Capitulo 2

2208 Words
Sinceramente, não sei o que é pior, levantar nove da manhã em um sábado ou acordar ouvindo aquela clássica música irritante do despertador. Levanto ainda zonza. Sempre tive um grande problema em acordar cedo, meu pai chama de preguiça e minha mãe de genética, o que importa é que não tem quem faça eu acordar antes das 9, por isso meus pais me colocaram para estudar a tarde. E junto comigo, Gusta e Sophia. Eu realmente agradeço aos meus pais por sempre nos deixarem juntos. Quando finalmente consigo abrir meus olhos completamente, me levanto e vou escovar os dentes. Ouço o barulho de algo fritando. Quando chego a cozinha, meu pai está fritando nuggets de frango. É meu preferido. Minha mãe está ao seu lado rindo dele. Maresia está dormindo. Ele nem sabe a sorte que tem. -Bom dia.-Meu pai diz surpreso ao me ver. -Não é um bom dia se eu acordo cedo.-Digo. Minha mãe revira os olhos. -Na sua idade, eu estaria indo dormir agora.-Ela diz.-Mas eu não sou um bom exemplo...nem sei pai. Continue assim. -Deus foi muito bom em nos dar uma filha que não é como nós.-Meu pai diz e eu rio. Sempre ouço histórias do passado dos meus pais por Tio Rafa, meu padrinho. Meus pais, os pais de Sophia e os pais de Gusta estudaram juntos em um colégio interno. Tio Rafa me contou que eles eram lendas, aprontavam coisas que eu nunca poderia imaginar. Na época, minha avó era diretora do colégio e eles deixavam ela louca. Minha mãe é escritora. Ela tem um passado conturbado com seus pais e meu pai, e colocou tudo isso em palavras, hoje ela é até um pouco famosa. -Por que acordou tão cedo?-Meu pai pergunta. -Marquei de ajudar um amigo em algumas matérias. -Digo. -Amigo?-Ele pergunta indiferente. Meus pais são liberais, acho que é por isso que não apronto, mas meu pai tem problemas com amigos homens, ele só aceita Gusta. Tenta parecer um pai moderno, mas sei que no fundo ele só quer me proteger. Meu pai sabe melhor do que ninguém como garotos são, sabe o quão cafajestes eles podem ser e sabe que eles podem partir seu coração como ninguém. Sempre que meu pai não gosta de algum amigo meu, eu fico esperta com ele e logo ele se revela um i****a. -Amigo da escola. -Digo. Minha mãe me da um olhar significativo. Tenho vontade de dizer a ela que não é nada disso que ela está pensando. Meu pai coloca os nuggets em um prato. - Eu só fritei pra mim querida, não sabia que você acordaria agora.-Ele diz. Minha mãe o empurra. -Sam, pelo amor de Deus, é sua filha, ofereça pra ela!-Ela diz. -Você só está dizendo isso porque não te ofereci e nem vou.-Meu pai diz. As vezes, os dois brigam como duas crianças. -Eu não quero esses seus nuggets gordurosos...nossa meu bem, você acordou mais bonito, me dá até vontade de... Minha mãe faz que vai beija-lo e pega o prato da sua mão. -Luna!-Meu pai diz enquanto minha mãe ri de sua cara. Minha mãe adora comer e ela não é gorda. Não entendo isso, mas meu pai diz que é porque todo mundo fala que ela come muito e vai engordar e pra pagar a língua das pessoas, ela continua linda e esbelta. Palavras de um homem apaixonado de meia idade. -Eu como no caminho, vou trocar de roupa.-Digo. Já são nove e meia. Aleph deve estar louco. Procuro meu celular e vejo que tem onze chamadas perdidas sua. Quando vou retornar a ligação, ele liga novamente. -Telefone da melhor professora do mundo, com quem eu falo?-Digo atendendo o telefone. -Onde você está? Eu to plantando nessa biblioteca a mais de meia hora.-Aleph diz bravo. -Eu disse, se quiser aulas, tem que ser nos meus horários. -Mas você marcou nove horas. -Ele reclama. -Marquei, mas não disse que chegaria esse horário, beijo.-Desligo o telefone. Aleph vai me m***r e eu vou rir muito. Quando eu tinha sete anos, nos mudamos para um lugar que fique perto da escola, no mesmo bairro que Gusta e Sophia, a biblioteca é perto da escola, então vou andando. Assim que chego, vejo Aleph impaciente me esperando. Ele tem alguns livros do lado e está mexendo no celular. -Bom dia.-Digo sentando na sua frente. Ele levanta a cabeça e me dá um sorriso falso. -Chegou cedo. -Ele ironiza. -Acordei de bom humor. Vou explicando a matéria pra ele e quando percebo, está rindo mexendo no celular. -Aleph, caramba, presta atenção. -Digo. -Eu tô prestando.