Prisão luxuosa

1021 Words
Eu parei de lutar assim que ele ameaçou o Ricardo. Ele sabia que me tinha nas mãos. Fui levada para um quarto que tinha o tamanho da minha antiga casa inteira. Me joguei em uma poltrona quando as portas foram trancadas e analisei a merd4 toda que estava acontecendo. Eu fui muito iditot4. O Ricardo tinha razão desde o início sobre os perigos que eu corria, e eu ignorei. Cega pelo poder, envolvida pela vingança e agora presa e ameaçada por pessoas que não tem o mínimo apreço nem pela minha vida, nem pela vida daqueles que eu amo. Eu mesma me enfiei nesse burraco. Confiei naqueles desgraçados e eu coloquei todos em perigo. BURRA BURRA BURRA! Eu achei que era capaz de assumir as coisas à frente dos Trucks e de conseguir progresso ali. A verdade é que eu fui ingênua e imatura e coloquei aqueles que eu amo em perigo e agora eu estava nas mãos do Dom. E eu sabia que faria qualquer coisa que ele determinasse. E o pior, ele também sabia. Olhei ao redor. Eu estava em um quarto de princesa, sem armas e sem a mínima noção de como sair daqui. Vasculhei o quarto. O armário tinha roupas básicas e o banheiro itens de higiene pessoal. Nada pontudo ou minimamente útil para ser usado como arma. A frustração crescia a cada minuto que passava e eu poderia ser capaz de matar alguém usando as minhas próprias mãos. O que será que o Ricardo estava pensando em fazer? Ele ia tentar me resgatar e analisando pela janela a extensão e a quantidade de guardas aqui na propriedade eu me dei conta de que aquilo seria uma missão suicida. Não tínhamos pessoas suficientes para ele tentar algo assim. Ele deveria ir embora. Reconstruir os Trucks com o que sobrou e seguir a vida dele. Eu que colha os frutos das minhas decisões de merd4. Eu sabia que ele não faria isso. No fundo, eu sabia que ele ia entrar aqui, nem que fosse sozinho, para me salvar. A dor no meu coração irrompeu e senti os meus olhos encherem de lágrimas. Eu não poderia chorar, ainda não. Demonstrar vulnerabilidade era uma receita rápida para o fracasso. Eu iria dançar conforme a música, deixarei que o Dom siga os planos dele e na primeira oportunidade vou fugir. Ou morrerei tentando. Uma batida na porta me tirou dos meus pensamentos. Imediatamente eu me senti nua sem nada para me defender. A porta abriu e me preparei para o pior. O Davi estava na porta, com uma expressão envergonhada. - Tem tudo o que precisa? - Ele perguntou e uma fúria assassina subiu pelos meus nervos. - NÃO! - Respondi, ciente que ele sentiria a raiva na minha voz. - O que precisa? Vou providenciar… - Aquele ar de honestidade dele, um comportamento cuidadoso. - PODE PARAR DE FINGIR, SEU DESGRAÇAD0! VOCÊ NÃO VAI ME ENGANAR MAIS, PAGANDO DE BOM MOÇO. - Nada parecia segurar a minha fúria. - Eu realmente quero saber o que precisa. - Ele fechou a porta atrás de si, um erro que ele não deveria ter cometido. - E quero te avisar, que se continuar gritando assim, o meu pai pode achar que você vai recusar o acordo. Então se acalme. - Eu não conseguia acreditar no que eu estava ouvindo. Uma risada irrompeu da minha garganta. - EU NÃO TENHO ESCOLHA TENHO? - Ele me encarou, como se tivesse me visto pela primeira vez. - Sinto muito. - Ele falou e eu queria tanto acreditar que ele sentia. Eu acreditei nele, discuti com os meus depois das palavras dele. Eu achei que ele fosse diferente. E ele não precisava continuar fugindo. - Me avise se precisar de alguma coisa. Mais tarde, deixarei que mande uma mensagem para o Truck. - Pisquei com a informação. - É importante que ele saiba que você está bem, para não fazer nenhuma besteira. Como invadir uma propriedade e acabar morto. Só de pensar algo assim uma dor intensa me atingiu. - Isso não faz sentido. - Eu consegui dizer. - Você pode não acreditar, mas eu não concordo com os métodos do meu pai. - Cruzei os braços no peit0. - E tudo bem você me odiar, eu realmente não fiz nada para impedir. - Você ajudou inclusive. - Eu rebati, analisando se valia acreditar nele. - Você tem razão. - Ele suspirou. - Existem alguns costumes que são incontroláveis, como seguir as ordens de um chefe como o meu pai. - Ele deu um passo na minha direção e eu me afastei involuntariamente. - Prometo a você, que farei tudo o que for possível para que essa… - Ele analisou as palavras que usaria. - Para que essa situação seja o menos desconfortável possível para você. Depois que cumprir o acordo, poderá ir em paz… - Esse acordo é uma merd4! - Eu falei, sentindo a voz começar a sumir. - Sim, é uma merd4. Mas, não precisamos fazer dele todo uma merd4. - Ele piscou. - A minha irmã, por exemplo, pode morrer nas suas mãos, se assim quiser. - Mordi o lábio surpresa com aquela promessa. - Considere como uma pequena recompensa por tudo o que está acontecendo. Eu não suportava mais olhar para ele. Ele parecia tão honesto, tão correto. Estava me entregando a cabeça da Julie, para de alguma forma aliviar aquele tormento. Eu não ia cair na lábia dele de novo. Me virei e encarei a janela. O sol começava a se por e eu senti uma ansiedade grande quando perguntei. - Em quanto tempo poderei falar com o Ricardo? - Ouvi ele abrir a porta. - Volto em duas horas. Será mais seguro. - Eu não ia agradecer, se era isso que ele estava esperando, enquanto ficava parado na porta do meu cativeiro. - Clara… eu queria que as coisas fossem diferentes… queria ter tido a chance de fazer as coisas de forma certa. - O tom dele era quase doloroso e eu senti um pouco de tristeza por ele quando ele fechou a porta e me deixou sozinha de novo.
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