Anne
Fiz uma prece mentalmente pedindo forças para o que estava por vir. Sabia que a situação era grave, o soldado Hans estava na cozinha conosco e ele comentou que a nossa Máfia Alemã estava fazendo alguns negócios na fronteira dos Estados Unidos e atrapalhando Filippo. Ele disse que a Cosa Nostra iria vir para nos aniquilar, porém o tratado entre nossas famílias antes de minha mãe morrer foi mais forte.
Meu tio Francesco Barletta irmão da minha mãe é um dos Capo de Filippo na Itália, e um dos mais ricos. Eu não via ele desde que minha mãe morreu, parece que meu pai pediu para ele interceder. Porém havia sempre consequências e às que estavam por vir me davam calafrios só de pensar.
Hans disse que estava os outros dois irmãos de Filippo, um era seu consigliere Henrico Bonanno e o outro era o Capo Benito Bonanno, que comandava toda parte sul dos Estados Unidos.
Então deve ser por isso que vieram pessoalmente falar com nós, papá estava atrapalhando os negócios dos italianos.
-Vamos Anne não desanime, seu pai vai resolver toda a situação não é atoa que é o nosso Capo, meu pai sempre disse que o Sr. Miller era o melhor nos negócios da família.
Ester tentava me confortar.
Ouvimos barulho de um copo sendo quebrado, vinha da sala, saímos correndo em direção da mesma.
-Eu quero a cabeça desse incompetente que não sabe vigiar uma menina de dezenove anos Lansky. A voz autoritária dava medo, todos na sala estavam quietos, parecia que a respiração de cada um soava pesada demais nesse momento.
Quando parei na porta com Ester atrás de mim, ela não percebeu e esbarrou nas minhas costas, dei um passo a mais para frente do que gostaria fazendo com que chama-se a atenção de todos.
Seus olhos eram escuros, em um terno elegante e com as mãos no bolso ele me olhou dos pés a cabeça, voltando os olhos para o meu vestido que parava em minhas coxas, droga eu sabia que esse vestido estava curto, mas não precisava ser tão descarado, novamente ele me olhou nos olhos me encarando. Eu só via raiva na expressão dele, parecia que ia me atacar ali na frente de todos.
-Anne esse é Filippo Bonanno chefe da Cosa Nostra e esses são Benito e Henrico Bonanno.
Meu pai falou chamando a minha atenção.
Eu fiquei sem jeito, não conseguia falar nada, até Ester me cutucar por trás e eu voltar a realidade. Estavam todos me olhando, e vou dizer que pelo semblante de todos parecia que eu havia matado alguém.
-Áh hmm, Olá, Prazer Anne Lansky senhores.
Baixei o olhar para não encarar ele novamente.Não queria manter contato visual com esse homem, sentia meus pelos arrepiarem só de olhá-lo.
Filippo me olhou e não disse nada. Já o outro homem que estava junto com ele veio até onde estava pegando minha mão e beijando.
-Prazer, Henrico Bonanno, consigliere da Cosa Nostra.
Um deles veio se apresentar à mim apesar de ter o mesmo jeito frio do irmão, ele parecia mais simpático que ambos e seus olhos azuis eram algo que não poderia passar despercebido.
Dei um sorriso para ele mas logo desapareceu quando vi a testa enrugada de Filippo.
O outro irmão não me dirigiu à palavra, mas acenou com a cabeça. Dava para ver as tatuagens nas mãos, ele estava segurando uma arma em uma delas na qual eu percebi só agora. Benito olhou para Filippo e disse:
-Bella donna fratello (Linda mulher irmão).
-Vá com Ester para o seu quarto mais tarde iremos conversar.
Meu pai disse com urgência na voz.
-Non, ela fica! Deve saber as consequências de seus próprios atos. Filippo disse mandando em meu pai.
-Já conversamos, Antony vai pagar com a vida mas ela não precisa ver, Anne nunca viu sangue nesta casa Cosa Nostra, mulheres não ficam a parte dos negócios.
Meu sangue gelou, comecei a tremer.
-Antony? Mas o que ele tem a ver papá? Fui a única responsável por hoje à noite, queria te pedir desculpas, nunca mais vai acontecer, não foi culpa dele eu juro! Chamei um dos soldados para me levar a festa porque sabia justamente que Antony nunca compactuaria com a nossa saída, ele não tem que pagar pelos meus erros!
Supliquei a ele desesperada.
-Já chega! Filippo gritou.
Fazendo com que eu desse um pulo assustada.