-Ele diz guardando o celular. -O avogrado é igual a cinco. Dou um t**a na sua cabeça. -O avogrado é 6,02 seu i****a. Ele parece ofendido. -Você sempre me chama assim e nem me conhece. -É por que você é um idiota.-Falo como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Aleph solta a respiração que estava prendendo. É impressão minha ou ele está realmente ofendido? -Repete.-Ele diz claramente magoado. Fico a centímetros do seu rosto. -i****a. Aleph revira os olhos e me empurra devagar. Volto com a explicação e quando vejo, ele está no celular de novo. Pego o celular da sua mão e coloco no meu sutiã. -Presta atenção! -Digo. -Você acha que não tenho coragem de colocar a mão aí?-Ele diz com um sorriso malicioso. -Tenta e eu vou embora.-Cruzo os braços. Ele cerra os lábios e volta a olhar pro livro. Até que enfim consegui ensinar ele...ou mais ou menos. Aleph tem um sério problema com distrações, sei que toda essa coisa de números pode ser chato pra ele, por isso não fico no seu pé. Quando entramos para matemática, ele fica totalmente confuso. -Aleph, me diz uma coisa que você gosta de fazer. -Pegar meninas e jogar futebol.-Ele diz Reviro os olhos. E ainda me questiona quando falo que ele é um i****a. -Tudo bem. Digamos que você tivesse um time e em um campeonato, os jogos foram classificados em torno e retorno. Ou seja, cada time jogava dois jogos. Se ao todo, foram realizados 210 jogos, quantos times jogaram no campeonato?-Digo. Ele rabisca algumas coisas, após alguns minutos ele se vira pra mim. -Acho que 15 times.-Ele diz ainda um pouco em dúvida. Aleph não é burro, ele apenas não se interessa. -Ta certo. Aleph, você sabe fazer isso.-Digo. Ele passa a mão no cabelo. -Mas eu fico nervoso quando vejo aquela prova em branco e se eu não tirar um nove, vou reprovar de ano.-Ele diz. Afago seu braço. -Você consegue, quando receber a prova, olha somente pra primeira questão. Foca somente nela, você vai ver que vai ser mais fácil depois que resolver a primeira. -Digo. -Vou tentar. -Eu acredito em você, não é nenhum bicho de sete cabeças, é apenas matemática. Ele da uma risada pelo nariz. -O que é engraçado?-Pergunto. -Você é legal.-Ele diz.-Como alguém legal como você gosta de alguém como o Ben? Fico confusa com sua pergunta. Pensei que os dois fossem amigos. -Eu o vejo com outros olhos, Ben é engraçado e sabe fazer uma garota se sentir especial, cada aspecto dele é inusitado. Mas por que a pergunta? Achei que fossem amigos. -Não somos muito chegados, na verdade, ele que não gosta muito de mim, não sou nenhum santo pra falar dele, mas o que ele faz com você é h******l, sei que ele tem ciúmes de você comigo, então sempre que posso, provoco você. Então esse é o motivo por eu ser atormentada por esse i****a todos os dias. -Ele é um fofo com ciúmes, me faz até pensar que ele gosta de mim, mas acaba no momento que você se afasta.-Digo. Aleph então sorri como se tivesse tido a ideia do século. -Ei, você faria de tudo para ter ele, não é? -Aleph pergunta. Não gosto de falar desse jeito, mas sim, eu realmente amo Ben. -Acho que sim. -E se fôssemos amigos coloridos?-Ele diz. Toda essa matemática deve estar afetando seu cérebro. Ou meu, pois eu não posso ter ouvido o que acho que ouvi. Mas Aleph está com um semblante sério. Ele realmente sugeriu isso. -Você está ficando louco.-Digo. -Não estou não, pensa bem, ele morre de ciúmes de mim, você disse que ele é melhor quando está com ciúmes, então vamos dar um motivo para ele ter ciúmes toda hora, sou homem, sei como funciona nossa cabeça, e não vai durar muito tempo, eu posso ficar um ou dois meses sem ficar com outra garota.-Ele diz. Aleph tem um bom argumento, mas ainda assim é loucura. É claro que seria divertido chocar todos nossos amigos, íamos ser o assunto do ano...quer dizer, Aleph é totalmente disputado, mas ninguém nunca viu ele namorar, e eu, a cachorrinha do Ben, como ele me chamou. Ia ser ótimo se ele parasse de me chamar assim. -E o que você ganha com isso?-Pergunto. -Muitas coisas, essa semana eu descobri que as garotas do colégio têm um grupo no w******p onde nenhuma delas podem ficar comigo. Elas se revoltaram por eu ficar com elas, com suas amigas, primas, irmãs...enfim, elas dizem que não presto. Agora, se eu mostrar que posso ter algo sério, não um namoro, mas uma ficante fixa, elas vão esquecer essa história toda. E meu pai não vai me perturbar por levar para casa uma garota diferente todo fim de semana...vou fazer raiva pro Ben, ter uma professora em tempo integral e ainda pegar a garota mais gostosa do colégio. Processo tudo que ele falou e apenas uma coisa me chama atenção. -Como assim a garota mais gostosa do Colégio?