Capítulo 6

1776 Words
Malvadão On: Quando eu peguei o comando do morro, as coisas por aqui estavam muito precárias, o último dono só colocava terror nos moradores e gastava todo o dinheiro com mulheres, drogas e coisas para o beneficio dele, já a comunidade e os moradores ficavam por aí a Deus dará, eu peguei aqui já tem um tempo, mas o primeiro ano no comando eu tirei para poder ver o que tinha que ser feito e o que precisava ser feito com mais urgência, e aí do segundo ano pra cá eu venho arrumando as coisas aos poucos, eu sei que eu vou conseguir. Eu estou organizando para fazer um baile no próximo final de semana, eu quero levantar uma grana pra reformar o postinho, sim vocês devem estar pensando ele sempre tá bem arrumado de carrão isso e aquilo, eu tenho que ter um bom dinheiro guardado porque se por um caso der merda e eu tiver que meter o pé do morro eu preciso de uma grana pra sobreviver e me manter por um tempo. Segunda feira rotineira, me levanto, vou ao banheiro e faço minhas higienes matinais, pego a minha arma a chave da minha moto e vou pra padaria que tem perto da escola, pedi um café e um pão na chapa, e me sentei esperando a moça me servir. LH: Salve mano. - diz sentando na mesa comigo. Malvadão: Eai LH, tudo na paz? LH: Suave mano, eai vai fazer a resenha do baile sábado agora mesmo ? Malvadão: Eu vou sim, pra colocar essa droga que faltava pra ser vendida, eu não gosto de ficar com droga parada, e vai chegar uma carga nova daqui 15 dias. LH: tô ligado, então eu vou começar a ir atrás das coisas. Malvadão: Jaé. - eu disse dando um gole no café. LH: Essa professora Patrícia é gata né. Eu olhei para o lado da escola e vi Patrícia chegando junto com a professora nova. Malvadão: Fala sério, eu não sei o que vocês vêem nessas mina do asfalto, tudo sem sal sem açúcar, prefiro mais as meninas aqui do morro, tudo gostosinha. LH: Tu fala assim porque as mina daqui a maioria anda tudo com roupa curta, então dá pra ver mais o corpo, já as professoras sempre vem trabalhar com roupa comportada, mas tenho certeza que ela tem um corpo legal. Malvadão: ih ala, virou defensor dos pobres e oprimidos, larga de conversa e come esse pão pra nois irmos pra boca, temos muito trabalho a fazer. Preciso avisar a mulecada que vai ter baile, assim um vai falando pro outro e quando os Playboy aparece pra comprar drogas ele já avisa, assim o baile lota de gente do asfalto, os de lá usam mais droga do que os de dentro do morro. ************* Patrícia On: Eu amo muito o meu trabalho e confesso que eu me encontrei ainda mais quando eu vim trabalhar aqui no morro, além de ensinar as crianças eu ajudo em outros projetos sociais que tem aqui no morro, é muito bom saber que de alguma forma estou ajudando cada um a ter um futuro melhor. Muita gente tem preconceito em vir trabalhar na comunidade, mas assim como qualquer outra criança, as crianças daqui precisam ainda mais de um estudo para não cair no mundo das drogas e para tentar um serviço digno, sei que muitos estudam até uma certa idade e depois por necessidade entram nesse mundo, mas sempre que posso eu converso com eles, não explícitamente, mas dou alguns toques. Como eu disse muita gente tem preconceito e medo de subir o morro para dar aula, então esse ano estávamos precisando de alguns professores, e foi aí que eu me lembrei da Suzana, nós nos formamos a uns 3/4 anos atrás, ela trabalhou em uma escola particular mas a escola foi a falência, então como eu ainda tinha contato com ela falei que estava precisando aqui, no começo ela achou loucura, mas depois aceitou e agora faz parte do nosso time. Bom eu sou casada, mas meu casamento não anda lá aquelas maravilhas, ele trabalha demais e nosso casamento caiu na rotina, ele não liga muito pra mim eu tenho certeza que ele deve estar com outra pessoa, eu não descobri nada ainda, mas o dia que eu tiver certeza eu meto o pé e vou viver a minha vida. Minha mente mudou muito depois que eu comecei a trabalhar aqui na comunidade, já ouvi tantas histórias sabe, são tantas mulheres que são mães solteiras e cuida dos filhos e batalha para o sustento de suas casas, se elas tendo filhos consegue porque eu não conseguiria viver sozinha ? Eu tenho meu serviço, tenho minha profissão, e graças a Deus eu não tenho filhos, eu não digo pela criança já que meu sonho e ser mãe, mas eu digo pelo momento, uma criança sofre demais com a separação dos pais e nessa fase meia boca que eu estou vivendo uma criança só ia sofrer. Chegamos na escola e eu já vim direto pra minha sala, eu e a Suzana subimos devagar hoje, na verdade toda segunda feira é assim, acho que por ter o final de semana a gente volta meio xoxa rs. As primeiras aulas passou voando, bateu o sinal para o recreio e eu fui para a sala dos