XEQUE MATE

1146 Words
Fiquei sentada atrás daquele balcão, por um bom tempo, ninguém me viu, como ele é largo, eu sentei bem no fundo e puxei umas caixas que estavam cheias de mantimentos que levamos, fiquei ali, não só para ficar escondida, mas, para me recuperar, não sabia o que pensar, minha vontade era de pegar meu carro e voltar para São Paulo, deixei meu gatinho Zezinho num hotel para pets, meu apartamento estava fechado e minhas plantas, as deixei com a senhora do térreo do prédio onde eu morava, ela ama plantas e disse que cuidaria para mim, minha vida era assim, acordo cedinho, vou até a academia perto do meu condomínio, volto para o apartamento, cuido do zezinho e das minha plantas, limpo e organizo a casa, tomo um banho, leio um capítulo do livro da vez, faço minha rotina skincare, coloco meu uniforme, preparo minha bolsa, com dois lanches para aguentar todo o expediente, desço pego o ônibus, não gosto de ir trabalhar de carro, por economia e o horário que eu trabalho, me permite, pegar o ônibus quase vazio, desço no ponto praticamente em frente a um restaurante natural que costumo almoçar, almoço e vou para o campus da faculdade onde trabalho como bibliotecária, a biblioteca funciona das sete da manhã as onze da noite, ela acompanha o horário de funcionamento do campus, eu entro no trabalho as três da tarde, mas, chego por volta das duas horas, sempre me matriculo em algum curso oferecido pela instituição, aproveito esse horário livre para estudar, as onze da noite, fecho a biblioteca e chamo um Uber, que é de um conhecido meu, chego em casa por volta da meia noite, tomo um banho, checo meus e-mails e vou dormir, nas sextas, escolho uma serie e maratono, até quase amanhecer, peço uma pizza e sorvete, no sábado, durmo até tarde, só saio para cuidar das unhas e dos cabelos no salão, raramente tinha algum programa para sábado à noite, então, continuo assistindo as séries, elas me fazem companhia, imaginar viver aquelas vidas tão diferentes, aqueles amores tão maravilhosos! Me fazem bem, no final do dia de domingo, programo a minha semana, saio para comprar algumas coisas para preparar meus lanches para a semana, minha vida era essa, organizada, solitária e chata! Fiquei tempo suficiente aqui de baixo dessa pia, vou sair e dormir, não quero fazer nada hoje, só dormir! me levantei tomei um banho e deitei, mas, minha paz não durou muito, logo minha mãe veio me atazanar. - Grace, acorde! - O que quer mãe? - Aquela nojenta da mãe do Sérgio foi falar comigo, falar não! Me ofender! Eu cobri a cabeça com o cobertor, não queria ouvir, mas, minha mãe tirou o cobertor de mim e me obrigou a sentar na cama. - Fale! Cheguei tarde de uma festa, estou cansada! - Vai me escutar, você viu Sergio ontem? - Acho que sim! - De madrugada? - De madrugada, então, seria hoje! - Não seja má educada! Você viu ou não, esse rapaz? - Mãe! Vai atazanar outra pessoa! - Olha como fala comigo menina! - Não sou menina! E faz tempo! Agora saia daqui! - Você dormiu com seu primo? - Não é da sua conta, saia! - Meu Deus! Se seu pai estivesse aqui, ele. Antes dela terminar de completar o que ia dizer, eu com toda minha raiva, disse. - Ele provavelmente, estaria comendo alguma tia, depois viria até aqui, me bateria, te acusaria de ter sido uma péssima mãe e me ameaçaria como sempre! - Você ousa falar assim do seu pai? Ele já morreu! - Graças a Deus! Ele morreu! Queria que tivesse morrido muito antes! - Nunca mais fale comigo! Minha mãe era dramática, também estava feliz com a morte daquele bosta do meu pai, mas, jamais admitiria, eu queria dormir e faria isso, tranquei a porta e dormi, pouco tempo depois, acordei com batidas insistentes na porta, fiquei escutando, queria saber quem estava batendo, e a pessoa finalmente pediu. - Abra a porta Grace! Era Alicinha, abri a porta e ela com a cara de deboche me perguntou. - Está se escondendo? Do que essa pirralha estava sabendo? - Se estivesse me escondendo não estaria aqui. - Mas se trancou! - Minha mãe veio me encher o s@co. - Entendi! Vai ficar escondendo o jogo? - Que jogo menina! Quero dormir! - Estava ocupada com Sergio na despensa, né? A risada de Alicinha me irritou! - Porque você não vai atrás de macho? É o que você mais gosta de fazer! Alicinha cruzou os braços e disse. - Pelo menos os homens que pego, não são casados! Xeque mate! Ela acabou comigo! O que mais faltava acontecer? Ouvi a porta se abrir e quando olhei, não acreditei, Sérgio, sua mãe e Patrícia, olhei para os três, sem coragem de perguntar, esperei que falassem e a víbora da mãe de Sergio começou. - Agora diga! Foi com essa v@ca que você dormiu? Eu podia ficar quieta, mas, eu tinha tanta coisa pra dizer aquela senhora. - Vaca, é a senhora que nunca respeitou ninguém, nem seu marido, Sérgio, você sabe que meu pai comia sua mãe nas reuniões de família? Como sei? Eu vi! A velha partiu pra cima de mim, eu que já estava pra lá de nervosa, só precisei sair da sua frente e ela caiu igual uma abóbora, o chão chegou a estremecer, Sérgio ficou congelado, havia essa fofoca rolando pela família, de que meu pai pegava ela, antigamente ela dava um caldo, se bem que meu pai não perdoava nenhuma mulher, eu realmente peguei os dois juntos, eu os vi saírem de fininho, na casa de vovó tinha um pomar e no final do pomar passava um ribeirão, construíram ali um cômodo, que criavam rãs, já estava desativado na época e vovó guardava lenha, eu fiquei curiosa, tinha aproximadamente treze anos, fui bem devagar e vi, papai já metend0 naquela nojenta! Ela com esforço levantou e eu não me segurei, comecei a rir, ela olhou para mim e falou. - Seu pai sempre disse, que você foi um engano, nunca quis uma menina! Ela saiu, Patrícia, muito s*******o perguntou. - Sergio, ela que você pegou? Ele ainda perplexo pelo que eu falei da mãe dele, disse. - Sim! Foi! Ele pegou Patrícia pelo braço e saiu, Alicinha assistia tudo, olhou para mim e falou. - Agora me sinto pertencente a essa família, a diferença é que eu assumo, vocês tentam esconder e fazem pose de certinhas. Alicinha, estava certa, aquela família, tinha muitos segredos, ela era a única que tinha coragem de assumir seus desejos, o resto fingia ser o que não era, eu por exemplo, estava ali, sendo apontada como a errada, ninguém imagina o que passei esses anos todos sendo mandada e desmanda e nem quanta dor carrego em meu peito.
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