-Pergunto. Ele suspira e me olha como se explicasse algo a uma criança de dois anos. -Todo ano fazemos uma lista das mais gostosas do Colégio. Você é a primeira desde o ano passado. Por isso Ben vive se exibindo por aí. Por essa eu não esperava. -Mas ainda é loucura... e nojento. Classificar garotas por peito, b***a e cintura...-Digo. -Se você aceitar, rasgamos a lista. Escuta, vai dar certo pois nos odiamos, não vamos nos apaixonar um pelo outro, afinal você é a cachorrinha do Ben e eu sou apaixonado por essa vida de galinha. Aleph tem lábia. Ele está conseguindo me convencer. Já fiz mil coisas para conquistar Ben, mas ciúmes nunca foi uma opção pra mim. Se eu fiz do meu jeito por tanto tempo e não obtive resultado algum, talvez eu possa tentar do jeito de Aleph. -Podemos tentar.-Digo. -Ótimo, vamos começar na festa de despedida hoje à noite, aparecemos juntos e damos alguns beijos, vão todos espalhar a notícia, então postamos fotos juntos com legenda de amizade. Depois das férias, retomamos o plano dentro de sala, mas eu queria impor algumas condições. -Aleph diz. Pra quem não consegue escrever o próprio nome sem olhar na identidade, ele até que é organizado. -Que condições? -Pergunto. Ele encosta as costas na cadeira. -Se não vou ficar com mais nenhuma garota esse tempo todo, você vai ter que está ao meu dispor e aulas sempre que eu precisar.-Ele diz. Que absurdo. Ele fala como se fosse eu que estivesse implorando por essa coisa de amigos coloridos. -Então aqui vai minhas condições, nada de s**o, apenas beijos e talvez algumas apalpadas na b***a. Eu que mando nessa "relação" e posso te dar um t**a se você tentar algo.-Falo. Ele pensa um pouco. -Feito.-Estende a mão pra mim e eu a aperto, mas Aleph machuca minha mão e eu dou um murro no seu braço. -Acho que já estudamos demais por hoje.-Digo. Ele assente. Vem em minha direção para me beijar e eu o empurro. -O que? Vamos fazer isso hoje a noite mesmo. -Então espere até a noite. Tiro seu celular do meu sutiã e jogo na mesa. -Vai me pegar que horas?-Pergunto. -Ah, você sabe...a noite inteira se quiser . Quero ficar brava, mas a única coisa que consigo fazer é rir. Se qualquer outra pessoa que não seja Aleph me dissesse isso, eu teria nojo do cara, mas é Aleph, esse é seu jeito e eu estou acostumada a ter nojo da sua cara. -Você é um babaca.-Digo rindo. -As sete eu vou tá pronta. Levanto e vou embora. Eu não tinha nem pensado em uma roupa pra festa. Meus pais me deram um cartão quando fiz quinze anos, para usar para comer ou comprar roupas. Não sou do tipo que passa horas em um shopping experimentando roupas, então só o uso para comer. E o limite é baixo, apenas para eles não se preocuparem de ter que me dar dinheiro sempre que eu sair. Ligo para Sophia ir comigo no shopping, mas seu celular está desligado. Então ligo pra Gusta. Nenhum jovem tem carteira aos dezesseis ou dezessete anos, mas todos sabem dirigir, pelo menos todos que conheço. Moro numa parte boa de se morar, as ruas não são movimentadas e...bom, as pessoas aqui precisam ser boa de vida para morar aqui. Meu pai me ensinou a dirigir quando eu tinha 15 anos, normalmente eles me emprestam l carro em dia de semana ou horários que não tenham policiamento. Combino com Gusta para irmos ao shopping, mas digo que vamos apenas almoçar. Pego um 99 e vou para o shopping. Quando chego, encontro Gusta e vamos comer. Fico na dúvida se conto a ele sobre o plano, mas ele é melhor amigo do Aleph também, acho que não faz m*l ele saber. Conto tudo enquanto comemos e até Gusta diz que essa ideia pode funcionar. Ele sabia da lista das mais gostosas do Colégio e não me contou pois pensou que eu já sabia. Pedi que ele me ajudasse a escolher alguma roupa e ele deu um pulo bem longe, mas após eu fazer chantagem emocional, ele me ajudou e eu acabei comprando um vestido preto lindo. Estou louca para ver a cara de Ben quando me vir com Aleph. Espero que tudo isso valha a pena. Aleph não é o tipo certo para se ter uma amizade colorida.  
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