SAMUEL’S POV
Eu estava ali, na sala, tentando fazer o tempo passar enquanto esperava Lily chegar. Tudo parecia um tanto monótono. Limpei meu quarto, tirei o lixo, dei uma geral no meu carro, e até toquei um pouco de violão para ver se distraía a mente. Mas nada parecia funcionar. Minha mente continuava presa em um único pensamento: Lily.
Enquanto isso, meu telefone estava inundado de mensagens dos meus amigos, perguntando onde eu estava, se queria ensaiar ou sair para beber. Em outros tempos, teria aceitado sem hesitar, mas agora, sentado ali na sala, só conseguia pensar em uma coisa, ou melhor, em uma pessoa.
O som da porta da frente se abrindo finalmente chamou minha atenção. Lily entrou, com sua mochila nas costas, indo direto para as escadas. Levantei-me do sofá, sentindo-me impelido a confrontá-la sobre sua ausência.
"Você está atrasada", comentei, assim que ela cruzou o limiar da sala.
Lily virou-se para mim, visivelmente confusa.
"Não marquei nada com você", ela respondeu, tentando entender minha preocupação.
Fixei meus olhos nos dela, mantendo minha expressão séria.
"Está muito tarde para você estar na rua até essa hora", declarei, tentando transmitir minha preocupação.
Lily revidou meu olhar, parecendo um pouco irritada.
"Como eu disse antes, fui para a casa de uma amiga depois da escola", ela explicou, sua voz carregada de defesa.
Fiz uma careta, desconfiado.
"Amiga, sei", comentei, deixando claro que não estava totalmente convencido.
Ela me olhou de volta, claramente incomodada com a minha desconfiança.
"Acredite no que quiser", ela disse, virando-se para subir as escadas. "Eu vou tomar banho."
Assenti brevemente, decidindo não prolongar a discussão naquele momento.
"Espero que você não tenha comido na casa dessa 'amiga'", eu comentei, dando um sorriso de canto de boca. "Porque eu pedi pizza."
Lily virou-se para me encarar novamente, e pude ver uma leve expressão de surpresa em seu rosto. "Pizza?", ela repetiu, parecendo genuinamente surpresa.
"Sim, pizza", confirmei, dando de ombros. "Achei que seria uma boa pedida para o jantar."
Ela sorriu, parecendo mais relaxada agora. "Bom, então acho que eu não vou reclamar", ela disse, virando-se para continuar subindo as escadas. "Obrigada, Samuel."
Assenti com a cabeça, assistindo-a desaparecer pelo corredor. Suspirei, sentindo-me um pouco tenso com a situação, mas decidi deixar para lá por enquanto.
***
Eu estava sentado no chão da sala, observando Lily puxar o queijo infinito do pedaço de pizza com os lábios, totalmente hipnotizado. Ela me encarou, parecendo um pouco sem jeito, e comentou sobre a quantidade de queijo na pizza.
"Essa pizza está muito queijo", ela comentou, olhando para a fatia em suas mãos.
Eu dei de ombros, tomando um gole do meu refrigerante.
"Pedi com queijo extra", expliquei.
Lily me encarou, ainda parecendo um pouco desconfiada com a quantidade de queijo.
"Dá para notar", ela respondeu, com um leve sorriso.
Peguei um pedaço de pizza e dei uma mordida, enquanto perguntava casualmente sobre como tinha sido a escola para ela.
"E a escola? Como foi hoje?", perguntei a ela.
Lily me encarou, seus olhos encontrando os meus.
"Normal", ela respondeu. "Mas definitivamente não foi normal para você."
Levantei uma sobrancelha, curioso para saber o que ela queria dizer com aquilo.
"Como assim?", perguntei.
Lily respirou fundo, reunindo coragem para continuar.
"Eu te vi na porta da escola, rodeado de fãs", ela explicou.
Dei de ombros, tentando não fazer parecer nada demais.
"A banda é meio popular entre os adolescentes", comentei.
