Suzana On:
Recebi uma ligação da Patrícia dizendo que ela pegou as mentiras do Fernando, e que vai sair da casa, eu fiquei muito chateada por ela coitada, ela é boa pessoa, trabalhadora e ele não a valorizou.
Eu estava aqui perdida em meus pensamentos quando o Gustavo falou comigo.
Gustavo: Quem é a essa hora?
Suzana: Patrícia, me ligou pra desabafar, parece que o Fernando, marido dela estava traindo ela.
Aproveitei que ele perguntou pra eu poder jogar uns verdes nele, quem sabe eu acabo descobrindo alguma coisa.
Gustavo: Nossa complicado né, se tem traição é porque já não existe mais amor, vai ser bom pra ela sair fora dele então.
Suzana: Mas se não tem mais amor, não seria muito mais fácil conversar com ela, ao invés de trair, é uma humilhação ser traída, a mulher cuida da casa com carinho, das coisas do marido e no final o que ela ganha? um par de chifres.
Gustavo: É vendo por esse lado.
Suzana: Olha eu sou muito boa, mas se fosse comigo eu tinha esperado ele dormir e tinha jogado água fervendo nele todinho.
Gustavo: Credo mulher. - ele disse meio que assustado.
Lá no fundo eu acho que eu estou sendo traída, cara não é possível aquela roupa dentro da bolsa e com cheiro de perfume feminino que nem é o meu, me deitei e na cama pra descansar já que eu combinei com a Patrícia de irmos mais cedo, eu vou dar um força pra ela.
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Acordei uma hora mais cedo do que o normal, o Gustavo ainda estava dormindo, na verdade ela vai dormir um pouco até mais tarde hoje já que é sua folga, preparei o meu café, me arrumei, peguei o meu carro e parti pra favela, estou um pouco mais confiante de ir com o meu carro, cheguei na barreira e a Patrícia já estava lá, estacionei meu carro, desci e o tranquei.
Suzana: Bom dia amiga, como você está?
Eu perguntei por educação até porque ela estava com cara de quem chorou e não foi pouco.
Patrícia: Péssima amiga, não pelo Fernando, mas pela situação sabe, eu sempre me dediquei muito, sempre tentei dar o meu melhor e no fundo eu tomei no c.ú. com força, mas tá bom.
Suzana: Aí amiga a vida não é justa com ninguém, infelizmente viu.
Patrícia: Com certeza amiga, mas fazer o que né, vamos subir até a boca preciso conversar com o malvadão, Eu já conversei com um dos vapores para saber se era com ele mesmo que eu tinha que falar, ou se era só arrumar a casa mesmo, mas ele disse que tem que falar com o chefe.
Suzana: Então vamos lá enfrentar ele.
Subimos o morro conversando, ela estava me explicando tudo que aconteceu na casa dela ontem, o Fernando achou que ela não estava em casa e ela estava no banheiro escutando tudo, me contou como foi a noite dela e tudo mais, fiquei com um pouco de receio quando chegamos na rua aonde fica a boca, a rua é lotada de homens armados.
A Patrícia conversou com um cara lá, ele entrou e logo voltou falando que a gente podia entrar, a casa aqui é bem arrumada e tudo mais, nem parece que é boca de fumo.
Entramos e seguimos um corredor que estava lotado de homens armados, eu grudei no braço dela e ela deu dois toques na porta e ouvimos:
Malvadão: Entra !
Caralho que voz grossa, arrepiei, rodei a maçaneta e abri a porta, ele estava sentado em uma cadeira de escritório e com os pés em um banquinho com mó pose de bandido, com um baseado no meio dos dedos e soltando fumaça pela boca.
Paramos enfrente a mesa dele e parecíamos duas sonsas ficamos ali olhando pra ele travadas ( confesso que me mordi de vontade de rir)
Malvadão: Vão ficar aí em pé me olhando ou vão se sentar? - Disse meio que debochando com a situação.
Patrícia e eu nos sentamos e ela começou a falar.
Patrícia: Bom dia , então Malvadão eu queria saber se posso me mudar aqui pro morro, eu ia precisar de casa para morar, aí conversei com um dos vapores e eles disseram que eu precisava falar com você, a casa e apenas pra mim.
Malvadão: Por qual motivo você quer vir morar no morro? Me desculpa a pergunta é que me perturba um pouco uma mulher decidir vir morar sozinha no morro.
Patrícia: Eu sou professora da escola, eu não sei se você me conhece, mas eu decidi vir morar aqui porque descobri alguns vestígios de que meu marido esta me traíndo e quando o relacionamento chega nessa fase não há nada que o salve e eu não sou mulher de suportar isso por um status, então eu quero recomeçar a minha vida em um outro lugar e não poderia ser em outro a não ser aqui, gosto muito desse lugar, e pra mim também ficarei melhor por conta das aulas e do aluguel que é mais barato.
Malvadão: p**a que pariu mano, falar pra vocês eu fico possesso com umas atitudes dessas mano, c*****o velho qual a dificuldade de chegar na mina e dizer que não quer mais cara, uns manos otarios que tem umas minas responsa do lado e não dão um pingo de valor, olha vou deixar claro pra você uma coisa, quero saber quem é esse chapa aí, nome e foto, porque eu aqui no morro não costumo aceitar esses tipos de atitudes viu, se você estivesse morando aqui com certeza isso não iria sair em l**o, mas a partir do momento em que você estiver morando aqui, esse mano não vai ter nem o direito de ultrapassar aquela barreira que tem no começo do morro, vou deixar os manos tudo avisado aqui é esperto com esse vacilao, agora me diz quantos cômodos você vai precisar?
Patrícia: Olha quero pelo menos que tenha dois quartos pelo fato da minha amiga também estar suspeitando a mesma coisa que eu, então quero deixar um espaço reservado para quando ela precisar poder ficar comigo.
Malvadão: p**a que pariu!! Não estou falando, o que vocês tem na cabeça de se envolver com uns caboclos desses cara? Zero paciência, e por isso que eu não não assumo fiel, fico com todas e não assumo nenhuma.
E o pior que durante a conversa eu meio que sentia ele dar umas olhadas tensas em mim, sempre que ia falar me olhava para ela, acho que ele gostou do que viu.
Assim que terminamos de acertas algumas coisas ele me passou o endereço e disse que eu poderia ir até lá para olhar a casa é que se eu quisesse ele faria questão de acompanhar a gente.
Suzana: Acho que não será necessário, se acaso não conseguimos achar voltamos aqui, não queremos atrapalhar você deve ter várias coisas para resolver.