CAPITULO 6

1932 Words
SAMUEL’S POV A água quente do chuveiro caía sobre mim, aliviando a tensão dos shows consecutivos e da noite intensa que compartilhei com Lily Thompson, minha fã ardente. O vapor envolvia o banheiro, criando um ambiente tranquilo e propício à reflexão. O eco distante da música dos festivais ainda reverberava em minha mente. Ao desligar o chuveiro, o silêncio preencheu o espaço. Enrolei uma toalha ao redor da cintura e saí do box, a umidade do banheiro contrastando com o calor que ainda emanava do meu corpo. Entrei no quarto e me deparei com a cama vazia. Lily não estava ali. Uma mistura de confusão e surpresa percorreu meu corpo. Comecei a procurá-la freneticamente pelo quarto, mas não havia sinal dela. A ausência dela ecoava na quietude do ambiente, deixando-me inquieto. "Lily?" chamei, minha voz ecoando no espaço vazio. Ao vasculhar o chão em busca de alguma pista, encontrei minhas roupas espalhadas e, entre elas, um sinal tangível de sua presença: sua calcinha. Segurei a peça íntima entre os dedos, uma lembrança física da noite que compartilhamos. Um sorriso traçou meus lábios enquanto me lembrava dos momentos intensos que tivemos juntos. Guardando a calcinha no bolso, como um fragmento delicado e precioso, senti-me confortado. No entanto, a inquietação persistia, pairando no ar junto com o aroma do chuveiro. Onde Lily havia ido? Será que eu a havia assustado ou ela simplesmente tinha outro compromisso? Decidi me vestir e buscar respostas fora do quarto de hotel. Enquanto colocava minhas roupas, refletia sobre a complexidade dos encontros fugazes que a vida nos proporciona. Lily era uma presença vibrante e cativante, mas sua súbita ausência deixava um vazio peculiar. Ao sair do quarto, o corredor do hotel parecia infinito. O silêncio da madrugada era interrompido apenas pelos sussurros dos corredores vazios. Com passos decididos, dirigi-me à recepção, ansioso por encontrar Lily e compreender o que se passava em sua mente. A recepcionista, com um olhar surpreso e curioso, indicou que Lily havia saído do hotel há alguns minutos. Meu coração pulsava mais rápido enquanto considerava as possibilidades. Teria ela ido embora sem se despedir, ou haveria algo mais em jogo? Eu me perguntava isso quando me deparei com os membros da banda. John, o baixista, me encarou com um olhar questionador, como se a presença de um vocalista acordado tão cedo fosse algo incomum. "O que diabos você está fazendo acordado a essa hora na recepção?" ele perguntou, esfregando os olhos. Levantei um olhar cansado para ele, o semblante ainda carregando as lembranças da noite anterior. "Estava procurando por Lily." Os outros membros da banda, Peter, o baterista, e Mike, o tecladista, se aproximaram, curiosos. Peter, especialmente, parecia intrigado. "Quem é Lily?" ele questionou, enquanto ajustava a alça de sua bolsa. "Lily é a garota que foi para o after conosco," respondi, sem dar muitos detalhes. John, com seu sorriso malicioso característico, cutucou Peter. "Ah, a fã emocionada. Vocês dois passaram a noite juntos?" Um sorriso nostálgico surgiu em meus lábios enquanto eu me lembrava dos momentos compartilhados com Lily. "Sim, mas ela foi embora sem se despedir." Peter arqueou a sobrancelha, evidentemente intrigado. "Por que diabos você está procurando por ela, então? Deveria ser grato por ela ter desaparecido. Menos complicações. Não vai precisar continuar com a mentira sobre Nashville." John assentiu. "Exatamente. Assim você não precisa inventar desculpas para evitar um segundo encontro. Deixe isso como um caso de uma noite." O conselho deles fazia sentido, e eu concordei, embora parte de mim desejasse que as coisas tivessem tomado um rumo diferente. "Vocês têm razão. Talvez seja melhor assim." Foi quando meu telefone vibrou, interrompendo a conversa. Uma notificação piscou na tela: "Almoço com