capítulo 01
James.
Já teve a vontade de voltar no tempo e evitar fazer a maior cagada da sua vida?? Bom... Eu não fiz nenhuma cagada, só queria voltar 10 minutos para poupar meus olhos da cena h******l e nojenta à poucos metros: meus pais estão praticamente comendo um ao outro contra o balcão da cozinha.
Dou um passo silencioso para trás, suplicando para que eles não me notem e façam eu ficar com mais vergonha ainda. Quase lá! Só mais meio metro e...
- James. Onde você pensa que vai?- travo no lugar ao ouvir a voz do meu pai, Thomas.
- errr... Po-podem continuar, eu já estava de saída mesmo.- gaguejo, antes de me virar e começar à andar apressadamente para o mais distante possível daquela “sessão de amassos”.
- parado aí mocinho! Venha aqui.- estremeço e paro novamente, tentando achar um jeito de escapar dessa.
Opção 1: sair correndo, subir as escadas e se trancar no quarto.
Opção 2: fingir um desmaio.
Opção 3: dizer que está com dor de barriga e fugir.
Repasso as opções algumas vezes e chego à uma conclusão: não tem jeito, é melhor fazer o que os chefes querem.
Enfio as mãos no bolso da calça, dou meia volta e caminho até eles com um sorriso amarelo no rosto. Tentando não olhar diretamente para eles, já que a rodada de s**o já estava quase acontecendo. Meu pai thomas está sentado no balcão e meu pai Aaron está em pé, entre suas pernas.
Pelo menos estão vestidos. Lembro-me, o que não ajuda muito na verdade.
- iaê.- tento soar tranquilo e descolado, mas isso nunca funciona, só me deixa com a cara de i****a.
- senta aqui.- pai Thomas diz, dando tainhas ao seu lado, no balcão.
Sem ter para onde correr, vou até lá e sento ao seu lado, procurando focar em um ponto fixo da cozinha que não seja eles (já que os dois continuam na mesma posição). Meu pai passa o braço ao redor da minha cintura e me puxa para mais perto, colando as laterais dos nossos corpos.
- como vai o meu bebê?- ele pergunta, abrindo um enorme sorriso para mim.
- nosso.- pai Aaron corrige, também me lançando um sorriso enorme.
- bem. Já arrumei as malas. Só falta o taxi chegar.- respondo.
Já que as férias começaram à duas semanas, resolvi ir visitar o meu Vô, que não vejo à mais de dois meses.
- tem certeza que não quer que eu leve você?- o enorme e musculoso híbrido de pantera, mais conhecido como meu pai, fala.
- não precisa pai. Já tenho 17 anos e posso muito bem ir sozinho, vovô mora à uns 100 quilômetros daqui.- argumento, enquanto reviro os olhos.
Meu pai é muuuuuito protetor, comigo e com meu pai Thomas. Sempre que eu demoro um segundo à mais do que o combinado para chegar em casa, ele vai atrás de mim praticamente correndo, como se eu tivesse sido sequestrado ou algo assim.
Nossa. Como eu amo esses dois. São os melhores pais que alguém poderia ter!! Sempre me deram carinho e amor.
- você sentir muita saudade de você filho.- exclama o meu pai Thomas.
- vão ser só duas semanas pai!- exclamo, encarando seus olhos azuis hipnotizantes.
- mesmo assim filho!- ele me puxa para um abraço desengonçado, mas bom mesmo assim.
Passo meu braços ao seu redor e o aperto contra mim, enterrando a cabeça no seu pescoço branco. Meu outro pai não perde a deixa e envolve nós dois em um abraço apertado, nos colocando contra seu peitoral musculoso.
- eu também vou sentir saudades.- o maior sussurra para mim, me apertando ainda com mais força.
- eu queria que vocês fossem comigo.- confesso, assim que começamos à nos afastar.
- nós todos queríamos filho, mas eles precisam muito de mim no trabalho.- Thomas murmura, antes de passar seus dedos pelo meu cabelo, tirando-os de cima dos meus olhos.
