Assalto?

1101 Words
Camila Narrando Eu, o Cássio e a Ludmilla pedimos mais uma rodada de bebidas, a Lud tirou o tablet da bolsa e começou a mexer, fazendo o que sempre faz: hackear. O tablet dela era praticamente blindado, super seguro. Ninguém conseguiria invadir, a não ser que fosse algo determinado pela justiça, mas mesmo assim, eu sabia que a Lud se garante em tudo que faz. Ela tem uma confiança absurda na segurança do sistema que usa, um daqueles sigilos absurdos da corregedoria, só que turbinado do jeito dela. Enquanto eu e o Cássio trocávamos umas ideias, ela estava ali, entrando e saindo do sistema do comando vermelho, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Em certo momento, percebi que a Lud ficou mais concentrada, com a testa franzida. O que era estranho, porque ela geralmente fazia isso com tanta facilidade que nem dava pra notar. Foi aí que ela começou a digitar mais rápido, como se estivesse tentando resolver alguma coisa urgente. — Lud, tá tudo bem aí? — perguntei, dando uma olhada de curiosidade. Ela não tirou os olhos da tela. — Calma, tô só ajustando uns códigos aqui. Ela começou ficar nervosa, eu fiquei encarando ela, que cada vez digitava mais rápido. Pedi para ela parar, deixar isso de lado, por enquanto. — Putz, estão tentando invadir meu sistema! — disse ela, quase sem acreditar. Eu e o Cássio nos entreolhamos e começamos a rir. A Ludmilla era tão segura de si que a ideia de alguém tentar invadir o sistema dela parecia impossível. Era quase cômico. — Relaxa, Lud! Ninguém vai conseguir te pegar — falei, ainda rindo. Ela nos olhou com seriedade, mas dava pra ver que estava começando a se deixar contagiar pela nossa brincadeira. Só que logo depois, ela voltou a se concentrar, tentando bloquear a invasão. — Camila, se esse pessoal vier atrás de mim, eu tô morta! — ela disse, claramente nervosa. Eu não aguentei e continuei zoando. — Ah, Lud, para de drama! Eles não conseguiram nada. Devem ter percebido que estávamos tentando entrar no sistema deles e contra atacaram. Só isso. Mesmo com as minhas tentativas de tranquilizá-la, a Lud não estava completamente convencida. Eu podia ver que ela ainda estava mexendo no tablet, tentando resolver a situação. Foi só quando a invasão foi completamente bloqueada que ela deu uma respirada mais aliviada. — Melhor a gente sair daqui — disse ela, finalmente relaxando um pouco. — Sabe como é, segurança nunca é demais. Eu e Cássio concordamos. Estávamos ali há um tempo e, depois daquele susto, a melhor coisa era ir para casa e esquecer o que tinha acontecido. No entanto, antes que a gente pudesse levantar da mesa, Ludmilla, já com outro humor, virou para nós com um sorriso. — Gente, vai rolar o jantar de aniversário de casamento dos meus pais amanhã. Vocês querem ir? Eu e o Cássio trocamos olhares rápidos. Eu sabia que não tinha nada planejado para o domingo à noite, e a ideia de terminar o final de semana com um jantar parecia ótimo. — Claro, Lud! Vai ser bom. Domingo perfeito pra encerrar o fim de semana — respondi, com um sorriso. — Fechado, eu tô dentro também — disse Cássio, concordando. A Lud sorriu e nos agradeceu, dizendo que seria bom ter amigos por lá. Assim que terminamos de combinar, Cássio se ofereceu para me levar para casa, já que estávamos na mesma direção. Aceitei de boa, e assim que terminamos de nos despedir da Ludmilla, fomos em direção ao carro dele. No caminho, ficamos conversando sobre o que tinha acontecido. O Cássio, sempre mais descontraído, ria do nervosismo da Lud. — Cara, a Lud é føda, mas parece que hoje ela deu um vacilo. Eu ri junto, mas sabia que a Ludmilla era capaz de resolver qualquer parada, até quando parecia que as coisas tinham saído do controle. Chegamos na frente do prédio, Cássio estacionou o carro. Eu precisava me arrumar para o jantar. Subi rapidinho para me preparar, enquanto o Cássio ficou no carro me esperando. Depois de um banho rápido, fui direto escolher a roupa. Queria algo simples, mas que também me fizesse sentir bonita. Escolhi um vestido curto, que marcava bem as curvas, mas sem exageros. Só o suficiente para me deixar confortável e confiante. Nos pés, optei por um salto alto, sabendo que provavelmente iria me arrepender até o fim da noite, mas estava decidida a aguentar. Para finalizar, uma maquiagem leve, só para dar aquele toque final. Quando desci de volta para o carro, o Cássio não perdeu tempo em me olhar de cima a baixo e soltar um comentário do jeito dele. — Caramba, Camila, você tá cheirosa e gostosa, hein? — ele disse, rindo. Eu sorri, meio sem jeito, mas agradeci. O Cássio sempre foi assim, direto, mas dessa vez, eu levei na esportiva. — Obrigada, Cássio. Bora, que a gente já tá atrasado. Entrei no carro e, enquanto ele dirigia, começamos a conversar sobre a vida. — Vamos terminar essa noite Juntos? — Cássio perguntou. — Quem sabe — Respondi sorrindo, mas vi que ele tava com os olhos no retrovisor. Cássio, com seus olhos sempre atentos, percebeu antes de mim que estávamos sendo seguidos. A forma como ele apertou o volante, sua postura ficando mais rígida, entregou tudo. Não precisei de uma palavra sequer. Minha mão já estava dentro da bolsa, dedos se fechando ao redor da pistola. Eu a tirei com calma, destravando o mecanismo quase de forma automática. Estava pronta para o que viesse. Foi tudo rápido demais. Várias motos surgiram do nada, tentando interceptar o carro. Os gritos e barulhos de motores dominando tudo. Não tive escolha. Atirei primeiro, tentando acertar qualquer um que estivesse naquela direção. O revide não demorou. O estampido dos disparos ecoava no ar, e tudo parecia em câmera lenta. Acho que era um assalto. — Se abaixa! — gritei para Cássio, enquanto ele parava o carro e mergulhava para baixo do painel. A adrenalina corria pelo meu corpo, e eu sentia cada músculo tenso enquanto revirava no banco, atirando para qualquer lado que os bastardos das motos aparecessem. O cheiro de pólvora já começava a preencher o carro, mas o som dos tiros não me deixava pensar. Eu só queria acabar com aquilo. E então, no meio daquele caos, um carro parou bem ao nosso lado. As motos fugiram imediatamente, como se estivessem esperando por isso. Algo estava errado. Continuei com a arma pronta, mas quando o vidro do carro começou a abaixar, meu coração disparou de outra forma. Era ele. Tártaro.
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