CAPITULO 41

1709 Words
"Verônica, o que está acontecendo?" perguntei, meu tom soando mais áspero do que eu pretendia. Ela se virou para encarar-me, seus olhos parecendo penetrar minha alma. "Precisamos conversar, Samuel," ela disse, sua voz carregada de significado. Engoli em seco, sentindo-me tenso diante da intensidade de sua presença. "Sobre o quê?" perguntei, minha mente girando com todas as possibilidades do que essa conversa poderia envolver. Verônica deu alguns passos em minha direção, seu olhar nunca deixando o meu. "É sobre a gravação da música que vocês fizeram na noite passada." Meus pensamentos se voltaram para a sessão de gravação da noite anterior. Nós tínhamos passado horas trabalhando naquela música, e eu estava ansioso para ouvir o que Verônica tinha a dizer. "O que tem a gravação?" perguntei, minha curiosidade aumentando. Verônica respirou fundo antes de responder. "Eu ouvi a música. E eu tenho que admitir, ficou incrível." "Eu me lembro muito bem do que você disse ontem," eu respondo, minha voz firme. "Você deixou claro que se fôssemos embora, era para esquecermos você." Verônica parece pensativa por um momento, antes de finalmente falar. "Eu sei o que eu disse, Samuel. Mas ouça, eu decidi dar mais uma chance para vocês. A música que vocês gravaram realmente ficou muito boa." Eu arqueio uma sobrancelha, surpreso com a reviravolta na conversa. "Você está falando sério?" Ela assente, sua expressão agora mais suave. "Sim. Eu realmente acredito no potencial da música de vocês. E quero dar uma chance para que vocês mostrem do que são capazes." Uma sensação de alívio misturada com incredulidade se instala dentro de mim. Depois de tantos altos e baixos, essa reviravolta inesperada é como um raio de esperança. "Obrigado, Verônica," eu digo, minha voz carregada de gratidão. "Nós não vamos desapontá-la." Ela sorri, um brilho de confiança em seus olhos. "Eu sei que não vão." Verônica inclinou a cabeça, ainda sorrindo, mas seu olhar rapidamente desviou para algo atrás de mim. Me virei para olhar o que era e vi o vestido vermelho de Lily jogado em cima da cama. Eu tinha me esquecido completamente disso. d***a. "Eu não sabia que você curtia garotas mais novas," Verônica disse, seu tom sugestivo. Eu franzi a testa, me sentindo desconfortável com a direção que a conversa estava tomando. "Não é o que você está pensando. Lily é minha irmã." Ela me encara com um olhar curioso, e um sorriso se espalha por seus lábios. "Ah, eu não sabia que você tinha uma irmãzinha. Deve ser interessante." Eu balanço a cabeça, sentindo-me um pouco desconfortável com a direção da conversa. "Lily não é minha irmã de sangue. É uma longa história," eu digo, tentando evitar entrar em detalhes sobre a complicada dinâmica da minha família. Verônica se aproxima, sua mão pairando sobre a toalha que envolve minha cintura, e uma sensação de nervosismo se instala dentro de mim. "Bem, eu tenho bastante tempo," ela responde, seu tom sugestivo. Eu engulo em seco, sentindo-me subitamente consciente da minha própria vulnerabilidade diante dela. "Agora não é o momento," eu respondo rapidamente, tentando desviar a conversa para um assunto mais seguro. "Preciso me aprontar. Vamos contar ao resto da banda sobre as boas novas." Verônica assente, sentando-se confortavelmente na cama como se estivesse completamente à vontade em meu quarto. "Tudo bem. Eu espero." Com um aceno de cabeça, eu me viro rapidamente e vou em direção ao meu armário, tentando afastar os pensamentos tumultuados que Verônica despertou em mim. Eu me troco rapidamente, ignorando o fato de que ela está ali observando cada movimento meu. "Pronto," eu digo, tentando soar mais confiante do que me sinto. "Vamos lá." Verônica se levanta da cama, seu olhar deslizando sobre mim com um brilho malicioso nos olhos. "m*l posso esperar." Com um suspiro, eu levo Verônica para fora do meu quarto, esperando que a conversa com o resto da banda possa me ajudar a dissipar a estranha tensão que se instalou entre nós. *** Eu estava descendo as escadas ao lado de Verônica, sentindo-me um pouco tenso com a conversa que acabamos de ter. m*l sabia eu que outro desafio se aproximava, manifestando-se na figura de Lily, que abriu a porta do quarto dela. Meu coração acelerou quando nossos olhos se encontraram. "Oi, Lily," eu disse, tentando soar casual. Ela parecia surpresa ao me ver. "Você está de saída?" ela perguntou, sua voz carregada de incerteza. Eu assenti. "Sim, tenho algumas coisas para resolver." Lily olhou para Verônica, que estava segurando meu braço, e então voltou seu olhar para mim. "Posso fazer algo para o almoço?" Antes que eu pudesse responder, Verônica se antecipou. "Não se preocupe com Samuel, querida. Ele está em boas mãos," ela disse, seu tom suave, mas carregado de uma certa superioridade. Eu senti um arrepio percorrer minha espinha, não completamente confortável com a intervenção de Verônica. "Lily, não precisa se preocupar comigo," eu disse, tentando acalmar qualquer preocupação que ela pudesse ter. Com um aceno de cabeça, Lily parecia aceitar a situação, mas havia uma expressão em seu rosto que eu não conseguia identificar. Com um último olhar, eu me afastei, seguindo Verônica