Quando eles eram adolescentes, descobriram que meu pai Thomas era descendente da família real, que foi assassinada cruelmente. Sendo assim, ele é legitimamente o Rei de toda a terra dos híbridos.
Mas depois de refletir muito, ele decidiu abdicar os seus deveres como rei e dá continuidade à forma de governo que foi implantada depois da morte dos últimos reis: uma república democrática, onde o pode escolher quem vai liderar.
Mas mesmo não sendo o híbrido que lidera, ele continua sendo o rei, o híbrido mais poderoso que existe atualmente, com seus vários dons extraordinários e a capacidade de alternar a suas características físicas, entre as de lobo e as de leão albino.
Como uma pessoa muito importante, ele tem que ser protegido constantemente, e é aí que entra meu pai Aaron: ele é o guarda pessoal do rei, tendo que ficar com ele pelo menos 20 horas por dias para protege-lo. (E como são casados, tenho certeza de que tiram bastante proveito disso...)
- tem certeza que colocou tudo da mala??- pai Aaron me pergunta, enquanto bagunça meus cabelos, fazendo o seu esposo lhe dá uma cotovelada, já que ele está arrumando.
- tenho sim.- digo, enquanto balanços as pernas tranquilamente, para frente e para trás.
- colocou cuecas suficientes para duas semanas?- diz ele, fazemdo o meu rosto arder de vergonha.
- s-sim.
- ótimo. E lembrou de colocar...- sua voz é abafada pelo barulho estridente da buzina de um carro.
- acho que está na hora de eu ir.- murmuro, antes de pular do balcão e caminhar para fora da cozinha, com eles dois atrás de mim.
Nossa casa é enorme, o que me faz demorar um século para chegar na grande sala de estar, onde eu havia colocado minha mala e minha mochila.
- dá aqui pra mim, deixa que eu levo até lá fora.- diz Aaron, pegando minha mala e caminhando até a grande porta.
Pego a mochila e coloco nas costas, com cuidado para não amassar os livros que eu estou levando.
Me pai de olhos azuis pega minha mão e me puxa para fora de casa, enquanto sua cauda longa e branca bate nas minhas pernas, fazendo cócegas. Ele sempre faz isso de propósito.
Nós temos um enorme jardim na frente da casa, com todos os tipos de flores e árvores: rosas, tulipas, orquídeas, macieiras, figueiras, videiras... Tudo graças as habilidades do meu pai.
Nos caminhamos em silencio pela grama até chegar à rua asfaltada, onde um carro preto está estacionado.
- bom dia.- fala alegremente o motorista do táxi, um híbrido moreno com cabelos encaracolados e supreendentemente verdes, assim como os olhos.
- bom dia.- nós três respondemos juntos, devolvendo o seu sorriso gentil.
- coloque as malas aqui senhor.- murmura ele, antes de caminhar até à parte de trás do carro e abrir o porta -malas.
- venha aqui dá um abraço no seu pai.- diz o híbrido albino atrás de mim, abrindo um pouco dos braços e dando um passo em minha direção.
Ando rápido até ele e o envolvo com meus braços, então descalço o queixo em cima da sua, já que sou bons 10 centímetros mais alto que ele. O que não quer dizer nada, já que, embora ele seja o menor da família, é com certeza o que manda nela.
- vão ser só duas semanas pai. Já já eu tô de volta. Aproveita que eu não vou está em casa e dá um trato no... AAI!!- um grito sai da minha garganta e me impede de continuar falando, ele acabou de dá um beliscão na minha barriga! Provavelmente sabendo que eu ia falar alguma coisa pervertida.
- nem pense em falar isso mocinho! Olha o respeito.- repreende, embora o sorriso torto em seu lado indique que ele não esteja falando sério.
Meus pais nunca brigaram ou encostaram um dedo em mim. Só algumas broncas, e quando eu realmente fiz por merecer.
- agora vem dá um abraço no seu velho.- diz meu outro pai, que de velho não tem absolutamente nada. Embora tenham mais de 40 anos cada um, a aparência é de alguém com 25 anos.
- porquê estão agindo como se eu fosse embora para nunca mais voltar?- a pergunta escapa, enquanto eu caminho até ele e o abraço também, descansando a cabeça no seu peitoral musculoso, enquanto ele aperta meus ombros com suas mãos grandes e quentes.
