Capítulo 9

1221 Words
Claire LeBlanc Depois de todo aquele show que George havia feito no jantar, eu me sentei novamente à mesa, sentindo os olhos do meu pai me encarando, como se estivesse esperando a hora certa para perguntar sobre o que tinha sido tudo aquilo, todo aquele alvoroço. A fome quase me abandonou por conta daquilo, porque tudo o que eu conseguia pensar era: como eu vou explicar isso para o meu pai? Se George realmente sentia algo por mim, como pode nem mesmo se perguntar o quão humilhante seria dizer a todos sobre a traição? Ou ele esperava que eu mentisse? Encobrisse? Se ele me questionasse, eu falaria o que? “Então papi, eu fui corna e eu não queria ver o George nem pintado de ouro na minha frente, porque ele ainda me chifrou com a Vanessa, acredita?” Ou “pai, eu posso explicar, é que… eu não estou mais noiva, e o motivo foi um tanto engraçado, sabe, eu vi o George com a minha amiga, cada coisa, né?” Por mais que uma mínima esperança tenha me invadido quando o jantar enfim se encerrou, ela se desfez por completo, ao ouvir meu pai me chamar no instante seguinte em que ele havia se despedido de Alexis. — Filha? Eu posso entrar? — Ele me perguntou, batendo em minha porta e o meu instinto naquele momento, foi o de fingir que eu já estava dormindo, ou que não havia o escutado, mas não colaria com o meu pai, obviamente, e mediante o meu silêncio, ele continuou, — sei que está acordada, querida, as suas luzes ainda estão acesas. Merda. Talvez fosse por isso que ele sempre descobria. — Pode entrar… — respondi junto de um suspiro longo, pesado, me ajeitando na cama, — mas se for perguntar sobre o que aconteceu no jantar-... — Deixe-me adivinhar, você não quer falar sobre, — ele falou assim que abriu aquela porta, o seu corpo se recostando a parede, — mas filha… você sabe que eu não pergunto por m*l, eu só quero ajudar. Engoli em seco, sentindo minha mente a mil. Eu não queria admitir que fui traída, mas eu sabia que se tinha alguém em quem eu podia confiar, esse alguém era o meu pai. Então, suspirei, e olhando para o chão, murmurei. — É uma longa história, mas… eu fui traída. Ouvi algo estralar, como se estivesse quebrando e vi os biscoitos dentro da pequena caixa que meu pai tinha em mãos, caindo ao chão em fragalhos. — Eu ouvi… direito? — Ele me perguntou, com uma veia saltando em sua testa, — você disse que foi… traída? Pisquei, vendo o quão bravo ele parecia, me acalmou de uma forma quase cômica e talvez por isso, eu puxei o meu pai para se sentar na cama, ao meu lado. — Sim, — murmurei, e então, pigarreei antes de continuar, — eu fui traída pelo George, ele… me traiu com a Vanessa. Sinceramente… eu estava com vergonha de te contar, pai… porquê… eu nem mesmo queria acreditar, mas eu sei que foi real, e que isso não vai mudar apenas com o que eu quero ou deixo de querer. — Ora, querida… — ele me puxou para seus braços, como se eu fosse uma criança que precisava muito de um abraço e eu me dei conta naquele instante de que sim, eu precisava. Porque assim que a sua mão começou a acariciar a minha cabeça, lágrimas rolaram pelas minhas bochechas, algo parecendo enfim explodir em meu peito como uma enxurrada de sentimentos. — Você ficou segurando de novo, certo? — Ele recostou o próprio queixo na minha cabeça, como quisesse deixar claro que ele estava ali, que não tinha pretensão nenhuma de sair, — sabe que não precisa disso, eu sempre vou estar aqui para te escutar… O tom do meu pai era doce e caloroso como de costume, isso me rendeu uma bela dor de cabeça pela desidratação pela qual o meu corpo havia passado. — Eu sei… — respondi afundando o meu rosto em seu peito, — mas… — Não precisa se explicar, meu amor… sei que deve ter sido difícil, — ele logo me respondeu, porque no fim… o meu pai tinha sido a pessoa que mais havia escutado os meus choros, as minhas reclamações. Ele sabia como a minha cabeça funcionava, por mais que eu odiasse admitir, — você nunca mereceu nada disso. “Não?” Veio em minha mente, porque por algum motivo… as palavras de George ressoaram, se repetira. Eu havia o deixado sozinho por muito tempo, que alma aguentaria? Eu m*l respondia as mensagens dele mais de uma vez por dia, acabava sempre recusando os seus convites para sair, e… Eu tinha consciência que havia sido uma péssima namorada, mas ao mesmo tempo, não sabia se aquilo realmente justificava tudo, ele… também poderia ter me dito alguma coisa, certo? “Como ele te diria alguma coisa se você sempre estava ocupada?” Uma voz brotou, e ela me fez apertar mais ainda a camisa da qual o meu pai estava usando, pela dor da incerteza, do medo, da culpa. No fim, eu comecei a achar que eu também estava errada. Alexis Gallagher Algumas coisas me surpreenderam naquele jantar, a primeira delas? Era que aquele ser que eu chamava de amigo desde o ensino médio, era o ex-noivo de Claire LeBlanc, e ainda por cima, a havia traído. Sim, eu já tinha noção que Collins não prestava, mas isso? Não era não prestar, era simplesmente ser mais burro que uma porta, ou até mesmo, que um coala que fica tentando subir em uma árvore que foi desenhada na parede. E pela expressão que ele fez ao me ver na mesa de jantar? Com toda certeza, ele estava completamente puto comigo. Mas vamos aos fatos, eu não sabia, e outra… George mudava tantas vezes de namorada que eu comecei a ignorar completamente as notícias, as mensagens, e até mesmo quando ele me chamava apenas para falar sobre as suas novas “conquistas”, porque eu já estava cansado de tudo aquilo. Tentei em dado momento caçar na minha memória algum momento em que ele citou Claire, um noivado, mas… talvez a bebida tenha tirado as minhas lembranças, quem sabe, as muitas horas de trabalho que eu também tive durante todos esses anos. Afinal, diferente daquele cretino, eu tinha algo a fazer da minha vida, além de sair por ai procurando o primeiro r**o de saia que estivesse disposto a facilitar a minha vida e abrir as pernas gentilmente para mim. George era um completo i****a, mas o quanto ela afetava Claire, era o que verdadeiramente me irritava. Ela estava sorrindo e logo, não estava mais. Eu tive que me conter para não sair daquela sala e voar na garganta do i****a que a machucou, mas no fim, eu não tinha direito de me meter na história ou na vida dela. Eu sabia que o pai dela faria um bom trabalho ao descobrir sobre aquilo tudo, principalmente depois de ver a expressão de curiosidade e dúvida que ele tinha, que deixava claro que ele não fazia ideia do que estava acontecendo. No momento em que ele ouvisse a palavra traição. Collins teria seus dias contados. Melhor dizendo: toda a sua família teria os dias contados.
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