O paciente
Estava exausta, havia tido inúmeros pesadelos durante a noite que não me deixaram dormir bem. Levantei, me olhei no espelho e assustei com as duas bolsas escuras embaixo de meus olhos, lavei o rosto escovei os dentes e fui para a cozinha tomar café da manhã.
Meu nome é Laura, tenho 25 anos, 1,65 cm de altura, cabelos castanhos e olhos verdes, sou formada em medicina e estou no primeiro ano de residência de cirurgia. Moro com meu irmão, Derick, ele tem 38 anos, 1,85 cm de altura, moreno como eu, olhos negros e é investigador de polícia. Somos só nós dois, nossos pais morreram quando eu tinha 5 anos e Derick 18, ele quem cuidou de mim desde sempre, nessa vida é ele por mim e eu por ele sempre.
- Bom dia mano. - Cumprimentei meu irmão sentando-me há mesa de café da manhã.
- Acho que pra você nem tanto, está tudo bem? - Ele perguntou me olhando de cima a baixo e parando para encarar meu rosto.
- Não dormi muito bem a noite. - Respondi suspirando.
- Pesadelo? - Ele perguntou me olhando preocupado, acenei com a cabeça em afirmação.
- Porque não volta pra terapia? - Ele perguntou me entregando uma torrada em que havia acabado de passar manteiga.
- Sou residente, não tenho tempo! Inclusive hoje tenho um plantão de 24 horas. - Falei suspirando. Terminei o café e fui tomar um banho, lavei o cabelo, sequei e passei uma maquiagem leve para esconder as olheiras. Coloquei uma calça confortável, tênis e camiseta, seria um plantão longo e tinha o pressentimento que seria difícil. Coloquei mais uma troca de roupa em minha mochila peguei as chaves do carro, me despedi de Derick, e fui para o hospital.
Logo que cheguei percebi uma movimentação estranha na entrada de ambulância, havia no local um carro preto e vários homens de terno com algumas tatuagens Aparentes nas mãos e no rosto, torci para que não estivesse acontecendo nada lá dentro. Entrei e fui direto para o vestiário, coloquei meu jaleco e desci para a emergência, hoje meu plantão seria de trauma.
- Laura, bom dia! - Era Julia, uma das amigas residentes.
- Bom dia Julia, você viu a Sophia? - Perguntei olhando em volta, não havia visto ela em lugar algum.
- Não, mas estou procurando a Katherine também, se você a vir me avise. - Ela disse se afastando e indo em direção ao banheiro. Algum tempo se passou, o plantão estava calmo mas a sensação de que havia algo errado não me deixava. Estava fazendo o curativo em um garotinho que havia caído de bicicleta, quando abri a cortina havia um homem de terno preto e tatuagem até o pescoço.
- Você é Julia. - Ele me perguntou em uma voz assustadora.
- Não. - Respondi engolindo seco, ele parecia com aqueles que estavam na porta mais cedo.
- Onde ela está? - Fiquei receosa de responder a ele, quando vi Julia se aproximando, olhei para ela por extinto e ele seguiu meu olhar, parecia que havia entendido mesmo sem eu ter intensão de lhe falar.
- Julia venha comigo. - Ele se aproximou e a agarrou pelo braço.
- Laura. - Ela disse em voz quase inaudível, como uma súplica.
- Para onde você vai levá-la. - Perguntei em um acesso de coragem entrando em sua frente.
- Não é da sua conta. - Ele me empurrou para o lado e foi arrastando ela para fora do centro de trauma, corri para alcançá-los.
- Se você não disser eu chamarei o segurança. - Eu disse quase sem fôlego me apressando para alcançá-los, gritei por ajuda mas os seguranças não vieram ao nosso socorro, o que estava acontecendo aqui?. Ele sorriu, um sorriso assustador, porém não parou, chegando na porta da ala cirúrgica que estava em desenvolvimento ele empurrou Julia para dentro e me pegou pelo braço.
- Quanto mais melhor. - Disse me forçando a entrar também, a ala estava cheia de homens armados, Julia agarrou minha mão, estávamos em pânico.
