7 - É o meu papai?

1181 Words
Os dois se encararam em silêncio por um longo momento. Emily sentia o coração disparado com tudo o que estava acontecendo. Tinha medo por ela e por Gabriela. Não sabia exatamente o que Gaspar queria, mas não poderia privar sua filha de conhecer o seu tão esperado pai. — Eu só vou te pedir um pouco de paciência. Preciso pensar em um jeito de explicar tudo isso a Gabriela. — Claro. Eu não quero causar nenhum sofrimento a ela. Espero o tempo que for preciso. Emily suspirou, se sentindo um pouco mais leve com as palavras dele. — Que bom. Vou pensar a melhor forma de falar com ela. — Espero notícias suas então. Emily concordou e seu almoço finalmente ficou pronto. — Posso fazer uma pergunta? — falou pegando os talheres para comer. — Claro. — Como me achou? Gaspar demorou a responder. Não queria dizer que pagou um investigador, mas de que jeito poderia ter encontrado? — Andei pesquisando — respondeu de forma vaga e Emily o olhou desconfiada. — E como soube onde a Gabriela estuda? Gaspar suspirou, precisava ser sincero ou Emily não confiaria nele. — Tudo bem, quando vi a foto, contratei um investigador e ele me disse tudo. — Tudo? — Sim. — Tudo o quê? — Seu endereço, telefone, nome da menina, idade e a escola. Emily o encarou, em choque. Mais uma vez ele estava surpreendendo-a. Quando conversaram anos atrás, não mencionaram nada além do primeiro nome. Então, ela não conhecia Gaspar e não sabia se ele tinha dinheiro ou não, mas ele realmente tinha muito dinheiro. — Nossa… isso é assustador. — Por favor, não me leve a m*l por isso! Só contei por que não quero mentiras entre a gente. Quero que confie em mim. Emily ficou em silêncio olhando para ele. Parecia sincero no que dizia, mas sentia medo em acreditar nele. Emily ponderou por um momento, com os sentimentos conflitantes dentro dela. A parte racional compreendia que Gaspar queria ser honesto e manter a confiança entre eles, mas a parte emocional ainda estava em alerta, preocupada com as intenções dele e com a segurança de Gabriela. Finalmente, ela suspirou e respondeu com sinceridade: — Eu entendo que você queira ser honesto, Gaspar, e eu aprecio isso. Mas, tenho que admitir que também estou um pouco assustada com tudo isso. Conhecer Gabriela é uma grande responsabilidade, e eu quero ter certeza de que estamos fazendo a coisa certa. Gaspar assentiu compreensivamente. — Eu sei que é um choque, Emily, e não esperava que tudo acontecesse assim tão rapidamente. Eu também me sinto sobrecarregado com a situação, mas uma coisa eu posso garantir: eu quero estar presente na vida de Gabriela, mesmo que leve tempo para construirmos um relacionamento. Emily olhou nos olhos dele e viu uma mistura de emoções, desde alegria e esperança até preocupação e incerteza. Era difícil ignorar que ele estava tentando se redimir agora, mas também não podia ignorar a sua história. Emily se recostou na cadeira, pensativa, enquanto mexia o garfo na comida que m*l havia tocado. A lembrança do passado ressurgiu, a dor e as decepções que Gaspar havia lhe causado. Será que a mulher dele não seria um grande problema? Pensou nisso pelo fato de que talvez Gabriela precisasse conviver com ela… — Posso fazer outra pergunta? — Todas que quiser. — Você se casou com aquela mulher? — Emily já sabia a resposta, mas queria ver até onde ele contaria a verdade. Gaspar ficou em silêncio depois da pergunta direta. — É bem mais complicado do que você imagina… Emily estranhou a resposta. O que poderia ser ainda mais complicado do que essa situação toda? — Casou-se ou não? — Sim. — E ela sabe que está aqui comigo agora? — Não. Emily sentiu uma mistura de emoções diante da resposta de Gaspar. Raiva, tristeza e um pouco de alívio por saber que, pelo menos por enquanto, aquela mulher não sabia que ele estava ali com ela. Porém, ainda havia muitas incertezas e questões não respondidas. — Entendo que seja complicado, Gaspar, mas não posso ignorar essa situação. Gabriela merece saber a verdade sobre o pai dela, e isso inclui o que aconteceu no passado e o que está acontecendo agora. Não posso simplesmente esconder essa informação dela. Ela também tem que saber que você tem uma esposa. Gaspar abaixou a cabeça, parecendo envergonhado. — Eu sei, Emily. E não estou pedindo para que você esconda nada dela. Só vou pedir que não me transforme em um carrasco. — Eu não fiz isso até hoje, por que faria agora? Eu só preciso ser muito clara com a minha filha. Isso tudo pode ser confuso para ela. Gaspar concordou, entendendo a preocupação dela. — Tudo bem, eu entendo o seu pedido. Mas, por favor, não demore muito para falar com ela. Ela merece a verdade, por mais difícil que seja. Emily assentiu, compreendendo a gravidade da situação. — Eu prometo que vou pensar em uma maneira de abordar tudo isso e falar com Gabriela o mais breve possível. Emily terminou seu almoço em silêncio, deixando o ambiente carregado de tensão. Ela sabia que teria que lidar com esse assunto delicado e complicado mais cedo ou mais tarde. Só esperava não se arrepender da decisão que tomou. ~*~ Quando se encontrou com a filha depois do trabalho, Emily ficou observando ela brincar com suas bonecas enquanto pensava na conversa com Gaspar e como poderia abordar o assunto com Gabriela sem causar nenhum desconforto ou confusão na menina. O coração de Emily estava acelerado, e as palavras pareciam querer sair de sua boca a qualquer momento, mas ela precisava encontrar o equilíbrio certo para falar com Gabriela de maneira sensível e acolhedora. Finalmente, Emily se aproximou de Gabriela, sentando-se ao seu lado no chão, junto às bonecas. Ela sorriu e tentou deixar a ansiedade de lado, querendo aproveitar aquele momento especial com a filha. — Ei, minha pequena, que tal você me contar uma história com suas bonecas? — sugeriu Emily, tentando distrair Gabriela por alguns instantes antes de entrar no assunto delicado. Gabriela sorriu animada com a ideia e começou a criar uma narrativa cheia de imaginação, enquanto suas bonecas ganhavam vida em suas mãos. Emily se encantou com a criatividade da filha e deixou que a história fluísse. Após alguns minutos, Gabriela parou de brincar e olhou curiosa para a mãe. — Mamãe, você está quieta. Está tudo bem? Emily a abraçou carinhosamente e beijou sua testa, sentindo um nó na garganta. — Sim, meu amor, está tudo bem. Só queria conversar com você sobre algo importante. Gabriela olhou para Emily com seus olhinhos atentos, parecendo preocupada. — O que é, mamãe? Emily respirou fundo e escolheu suas palavras com cuidado. — Sabe, minha querida, eu encontrei uma pessoa hoje. — Quem? O tio Roger? — Não. Outra pessoa. Alguém que há muito tempo não vejo. — É o meu papai, mamãe? Ele finalmente apareceu? Quer me ver? — perguntou com ansiedade. Emily sentiu o nó na garganta aumentar com a pergunta da filha.
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