Com muito esforço eu consigo me levantar e vou praticamente me arrastando para o banheiro.
Tiro a roupa e olho os hematomas no espelho, as lágrimas descem mesmo sabendo que não vão lavar o que eu estou sentindo. Tomo um banho e coloco um pijama e sento na minha cama para tentar escrever um pouco o que estou sentindo naquele momento.
É a única coisa que me resta. E os versos surgem como se somente aquilo pudesse me salvar, na verdade eu acho que é. É o meu único refugio.
A noite cai, e já não vejo mais a luz
A dor da alma, toma conta de tudo,
que reluz
Só me resta chorar e gritar
mesmo que em silêncio e sem voz,
Eu só consigo me perguntar onde.
É que você está.
Nananananananananananana
Só me diz como faz, para toda
essa dor passar.
Só me diz como faz, para poder
continuar
Eu posso sentir todo o frio dessa
escuridão.
Eu posso sentir toda a dor dessa
solidão.
Só não sei se posso suportar
Então por favor me diz a onde
te encontrar.
Então por favor me diz aonde você
está.
- Vem me buscar mãe! Por favor.
E caio no choro, acabo adormecendo de tanto chorar. Acordo com a Vanessa me sacudindo.
- Oh bela adormecida, acorda! Tá perdendo a hora. Eu me viro e ela vê meu braço.
- Que por*ra é essa? Ela fala dando um grito.
- Nada, eu tento tampar com a manga da blusa. E me sento bem rápido na cama.
- Ele não fez isso! Eu não acredito. Ele vai se ver comigo.
E ela sai batendo a porta. Eu dou um pulo da cama e vou correndo atrás dela.
- Vanessa, espera! Vanessa! Eu vou correndo atrás.Tarde demais. Ela já está em frente a mesa que ele está tomando café. Eu tento puxar ela pelo braço.
- Você é um bab*aca sabia? Eu vou na delegacia agora, prestar queixa contra você seu monstro.
- Não sabia que você agora precisava de defensor, irmãnzinha! Ou é defensora? Eu fico em dúvida.
- Não é nada, deixa a gente em paz Lucas! Vem Vanessa!
- Eu vou te denunciar, seu monstro. Ela continua gritando.
- Vai? Vai mesmo?
- Vou e você vai ser preso. Seu aliciador e abusador.
- Que ótimo, podemos pedir carona pro seu pai, o que você acha? Vai ser ótimo, por que no caminho eu vou poder contar pra ele, que a filinha dele vem pra cá ficar brincando de bate bife com a minha irmã. Acho que ele vai ficar emocionado quando descobrir isso.
- Isso é mentira! Ela grita.
- Será? Pra quem já tem dúvidas, um empurrãozinho não é nada!
Ela cospe na cara dele, ele arma a mão para dar um tapa nela e eu entro na frente. O tapa acerta o meu rosto.
- Seu cretino, eu vou te matar. Ela vai pra cima dele, mais ele joga ela no sofá.
- Não estou com tempo para esse tipo de diversão! Quem sabe na próxima. Ele olha pra mim. Vai passar uma maquiagem nesse rosto Luiza! Está horrivél é vai pegar m*l se alguém ver você assim, e a gente não quer isso não é? Ele pega o capacete e sai.
- Você está bem amiga ? Ela vem na minha direção. Precisamos ir em uma delegacia isso tem que acabar, agora!
- Chega Vanessa! Chega! Ela me olha assustada. O único lugar que a gente vai é para o trabalho. Eu não vou passar por essa humilhação e eu já disse eu não tenho para onde ir. E eu mereci ontem, eu provoquei ele. Ele me pediu para fazer o jantar e eu disse que não ia fazer!
- Então eu mereci, ele estava certo!
- Eu não estou escutando isso! Ninguém merece apanhar Luiza! Você não tem culpa, o único culpado é ele. Será que você não entende que essa é a minha vida! Que eu não tenho escolha! A minha mãe a única pessoa que poderia me proteger de tudo isso, e ela esta morta.
ELA MORREU! Eu não tenho mais ninguém. As lágrimas começam a rolar.
- Você tem a mim! Você não consegue nem contar para o seu pai que é homossexual, vive se aterrorizando e descontando na comida. Acha que ser gorda te salva dos seus problemas, deixa eu te contar uma coisa. Não salva ! Você só fica gorda e covarde. Então não me venha dizer que eu preciso encarar os meus problemas quando você não encara os seus. Você não consegue ajudar nem você, quem dira á mim.
Ela fica parada ali com os olhos cheios de lágrimas. Eu sei que peguei pesado, mais é tarde para se arrepender. Ela pega a bolsa e sai.Eu me sento no sofá e começo a chorar.