Cap 5

1503 Words
Chegamos de volta ao Santa Marta, voltamos para a realidade depois de dias maravilhosos "Tenho que conversar com a Livia, eu sei que agora ela está casada e “quem casa, quer casa” Eu não podia mais ficar abusando da hospitalidade da dona Laura, e também seria a primeira vez que eu iria morar sozinha, estava animada para isso, nao via hora de mostrar para mim mesma que eu podia cuidar da minha casa, fazer minhas coisas, sem me preocupar em agradar ninguém ou fazer algo para alguém. Só cuidar de mim, até porquê, ali eu só tinha a mim mesma Mesmo eu tendo o apoio da Lívia e do Roberto, eu sentia que era a hora de eu alçar meu voo, aquele que foi adiado há anos atrás, qua do tive que deixar de olhar os olhinhos do meu primogênito, o que hoje me mostra um amor tão genuíno Ainda assim eu amava o cuidado da Laura, El tinha se tornado uma grande amiga, aquelas de descanso de ombro sabe, o que eu podia ter certeza que estaria ali, do meu lado, caso eu precisasse Laura - Catharina!! Estou passando um cafézinho e já vou subir para desarrumarmos a mala no seu quarto esta bem? Catharina - Claro Laura, mas não precisa, eu mesmo arrumo tudo! Não quero dar mais trabalho... Laura - Que isso Catarina, não é trabalho nenhum, e eu tenho que passar um pano dentro dos móveis que estão hámuito tempo fechados. E fora que duas juntas é mais rápido que uma sozinha, além do mais, depois você pode vir me ajudar a preparar o almoço e fazer uma daquelas suas sobremesas divinas né? Catharina - Ah, então tudo isso é pelas minhas sobremesas, né? Ta vendo só!? “não existe almoço grátis mesmo!” e eu achando que eu ia te dar trabalho, você que quer me dar né? E foi nesse clima de descontração e brincando que começamos a desarrumar as malas, conversávamos animadas quando ela, a Laura, a que todos, ate mesmo meu filho, chamam carinhosamente de tia, falou do casamento da Livia. Minha mente me levou para lá, sentada na mesa da laje, todos conversavam animados, menos o Márcio e eu. Como em um passe de mágica, nossos olhares se cruzaram e ele, de início, desviou o olhar, mas depois pareceu não aguentar e olhou de novo, me encontrando ainda lá, perdida como agora, nas minhas lembranças, essas de uma felicidade que eu um dia experimentei, olhava para aqueles olhos e eles pareciam que liam a minha alma e ainda podiam me dizer coisas... e então fui eu que desviei o olhar, eu que não aguentei a culpa que carregava no peito A gente tinha conversado antea do casamento da Livia, na verdade, nos tinhamos noa entendido quanto ao que sentiamos um pelo outro, reconhecido que por conta de outras pessoas, uma que tinham o dinheiro e o odio como lemas de vida, acabamos nos separando do meio de uma caminhada Enquanto ele ficou com a responsabilidade de mostrar o mundo para o Roberto,.eu tive que atender aoa caprichos de um ser que nunca se importou em me deixar viver sem um coração O que é uma mão sem o calor de um filho não é? Mesmo escutando as suas palavras de conforto, mesmo encontrando aquele amor que eu virei as costas anos atrás em seu olhar, eu ainda escondia, bem la no fundo, a culpa de nao ter acompanhado a vida do meu filho Comecei a recolher as coisas, ajudar de alguma forma, preparar o lanche da madrugada que o Ventania tinha me pedido, por isso, eu me levantei para sair do seu campo de visão Enquanto fui lavar uma louça na pia da cozinha ele ficou ali, quase que do meu lado, parado, olhando para mim Márcio - Nunca imaginei que você soubesse fazer esse tipo de coisa. Catharina - Lavar louça? Não é tão diferente da teoria. - eu sorri fraco, ele não Márcio - Ah mulher, se soubesse o quanto eu sonhei em te ver assim, tão tranquila, tão rendida a sua família. As vezes eu olho para você e nem acredito que te tenho tão perto de mim Catharina - Acreditaria se eu disse que sei? Eu não consigo contar nos dedos quantas vezes desejei estar do seu lado, do lado do nosso filho. O quanto que eu desejei ver seus primeiros passos, o seu dente nascendo, suas primeiras palavras, e o brilho nos seus olhos demonstrando o tamanho orgulho dentro do peito, eu perdi tanta