Nosso Destino

Quando comecei a fotografar casamentos eu pensei que era só uma coisa momentânea afinal eu odiava fazer aquilo. No começo fiz só pelo dinheiro já que m*l conseguia pagar minhas contas com a fotografia artística e não importava o que eu fizesse , se eu queria sobreviver em São Paulo eu tinha que dar meus pulos. Comecei aceitando fotografar aniversários, batizados e por aí vai, quando percebi estava fotografando mais de dez casamentos, por mês. Não é nem preciso dizer que além de ganhar um bom dinheiro fiquei conhecia na área, principalmente depois que um vídeo de uma delas mostrando as fotos do seu pré weeding viralizou na Internet. Depois disso elas faziam fila pra que eu fosse a fotografa do seu casamento. _Camila Ribeiro, a fotografa do momento_ Caio jogou a revista em cima da minha mesa totalmente empolgado com a matéria que saiu sobre nosso estúdio _Não se emocione demais, isso tudo foi por causa do vídeo da Lara. Lara foi a cliente responsável pra que nosso trabalho ficasse famoso, ela era um blogueira famosa e todas as fotos do casamento dela bateram mais de um milhão de likes, uma coisa surreal. De repente nosso i********: estava lotado de noivas que queriam nossos serviços. Com o aumento da demanda tivemos que aumentar os funcionários e consequentemente nosso escritório, passamos de dois amigos para um estúdio com vinte funcionários. _ Você pode deixar eu saborear esse momento? _ Caio estava nas nuvens _ disseram que meus takes capturam perfeitamente a emoção dos noivos. Era um momento importante, estávamos finalmente sendo recompensados por nossos anos de esforço. Caio foi o primeiro amigo que fiz assim que cheguei em São Paulo, ele era um cara mais velho meio rabugento com um grande coração, o sonho dele era trabalhar no cinema, ao invés disso acabou filmando casamentos comigo. No começo ele não queria fazer isso, a mulher dele o abandonou porque disse que ele era um sem futuro, então ir a tantos casamentos no começo foi difícil pra ele, mas a mente mudou quando o dinheiro começou a entrar. _ Cami, agendei uma reunião hoje com uma noiva às três. _ Bia minha assistente disse _Achei que íamos almoçar juntos hoje _ Caio resmungou _ Alguém precisa atender as clientes_ brinco _ e você não tem nenhuma paciência pra isso _ Não mesmo, a que atendi mês passado enquanto você viajava deu tantas idéias que até eu, que entendo do assunto me confundi. _ disse pegando a bolsa em cima da mesa dele_ se precisar de mim, me liga. Caio saiu e eu fiquei esperando a noiva chegar, três horas em ponto Bia avisou que ela tinha chegado. Conferi minha mesa novamente antes da noiva entrar, pra ver se estava tudo no lugar, olhei meu cabelo no pequeno espelho em cima da mesa, parecia tudo ok, então apenas abri um sorriso e esperei a noiva. A porta abriu e de repente fiquei um pouco...surpresa, talvez seja essa a palavra. _Aline?_ pergunto meio impactada _ Aiii, nem acredito _ olhou em volta sorrindo _Meu Deus quanto tempo_ sorri Aline e eu éramos amigas desde o ensino médio , ela era uma das poucas pessoas que eu confiava. Nossa amizade era sólida, vivíamos juntas, inclusive ela era uma das poucas pessoas que conhecia os meus problemas familiares. A cinco anos atrás recebi uma ótima proposta de vir trabalha em São Paulo, acabei me mudando e por algum motivo acabamos perdendo o contato. _ Se senta_ aponto pra cadeira em frente a minha _ como você está? _Tô noiva_ mostrou a aliança orgulhosa _Aí que linda_ sorri feliz, ela finalmente teria a família que tanto queria Aline nasceu em berço de ouro, quando tinha quatorze anos os pais morreram em um acidente de carro, então ela foi morar com a avó no Rio, e foi bem nesse momento em que nos conhecemos. Era o primeiro dia de aula, eu estava nervosa por ser bolsista em uma escola de ricos e ela por estar em um ambiente novo sem amigo nenhum. Me lembro de esbarrar nela sem querer enquanto entrávamos na sala... _ desculpa_ falo sem graça _ Eu sempre fico meio nervosa no primeiro dia. _ Tudo bem _ ela respondeu com um leve sorriso _ acho que estamos todos nervosos. A partir daí se criou uma amizade sincera, tínhamos muitos gostos em comum, e mesmo com temperamentos diferentes nossa amizade era o que me distraia dos problemas que eu tinha em casa. Com dezesseis anos meu pai depois de muito infernizar nossas vidas, finalmente saiu de casa, e não que as coisas tenham melhorado já que sem a ajuda financeira dele ficamos ainda mais apertadas de dinheiro, foi bem nessa época que comecei a fotografar. Minha avó materna não tinha muitas coisas mas antes de morrer me deixou a máquina fotográfica que costumava usar pra tirar as fotos de aniversários da família, ela tinha talento mas na época dela as coisas eram difíceis demais, mesmo assim ela gostava de fotografar nossos momentos em família, acho que acabei aprendendo a N amar fotografia com ela. _Quem é o sortudo?_ perguntei animada já que iria ter a honra de fotografar o casamento e a festa de noivado deles _ Você nem vai acreditar_ ela sorriu _ lembra daquela nossa viagem ao Canadá? Se eu me lembrava? Foi a coisa mais louca que já fiz na minha vida. Quando tínhamos vinte anos Aline conheceu um cara pela internet, um Canadense lindo demais pra ser verdade, no começo eu achei que era só uma forma dela lidar com a perda da avó, mas a coisa ficou tão séria que um dia sem mais nem menos ela decidiu que iria pro Canadá conhecer o tal cara. Com muito dinheiro na conta e nenhuma responsabilidade ela era um alvo fácil pra qualquer vigarista, fui contra desde o início mas ela estava decidida, então por medo de ver minha amiga morta nos noticiários acabei indo junto. Aquela viagem foi uma loucura, primeiro por que o tal cara existia e não era um psicopata como eu achava, na verdade David estava estudando pra ser policial na época, um dos homens mais lindos que eu já vi ma minha vida. Foi nessa viagem também que conheci Josh amigo de faculdade de David, acho que na verdade Josh sim era o cara mais bonito que eu já tinha visto na vida. Ele não era loiro como David, ele era coreano então os olhos puxados o sorriso angelical, a pele perfeita, os um metro e oitenta bem distribuídos formando um corpo que deixava qualquer roupa bonita, ele devia ser modelo. Josh foi meu "amor de verão" e eu achava que ele também gostava de mim, pelo menos até perder totalmente o contato com ele. _Sim _ respondo sorrindo _Então menina... E é lógico que minha mente me levou a pensar que o tal noivo era David, os dois tiveram uma espécie de amor avassalador, foi triste ver esses dois se despedindo no aeroporto, enquanto eu e Josh apenas nos despedimos de forma simples pra que ninguém desconfiasse o que tinha acontecido na noite anterior, os dois choravam e se abraçavam, nós apenas apertamos as mãos com um sorriso , ele me desejou boa viagem e essa foi a última vez que nos vimos. _Não acredito_ interrompo animada Ela estava prestes a dizer algo quando a alguém bateu na porta _ Deve ser ele_ ela disse A porta se abriu, e eu não estava pronta pra tal supresa, quem na minha situação estaria? _Josh?!