-Aly..., acorda preguiçosa... – Sinto alguém me chamar enquanto alisa os meus cabelos e lentamente abro os olhos. – Isso é hora de dormir? – Olho para o lado e vejo Brian deitado bem próximo a mim.
-Oi..., ta fazendo o que aqui? – Pergunto sonolenta e limpando os olhos com as mãos.
-Nossa, isso é jeito de me receber? Cadê meu sorriso preferido? – Pergunta deixando um beijo em meus cabelos.
-Sumiu..., foi embora por culpa sua. – Respondo me virando de costas pra ele.
-Aly, por favor..., já conversamos sobre isso, daqui a pouco estou de volta. – Ele me abraça apertado e me controlo para não chorar. – Quando menos esperar, estarei de volta..., e estarei aqui no Natal.
-Ta de brincadeira né..., só no Natal, isso é quase nada! – Respondo emburrada, vou vê-lo uma vez por ano.
-Não vamos discutir por favor, não quero ir brigado com você..., somos irmãos lembra? – Poxa, essa doeu, preferia ter ficado sem essa.
-Uhum..., eu quero dormir Brian, estou com sono... – Falo pois, depois dessa, prefiro ficar sozinha.
-Vou ficar aqui bem quietinho..., e te faço um cafuné pra ajudar você a dormir. – Ele se aconchega mais perto de mim e isso é uma tortura.
Perdi completamente o sono com ele aqui ao meu lado, os seus dedos fazem movimentos em meu couro cabeludo entre próximo a nuca e vai subindo, meu corpo inteiro se arrepia e disfarçadamente aperto a colcha de cama procurando um pouco de sanidade.
-Preciso ir ao banheiro. – Falo me levantando de uma vez.
Saio da cama e caminho em direção ao banheiro, tranco a porta soltando o ar que nem sabia que estava prendendo, lavo meu rosto e sinto a água gelada me fazendo disfarçar o rosado das minhas bochechas e respiro fundo me olhando no espelho.
-Por que ele tinha que ser um lindo, gato, gostoso, fofo e meu melhor amigo? – Sussurro pra mim mesma me olhando no espelho. – Você é patética Alycia! – Espero mais um pouco e saio do banheiro o vendo sentado na cama me esperando.
-Está tudo bem Aly? – Ele pergunta e aceno em positivo. – Vem cá! – Ele estende sua mão e me aproximo, ele segura minhas mãos e fica de pé.
-O que foi? – Pergunto e ele me abraça.
-Vamos nos falar todos os dias por mensagens, videochamadas e se quiser..., poderá passar uns dias comigo lá... – Ele beija minha testa e continua. - Mas eu vou voltar Aly!
-Me dá um pouco de crédito né..., nunca ficamos longe por tanto tempo, você vai fazer novos amigos, vai se ocupar com a faculdade e depois... – Ele me corta.
-Nunca vou me afastar de você..., estaremos sempre juntos, lembra? – Ele junta nossos colares os conectando. – Viu..., minha princesa! – Ele me abraça novamente e eu o abraço bem apertado, sinto meu coração ficar bem pequenininho nesse momento.
-Não tem jeito né..., então tá! – Respondo e ele sorri negando com a cabeça.
-Vou só aqui no banheiro, ta bom! – Ele diz rindo e vai ao meu banheiro e me sento em minha cama.
Pouco depois vejo o celular dele vibrando em cima da minha cama e vejo o nome da Karen no visor e acho meio estranho. Eu sei que o celular não é meu, mas, as vezes mexemos no celular um do outro e só por esse motivo decido atender, mas não falo nada.
-Oi amor, onde você tá? – Fico em silêncio e ela continua. – Amor..., Brian, tá aí? – Desligo sem dizer nada e sinto as minhas mãos tremerem. Meus pensamentos ficam confusos e pouco depois ela manda uma mensagem e leio pela barra de notificação.
-Vou te ver mais tarde ta, umas dez horas..., estou com saudades!
E junto uma figurinha triste.
Eu não acredito nisso, ela sabe da minha amizade com ele e que gosto dele a muito tempo, por muitas vezes conversamos sobre isso e confiei nela o meu maior segredo, e ela sempre falava que nunca ficaria com ele justamente por isso.
Brian nunca foi de ficar com alguma amiga próxima a mim e ele vai e fica justamente com ela?
Não acredito, isso não tá acontecendo né, alguém me diz que isso é um pesadelo!
Me sinto traída, Karen é minha melhor amiga a anos, nunca soltou algo sobre isso ou que sentia algo por ele, nem me disse que estava ficando com alguém recentemente.
-Está com fome? – Ele pergunta assim que abre a porta e o olho de repente. – Está tudo bem? – Pergunta preocupado, com certeza minha cara de é pânico.
-Está sim..., só estou com dor de cabeça. – Minto, e ele vem na minha direção.
-Vem, vamos buscar um remédio... – Ele diz e só concordo, ainda estou processando tudo.
Descemos as escadas e caminhamos até a cozinha onde encontramos Ana cantarolando uma música enquanto está fazendo algo que parece ser uma sopa.
-Ana, a maleta de remédios está no mesmo lugar? – Ele pergunta indo em direção ao armário.
-Está sim, o que houve? – Pergunta preocupada mexendo a panela.
-Aly está com dor de cabeça. – Responde e acha a maletinha. – Aqui achei! – Ele pega um remédio e depois abre a geladeira tirando uma jarra de água.
-Bom, a sopa está quase pronta..., toma um pouco Alycia pode ser fome o motivo da sua dor de cabeça. – Ela oferece, mas não sinto a mínima vontade de comer.
-Obrigada Ana, mas estou sem fome..., vou me deitar depois de tomar o remédio. – Respondo e ele me entrega o comprimido com um copo de água. – Bom, vou indo..., boa noite pra vocês!
Me viro e caminho em direção as escadas e Brian me segue.
-Eu vou dormir Brian. – Falo no meio da escada.
-Tudo bem, vou só te deixar lá. – Responde me acompanhando e logo entramos no meu quarto.
-Tem algo a me dizer? – Pergunto quando me sento na cama.
-Como assim? – Pergunta confuso.
-É só uma pergunta..., alguma novidade ou tem algo que não me contou? – Sondo primeiro, quero ver se ele vai falar algo.
-Não, nada..., por quê? – Ele se senta ao meu lado e não acredito que ele vai mentir pra mim.
-Nada, só curiosidade... – Decido não falar mais e me deito na cama.
-Posso ficar um pouquinho aqui com você? – Pergunta enquanto mexe no celular.
-Não vai sair ou fazer outra coisa? – Pergunto novamente querendo saber se ele vai falar algo, com certeza já viu a mensagem da Karen.
-Nada importante, prefiro ficar aqui com você... – Responde me olhando com um sorriso lindo e se aconchega comigo na cama.
Perdi totalmente o sono e fico quietinha no meu canto sentindo ele me abraçar, sinto sua respiração em meu pescoço e pouco depois, sinto os seus dedos fazendo um leve carinho em meus cabelos. Em outras circunstâncias ficariam feliz de sentir seu aconchego e o seu carinho, mas estou tão chateada que nem consigo apreciar esse momento.