para fora da casa. O carro de Verônica estava estacionado do lado de fora, e eu entrei no banco do passageiro, tentando não olhar para trás enquanto nos afastávamos. Eu me forço a manter o foco nos assuntos que temos para discutir, mas uma parte de mim ainda está preocupada com Lily e com o que pode acontecer enquanto estou longe. *** Enquanto estacionávamos em frente à casa de John, a expressão de surpresa no rosto dele era evidente quando ele apareceu na porta. Sua reação não foi exatamente o que eu esperava, mas seu comentário me fez sorrir de leve. "Pensei que você fosse trazer o meu carro, cara," John comentou, com um sorriso brincalhão. "Mas você trouxe um carrão e uma bela mulher. Você se superou, Brown." Eu ri, sabendo que John estava apenas brincando. "Bem, eu gostava de surpreender de vez em quando," eu respondi, enquanto saía do carro, deixando Verônica ao meu lado. "Olá, John," Verônica interrompeu, sorrindo para ele. "Estou ansiosa para compartilhar algumas novidades com vocês." John sorriu de volta para Verônica, parecendo genuinamente animado com sua presença. "Ah, ótimo tê-la aqui, Verônica." Com um aceno de cabeça, eu convidei Verônica a entrar na casa. Enquanto seguimos John pelo corredor até a sala de estar, eu ri e passei um braço pelo ombro de John. "Os caras estão aqui?" eu perguntei, mudando o assunto. John assentiu, sua expressão se tornando mais séria. "Sim, eles estão na sala. Vocês dois querem alguma coisa para beber antes de começarmos?" Verônica olhou para mim, e eu acenei com a cabeça. "Um pouco de água seria ótimo," eu disse. John assentiu e desapareceu na direção da cozinha enquanto eu levava Verônica até a sala de estar. Os outros membros da banda estavam lá, conversando e rindo entre si. Eles se viraram quando entramos, e eu pude ver a surpresa em seus rostos ao ver Verônica ao meu lado. "Cara, ela está fazendo aqui?" Peter perguntou com uma expressão séria. "Ela quer falar conosco. Parece que a música que gravamos ontem à noite fez algum barulho." Eu dei de ombros. Os olhos de Mike se iluminaram com interesse, e ele se levantou do sofá. "Sério? Isso é incrível! " Verônica respondeu antes que eu tivesse a chance. "Vamos esperar o John retornar e aí conversamos." A atmosfera na sala de estar era de expectativa, com todos nós reunidos, aguardando as notícias que Verônica trouxera. Enquanto esperávamos por John, que retornou da cozinha com uma jarra de água e copos, nossos amigos Peter e Mike comentavam sobre a ressaca da festa de Ashley Cooper. "Você é meu herói, John," Peter brincou, apreciando a água que John estava servindo. "Essa ressaca está me matando." "Você não está sozinho nessa, cara," Mike concordou, aceitando um copo de água. "Eu também exagerei um pouco." John olhou para mim e comentou que, ao contrário dos outros, eu não parecia estar de ressaca. "Você foi o único que se comportou, Samuel." Peter não perdeu a oportunidade de provocar. "É claro que ele se comportou. Ele estava ocupado vigiando a irmãzinha Lily o tempo todo." Antes que a conversa desviasse para um território desconfortável, eu me intrometi. "Antes de começarem a me zoar, acho que deveríamos ouvir o que Verônica tem a dizer." John então se voltou para Verônica, perguntando o que ela tinha para nos dizer. Verônica olhou para cada um de nós e começou a compartilhar as novidades. "Depois que vocês foram embora, analisei as gravações e vi potencial em uma das versões que fizemos," ela começou, mantendo um tom sério enquanto falava. "Enviei a versão para algumas gravadoras e todas elas expressaram interesse em assinar contrato com a banda." A notícia foi recebida com uma mistura de surpresa e entusiasmo. Peter, especialmente, pareceu animado com a perspectiva. "Isso é demais!" ele exclamou, sua empolgação claramente visível. "É uma ótima notícia," John concordou, ecoando o sentimento de Peter. Eu também expressei meu entusiasmo pela oportunidade que surgia para a banda. No entanto, Verônica então mencionou um detalhe importante que nos deixou em alerta. "Mas há um porém," Verônica continuou, e todos nós nos calamos para ouvir. "As gravadoras querem que vocês mudem de estilo musical... Definitivamente." O silêncio que se seguiu foi pesado, e pude sentir a tensão crescendo na sala. A notícia foi chocante e desanimadora, especialmente porque dedicamos tanto tempo e esforço para construir nossa identidade musical. "Isso é... complicado," murmurou Mike, parecendo um pouco desapontado. Eu troquei um olhar significativo com os rapazes, sabendo que a decisão não seria fácil. Mas então Verônica mencionou algo que me deixou ainda mais preocupado. "E há mais uma coisa," ela continuou, dirigindo-se a Mike diretamente. "Eu sei que você tem dificuldades com esse estilo musical, então... Desculpe, Mike, mas você não pode mais fazer parte da banda, se a The Wild Ones for mesmo assinar um contrato." A notícia caiu como um balde de água fria sobre todos nós. Mike parecia surpreso e decepcionado, e os outros de nós também ficamos em silêncio, processando a informação. Era claro que essa decisão teria grandes consequências para o futuro da banda e para nossa amizade.
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