Ela me olhou de forma incrédula com o que eu havia dito.
"Meio popular?", ela repetiu. "A música 'Somebody' está tocando direto na rádio da escola e em vários outros lugares."
Tomei outro gole do meu refrigerante, percebendo que ela realmente sabia mais do que eu pensava sobre a banda.
"Esqueci que você é uma grande fã", admiti.
"Sim, e muitos dos meus colegas de escola também são", ela confirmou.
Curioso, perguntei sobre a amiga com quem ela passou a tarde.
"E essa amiga também é fã da banda?", questionei.
Lily me encarou com um olhar penetrante.
"Você está com ciúmes?", ela perguntou, levantando uma sobrancelha.
Balancei a cabeça rapidamente.
"Claro que não", neguei, tentando parecer casual. "Só estou curioso."
Ela riu, um tanto irônica.
"Sim, e essa amiga é muito fã sua", disse ela. "Mais do que eu, aliás. Ela até implorou para eu te levar na festa de aniversário dela na quarta-feira. O nome dela é Ashley Cooper."
Engoli em seco, não esperando por aquela revelação.
"Você prometeu que eu iria?", perguntei, surpreso.
Lily sacudiu a cabeça.
"Não, mas disse que conversaria com você sobre isso", ela respondeu.
Respirei fundo, decidindo imediatamente minha resposta.
"Ótimo, porque eu não vou", declarei, firmemente.
Lily me encarou e eu pude sentir um pouco de surpresa em seu olhar. Eu sabia que minha decisão poderia desapontá-la, mas eu não estava disposto a me envolver em uma festa de adolescentes, especialmente não uma onde eu seria o centro das atenções como o irmão da anfitriã. Era melhor manter as coisas simples e evitar qualquer drama desnecessário.
"Tudo bem, eu entendo", ela disse, voltando a sua atenção para a pizza. "Mas a Ashley Cooper ficaria desapontada."
Balancei a cabeça, decidido. "Não posso ir só para agradar a Ashley Cooper", respondi. "Ela vai ter que entender."
Eu estava no chão da sala, saboreando uma fatia de pizza com Lily quando ela me fez uma pergunta que eu não esperava.
"Você iria na festa de Ashley por mim?", ela perguntou, parecendo um pouco sem jeito.
Levantei os olhos para encará-la, curioso sobre o motivo de repente ela querer que eu fosse a essa festa.
"Por que eu faria isso?", perguntei, um pouco surpreso.
Lily me encarou, seus olhos encontrando os meus.
"Por favor, só para me agradar", ela pediu, parecendo um pouco constrangida.
Refleti sobre sua pergunta por um momento, pensando nas vezes em que já havia feito favores por ela.
"Já fiz algo por você de manhã", lembrei, esperando que ela entendesse o que eu queria dizer.
Ela corou levemente, indicando que ela lembrava muito bem do que aconteceu pela manhã.
"Não esqueci", admitiu.
Eu dei de ombros, olhando para ela com um olhar inquisitivo.
"Se formos colocar na balança, eu acho que já fiz mais por você do que você por mim", comentei. "Então, tecnicamente, eu estou em desvantagem."
Lily se aproximou de mim, seus olhos encontrando os meus com uma mistura de determinação e nervosismo.
"O que você quer em troca para ir comigo?", ela perguntou.
Levei um momento para pensar em sua pergunta.
"Bem, essa festa parece ser muito importante para você", comecei, minha mente trabalhando para entender suas motivações. "Estou curioso para saber por que."
Ela respirou fundo, reunindo coragem para me contar a verdade.
"Na verdade, Ashley Cooper não é minha amiga", confessou. "Ela é a garota mais popular da escola, e eu e minha amiga Emily sempre sonhamos em um dia sermos convidadas para a festa dela.
E agora, surgiu essa oportunidade de ser convidada.”
Minha curiosidade aumentou.
"Por que só agora você foi convidada?" perguntei.
