LILY’S POV
O táxi se aproximava da majestosa casa de Samantha Valdez, onde aconteceria o casamento com meu pai, Doug Thompson. As árvores imponentes na entrada e a elegante arquitetura da casa indicavam que eu estava prestes a testemunhar um evento grandioso. Estava vestindo um vestido azul claro que não usava há anos, remanescente de quando minha tia se casou. Ao descer do táxi, me dei conta de que o vestido estava um pouco mais curto do que era anos atrás.
Caminhei em direção à entrada, me perguntando como seria o encontro com Samantha, a mulher que estava prestes a se tornar minha madrasta. O vestígio do perfume floral de meu vestido se misturava ao ar enquanto eu seguia para o jardim, onde a cerimônia ocorreria. Ao avistar meu pai, Doug, ele me encarou com uma expressão de leve impaciência.
"Papai, desculpe pelo atraso", eu disse, tentando amenizar a situação.
"Por que se atrasou, Lily?" Ele perguntou, franzindo o cenho levemente.
Encarei meu pai e respondi com um sorriso sem jeito: " Eu dormi demais e acabei perdendo a hora, pai. Desculpe."
Seus olhos desceram pelo meu vestido, e ele indagou: "Eu não conheço esse vestido?"
Sorri, tentando disfarçar minha falta de originalidade: "Não, pai. Comprei ontem com a Emily. Ela me ajudou a escolher."
Doug assentiu, parecendo satisfeito com a resposta. "Está bem. Venha, vamos até o quintal. Samantha e os convidados já estão esperando para começarmos."
Acompanhei Doug até o jardim, onde a cerimônia aconteceria. O local estava decorado com delicadeza, criando um ambiente aconchegante para a celebração.
Os convidados murmuravam animadamente, enquanto eu me perdia em meus pensamentos, questionando sobre o filho de Samantha que ainda não havia chegado.
Curiosa, virei-me para meu pai e perguntei. "E o filho de Samantha, pai? Ele ainda não chegou?"
Meu pai me encarou com seriedade e respondeu: "Ainda não chegou. Samantha preferiu não esperar por ele, para não atrasar a cerimônia."
Assenti, compreendendo a decisão prática de Samantha. O casamento era um evento importante, e qualquer atraso poderia interferir na experiência planejada. Enquanto me preparava para entrar no jardim, minha mente ainda divagava entre as expectativas da cerimônia e as memórias recentes da noite anterior com Samuel.
Ao atravessar o jardim, meus olhos buscavam por algum sinal do filho de Samantha, mas ele ainda não havia chegado. O casamento começou, e eu me concentrei nas palavras da cerimônia, tentando afastar pensamentos inoportunos.
Ao chegarmos ao altar improvisado, vislumbrei Samantha radiante, aguardando ansiosamente pelo início do casamento. Seus olhos encontraram os meus, e um sorriso acolhedor se formou em seus lábios. Apesar das circunstâncias peculiares, senti um calor humano vindo dela, algo que me tranquilizou momentaneamente.
O juiz de paz, um homem sério com um olhar solene, começou a cerimônia. Eu estava ali, tentando encontrar um lugar em meu coração para aceitar tudo aquilo, quando, de repente, uma voz interrompeu o ar solene.
"Esperem!", ecoou pelo jardim.
Todos viraram a cabeça em direção à fonte da interrupção, e meu coração deu um salto quando vi Samuel surgindo no corredor improvisado. Ele estava ali, como se saído de um sonho, seu olhar intenso varrendo o local.
O juiz de paz, surpreso e visivelmente desconfortável, interrompeu suas palavras. Samuel ignorou todos os olhares fixos nele e avançou, seus passos decididos em direção ao altar. O silêncio pesado no ar só era quebrado pelos murmúrios dos convidados.
"O que você está fazendo aqui?" Samantha perguntou, sua voz trêmula, tentando manter a compostura diante do inesperado.
"Desculpe pelo atraso," Samuel disse com um toque de sarcasmo. "Achei que seria adequado comparecer ao casamento de minha adorada mãe."
O impacto da revelação ecoou como um trovão nos meus ouvidos. Meus olhos se arregalaram de surpresa, incapazes de acreditar no que acabara de ouvir. Samuel era filho de Samantha? Ele, o ídolo com quem dormi a noite passada, era o filho da mulher que meu pai estava prestes a se casar?
Eu ainda processava a informação quando Samuel, com um olhar que parecia penetrar em minha alma, se dirigiu a mim.
"Surpresa, Lily?" Ele sorriu de maneira descontraída, como se essa revelação fosse surpresa apenas para mim.
***
SAMUEL’S POV
Enquanto o casamento de Samantha e Doug estava prestes a começar no idílico jardim, eu me encontrava à margem da cerimônia. A atmosfera estava carregada de tensão, e o silêncio pairava como uma névoa, revelando a apreensão de todos os presentes.
