Tentando parecer indiferente, se calou. Mas não deu certo por muito tempo.
Logo a curiosidade se intensificou e percebendo que a “amiga" que mais parece uma cobra em forma de gente já que não passa de uma mulher que sempre gostou de causar intrigas e por não gostar de Carly já que a mesma nunca a distratou, porém, nunca foi dada a ser bajuladora ou gostar de bajulação e com isso, Catarine nunca foi sua fã, ao contrário de Aysha..
E Catarine era dessas, tanto que ao conhecer Aysha por receber da mesma bombons e algumas guloseimas que ganhava de alguém que atendia em retribuição por ser boa com os seus pacientes, e que nunca gostou de doces desde criança, com isso dividia entre as enfermeiras que as ajudava nos plantões, conquistou àquela que adorava esse tipo de bajulação.
Agora, estava ali, ligando para Aysha a troco de destilar o seu veneno por se tratar de Carly.
Percebendo que há um silêncio entre elas, resolveu quebrar o mesmo, afinal, àquela que praticamente fugiu para outra cidade e mesmo que Catarine fosse daquele jeito, se soubesse quem verdadeiramente Aysha é para a sua amiga, se decepcionaria profundamente e romperia qualquer laço com ela, já que nunca gostou de mulheres assim como ela, volúveis.
- Soube pela secretária do chefinho que a Carly volta hoje ao trabalho e que o querido marido machucou a mão e ela nem se abalou em vir vê-lo. Acredito que tenham problemas no paraíso.
Seu tom era de puro escárnio com uma pitada de sarcasmo e deboche.
Aysha sabia bem porque Carly não foi ver Joshua no hospital e consequentemente aonde ela estava deve ter voltado ontem para a cidade.
Mas isso passou rapidamente ao assimilar o que Catarine falou. Que o seu amado estava ferido e foi nisso que se agarrou para procurar saber mais alguma coisa.
- E com o está o Jo... (Se calou engolindo em seco e continuou). – Senhor Stanley? O que aconteceu com ele?
Catarine suspirou.
- Bem, parece que cortou a mão levando alguns pontos. Mas o que me chamou a atenção, foi aquela insossa nem ter aparecido. Tudo bem que ela está de licença, mas é o marido dela! Não acha estranho Aysha?
Amassando os lábios, pensou alguns minutos antes de responde-la. Quase pôs a perder quando cogitou chamar o marido da amiga pelo nome, agora precisava ser mais cautelosa.
- Na certa ela deve ter tido algum imprevisto. – Deu de ombros.
- Imprevisto? Sei. Isso está é cheirando a chifre queimado querida. E não duvido nada ser daquele bonitão, porque cá para nós, sei que são amigas e aliás, não sei nem como aguenta aquela mulher, mas enfim... aposto que arrumou alguma mulher interessante para se satisfazer. Se bem que mesmo ela sendo daquele jeito, não desejo isso para ela. Mulher nenhuma merece ser traída.
Aysha acabou engolindo em seco. Disfarçando, se apressou a encerrar a ligação. Percebeu que estava ficando atrasada.
- Catarine, outra hora conversamos. Agora preciso desligar pois, estou um pouco atrasada para o trabalho
- Ai amiga, tudo bem. Depois nos falamos e vê se me liga hein.
- Pode deixar. Beijos!
Assim que se despediram, encerraram a ligação e Aysha olhava para aquele aparelho perdida, até que a sua prima adentrou no seu quarto estranhando que a mesma ainda não havia descido para tomar café.
- Aysha, está tudo bem? Aysha?
- Huh! – Seus olhos perdidos encontraram com os da sua prima que a encarava preocupada.
- Perguntei se está tudo bem.
Levantando-se do Puff da penteadeira, caminhou até o closet pegando uma bolsa. Sob os olhares atentos de Julie, a mesma franziu o cenho ao ver que a prima voltava para o quarto com uma mala.
- O que está fazendo?
- Preciso voltar para Shelburn Falls. Joshua se acidentou e eu preciso saber como ele está. A Carly não está com ele e não me admira que seja tão egoísta e insensível a esse ponto.
Julie estava chocada com tais palavras. Encarou a prima boquiaberta até que percebendo o quanto Aysha está mesmo doente, se aproximou a impedindo.
- Prima. O que está dizendo?! Você não pode voltar. Hoje você tem o seu trabalho aqui para começar.
Abruptamente, seu rosto se vira com os olhos estarrecidos em uma raiva que Julie já viu antes. Quando a mesma teve um envolvimento com o próprio pai, seu tio tão doente quanto ela.
- O que você disse? Como não posso ir para lá? Enlouqueceu!
- Não Ashley. E não me olhe assim porque com certeza vou te chamar assim até voltar a razão. Quem está louca é você!
Chocada com o tom ríspido da sua prima, parecia que Aysha havia acordado de um pesadelo. Sentando-se na beira da cama, chorou.
Seus ombros tremiam a tal ponto que os soluços escapavam por entre os lábios que Julie sabia que a prima precisava daquilo para desabafar o que estava a sufocando a dias.
Penalizada pela dor, se aproximou sentando-se ao seu lado. Puxou-a para o seu braço, deixando que a prima recostasse a sua cabeça e a mesma a consolou.
- Shiii prima, eu sei o quanto dói e o quanto você está quebrada. Mas não deixe o avanço que a psicóloga tem lhe mostrado ir por água abaixo. Tenho certeza que conseguirá e será feliz.
Fungando, Aysha ergueu a sua cabeça com os olhos molhados e vermelhos, a encarou e como um cachorro perdido a indagou.
- Você tem certeza disso prima?! Será mesmo que eu serei feliz um dia.
Sorrindo de um jeito doce, Julie enxugou as suas lágrimas e assentiu.
- Sim. Será muito feliz. Agora vai lavar o rosto e nem precisa se maquiar e vamos tomar café.
Com as costas das mãos, limpou o nariz dando um sorriso um pouco mais convencida do que a prima disse que logo seria feliz e foi para o banheiro fazer o que ela pediu.
Logo, Aysha já estava de volta e as duas seguiram para a cozinha tomar o café.
O dia prometia e seria algo que ambas precisariam lutar arduamente para vencer, os traumas...
Longe dali em Shelburn Falls, Joshua pediu licença do trabalho, já que Christian é um dos sócios, sabendo o que aconteceu, o dispensou e como um cão farejador deu a volta no quarteirão após o seu Piti na frente do prédio onde Carly está agora e parou o seu carro duas quadras depois do prédio.
Estava esperando o momento para segui-la. Queria saber para onde iria e o que faria. O mesmo estava morrendo de raiva, com a possibilidade de Ander e ela estarem se relacionando além da amizade. Tinha medo de perde-la.
Mas o que poderia fazer se estava enfiando os pés pelas mãos ultimamente?
De repente, o carro de Ander saiu e lá estavam os dois conversando animadamente o que fez Joshua apertar o volante com força fazendo o curativo ficar ainda mais embebido pelo sangue. Com certeza, tinha estourado algum ponto.
E mesmo assim, ele não se importou. Ligou o carro e saiu atrás dos dois.
“Ah Carly, porque tem que ser tão teimosa!”
Continua...
Pelo visto, Joshua endoidou de vez ou será que sempre foi doido assim? rsrs