coisa... Marcio - Mas ganhou tantas outras... olha só a Lívia, tu tem o dom mermo de fazer filho bonito Catharina - Será que é tarde demais pra gente começar de novo? Márcio - Será? Quando uma lágrima escorre eu ouço: Laura - Catarina, o que houve menina? Está sentindo alguma coisa? Sente aqui do lado, por que essa lágrima? Onde você estava, estou falando com você ha uma hora, mas parece que eu te perdi no meio caminho!! Eu tinha me esquecido completamente de que estava passando só por um devaneio e a Laura estava ali do meu lado para me trazer de volta Catharina - Oh Laura, eu estava lembrando da minha conversa com o Márcio no casamento, que ele me falou aquelas coisas que eu te disse. Meu coracao se aperta tanto quando eu chego perto dele, sinto como se tivesse borboletas no meu estômago, pareço até uma adolescente Laura - Eu sei minha mulher, o nosso coração não escolhe por quem bate! Catharina - Sabe Laura, eu fui fraca, eu não tive o peito que a minha filha teve de fugir. Eu simplesmente obedeci, eu ... - mais choros Laura - Calma minha mulher, calma, não precisa falar nada agora, eu não estou aqui para te julgar. E não da para voltarmos ao passado, mas sempre da para fazermos um novo caminho no futuro! Catharina - Sim... e acho que o Márcio e eu já demos este primeiro passo. Você é maravilhosa, Laura. Uma amiga que eu sempre quis ter E a Laura conrinuou me acalmando ali, naquela situação. Nós rimos, ela contou do marido, que era mecânico ou torneiro, nao prestei muita atenção nessa parte, e um dia ele simplesmente sumiu, não voltou mais para casa. E depois ela descobriu que estava grávida e passou por tudo sozinha e criou o menino sozinha, e disse como foi difícil nos dias dos pais, nas datas festivas, aniversario. E o pior que ela não sabia nem dizer pro filho se o pai estava vivo ou morto ou onde tinha se enfiado. Ela não conseguia nem sentir raiva pelo abandono, só a dor imensa e uma angústia. Depois disso ela nunca mais se relacionou com ninguém, não conseguiu confiar ao ponto de abrir seu coração de novo. E nessa conversa com ela, nesse depoimento de como foi criar um filho sozinha, eu acabei me perdendo na minha culpa de novo, em como teria sido pro Marcio criar nosso filho sozinho e em como teriam sido seus dias das mães e datas comemorativas... Logo me lembrei de todo mundo na fazenda, nesses últimos dias, em um momento que todos estavam elogiando meus dotes culinários, que não são muitos. Me lembrei disso meninos sorrindo, felizes da vida, dizendo que aquele prati que eu nem sabia se tinha feito direito, era a melhor sobremesa que eles já tinham comido, aquelas besteiras todas Uma coisa b***a, mas foi um momento família, um dentre tantos outros que eu poderia ter curtido ao lado do meu filho há muito tempo antes daquilo As vezes, minha depressão insistia em voltar, mas eu estava com meus filhos, não tinha nada que prendesse minha felicidade e estava na hora de aprender com meus erros e quem sabe descobrir quem eu era depois de anos vivendo de aparência Laura - Catharina, hoje você está impossível, não consegue conversar mais de 10 minutos Catharina - Desculpa, Laura, vou tomar um banho, ver se refresco a cabeça na água gelada e meus neurônios voltam a funcionar. (Risos das duas) Laura - Está bem minha amiga, se precisar estou aqui, você sabe que pode contar comigo. E um conselho viu, acho que não é água gelada que vai resfriar sua cabeça, mas que tal chamar o Marcio para conversar e sair logo desse chove não molha hein? A gente não tem idade mais para ficar brincando de gato e rato Não. O cara é bonito, esta disponivel, tu ja tem até família montada com ele então, agarra com fé, segura na mão de Deus e vai, nao fica aí dando lado ora marmita porque um partidaço igual ao Márcio nao tem não viu Eu não consegui responder, só acenei com a cabeça e concordei com ela com um sorriso de canto de rosto. A Laura estava certa, e além disso, a gente já estava com meio caminho andado, agora era só questão de "todas as partes se assumirem" e eu estava louca para isso
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