Maya narrando
Cheguei no hospital com muita dor, três costelas trincadas, vários antibióticos pra tomar e o Miller enchendo o meu saco, eu já tava querendo me aposentar desse ramo da luta faz um tempo, ao contrário do Miller que gosta de gastar Horrores, eu sempre guardei o meu e gastei só o necessário, eu sempre tive ciência que minha carreira é perigosa, e que há qualquer momento eu posso não conseguir lutar mais, então sempre guardei meu dinheiro. Essa última luta me rendeu 50 mil dólares, o que já dá pra viver bem por muito tempo, fora o que tenho guardado no banco.
Sai do hospital e fui pro meu apartamento, a médica enfaixou a minhas costelas e disse pra fazer bastante repouso e não fazer esforço, chegando em casa eu queria muito tomar um banho, to toda suada da luta, mais acho que depois não vou conseguir colocar a faixa de volta, então liguei pra Emma que veio me ajudar, conheci ela na escola, mais diferente de mim, Emma se formou em administração, e trabalha no escritório da família.
Emma: você é maluca, até quando você vai seguir nessa sua loucura Maya?.
Maya: eu vou parar amiga, já falei isso pro Miller.- eu falo e ela confirma.
Emma: e como ele reagiu ? Deve ter surtado né?.
Maya: se surtou não demonstrou, mais ele não tem o que fazer já está decidido.
Emma: já até imagino a cara dele, agora vamos lá.
Maya: tem mais Emma, eu decidi que vou voltar para o Brasil.
Emma: tá brincando Maya? Você não pode me deixar aqui, eu preciso de você.
Maya: sinto muito amiga, mais você pode ir comigo se quiser.
Emma: você e uma péssima amiga.- ela fala revoltada me ajudando a tirar a faixa, senti algumas dores, mais deu tudo certo, olhei no espelho e tá tudo preto, roxo por causa da pancada.
Depois do banho ela me ajudou a colocar a faixa de volta e ainda fez comida pra mim, eu amo muito a Emma, mais eu preciso voltar. Depois de uma semana eu já estava melhor, mais ainda sentia dor, resolvi ligar pra uma conhecida minha que me passou o contato do responsável no morro, pedi pra ela não comentar com ninguém e ela disse que podia ficar tranquila.
Depois de falar com um tal de dom e dizer que eu era moradora e que eu tinha uma casa lá, ele acabou aceitando de boa, então agora tenho uma semana pra organizar minhas coisas, comprar a minha passagem e voltar pro meu lugar de paz. Eu amo aquele lugar e tô muito ansiosa pra voltar e ver os meninos, sei que eles já não são mais os mesmo, mais eu ainda os amo do mesmo jeito de quando éramos mais novo, tá certo que não vão me reconhecer, eu mudei mudei muito desde a última vez que nos vimos, mais tô louca pra ver a cara deles quando eu aparecer lá.
Ligação on
Maya: oi Miller?.
Miller: Maya por favor, uma última luta e eu não vou mais te incomodar, a luta vai ser no rio mesmo, não vai te atrapalhar em nada e vale 100 mil.- passo a mão no rosto já irritada, ele não para de me encher a paciência desde que eu disse que não queria mais.
Maya: será a última luta, e depois disso não quero mais ouvir em falar nisso Miller, tô falando sério, quando vai acontecer?
Miller: pode deixar, depois disso eu não toco mais no assunto, a luta vai ser daqui 3 semanas o que te dá tempo pra se recuperar e se preparar
Maya: ótimo, eu embarco na semana que vem.
Miller: eu também vou, o que acha de dividirmos um AP?
Maya: não Miller, tô indo pro morro de volta.
Miller: tá ficando maluca Maya? Aquele lugar é um campo minado, você vai morrer naquele lugar.
Maya: você pode ficar no asfalto e nos encontramos fora do morro Miller, eu tô voltando pra minha casa.- ele bufa irritado, a um tempo atrás ele tentou investir em mim e eu não dei a******a, não quis misturar as coisas, e também não queria ninguém na minha vida.
Miller: tá bom Maya, você quem sabe.
Ligação off
A semana passou rápido, soube que teve invasão no morro, claro que fico preocupada, não tô mais acostumada com isso, mais eu sou cria da favela, e sei como agir em caso de invasão, e ainda quero fazer umas melhoras na casa que era dos meu pais, a casa era boa, mais tá fechada faz muito tempo, vou arrumar tudo o que precisar e mobiliar ela novamente, só não vou mecher no quarto deles, quero manter a lembrança dos dois ali felizes como eles eram.