Minha mãe, de pé no altar improvisado, trocava olhares nervosos com Doug, o homem que era seu amante. Era difícil acreditar que ela estava prestes a se casar com ele.
Samantha virou-se para encarar-me quando percebeu minha presença, seus olhos cheios de medo e apreensão. "O que você está fazendo aqui, Samuel?" ela perguntou, sua voz vacilante.
Eu a encarei diretamente, mantendo meu tom sereno. "Achei que deveria comparecer ao casamento da minha mãe. Afinal, é um evento importante, não é?"
Ela se afastou um pouco do altar, olhando-me com cautela. "Por favor, não faça um escândalo aqui. Este é um dia especial para mim", suplicou.
Decidi jogar o jogo por enquanto. "Não se preocupe, mãe. Eu não farei escândalo. Pensei melhor e decidi dar minha bênção a essa união", declarei, surpreendendo-a com minha resposta calma.
Ela me encarou, incerta. "Você tem certeza?" Samantha perguntou, hesitante.
Estendi o braço em direção a ela, um gesto de aceitação. "Absoluta certeza. Será uma honra levar você até o altar", respondi, tentando esconder as minhas verdadeiras intenções.
Samantha hesitou por um momento, mas então aceitou meu gesto, revelando um misto de surpresa e alívio em seu olhar. Juntos, caminhamos de volta para o altar, minha mãe e eu, uma cena que, de alguma forma, parecia surreal dadas as circunstâncias.
Conforme nos aproximávamos, percebi os olhares perplexos e curiosos dos convidados, inclusive o de Lily. Um turbilhão de emoções passou por seu rosto, e ela parecia dividida entre a surpresa e o desconforto.
Ao chegarmos ao altar, Samantha retomou seu lugar ao lado de Doug, enquanto eu me posicionava ao lado dela. A cerimônia continuou.
Eu olhei para Doug, que me encarava com uma mistura de curiosidade e desconforto. As palavras do juiz de paz fluíam ao fundo, mas minha mente estava ocupada com os eventos que se desdobravam diante de mim. Eu estava prestes a testemunhar minha mãe se casando com o homem que testemunhei ela traindo meu pai anos atrás.
Meus olhos encontraram os de Lily, e pude notar a confusão em seu olhar. Afinal, ela não tinha conhecimento do parentesco entre mim e Samantha. Eu queria sentir arrependimento por não ter revelado esse detalhe antes, mas a verdade é que era necessário.
Samantha e Doug trocavam votos que ressoavam como uma peça de teatro, enquanto eu, o filho que retornava para selar essa farsa, observava a encenação se desdobrar diante de mim... E a única coisa em que eu pensava enquanto via minha mãe beijar seu amante era me vingar. Eu iria me vingar e já tinha o alvo perfeito.
Então me virei em direção a Lily Thompson.
***
LILY’S POV
A sala de estar estava repleta de risos e celebrações durante a recepção de casamento de meu pai, Doug, com Samantha. A atmosfera festiva deveria preencher meu coração de alegria, mas meus pensamentos estavam longe, perdidos em um turbilhão de emoções. Eu, Lily Thompson, tentava me concentrar nos discursos dos noivos, mas meus olhos eram atraídos irresistivelmente em direção a Samuel.
Ele estava lá, descontraído, bebendo uma cerveja no gargalo, como se não fosse parte integrante dessa nova dinâmica familiar. Cada gole que ele tomava parecia ecoar em meu coração, uma lembrança constante da noite que compartilhamos, uma noite que agora se transformava em algo complicado demais.
Decidi me afastar, tentando encontrar refúgio na mesa de aperitivos. Talvez a distração da comida pudesse desviar meus pensamentos, afastá-los da confusão que se desenrolava ao meu redor. Peguei um canapé e tentei focar minha atenção na textura e no sabor, mas a presença de Samuel continuava a se insinuar em minha mente.
Enquanto eu tentava disfarçar minha inquietação, Samuel se aproximou por trás de mim, sua voz ecoando em meu ouvido. "Olá, irmãzinha", disse ele, sua expressão descontraída.
Virei-me abruptamente, uma mistura de surpresa e desconforto estampada em meu rosto. "O que você está fazendo aqui?" perguntei, tentando manter a voz firme.
Ele manteve o sorriso, seus olhos fixos nos meus. "Estou apenas cumprimentando minha mais nova irmã", respondeu, levantando a cerveja em um gesto descontraído.
Meus pensamentos aceleraram. Eu estava tentando processar a rápida mudança em nossa relação, de amantes para meio irmãos. Era como se o destino estivesse zombando de mim, misturando sentimentos complexos em um caldeirão de relações familiares.
"Precisamos conversar", declarei, levando-o a um canto mais reservado da sala.