✔ 1. O começo de tudo

1305 Words
✔ 1. O começo de tudo: Dolgar é um estado que segue preso a tradições milenares, preso a fundamentos religiosos fanáticos. Um país que não acompanha à modernização, que ainda trata as mulheres como seres inferiores, sem direitos algum. As mulheres nascidas em Dolgar, não podem sair sozinhas, fora da suas casas precisam estar com os cabelos cobertos por um lenço. Estudar somente em escolas para meninas, assim como não é permitido que elas façam curso superior. São poucas as mulheres que são exceção e possuem uma formação acadêmica. Mulheres estas que possuem famílias um pouco mais modernas e liberais. Porém, mesmo as famílias sendo um pouco mais modernas, os cursos que elas podem frequentar são limitados, como, por exemplo, medicina, enfermagem e para professoras, assim podem atender às mulheres do país. É inadmissível um homem dar aulas para as meninas de Dolgar. Porém, os conteúdos das disciplinas são inspecionados pelos homens, eles fiscalizam se a educação está em acordo com os preceitos religiosos. São homens extremamente machistas e possuem a concepção que mulheres precisam saber apenas o básico, afinal quando chegar o momento os homens da família escolherão um noivo, e a função da jovem será cuidar da casa, do marido e dos filhos. Nas escolas as meninas possuem aulas de etiquetas, culinária, artesanato. Eram raras as famílias que permitiam os seus filhos escolherem com quem desejavam casar. As famílias mais tradicionais ainda eram adeptas do ritual de fazer a circuncisão feminina. A circuncisão feminina consiste na remoção total ou parcial dos lábios v*****s e do clítoris da mulher. Muitas famílias passaram a esperar a moça ter um noivo, assim ele era quem decidia se a futura esposa seria circuncidada ou não. Ellie era uma jovem corajosa, que não estava disposta a seguir a tradição, queria se casar por amor, com o homem que o seu coração escolhesse para amar. Assim que nasceu, a sua família fez um acordo de casamento para ela, acordo que deveria ser cumprido assim que ela completasse dezoito anos. O que a sua família jamais poderia imaginar, é que a caçula da família estava disposta a tudo para não se casar com o seu prometido. A jovem de aparência meiga, frágil, amável, delicada, escondia uma fera indomável dentro do seu ser. Fera está que lhe proporcionava toda a coragem que necessitava para mudar totalmente a sua vida e fugir da tradição do seu país. Faltando poucas semanas para completar dezoito anos, conhece o engenheiro Geremias Ricci. Quando os olhares dos dois se encontraram, uma forte conexão surgiu. Estavam experimentando a experiência do amor a primeira vista. Um amor único, vivido uma única vez na vida. E para viver este amor proibido, estavam dispostos a tudo, enfrentariam quem quer que fosse. A tradição de Dolgar não os impediria de viver o amor que surgiu quando se viram pela primeira vez. Conhecedor dos costumes de Dolgar, Geremias se aproximou de Ellie discretamente. _ Estou impactado com a sua beleza. Disse em um sussurro para que ninguém ouvisse, até duvidou se Ellie conseguiu o ouvir. _ O meu nome é Geremias, gostaria de poder trocar algumas palavras com você a sós. Ellie o olhava admirando a sua beleza. _ Não se preocupe, não faltarei com o respeito. Sem pensar, Ellie respondeu. _ Amanhã, às treze horas, no lago das pedras. Ao se afastar ela disse. _ O meu nome é Ellie. Era extremamente arriscado se encontrar com um homem, se fosse pega poderia ser punida severamente. Quando chegou em casa, Ellie correu para o seu quarto, lavou bem as suas mãos, passou essência de sândalo, se preparou para seguir o ritual que a sua avó a ensinou. Para os fanis (nome da religião fictícia da história), era possível prever o futuro através das cartas, pedir orientação ao baralho. Na tradição, somente pessoas de coração puro poderiam fazer a interpretação da mensagem das cartas. Abriu uma pequena toalha de crochê