Miller: tem certeza que vai ficar naquele lugar ?.- ele fala assim que desembarcamos no Rio.
Maya: claro que tenho, e você já alugou um AP pra ficar ?
Miller: já sim, vou ficar pela barra mesmo.- claro que vai, Miller gosta de luxar e ostentar, por isso o motivo dos surtos dele, eu ganhava lutas de 2 a 3 vezes por semana, o que ele ganhava dava pra ter uma boa vida, mais os gostos deles são muito caros.
Maya: tá bom, quando souber o lugar e o horário da luta me liga pra avisar.- eu falo chamando um taxi e ele confirma, entrei e dei o endereço pro taxista, ele me olhou assustado e como se eu fosse louca, mais isso sempre foi normal, ninguém nunca gostou de subir o morro, falam que somos todos bandidos só por morarmos no morro também.
Taxista: moça tu sabe que lá e lugar perigoso né? E sem contar que o dono é um psicopata.
Maya: eu moro lá moço, sei como são as coisas.- eu falo pra cortar o assunto, não gostei do jeito que ele chamou o alemão.- ele também não falou mais nada, quando chegamos na subida do morro, ele abriu o porta malas e colocou minhas coisas no chão, fiz o p*******o pra ele no pix, ainda bem que minha conta é internacional, e o dólar tá muito alto, o que me ajudou ainda mais na conversão.
Xxx: tá fazendo o que aqui moça?.- um dos vapores da barreira fala.
Maya: oi, eu tenho uma casa aqui e já tinha informado que eu estaria retornando para o morro.
Xxx: e a mocinha falou com quem ?.- ele fala me olhando de cima a baixo.
Maya: com o dom.- ele confirma.
Xxx: jae, conta 5 ai que vou avisar o patrão.- eu confirmo e ele pega o rádio
Rádio on
Xxx: ae patrão, tem uma mina aqui na barreira falando que tem uma casa por aqui, disse que o dom tá na responsa, mais ele não tá no morro, pode liberar?.
Pesadelo: conta 5 que tô descendo sapo.- que saudade de ouvir a voz desse palhaço, acabei dando um sorriso feliz por saber que vou rever ele e o vapor me olhou.
Rádio off
Sapo: e só esperar mina, jaja o patrão tá aí.
Eu confirmei com a cabeça e e fiquei ali parada esperando ele que em poucos minutos apareceu com uma moto que deve ser do meu tamanho, o homem tá um verdadeiro gato, só que pelo olhar dele, ele não tá me reconhecendo.
Pesadelo: ae mina o dom não tá, então vou te passar a visão da comunidade.
Maya: eu conheço as leis, eu morava aqui esqueceu.
Pesadelo: esqueci não, pra falar a verdade não tô lembrado de tu não.- ele fala me olhando da cabeça aos pés igual o outro vapor.- aonde tu mora mesmo ?.
Maya: na rua 12.- ele fica me olhando por uns minutos e não fala mais nada, achei que falando a rua ele se lembraria de mim, mais parece que não
Pesadelo: jae, bora lá que vou te levar lá então, deixa as malas aí que os meno leva.
Maya: nao precisa se incomodar, eu posso levar a mala e subir andando também.- ele n**a.
Pesadelo: o morro tá sob alerta, se tu já morou aqui como diz sabe que o toque de recolher tá na ativa, então sobe logo aí que tô com pressa.- ele fala e eu confirmo, subimos o morro em direção a minha rua e ele parou perto da minha casa perguntando aonde eu morava apontei pra minha casa e ele me olhou pelo retrovisor, chegando lá eu desci da moto e peguei a chave da minha casa na bolsa, abri a porta vendo tudo exatamente do mesmo jeito que eu sai e senti uma lagrima escorrer, mais também senti o abraço que me fez desmoronar de vez.
Pesadelo: que saudade de tu pequena, como é que tu sumiu daquela maneira pow.- ele fala me apertando nos seus braços e eu sorrio da forma como ele me chamou, era assim que eles me chamavam quando éramos mais novos.
Maya: demorou pra me reconhecer em.- eu falo limpando as lágrimas.
Pesadelo: claro pow, tu tá aí toda diferente, como que eu ia te reconhecer ?.- ele fala e eu viro de frente pra ele abraçando ele.
Maya: que saudade que eu senti de vocês.