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Tati: - Poxa mãe, eu não aguento mais mudar tantas vezes - eu disse totalmente revoltada com a notícia, que nem era tão nova assim, já que me mudar de cidade era algo que estava se tornando uma rotina. Sinceramente? As vezes eu nem sei porque desempacotamos as coisas, afinal, seeempre estamos nos mudando.
Sandra: - Filha você tem que entender que fazemos isso contra nossa vontade também, essa é uma oportunidade única para o seu pai. Meu pai era um cardiologista muito competente por sinal, então por diversas vezes recebeu propostas irrecusáveis, e essa era uma dessas.
Tati: - Eu sei mãe, mas me entende também poxa, estamos morando aqui em Belo Horizonte a 1 ano só, e quando finalmente eu consegui amigas de verdade tenho que me mudar novamente, fora o Rodrigo mãae.
Rodrigo é meu namorado, estamos juntos a 9 meses, e eu sou completamente apaixonada por ele, e ele por mim claro, rs. E agora? Não sei nem como vou contar isso pra ele.. Como vou ficar sem ele? Essa ée realmente uma notícia triste.
Sandra: - Tati, ele não é seu primeiro e nem será o seu último namorado minha filha, essa paixonite de adolescente logo logo vai passar.
Já deu pra perceber como minha mãe "ama" meu namorado né?!
Tati: - Tudo bem Dona Sandra, não quero ficar discutindo esse assunto com a senhora. E a propósito, quando vamos nos mudar? - perguntei parecendo compreensiva, mas só eu sabia o que tava sentindo por dentro.
Sandra: - No mais tardar, 2 semanas.
Legal, 2 semanas? Meu Deus, a situação tava pior do que eu pensava. Como contar pra Letícia? minha melhor amiga? Ela vai surtar. E o Rodrigo? Meu Deus, me dê uma luz.Tati: - Tudo bem mãe. - Concordei para encerrar de uma vez aquela conversa.
Sandra: - Olha filha, eu sei que é difícil, mas você vai ser acostumar, prometo que essa vai ser a última vez. Tenta se animar vamos para o Rio de Janeiro, várias garotas da sua idade dariam tudo para estar no seu lugar. - É, ela ainda tava tentando me animar.
Tati: - Eu sei mãe, mas essa situação é horrível pra mim, mas vou tentar me conformar. - Eu queria acabar de vez com aquele assunto, já estava chateada demais pra ficar remoendo isso.
Sandra: - Tudo bem filha, não vou mais te encher com isso. - Dito isso ela me deu um beijo na testa e saiu do meu quarto.Deitei na minha cama mirando as fotos do mural no meu quarto, Eu e a Lê, Eu e Rodrigo, entre outras com todos os meus outros amigos. Fiquei analisando aquelas fotos, foram tantos momentos, tantas risadas, tantas lágrimas, e eles sempre estiveram ali comigo. E agora eu estava a duas semanas de me separar de pessoas que só me fizeram bem. Fiquei cerca de 1 hora ali, estática, criando coragem para ir até a casa da Lê dar a notícia. É, não tem jeito e nem como fugir, foi com esse pensamento que me levantei da cama e segui rumo ao banheiro. Talvez um banho frio ajudaria a por minhas idéias no lugar, ou não.
Tomei um banho de uns 30 minutos e sai enrolada na toalha, fui direto para meu guarda-roupas coloquei minhas roupas íntimas e escolhi uma bermudinha jeans, uma camisetinha simples azul turquesa e calcei minha rasteirinha. Desci as escadas e fui até a cozinha avisar minha mãe que iria até a casa da Lê dar a notícia, ela não fez objeção e apenas assentiu.
5 minutos me separavam da casa da minha best, e eu estava nervosa e preparada para derramar rios de lágrimas com ela.
Logo estava em frente a casa da Lê tocando sua campainha, não deu nem 1 minuto e ela já estava abrindo o porta com o seu melhor sorriso e seu bom humor invejável.
Lê: - Amiiiiiiiiga, entra logo, tenho várias novidades, você não sabe quem me chamou pra sair. - ela não parava de falar nem pra respirar.
Tati: - Lê, eu tenho uma coisa séria pra te contar - disse tentando inutilmente interromper o relatório detalhado dela.
Lê: - Tudo bem amiiga, mas deixa eu acabar de falar.. O Vitor amiiiiiiga, aaaai eu esperei tanto por isso - Vitor era a mais nova paixonite dela, que segundo ela jamais daria bola pra ela, então até dá pra entender a afobação dela.