Lily me encarou, nervosa. "Porque agora todos na escola sabem que somos meio irmãos", ela admitiu.
Essa revelação me pegou de surpresa, e eu não pude deixar de me sentir desconfortável com a ideia de ser o par de Lily em uma festa da escola, na verdade, ir como irmão dela.
Assenti lentamente, entendendo melhor sua situação. "Entendo", murmurei, pensando sobre o que ela havia dito. "Bem, acho que eu poderia ir com você. Mas com uma condição."
Os olhos de Lily se iluminaram com curiosidade.
"Qual é a condição?", ela perguntou, ansiosa para ouvir minha proposta.
Eu sorri, sabendo que tinha a chance de realizar uma fantasia que vinha alimentando há algum tempo.
"Você teria que realizar uma fantasia minha", declarei, esperando por sua reação.
Lily me encarou com uma expressão desconfiada, claramente tentando decifrar o que eu tinha em mente. Sua pergunta direta cortou o silêncio tenso entre nós.
"Qual fantasia e onde?", ela perguntou, sua voz carregada de desconfiança.
Eu dei de ombros, pegando outro pedaço de pizza antes de responder.
"Tudo o que você precisa saber é que será na festa da Ashley Cooper", respondi, mantendo a resposta vaga.
Lily me olhou fixamente, claramente insatisfeita com minha resposta.
"Eu gostaria de negociar melhor sua presença na festa", ela declarou, sua expressão determinada.
Arqueei uma sobrancelha, intrigado com sua proposta.
"Como assim?", perguntei, curioso para saber o que ela tinha em mente.
Ela me encarou com seriedade.
"Você deixou muito aberta a sua proposta", começou ela, explicando sua posição. "A sua fantasia poderia ser de qualquer forma, do jeito que você quisesse. Então, se você quer que eu faça o que você quiser, você precisa ir para a festa com todos os membros da banda The Wild Ones."
Fiquei surpreso com sua exigência.
"Você está falando sério?", perguntei, tentando confirmar se estava entendendo corretamente.
Lily sustentou meu olhar, sem recuar.
"Sim, estou. Se você aparecer com todos os membros da banda, eu farei o que você quiser", ela afirmou, estendendo a mão em minha direção como se estivesse selando um acordo.
Olhei para sua mão estendida por um momento antes de apertá-la firmemente.
"Negócio fechado", declarei, sabendo que não podia deixar essa oportunidade escapar.
Eu estava lá, no chão da sala, segurando a mão de Lily. Sentia a textura da sua pele sob a minha, aquele contato me envolvendo em uma sensação de proximidade que eu não queria que acabasse. Então, sem pensar muito, a puxei em minha direção e a beijei, buscando transmitir tudo o que eu estava sentindo naquele momento.
Mas logo ela se afastou, deixando-me confuso. Encarei-a, tentando entender o que havia acontecido.
"O que foi?", perguntei, buscando alguma explicação para a sua reação.
Ela me encarou, a expressão indecifrável.
"É melhor deixar isso para a festa da Ashley Cooper", respondeu, seus olhos evitando os meus.
Toquei levemente nos meus lábios, ainda sentindo o calor do beijo que compartilhamos.
"Vou aguardar ansioso", declarei, tentando disfarçar a minha decepção.
Lily se levantou abruptamente, como se quisesse escapar da tensão que havia se instalado entre nós.
"Boa noite", disse ela, de forma rápida, antes de se dirigir para as escadas.
Encarei as suas costas enquanto ela subia os degraus, uma sensação estranha se instalando em meu peito.
"Boa noite", respondi, mesmo que ela já estivesse fora de alcance da minha voz.
Fiquei ali, no chão da sala, perdido em meus pensamentos, imaginando o que poderia acontecer naquela festa. A curiosidade estava me consumindo, mas ao mesmo tempo, havia algo excitante em deixar as coisas se desenrolarem naturalmente. Eu sabia que teria que esperar até então, mas isso só aumentava minha expectativa.