- O que ela está fazendo aqui? Eu pedi que trouxessem somente a Julia. - Era a voz do diretor do hospital, também chefe do centro cirúrgico, minha cabeça estava zumbindo. Ele se aproximou de mim e ao seu lado havia um homem de terno preto e olhar assustador, ele não possuía tatuagem visível. Me encarou e eu estava aterrorizada, Julia chorava ao meu lado.
- Laura, tudo que ouvir ou ver aqui, não poderá contar a ninguém. - Disse Damon, o diretor, olhando nos meus olhos. Pude ver as súplicas para que eu concordasse.
- Tudo bem Doutor. - Respondi engolindo seco.
- Tem certeza que elas são confiáveis? - O homem assustador perguntou ao diretor olhando para nós com um olhar assassino.
- Confiaria minha vida a Laura. - O diretor respondeu sério e em tom firme.
- E a outra? - Ele perguntou apontando para Julia, seus homens deram um passo à frente e a seguraram.
- Ela é ótima em suturar, precisamos dela. - Eu respondi quase que com um grito, estava apavorada, o homem então deu um passo para frente, senti meu coração quase saltar do peito.
- Só fale quando for permitido. - Ele disse olhando no fundo dos meus olhos, eu quase desmaiei.
- Vamos meninas. - O diretor nos conduziu para a sala estéril para higienização antes de entrar na ala cirúrgica.
- Escute meninas, vocês precisam se acalmar, precisamos salvar esse paciente, ele é uma testemunha! Ninguém pode saber o que aconteceu aqui, Julia, chamei você por sua discrição, Laura, não queria lhe chamar pois sei de seus traumas, mas já que está aqui, você é uma das melhores! Precisamos dar nosso melhor. - Acenamos com a cabeça, fizemos a higiene e entramos na sala cirúrgica, o homem parecia uma peneira de tanto buraco de bala, já haviam dois cirurgiões mas a situação era crítica, ele dificilmente sobreviveria.
- Esse é o paciente, tomem seus lugares. - Tomamos nossos postos para tentar ajudar os cirurgiões que lá estavam, Julia estava mais calma era muito profissional, eu estava dando meu melhor, mas lesões como aquela me faziam recordar aspectos de minha vida que eu preferia esquecer.
- Laura, precisamos de mais sangue. - Damon gritou para mim, percebi que estávamos perdendo o paciente, corri até até a bolsa térmica mas não havia mais sangue.
- Vá lá fora e peça a alguém para doar, não saia dessa ala. - O outro cirurgião gritou em seguida. Sai da sala as pressas, me aproximei do homem de terno com aura fria, ele me dava arrepios até a espinha.
- Precisamos de mais sangue, o estoque acabou, alguém de vocês poderia doar? - Falei o encarando, naquele momento precisava ser forte por meu paciente, apesar de estar apavorada.
- Qual o tipo ? - O homem perguntou depois de um tempo em silêncio.
- Ab+. - Respondi engolindo seco.
- Irei doar, vamos. - Ele disse tirando o terno e indo em direção a sala oposta a de cirurgia, o segui, tirei o sangue, não demorou quase nada graças a Deus, quando estava saindo com a bolsa ele se aproximou de mim.
- Se algo acontecer com ele, vocês irão morrer junto. - Ele disse em um tom sombrio que fez a cor sumir de meu rosto, esses homens não pareciam da polícia, se aquele lá dentro é uma testemunha, o que ele testemunhou para estar naquele estado? Engoli seco dissipando esses pensamentos e retornei a ala cirúrgica.
- Consegui o sangue. - Disse entrando na sala, mas pude ouvir um bip continuo vindo da máquina.
- Julia o Que você fez ? - Pude ouvir a voz de Damon irrompendo na sala.
- Tinha muito sangue, eu não consegui visualizar. - Ela falava aos soluços.
- Vinha da aorta, estava muito comprometida. - O outro cirurgião disse a Damon, eu estava petrificada, quando voltei a mim caminhei em direção a Julia e a abracei.
- Eles vão nos m***r ? - Perguntei olhando para Damon.
- Eu não sei Laura, eu não sei. - Ele respondeu parecendo exasperado, olhamos um para os outros com medo do que estava por vir.