Traficada por Ti

NADA VAI MUDAR ISSO

CAPÍTULO 2

NADA VAI MUDAR ISSO

Narrado por Dylan

“Tudo o que a mente humana pode conceber, ela pode conquistar”

Aqui de longe, só observo.

Chloe acabou de sair de trás de um arbusto na parte mais escondida do campo de futebol da escola.

Ela saiu bem chateada e logo atrás aparece a figura do meu Irmão, Noah.

Mordo o maxilar, fodido da vida.

Estou mais que habituado a ter tudo o que eu quero e agora não vai ser diferente.

O Noah é sempre o mais esquecido na família, faço a questão que só eu tenha as atenções possíveis, nem a minha irmã consegue tirar a atenção de mim, mas também ela é mais velha e já não está nem aí para nós, os pirralhos, como ela nos chama, embora ela só seja mais velha três anos.

Sei bem o que se passa entre eles os dois mas me vou fazendo de b***a, até porque eu é a Chloe não temos nada sério, apenas uns beijinhos, mas eu decidi há muito tempo que eu quero a Chloe, por isso, eu vou ter a Chloe e ponto final, nada vai mudar isso.

QUATRO ANOS DEPOIS

A VIDA NÃO NOS DÁ TUDO O QUE QUEREMOS

Narrado por Noah

“Você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você”

A minha mãe hoje faz anos, e por isso está a dar uma festa aqui no jardim de casa.

Chloe e os pais dela também aqui estão.

Chego perto da Chloe e levo um prato de aperitivos que sei que ela gosta.

— Toma, — estico o prato na sua direção e ela pega — sei que gostas.

Ela olha para mim e para o prato.

— Para quê tanta habilidade?

— Até parece que é a primeira vez que te trago alguma coisa, não entendo porque tu és sempre tão arisca para mim.

– Porque tu és abusado e não te posso dar muita corda.

— Porquê? O meu irmão não permite, é?

— Deixa de ser parvo, eu e o teu irmão não temos nada, somos apenas amigos.

— Eu já vi vocês aos beijos, como são só amigos?

— Nós também nos beijamos e não era por isso que tínhamos alguma coisa mais.

— Isso já foi há quatro anos, éramos praticamente umas crianças! Agora já não somos crianças.

— Hum, — ela sorri agradada — não sabia que estavas a contar os anos.

Olho para ela com cara de paisagem.

— E o que tem isso de estranho?

— Eu não fazia a mínima ideia há quanto tempo isso foi, só por isso.

Caramba, a Chloe tem o dom de me chatear, ela faz de propósito para me humilhar, para me massacrar.

Mas como eu sou um mane continuo a falar.

— Tu devias ter mais atenção com que tu te dás.

Ela vira o seu rosto bonito para mim com o semblante carregado.

— E porque dizes isso?

— Porque nem todos são quem demonstram ser.

Ela encolhe os ombros despreocupada.

— Estás a falar de ti, com toda a certeza.

— E porque havia de estar a falar de mim? Estás doida?

— Deixa para lá, não vale a pena estar a me aborrecer com isso.

— Tu realmente não entendo qual o teu problema comigo! Porque tu não gostas de mim?

Chloe bufa frustrada.

—Não gosto nem desgosto, tu é que queres mais do que eu te posso dar.

— E porque não podes dar?

—Porque eu não quero. — Ela responde toda a espinha da.

— Tu gostas dele, não é?

— De quem, Noah!

— Do meu Irmão. E ele, tal como ele faz com todos, te manipula e tu deixas. Vocês são todos uma cambada de marionetas.

— Isso é tudo inveja, isso sim. Que coisa mais feia, esse sentimento pelo teu próprio irmão!

— Sabes o que eu acho?

— Não, mas aposto que tu me vais dizer.

— No fundo, eu acho que tu tens medo de te envolveres comigo e perceberes que afinal sou eu que tu queres.

Ela olha para mim espantada, mas depois muda o seu semblante e dá uma gargalhada.

— Achas isso? Então lamento te dar uma má notícia, mas não é nada disso, apenas não quero ter contigo o que tu queres ter comigo, apenas isso, mais nada. Não inventes coisas na tua cabeça que não existem.

Um dia, toda esta crista dela vai baixar e ela vai ser minha.

Ela sai de perto de mim e vai, pois claro, para perto do meu Irmão que até parece se divertir por ela mais uma vez me ter deixado de lado e lhe ir dar atenção.

É disso que ele gosta, que todos o bajulem.

Ela me despreza e continua com a sua superioridade para mim.

Mas um dia, eu vou apagar todos aqueles sorrisos bestas que eles deitam para mim

DEZ ANOS DEPOIS

O INÍCIO DA CATÁSTROFE

Dinamarca, Odense

“Você só vence amanhã, se não desistir hoje”

— POR FAVOR, NÃO FAÇAS ISTO! — Ela implora.

Mas agora já é tarde.

Sorrio para ela.

— Já está feito. Agora vai e diverte-te. Colabora, não será tão difícil assim.

Faço sinal com a mão para a levarem.

O Homem que a comprou a puxa pelo braço com força.

— POR FAVOR, EU IMPLORO, NÃO DEIXES QUE ME LEVEM, ELES VÃO ME MATAR.

Ela grita desesperada.

— Ninguém te vai matar, apenas vão gozar muito em ti. — Falo desbocado.

O Homem dá uma gargalhada e diz.

— Vamos mesmo, — cheira o cabelo dela — tão cheirosa, tão gostosa. Vai ser um banquete só.

Rimos juntos e ele a leva dali para fora à força.

Ouço os gritos e o choro desesperado dela cada vez mais longe, até que finalmente a deixo de ouvir.

Um excelente leilão, o primeiro leilão de muitos, desta ingrata.

Sorrio.

Sou mesmo um ótimo negociador.

Ela passou anos me massacrando, me humilhando, mas eu continuava a planear a minha vingança, uma saborosa vingança que não saiu como eu desejei.

Desejava ela apenas para mim, apenas para a ter debaixo do meu tecto, a proteger de alguma maneira dele e da sua enorme maldade.

Sim, porque eu sou r**m, mas ele não é melhor do que eu, embora todos pensem que sim, mas tudo é um engano, uma enorme máscara, um enorme embuste.