Partida

1048 Words
**Fenrir** As palavras de Ethan me deixam furioso, podia sentir Koda querendo sair. Não era possível que aquele i****a tivesse morrido. Eu nem tinha descontado toda a minha fúria nele. Não queria que ele morresse tão rápido; desejava levá-lo para o meu porão e torturá-lo lentamente todos os dias até que sentisse que tinha vingado tudo o que ele tinha feito à minha companheira. Só de pensar, o meu ódio crescia ainda mais. — Avise o conselho dos alfas, que se virem para lidar com isso — digo a ele. Era para isso que servia o conselho. Como não tínhamos um rei, os assuntos mais graves eram resolvidos no conselho dos alfas. — Como desejar, alfa — diz ele. Eu simplesmente me viro e entro no quarto. O curandeiro já estava terminando de tratar as feridas dela. O seu rosto continuava pálido, e eu podia ver o quanto ela estava magra, com os seus ossos quase saindo da pele. Ao que parecia, a vida não havia sido muito generosa com ela até aquele momento. — Pronto, alfa, fiz o que pude. Agora é com ela — diz o homem. — Posso levá-la embora? — Eu não queria que a minha companheira passasse mais nenhum minuto naquele lugar amaldiçoado. Queria levá-la para minha casa, onde ela seria tratada como realmente merece. — No estado em que ela está no momento, não há mais nada que possamos fazer por ela. Se deseja removê-la, apenas seja cauteloso. — Ouvir aquelas palavras era como abrir feridas no meu peito. Eu não desejava perdê-la, não podia. "Nathan!", chamo pelo elo mental. "Sim, alfa?", pergunta ele. "Arrume tudo, estamos indo embora agora", digo a ele. "Mas e a luna?", posso sentir a sua preocupação em cada palavra. "Não podemos fazer mais nada. Não quero que ela passe mais nenhum segundo neste lugar", digo chateado. "Como desejar", diz ele por fim. Deito-me ao lado dela, segurando a sua mão na minha, pequenas faíscas caminhando pela minha pele. Era nosso vínculo tentando sobreviver a tudo aquilo. Beijo os seus cabelos com carinho e passo um tempo conversando com ela, pedindo desculpas por demorar tanto a encontrá-la. Pensar nisso me faz perceber que era por isso que Koda estava tão agitado para vir aqui. De alguma forma, ele devia estar sentindo algo relacionado a ela. Uma batida na porta me tira dos meus devaneios. — Entre — digo, e vejo Ethan entrar. Rosno para ele quando os seus olhos se demoram sobre ela. Não consigo evitar. — Podemos ir. Está tudo pronto — diz ele, com o olhar fixo em mim dessa vez. Sei que Ethan podia sentir a possessividade em mim. — Então, vamos — digo, levantando-me. Com cuidado, enrolo uma manta no corpo da minha companheira e a pego nos meus braços. Ela não pesava quase nada, o que deixava claro que eles não lhe davam comida o suficiente. Assim que passo pela porta, Dante entra na minha frente. "Alfa, podemos levar a amiga dela?", pergunta ele pelo elo mental. Aquilo me deixa um tanto surpreso. "Por quê?", pergunto, olhando nos seus olhos. "Acredito que ela possa ser minha companheira", responde ele, um tanto sem graça. "Traga", respondo apenas, e o vejo se afastar. No momento em que saio, vejo os meus guerreiros olharem na nossa direção. Um rosnado alto irrompe do meu peito, alertando-os para manterem distância da minha companheira. Vejo-os desviarem o olhar rapidamente. Ethan abre a porta do carro para mim, e entro com a minha companheira nos braços. Acomodo-a da melhor forma possível no banco. A viagem seria longa, e o meu coração tinha esperanças de que ela chegasse bem. — Tenho pressa — digo, assim que Ethan entra no carro. — Não vamos parar até chegar à alcateia, alfa — diz ele, sem olhar para mim, e agradeci por isso. Koda estava muito possessivo com Zara, ainda mais quando sentia um possível perigo sobre a sua vida. Os nossos carros cortavam as ruas em alta velocidade em direção à minha alcateia. Eles sabiam da gravidade dos ferimentos da minha companheira, então se revezaram na direção para que não parássemos no caminho. Agradecia pelos amigos que tinha. Podia sentir a preocupação deles pelo elo da matilha; eles também desejavam que a sua luna chegasse bem à alcateia. Durante todo o caminho, eu fui tocando em Zara. Tinha essa necessidade louca de estar perto dela, de senti-la. A minha mão acariciava o seu rosto delicado e, às vezes, eu rosnava quando encontrava uma cicatriz na sua pele. — Ela vai ficar bem, Fenrir — diz Ethan após meio dia de viagem. — Isso é culpa minha — digo, frustrado, apertando o corpo dela mais contra mim. — Não assuma uma culpa que não é sua — diz ele, olhando para mim pelo retrovisor. — Ainda não entendo como ela fez para alertar Koda — digo, balançando a cabeça. — Às vezes é porque você é um alfa — diz ele. — Não sei, mas espero que ela melhore para que eu possa saber — digo, beijando a sua testa. Desde que saímos, ela não havia se mexido uma única vez. Eu ainda podia sentir o cheiro de acônito no seu corpo, mas estava ficando mais fraco. Chegamos à alcateia no entardecer, e uma equipe de médicos já nos aguardava na minha casa. Assim que desço, eles me acompanham até o meu quarto. E, graças aos deuses, Ethan havia pedido para mandarem apenas mulheres. Não sei o que faria se visse outro homem tocando a minha companheira. Eu havia permitido na alcateia Eclipse porque não havia mais ninguém que pudesse tratá-la, mas na minha alcateia havia muitas médicas competentes. Assisto a tudo o que elas fazem com a minha companheira, às vezes rosnando quando a espetavam. Por mais que a médica me dissesse que era para o bem dela, o meu lobo não via assim. — Ela está muito fraca, alfa — diz Celina, a médica que a examinou. — Mas tem algo que você pode fazer para tentar salvá-la. A suas palavras foram como um bote salva-vidas em meio a um mar agitado. Não havia nada que eu não fizesse para tê-la ao meu lado. Não suportaria perdê-la agora que a tinha encontrado. — Apenas me diga, farei qualquer coisa para salvá-la.
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