-A bambina fala mais que o Capo.
Benito gesticulou com a arma sorrindo.
-Mais respeito na minha casa!
Meu pai exigiu.
-Senhores eu sei que estamos todos alterados por conta do imprevisto desta noite, mas vamos acabar logo com isso, capitão Franz chame Antony até a frente da casa.
John disse calmamente chamando a atenção de todos.
Agora que notei Franz e Klaus na lateral da sala, Klaus estava com uma arma na mão também. Franz fez que sim com a cabeça e se retirou.
-Papai por favor não faça isso a Antony ele cuida de mim desde pequena.
Disse com lágrimas nos olhos.
-Não tenho argumentos Anne.
Meu pai disse olhando para Filippo.
Avistei Klaus que não parava de encarar Benito, os dois pareciam que iriam trocar tiros á qualquer momento. Fui até ele e pedi chorando.
-Por favor Klaus faça alguma coisa não deixe matarem Antony você sabe que ele é um dos melhores, por favor.
Klaus me olhou, ele via a dor que eu estava sentindo.
-Por mim era outro que poderia ser morto está noite.
Ele voltou o olhar com raiva para os irmãos Bonanno.
-Cuidado com a língua soldado se quiser voltar a falar um dia. Filippo se meteu.
Dava pra ver que isso não era uma simples ameaça, olhei para ele assustada com tudo o que estava acontecendo.
Filippo me olhou com uma expressão vazia, eu conseguia sentir a respiração de Klaus atrás de mim como se fosse um urso querendo proteger um filhote indefeso. Benito começou a rir sarcasticamente de novo.
-Irmão, irmão. Ele gesticulava com a arma. -Na sua frente e você não matou esse filho da p**a ainda, se estivesse na Itália só por ele ter dirigido o olhar à sua ragatza já estaria cego.
Papai me puxou novamente para perto dele. Avistei Ester, ela estava quieta perto de John, não precisava palavras para saber como estávamos nos sentindo.
Capitão Franz entrou na sala dizendo que Antony estava já no aguardo, fazendo com que todos que estavam na sala o acompanhassem.
Filippo foi o primeiro a se encaminhar mas vi que Benito lhe entregou a arma.
Gaia e Sra. Michaela vieram nos buscar para voltar para a cozinha, eu neste momento já estava em prantos, mas antes que pudéssemos sair Filippo parou na minha frente.
-Eu disse que haveria consequências você vem junto a outra pode seguir. Ele se virou e continuou andando.
Ester me abraçou.
-Vá Ester não precisa de nós duas para ver isso. Agarrei no braço do meu pai para não cair.
Quando saímos pela porta avistei Antony de joelhos com as mãos na cabeça, todos os soldados olhavam a cena atentos. Soltei do meu pai e sai correndo não conseguia deixar Antony pagar por algo que não era sua culpa, ainda mais com a vida.
Fiquei em pé na frente dele e abri os braços tentando impedir.
Filippo me olhou com a mesma expressão vazia, não consegui ver nenhuma compaixão em seu rosto. Ele continuou apontando a arma para a cabeça de Antony e eu pedia por favor para ele não fazer isso. Antes que ele atirasse, Henrico me pegou pela cintura me tirando da frente. Comecei a me debater tentando lutar com todas as forças para o impedir de fazer tal covardia à pessoa que me deu tantas lembranças boas quando eu era pequena, meu pai sempre estava ausente, e era Antony que estava lá por mim.
O tiro saiu seco, Antony já estava no chão com um tiro bem no meio da testa, certeiro, sem chances, meu coração estava quebrado. Eu parei de me debater sabendo que nada que fizesse poderia trazer meu bom amigo de volta, Henrico me soltou e cai de joelhos no chão.
Filippo olhou para o meu pai como se nada tivesse acontecido.
-Daqui a uma semana é o casamento, o acordo está feito!
Meu coração parou, eu estava adormecida ainda perante ao choque que levei mas essa foi a cereja do bolo, as palavras que ele acabou de pronunciar não saíam da minha mente. Gaia veio correndo de dentro da casa para me levar, eu não sentia meu corpo, minha mente vagava, eu não queria mais voltar para a realidade, senti braços me puxarem e vi que era Klaus me pegando no colo e Ester e Gaia guiando ele até meu quarto. Quando senti me deitarem na cama eu fechei os olhos e pedi, chorei, rezei que tudo fosse apenas um sonho. Ouvi uma voz lá do fundo, era Gaia:
- Descanse minha menina, tudo vai melhorar eu prometo, apenas descanse.