a mamãe." Mostrei a mensagem para os caras. "Bem, parece que a vida continua. Almoço com a mamãe me espera. Pelo menos ela não some sem dizer adeus, apesar de eu desejar muito isso." Mike riu. "Mamãe sempre confiável. Nunca some após uma noite selvagem." Com um último olhar para a recepção vazia, tomei o caminho para fora do hotel, deixando para trás a noite anterior. Agora eu precisava focar em outra mulher complicada, a minha mãe. *** A SUV cortava Chicago enquanto eu, junto com os membros da banda – Peter, Mike e John –, seguia em direção à minha casa. O calor do lado de fora contrastava com a frescura do ar-condicionado dentro do veículo. Já começava a articular uma desculpa na mente sobre por que não compareci ao almoço com minha mãe. Na verdade, eu não estava muito interessado em me envolver com compromissos familiares naquele momento, e a ideia de encarar um momento constrangedor com ela não era algo que eu estivesse disposto a enfrentar. Encarei Peter, que estava concentrado na direção, e perguntei casualmente: "Você sabe de algum bar aberto a essa hora em Chicago?" Peter desviou o olhar por um momento, mas sua curiosidade falou mais alto. "E o almoço com sua mãe?" Balancei a cabeça, sem muita preocupação. "Ela não vai se importar. Tenho certeza." John, no banco de trás, entusiasmado com a ideia, sugeriu: "Vamos ao Calum, tocar o pé e quebrar tudo!" Um sorriso se formou em meus lábios. "É exatamente isso que eu preciso. Beber todas e aproveitar muito." O barulho animado da cidade se misturava com a música tocando no rádio da SUV enquanto nos dirigíamos ao Calum. O espírito descontraído da noite estava contagiante, e a ideia de uma rodada de bebedeira sem compromissos familiares se tornava cada vez mais atraente. Ao chegarmos ao bar, o neon vibrante anunciava que estávamos prestes a entrar em um refúgio de música alta e diversão descompromissada. O som abafado da banda ao vivo já ecoava pelas ruas. m*l podíamos esperar para nos juntar à festa. Em algum momento, entre risos e goles, percebi que havia encontrado o escape perfeito para aquela manhã. O Calum era o lugar onde as preocupações se dissolviam. Por ora, éramos apenas quatro músicos, celebrando a vida, a música e a amizade, enquanto a cidade continuava a pulsar ao nosso redor. No meio da diversão, olhei para o relógio. Já estava tarde o suficiente para chegar ao compromisso com minha mãe. Eu estava agradecido pela noite de descontração, pela fuga temporária das responsabilidades. Decidimos encerrar a bebedeira, e a SUV nos esperava do lado de fora. O ar fresco da tarde atingiu-me quando saímos do bar. Peter, um pouco cansado, voltou a assumir o volante. "Acho que já chega por hoje, né?" Concordei, um sorriso nos lábios. "Foi muito bom, pessoal. Agora, de volta ao mundo real." A SUV se afastou do bar Calum, deixando para trás a música e as risadas. Olhei para trás, vendo as luzes neon do bar se desvanecerem enquanto nos dirigíamos para minha casa. Apesar do almoço perdido, eu não me arrependia. Às vezes, passar um tempo com os amigos e o rock'n'roll é tudo o que você precisa para escapar das amarras da vida. *** Eu estava na porta de casa, bêbado além da conta, tentando desesperadamente acertar a fechadura com a chave. Minhas mãos pareciam ter vida própria, e a resistência da fechadura estava se tornando uma batalha perdida. A porta se abriu abruptamente, e lá estava ela, com seus cabelos loiros esvoaçantes e um vestido preto que denotava toda a sua raiva. Os olhos verdes de minha mãe estavam cravados em mim, e o ar ao redor pareceu congelar com sua expressão furiosa. "Olá, mamãe", soltei um sorriso débil, na vã tentativa de amenizar a situação. "Samuel Brown, você está completamente bêbado!", exclamou ela, os olhos verdes faiscando. "Onde você estava?" Soltei um sorriso meio desajeitado. "Ah, só com os caras, tocando e tal." Ela