Tati: - Letícia, é sério! Eu preciso realmente falar com você - Adiantou? NÃO! Ela continuou falando como uma matraca.
Lê: - Tati, ele é tãao fofo, e preciso de ajuda para escolher uma roupa, tô tãaao ansiosa. - Já disse que essa mania dela de não deixar os outros falarem me irrita?
Tati: - LETÍCIA, EU VOU MUDAR DE CIDADE. - Tive que dizer assim de supetão, quem sabe ela não me ouvia dessa vez.
Lê: - Ah ta amiga, mas onde será que ele vai me lev.. O QUE VOCÊ DISSE? - Putz, até que enfim, pior era que a cara dela não ficou nada amigável.
Tati: - Que vou ter que mudar de cidade. - Disse tentando parecer calma.Lê: - VOCÊ TÁ DE BRINCADEIRA COMIGO NÉ TATIANA? - É, esse é meu nome.. Eu já tinha dito? Não me lembro.. Mas meu nome nunca me soou tão estranho saindo da boca dela.
Tati: - Antes fosse Lê. Você sabe que meu pai, como sempre, recebeu uma proposta irrecusável num hospital no Rio de Janeiro e não deu outra. Em duas semanas no máximo estou indo embora. - Disse fazendo um bico triste.
Lê: - Aii amiga, diz que isso é mentira, é uma brincadeira né?! Você não pode se mudar.. Como eu vou ficar? E o Rodrigo? Meu Deus ele vai pirar. - ela disse me abraçando e se desmanchando em lágrimas, coisa que a essa altura eu sabia bem o que era.
Tati: - Nem me fala nisso, não faço idéia de como contar isso pra ele. - E não fazia mesmo.
Lê: - Olha Tati, acho bom você contar isso logo. Está sendo difícil pra gente tanto quanto vai ser pra ele. - ela disse limpando as lágrimas, que pareciam que não acabavam.
Tati: - É, acho que vou fazer isso agora mesmo. - suspirei tentando criar coragem.
Lê: - É o mais certo a se fazer. - É. Ela tinha razão.
Tati: - Tudo bem então, vou lá. Não posso adiar essa notícia. - Disse me dirigindo a porta e sendo acompanhada pela Lê.
Lê: - Qualquer coisa você me liga Tati. Sei que essa conversa vai ser um pouco difícil - disse fazendo uma careta.
Tati: - Pode deixar. - Me despedi tanto um abraço na minha amiga.
Lê: - Tchau e Boa sorte (yn) - assenti e segui rumo a casa do Rodrigo que não era tão longe da casa da Lê, por isso segui a pé mesmo.
Durante o caminho pensei milhões de formas diferentes de dar essa notícia, porém, não ajudou em nada. Eu já estava na esquina da sua casa e não tinha a menor idéia de como contar.A cada passo que eu dava em direção a casa dele minha perna tremia e meu coração acelerava. Ele era um super namorado, carinhoso, compreensivo, simpático.. e lindo *---* , e agora me fala? Como eu faço pra me separar dele?
Eu já estava perto do portão da casa dele, quando ele saiu e ficou surpreso por me ver ali, ou seria pela minha cara que provavelmente de amigável não tinha nada?
Rodrigo: - Amoor, que surpresa - selinho - aconteceu alguma coisa? - disse ele num tom preocupado me abraçando pela cintura.
Tati: - Ér.. é.. eu não sei nem como começar a falar isso Rô - dito isso abracei ele o mais forte que podia, eu já estava tremendo igual vara verde.
Rodrigo: - Tati, fica calma minha linda..Respira fundo e me fala - e começou fazendo carinho nos meus cabelos. Aiin meu namorado é tão fofo >.<
Respirei fundo.. contei mentalmente até 10 e comecei a falar.
Tati: - Sabe o que é amor - suspirei - Meu pai, recebeu uma proposta para trabalhar num hospital no Rio de Janeiro - falei fazendo careta.
Rodrigo: - Ahhh minha linda.. fica calma.. Seu pai vai trabalhar longe, mas sempre que ele puder, ele vai vir aqui ver você e sua mãe. - ele disse fazendo carinho no meu rosto e me dando um selinho. Ok! Ele ainda não entendeu.. fazer isso é pior do que eu pensava.
Tati: - Rodrigo, você não entendeu. Meu pai recebeu essa proposta, aceitou e em duas semanas vamos nos mudar para o Rio. - fechei os olhos porque não queria nem ver a expressão dele.