✔ 4. Aúrelia Castro

721 Words
✔ 4. Aúrelia Castro: Vivendo uma vida tranquila, Aurélia pouco sabia sobre os assassinatos das quatro mulheres. A sua mãe era uma religiosa fervorosa e controlava a sua vida com mãos de ferro. Mesmo com vinte e três anos, ela não possuía o direito de tomar as suas próprias decisões. Luiza era uma mulher com pensamentos machistas. É um tanto quanto, contraditório imaginar uma mulher machista, mas é uma realidade bem comum, muito mais do que imaginamos. Como Luiza, existem muitas espalhadas pelo mundo. Mulheres estas que desprezam a luta feminina por direitos de liberdade e igualdade. No seu entendimento mulher cuida da casa, do marido, dos filhos e frequentava à igreja. Ficando a cargo do homem, suprir as necessidades da casa e proteger as mulheres. O seu pensamento era muito limitado, o que fez com que a sua filha fosse privada de muitas experiências. A sua educação rígida cortou as suas asas. Aurélia concluiu o segundo grau, pois Luiza foi obrigada a permitir, para não ter problemas com a justiça. Luiza tinha o fiel pensamento que a escola desvirtuaria a sua filha. Imaginava que os ensinamentos na escola a levariam para o caminho da promiscuidade e libertinagem. Na casa da família Castro, moravam quatro pessoas, além de Aurélia, seu pai Joaquim, sua mãe Luiza, sua avó paterna, Joana, e um dos seus irmãos, Gabriel. O irmão mais velho, Miguel já era casado e tinha a sua própria casa. Gabriel estava para se mudar, por causa do trabalho. Quando Aurélia disse desejar estudar, a sua mãe quase enlouqueceu. Para Luiza, uma mulher não precisava estudar, saber ler e escrever era o suficiente. _ Estudar para que Aurélia? Quer se tornar uma mulher desvirtuada? Se misturar com as mulheres do mundo, não pode trazer nada de bom a você. _ Mãe, quero apenas estudar. _ Quer mesmo Aurélia? Você não precisa estudar, logo estará casada, cuidando da sua casa e filhos. Estudo é algo inútil. Para que Aurélia conseguisse fazer o curso de inglês que tanto desejava, foi preciso o padre José, interceder por ela. O padre conversou com a senhora Luiza, explicou que seria muito útil Aurélia fazer o curso, assim poderia dar aulas na escolinha da igreja, para as crianças carentes. O inglês era de muita valia para que as crianças pudessem conseguir um emprego, quando fosse a hora de entrar no mercado de trabalho. Foi um bom argumento. Aurélia, não encontrou palavras para agradecer o padre, ele conseguiu o que ela considerava impossível. Faria o curso e teria a oportunidade de fazer algo diferente. Na sua casa sempre era a mesma coisa, acordar cedo, cuidar da casa, lavar roupas, preparar as refeições e rezar. Na sua casa não era permitido assistir novelas, series ou filmes, tudo era considerado improprio, coisa do d***o, para desvirtuar as pessoas, principalmente as mulheres decentes. A televisão quando ligada, era sempre em algum canal de oração ou em algum telejornal que o pai gostava de assistir. As suas roupas, não eram roupas da moda, a sua mãe não permitia que usasse algo que não fosse aprovado por ela. A sua aprovação consistia em vestidos longos, assim como saias, se não fossem longos, as peças sempre tinham que cobrir os joelhos. As suas blusas nenhuma possuía decote. Mulher decente não mostrava o corpo. Na escola, ela chegou a sofrer bullying, os colegas zombavam do seu modo de vestir. Diziam que ela parecia mais uma velha com a idade invertida com as roupas que usava. As suas ‘lingeries’, também não podia escolher, a sua mãe comprava todas, sempre nas cores branca, preta, bege ou azul. Vermelho era uma cor proibida, Luiza dizia ser a cor que as prostitutas usavam. Segundo as suas palavras, mulher decente não usava nada promiscuo. Além de cores neutras, todas as peças eram lisas, não possuíam um único detalhe em renda. Aurélia sentia-se frustrada, sempre que tentava conversar com a mãe, ouvia a mesma ladainha. _ Eu quase morri para que você nascesse, não seja ingrata. Tudo o que faço é para a proteger. Acabava por desistir. Luiza, engravidou com quarenta anos, e enfrentou uma gravidez de risco. Fato que usava para manipular a filha. Ela era tão radical, que não permitiu Aurélia, fazer uso de comprimidos anticoncepcionais, por causa das fortes cólicas que sentia. Poderá Aurélia conhecer uma vida diferente?
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