me encarou com uma expressão que dizia que sabia mais do que eu estava disposto a admitir. "Não brinque comigo, Samuel. Você estava bebendo com seus amigos, não estava?" Afirmei com a cabeça, percebendo que ela já sabia de tudo. "Sim, depois do show teve um after, nada demais." Ela bufou, claramente irritada. "Nada demais? Você sabe muito bem que tínhamos um almoço marcado para hoje. Você lembra do nosso acordo? Eu conseguiria uma vaga para sua banda tocar no Festival, enquanto você viria almoçar comigo. E hoje era o dia em que você finalmente conheceria Doug, meu namorado." "Namorado?", soltei uma risada amarga. "Mais como o amante, não é?" Os olhos dela faiscaram de raiva. "Você está levando isso longe demais, Samuel. Estou sendo tolerante com seu luto." "Luto? Isso não é luto, mãe. Isso é a verdade que você tenta evitar", retruquei, relembrando a cena que testemunhei quando tinha apenas oito anos. Ela me encarou, os lábios pressionados em uma linha fina de irritação. "Você está levando isso longe demais, Samuel. Estou tentando seguir em frente, ser feliz." Eu soltei uma risada sem humor. "Feliz? Você acha que ser feliz significa namorar com o homem com quem você traiu o meu pai? Que tipo de felicidade é essa, mãe?" Ela respirou fundo, visivelmente irritada. "Isso não é da sua conta, Samuel. Eu mereço ser feliz, e Doug me faz feliz." "Doug Thompson faz você feliz, mamãe?" Eu a desafiei, usando o sobrenome dele com um tom sarcástico. "Pode ser, mas tenho certeza de que você e ele não merecem ser felizes e nunca serão, não por viverem essa farsa, sendo que são dois traidores." "Chega, Samuel! Não quero mais ouvir isso." Ela me cortou, a paciência se esgotando. "Você não quer ouvir porque é a verdade, não é? Você prefere viver em uma mentira conveniente." Minhas palavras foram afiadas, cortando como facas. A discussão tomou um rumo inesperado quando ela revelou que o homem, o amante dela, não seria mais apenas os eu namorado. A informação atingiu-me como uma bomba, e eu perguntei como isso era possível. "É possível porque Doug Thompson será meu marido a partir de amanhã, goste você ou não", declarou ela, sua decisão final. Você está brincando comigo?" Minha incredulidade ecoou na sala. "Não, Samuel, não estou. Ele vai ser parte da família a partir de agora, e você precisa aceitar isso." Ela foi firme em suas palavras. O homem que destruiu meu lar seria agora meu padrasto. Como eu poderia aceitar isso? "Você acha mesmo que eu vou aceitar esse homem como meu padrasto?" Minha voz ecoou, carregada de desafio. Samantha me encarou, sua expressão revelando uma mistura de tristeza e firmeza. "Samuel, essa é uma decisão minha, e eu espero que você apenas compreenda." Eu soltei uma risada amarga. "Compreender? Como eu poderia compreender, mãe? Papai morreu há apenas seis meses, e você já quer trazer esse cara para dentro de casa?" Ela suspirou profundamente. "Você precisa entender que a vida continua, Samuel. Doug é uma parte importante da minha vida agora." "Vida continua? Papai m*l foi enterrado, e você está pronta para substituí-lo pelo seu amante." Minha indignação transbordava. "Samuel, pare de chamar Doug de amante." Ela cortou, firme. “Ele será meu marido.” Eu a encarei, determinado. "Não vou parar, mãe. Só por cima do meu cadáver que esse cara será meu padrasto. "Eu vou fazer de tudo para impedir esse casamento, mãe. Pode ter certeza disso. " Decidi agir. Dirigi-me ao aparador, peguei as chaves do carro de Samantha e caminhei em direção à porta. Ela me seguiu com o olhar, questionando minhas intenções. "Aonde você vai?" Ela perguntou, com um tom de preocupação na voz. "Não é da sua conta." Respondi, mantendo o olhar firme. Saí de casa com a certeza de que Doug Thompson pagaria pelo que fez à minha família, e eu já sabia por onde começar.
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