Capitulo1

814 Words
Me chamo Sofia. Não tenho pai nem mãe, quer dizer, tenho, devo ter afinal estou aqui né. Deste que me conheço, moro dentro desse cubilo que chamo de quarto. Ele é pequeno, possui uma cama, um armario e uma escrivaninha onde uso pra estudar. Somos obrigadas a ir a igreja uma vez por semana, e fazer as orações antes de comer e antes de dormir. Acho que isso e a unica coisa que nao vou sentir falta. Em poucas horas eu preciso sair. Preciso conhecer o mundo la fora. Mas não sei onde ir, nem onde ficar. Nunca pude ter muitas amizades aqui dentro e nunca entendi o motivo, ja que via as outras meninas conversando e brincando entre elas, mas sempre fui deixada de lado. Vou sair apenas com as roupas que tenho, que aprendemos a costurar durante os anos aqui. Nunca fui adotada, as pessoas não gostam muito de crianças com temperamento forte, como diz as professoras do convento. Mas se for pra ir morar em outro lugar e ter que fingir ser alguém que nao sou, prefiro ficar aqui. Na verdade, eu nem iria me importar de passar o resto da vida aqui. O que pode ter la fora esperando pra mim? Todas que sairam daqui, nunca voltaram contar como é a vida la fora, e as professoras so dizem que é dificil. Temos que trabalhar, temos que estudar, temos que ter dinheiro. Sem dinheiro nao se faz nada. E eu nao tenho um unico centavo. Minha unica amiga que fiz aqui dentro saiu faz 20 dias. Eu lembro que era pequena, e estava chorando, ela tinha recem chegado, ainda nao conhecia muito bem as regras, e veio conversar comigo, fiquei sem muita reação no começo, e mesmo depois de explicar que nao era permitido que falassem comigo, ela continuou ali. E depois nunca paramos de nos conversar, nem que fosse por mensagens atraves de papeis deixado nos quartos uma da outra. Ela ligou uma vez pra contar que tinha conseguido um emprego de auxiliar em uma empresa enorme e muito chique. Ela conseguiu uma entrevista de emprego pra mim. Mas e se eu não for? O que de pior pode acontecer? Que best@ eu, eu vou morrer de fome e frio. Ja que o inverno aqui é de c******r ate os fios de cabelo. Terminei de arrumar minhas coisas, e ja estou com minha pequena bolsa de roupas pronta. Só esperando o horario pra eu poder sair e ir ate a entrevista de emprego. E depois? Depois é rezar para que Bruna me deixe ficar com ela ate arrumar um lugar pra morar. Cheguei a empresa e realmente é enorme. Tudo aqui é luxuoso, e exala riqueza. Os donos devem ser podres de rico. Ja vi desses na televisão. Todos metidos, sempre cheios de si, e nunca se importam com ninguem. A Bruna me encontrou na frente da empresa e esta me acompanhando pra a sala que sera realizada a entrevista. Ela esta diferente. Esta com cabelo mudado, usando mais maquiagem que ela realmente precisa, ate o jeito de falar esta diferente. Ela esta bonita e parece estar feliz. A única vaga disponível para alguém com o ensino médio somente, era de faxineira. E se tem uma coisa que aprendi dentro do orfanato era a limpar. Aceitei né, iria fazer o que mais. Sair no meio da cidade sem ter pra onde ir, e nem onde saber começar a procurar um emprego? Fazia dois meses que eu estava trabalhando. Ja conhecia todo o departamento que eu limpava, ja tinha recebido meu primeito salario, consegui pagar metade do aluguel pra Bruna e ajudar com algumas despesas como mercado e luz. A Bruna morava em um apartamento grande e bonito, o aluguel era carissimo, mas ela dizia que precisava morar em um lugar como aquele. Não sei porque mas não perguntei tambem, não tinha interesse. Uma coisa que a gente aprende no orfanato e nao querer saber da vida alheia. Eu estava me dando bem no meu emprego, estava ate gostando. Ficava na minha, não tinha que conversar com quase ninguem, e quando dava meu horario eu ia pra casa, e ficava no meu quarto. Algumas vezes Bruna saiu e voltou só no outro dia de manha pra trocar de roupa, o que ela faz de madrugada na rua com esse frio, tambem não sei. A minha sorte é que a empresa deu uniforme, e junto uma jaqueta de frio bem quentinha, consigo ir e vir sem sentir muito frio. Estava vivendo minha vida tranquila quando a Bruna chegou em casa e disse que eu precisava me mudar. Não entendi o motivo. -- Me mudar? Mas pra onde eu vou? --Não sei, meu namorado vai vir morar comigo. Você não pode continuar aqui. -- mas porque não? --Sofia, só arruma outro lugar pra morar. Tem ate sexta pra conseguir encontrar um lugar.
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