_Sua peste! – Moema levanta para tentar agarrar o irmão caçula – Se você jogar areia novamente em mim, eu arranco suas orelhas! – voltando-se para as amigas – Ai! Eu ainda mato esse garoto! – Mirela, fica de olho nele enquanto eu vou na água tirar a areia. – pede a irmã mais nova que o vigiasse. Assim como ela, sua amiga também tinha dois irmãos. No seu caso ela era a do meio e no caso da Moema, a mais velha era ela.
_Se me bater conto tudo pra mamãe! – provocou o pestinha mostrando a língua malcriado.
_Conta! Conta que eu arranco as orelhas e a sua língua, seu filhote de cruz credo! – suspira sentando na cadeira de praia - Deus! Não sei o que deu na mamãe de ter outro filho depois da Mi! Tava tudo ótimo até essa...essa coisa chegar! – Moema tinha quase 18anos, Mirela, a Mi, tinha 16 e o Marquinhos somente 6 anos de idade. Um verdadeiro pestinha.
_Não faz drama, Mó! Todo mundo sabe que você é doida pelo Quinho, ele só é um tantinho endiabrado.
_Mamãe diz "hiperativo"! – retruca Mirela.
_Hum. Sei... – resmunga a irmã mais velha numa atitude de falsa zanga. No fundo ela adorava o irmão, mas fazia jogo duro.
_Vocês não sabem como têm sorte do irmão de vocês ser o caçula e não o mais velho. – comenta amargurada Maitê que não tinha uma relação lá muito boa com o irmão mais velho dela – Com esse daí vocês podem puxar a orelha, dar uns cascudos e mandar para casa... já eu...
_Ah! Mas o Serginho é tão gente boa! – defende Moema que era uns dois ou três anos mais nova que o irmão da amiga e achava ele uma graça.
_Tá doida, Mó! – Mirela parte na defesa da melhor amiga – o Serginho é o maior "pé no saco".
_Também não precisa exagerar. Birra entre irmãos é coisa natural. Eu mesmo perco a paciência o tempo todo com o Quinho, mas jamais iria querer o m*l dele.
_VOCÊ. È assim, Mó. – retruca Maitê – Quem dera eu pudesse trocar de irmão mais velho...
_Isola! – retalha Mirela fingindo bater na madeira – Deus me livre ser irmã do Serginho!
_Vocês ficam nesse papo mole de irmão prá lá, irmão pra cá e estão perdendo todos os lances.
_Que lances, criatura? O vôlei já acabou tem "uma cara"!
_E quem disse que eu estou falando de jogo de vôlei? O jogo é outro, queridinha...- diz Priscila com ares de especialista – Eu estou falando daqueles surfistinhas ali que acabaram de passar dando o maior mole.
_Nem vem que eu tenho namorado. – Moema corta logo a conversa.
_Eu também passo, acho surfista tudo um monte de "porta".
_Isso é preconceito, viu amiga?
_Que seja. – diz a outra dando de ombros – Pode ate ser mas até agora não encontrei nenhum que me prove o contrário.
_E o Rogério? – quis saber Mirela.
_Aí Mimi, o Rogério não conta, Ele nem surfista. É "projeto de surfista". - ela comentou falando de um colega de escola que se
achava o Keanu Reeves no filme Caçadores de Emoção e vivia correndo atrás dela.
Os planos de sedução da Priscila pareciam ter dado certo, pois após uma tarde "assistindo" as manobras do grupinho, ela finalmente volta com um número de telefone e um convite para "um sorvete na pracinha" naquela mesma noite. Bom, o sorvete era só a desculpa que elas inventavam em casa para ir perambular pela pracinha, verem e serem vistas. Quem tinha namorado, já marcava por lá e quem não tinha já usava como pretexto para arrumar um. E era justamente para a sorveteria que a turma toda rumava quando Moema estancou no meio do caminho olhando na direção de uma das muitas mesinhas de cimento redondas espalhadas pelo lugar.
de um dos bancos da pracinha arborizada estreitando mais o olhar.
_Gente, eu estou vendo o que eu estou vendo?
_Gente! É o Carlinhos! Mas ele não disse que tinha ficado de recuperação e não vinha pra ilha esse ano?
_Parece que a "recuperação" dele é loira, usa shortinhos de piriguete. Aí eu vou esganar esse garoto! – Moema já ameaçava partir pra cima do garoto indignada com a traição do namorado da irmã que havia ficado em casa esperando-o ligar.
_Que baita s*******m! Com tanto condomínio de veraneio aqui na ilha, tanto lugar pra ele galinhar, vem parar aqui bem debaixo do nariz da Mirela?
_Eu arranco os olhos do safado!
_Nada disso! – disse a Maitê - Deixa ele bem a vontade, gente! Vamos fingir que nem estamos aqui...
_O quê? – as outras estranharam a reação tão indiferente dela.
_Até a Mirela chegar aqui... – continuou ela discando os números do celular da amiga que a contragosto aceitou ir até a pracinha levar um casaco para a amiga e terminou por se deparar com a mesma cena diante da sorveteria.
_Mas...Carlinhos!
_Mirela! – o outro se surpreendeu – O que ta fazendo aqui? A gente não tinha combinado de se falar no zap?
_E você não tinha combinado de ser fiel a ela? – falou Moema se metendo.
_Não é o que você está pensando...- ele tentou justificar o injustificável – Essa menina é minha prima e ela tava justamente me ajudando a achar a casa dos seus pais... – ele gaguejou – Eu queria fazer uma surpresa e...
_Ah tadinho! Não sabe o caminho da nossa casa... – ironizou Moema ainda diante de uma Mirela muda – Caramba como você é cara de p*u, garoto! Ou é muito cínico, ou realmente acha que minha irmã é muito burra de cair nessa conversa mole!
_Pelo amor de Deus, Carlinhos! A desculpa podia ser melhorzinha, né? – ironizou Maitê – Isso é um insulto a nossa inteligência! Você pelo menos podia seguir uns tutoriais na internet de "como ser um boy lixo". Ela tava te ajudando a achar a casa, é ? E o endereço tava na b***a dela em braile, é por isso que você tava alisando tanto?
_Não te mete, Maitê! – o outro se fez de valente.
O que foi? Vai me bater? Além de safado, sacana e galinha ainda é covarde e batem em mulher também? - bateu palmas - Parabéns! Você é o namorado perfeito! Vamos embora gente, o lugar de repente começou a feder....