinha visto ele assim uma única vez. Numa festa de fraternidade em que ele ficou tão bêbado que vomitou no sapato do Reitor, no dia seguinte. Acho que foi por isso que depois dessa situação, ele nunca bebeu tanto. Tirando hoje, parece que ele empurrou o pé na jaca. E o Ricardo não fica atrás. A jaqueta estava amarrada na cintura e a camiseta branca cheia de marcas de batom.
Ele sorria e só havia uma das presas falsas para contar história. Dou risada. Isso que é "bebermorar".
— Cara, olha aquilo ali... — Ricardo diz, eu ignoro e tomo um gole do meu whisky. Do jeito que ele bebeu, bem deveria estar vendo alguns gnomos dançando a macarena ou até unicórnios regravando o Lago dos Cisnes.
— Uooooow! Elas são reais ou miragens? Estão fantasiadas de quê exatamente? — Edu fala arrastado e a curiosidade me vence.
Me viro e dou de cara com duas lindas mulheres, não eram exatamente magras, porém, seus corpos tinha curvas perigosas que eram facilmente destacadas com as roupas que trajavam. Uma delas era branca como um copo de leite, suas curvas bem acomodadas em um espartilho e short de renda rosa claro, tinham alguns detalhes com fitas de cetim. A cinta liga era branca e os saltos negros. Em seu rosto, a máscara cor de rosa contrastava com os cabelos pretos. Ao seu lado, uma loira com os fios soltos em volta do rosto, formando uma cascata. Ela carregava um sorriso malicioso nos lábios pintados de vermelho. O espartilho era de um azul intenso, o tecido pesado que não sei identificar... A cinta liga laranja. Um laranja forte. Ela também tinha uma máscara. Azul e com alguns detalhes laranja. Elas estavam vindo em nossa direção?
— c*****o! Elas estão vindo para cá! — Ricardo passa a mão no cabelo e Edu se mexe, tentando se encostar em mim, eles dão um sorriso digno de comercial de creme dental. A cena seria cômica se eu não tivesse visto oque vi assim que, em um movimento sincronizado, as duas mulheres abriram espaço e ela entrou no meio. Se juntando às três. Mascaradas, sexys e irresistíveis. Não tinha um homem no recinto que não ás olhassem, eram como um ima, atraindo todos olhares para si.
Era ela. Os cabelos castanhos, levemente dourados. A pele morena clara cria um contraste com a cinta liga vermelha. A máscara preta escondendo a face que eu tanto ansiei ver. O corpo que me enfeitiçou. É ela. A minha assaltante, a ladra que roubou a minha sanidade e lavou minha louça.
E ela está vindo em minha direção.