vermelha, posicionou a sua pequena adaga voltada com o cabo voltado para o seu peito. Fez uma pequena oração pedindo para conseguir entender a mensagem das cartas, embaralhou as trinta e seis cartas, cortou, dividindo o baralho em dois montes sobre a toalha vermelha. Colocou o monte da esquerda sobre o dá direita, e embaralhou por mais três vezes. Tirou três cartas deixando as imagens viradas para cima sobre a toalha. A primeira carta com a imagem de uma carta, a segunda com uma estrada e a terceira com um coração. Ellie não teve dúvidas alguma, a sua felicidade estava na proposta que Geremias a faria, precisava confiar em seguir o seu coração. Com uma mensagem tão clara não restavam dúvidas, se Geremias a convidasse para fugir, era o que faria, sem medo algum. Ter medo não era opção. Para saber as consequências dos seus atos tirou mais três cartas, que foram as cartas com a imagem de uma montanha, aproxima de uma casa e a última de uma cegonha. Não seria fácil, enfrentariam dificuldades, mas conseguiriam construir a família que sonhavam. No outro dia se encontraram, o primeiro beijo foi dado. Não possuíam a facilidade de se comunicarem, portanto, combinaram de deixarem bilhetes na madeira da ponte, não assinariam e não usariam o nome deles. Assim combinariam tudo e organizariam a fuga, marcavam todos os encontros até que Ellie completasse dezoito anos. Sempre se encontravam às escondidas sem que ninguém percebesse. Arriscavam-se, mas para viver o amor que sentiam, valia a pena correr todos os riscos. Na véspera de completar dezoito anos, Ellie arrumou uma mochila com coisas básicas, seus documentos, suas joias. Itens de higiene pessoal, e algumas peças de roupas. Sem esquecer a sua caixinha com o seu baralho e a sua adaga, assim como a sua toalha de croché vermelha, presentes da sua avó. Também levou uma foto da sua família como recordação. Sabia que eles poderiam nunca a perdoarem pela fuga, sendo renegada por todos. Em cada encontro com Geremias após decidir que fugiria de um casamento arranjado, ela passou a levar uma muda de roupas para seu amado guardar. Geremias tinha comprado uma pequena mala para guardar os pertences da sua amada. Era fácil para ele levar as coisas de Ellie, não chamaria atenção. Tudo estava minimamente planejado. Na madrugada do seu aniversário, Ellie, se vestiu de n***o, colocou o seu véu, abriu a janela do seu quarto, pulou sem fazer baralho e foi para o local em que um casal de amigos de Geremias a aguardavam, eles a tirariam da cidade sem chamar atenção. O seu amor a acompanhou, a uma certa distância para garantir a sua segurança, não foram juntos para não arriscarem serem vistos juntos. Geremias não foi com a sua amada, fazia parte do plano, ela indo sozinha na frente, assim não levantariam suspeitas sobre o romance dos dois. Quando descobrissem a fuga de Ellie, as fofocas seriam muitas, entretanto o melhor é que pensassem que a jovem fugiu sozinha, apenas para não se casar com um homem que não amava. Na carta que deixou na sua cama, Ellie se despediu, pediu perdão para sua família, disse amar a todos, mas não poderia se casar com um homem que não amava. No local combinado, Alberto Zanardi, junto com sua esposa Luzia, aguardavam a jovem fugitiva. Com discrição saíram da cidade, enquanto Geremias seguiu para um bar, permanecendo longas horas no local, não desconfiariam dele. Como o esperado no outro dia foi um escândalo, porém ninguém suspeitou de Geremias. A procuraram por dias inutilmente, não havia rastro algum, Ellie tinha evaporado. A família sentiu-se envergonhada, não esperavam tal atitude da moça que sempre apresentou ser inofensiva e seguindo os costumes. O noivo rejeitado revoltou-se, sentia vergonha por ser abandonado por sua prometida. Como o combinado, Geremias terminou o seu trabalho e retornou para sua casa. Tinha chegado o momento de encontrar a sua amada.
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