professores, fazer o meu lanche. Patrícia: Amiga o que tá pegando? Desde cedo estou te achando bem desanimada, sei lá. Suzana: Ai amiga, vou falar a verdade, eu acho que o Gustavo está me traindo viu. Patrícia: Sério porque tu acha que isso está acontecendo? Suzana: Porque ele disse que ia fazer plantão e no final acabou chegando em casa bem antes, resolvemos assistir um filme e ele foi tomar banho como de costume, só que ele deixou a bolsa dele em cima da mesa e eu como não gosto de bagunça nenhuma e tinha arrumado a casa toda fui pegar a bolsa para colocar lá no quarto, a bolsa estava aberta e caiu as coisas dele no chão, então eu percebi que tinha uma troca de roupa de sair dentro da bolsa, até aí tudo tranquilo, Então eu peguei a roupa para cheirar para ver se estava usada, e pra minha supresa estava e a camiseta tinha um cheiro adocicado de perfume feminino. Patrícia: É nada amiga. Suzana: E o pior que quando ele se deu conta que tinha deixado a bolsa na cozinha, ele saiu do banho e veio pegar a bolsa meio que desconfiado, mas eu já tinha colocado tudo no lugar do jeitinho que tava, então ele deu uma desculpa pegou a bolsa e levou para o quarto, e desde então estou com isso na cabeça sabe. Patrícia: Aí amiga ainda bem que você não casou ainda e não tem filho no meio dessa história toda, e olha nem me fale, o meu casamento está uma merda, desculpa o poder da palavra, mas o meu marido só vive cansado e quase não me procura, eu acho que ele tem alguém por aí também. Suzana: Aí amiga será ? Patrícia: Tudo indica que sim, eu estou de olho nele sabe, meio que tentando descobrir alguma coisa, mas eu vou te falar a verdade, se eu descobrir qualquer coisa eu vou largar, primeiro pela falta de respeito, segundo porque já vira palhaçada. Suzana: Ai amiga eu também, eu vou começar a sondar mais o Gustavo e se eu descobrir qualquer coisa eu vou meter o pé, divido tudo que a gente tem e cada um vai seguir a sua vida, porque eu penso assim se traiu uma vez vai sempre trair, e outra seria bem mais fácil chegar e conversar não sair por aí catando mulheres. Passamos o recreio todo conversando, eu vi que não é só eu que estou nesse barco, é que hoje em dia é bem mais comum o homens trair, porém eu não aceito traição só para viver de aparência em um relacionamento acabado, voltei para sala de aula e passei o dia pensando nessas, o dia passou tão rápido que quando percebi já era a hora de arrumar as coisas para ir pra casa. Suzana: Vamos amiga. - disse aparecendo na porta da minha sala. Patrícia: Vamos, só espera eu arrumar os meus materiais aqui. Ela me esperou e em menos de cinco minutos eu já tinha juntado todas as minhas coisas para ir embora. Patrícia: Amiga, eu pensei muito sobre o que a gente conversou na hora do almoço, eu estou pensando em conversar sério com o Fernando e abrir o jogo, sabe jogar limpo, já faz tempo que as coisas não estão legais. Suzana: E se realmente ele te disser que eu tem alguém, ou que já não gosta mais de você o que você vai fazer? Patrícia: Amiga eu reparto tudo e vou dar um rumo novo pra minha vida, pra falar a verdade até pensei em alugar uma casa aqui no morro mesmo. Suzana: Oi Patrícia? Uma casa aqui no morro? Patrícia: Ué e porque não, aqui os alugueis são baratos, eu estou perto da escola. Suzana: Amiga mas você não tem medo, de invasão ou algo do tipo? Patrícia: amiga a gente mora no Rio o de janeiro, se tiver que acontecer qualquer coisa vai acontecer em qualquer lugar, quantas pessoas não são assaltadas dentro de ônibus, e não mil e uma coisa, aqui dentro da favela tem lei, não é bagunçado as coisas. Suzana: É, vendo por esse lado você tem razão viu, aqui parece ser gostoso, pessoal é tudo muito simples. Patrícia: E desde que eu trabalho aqui de dia sempre foi bem tranquilo, amiga e quem sabe se você descobrir alguma coisa do Gustavo largar dele, você poderia vir morar junto comigo. Suzana: amiga eu não vou tirar conclusões precipitadas, primeiramente eu vou atrás para saber o que está acontecendo, aí sim depois eu vejo o que eu faço, até porque estamos com um casamento marcado e temos uma casa em construção. Patrícia: Amiga você vai me desculpar, mas nós mulheres nunca desconfiamos se não achamos que tem algo de errado, mas eu espero de coração que você esteja enganada e que não passe de coisa da sua cabeça. Uns quatro quarteirões antes de chegar na barreira, escutei uns meninos na esquina falando que final de semana vai ter baile aqui na favela, vou confessar que já faz um tempo que eu tenho vontade de vir pra ver como que é as coisas, quem sabe eu não venha nesse próximo baile, tudo vai depender da minha conversa com o Fernando, e eu estou decidida a falar com ele ainda hoje.
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