- é que nós já estamos sentindo saudades de você.- responde ele, antes que eu me desgrude dele e caminhe até o carro, se não essa despedida melosa vai durar um ano inteiro.
- diz pro seu Vô que a gente mandou um abraço.- pai Aaron diz, assim que eu abro a porta do carro e sento no banco de trás, lembrando-me de levantar a cauda, para não sentar em cima dela, já que isso faz os pelos alaranjados ficarem bagunçados.
- okay.- respondo.
- e tente não incendiar a casa do seu avô.- pai Thomas diz sorrindo, enquanto acena com a mão, me dando tchau.
- okay okay. Eu vou tentar.- murmuro sorrindo, também dando tchau para eles.
Fazer vovô Ruan apagar um incêndio não está na lista de coisas que eu pretendo fazer nas próximas duas semanas. Então, não vou usar meu dom, à não ser bem longe de casa, já que... Eu ainda não consigo controlar direito. Uma vez, eu quase explodo meu quarto, e olha que eu só estava tentando queimar uma folha do meu caderno sem que as outras também queimassem, mas meu controle sobre o fogo não foi tão bom assim... (Acho que tentar fazer isso em cima de um carpete felpudo também não ajudou muito... Já que dois segundos depois tudo estava pegando fogo).
- o endereço, por favor.- murmura o híbrido do cabelo verde.
- tá aqui.- levanto do banco e me debruço sobre o que está na minha frente, estendendo a mão para ele, onde o endereço está anotado.
- obrigado.- diz ele sorridente, pegando o papel da minha mão. Alguns segundos depois, ele começa à dirigir.
Meus olhos observam tudo que tem no carro, até parar no porta-retrato ao lado do volante.
- seus filhos?- tento puxar assunto, me referindo aos dois meninos gêmeos idênticos da foto, que aparentam ter uns... 7 ou 8 anos.
- sim. Eles são meu tesouro. O maior presente que eu poderia ganhar.- responde ele, alternando o olhar entre a rua e o porta-retrato. Seus olhos se iluminam enquanto ele fala que seus filhos são muitos estudiosos e que adoram trocar de lugar para pregar peças nos outros. Dá pra perceber que ele os ama muito.
- você é híbrido de que mesmo?- deixo a curiosidade ganhar, já que ele não aparenta ter nenhum característica, senão o cabelo verde.
- pode acreditar, essa é a pergunta que eu mais ouço.- diz ele, bem-humorado. – sou híbrido de papagaio.
- aaaah.- isso explica o cabelo.
Híbridos de aves não tem tantas características como os de algum mamífero. Antes, eu imaginava que alguns poderiam ter bico ou asas, mas isso é impossível (e seria estranho), então as suas características se limitam à olhos de aves e cabelo colorido.
- e você?- pergunta ele, me encarando pelo retrovisor (ou seja lá como se chama aquele pequeno espelho).
-de raposa.- respondo o óbvio, enquanto abano minhas orelhas felpudas.
Nos continuamos conversando durante viagem toda. Ryan (como o motorista se chama) me contou várias histórias engraçadas, sobre seus pestinha... Ou melhor, filhos.
E quando percebo, já estamos enfrenta a casa (mansão) do meu avô. Ryan estaciona o carro e o desliga.
- bom... Chegamos. Foi bom conhecer você James.- ele diz, saindo do carro e abrindo a porta para mim.
- também adorei lhe conhecer.- digo sorrindo, antes de também sair do carro e me espreguiçar, esticando os braços sobre a cabeça.
- olha quem chegou! Se não é o meu netinho preferido.- fala uma voz grossa atrás de mim. Olho na direção da voz e dou de cara com um enorme e musculoso híbrido, com cabelo e olhos castanhos, assim com a cauda longa que balança preguiçosamente atrás dele.
- eu sou o seu único neto!- rebato, enquanto corro até ele e me jogo em seus braços.
- mesmo assim Jamie.- fala o meu Vô, híbrido de leão, usando o apelido que ele me deu.