Olho no Olho

1144 Words
Tártaro Narrando Chamei a tropa pelo rádio e dei o papo. A missão era simples, mané: só pra dar um susto no otarïo que tava com a morena. Não faço ideia de quem é, e também nem quero saber. Só queria testar o lance. Eu tava incomodado com essa parada, não sei bem o porquê. Porr@, só vi a mina duas vezes e já tava todo alucinado, maluco, galüdão de um jeito que eu nem conseguia explicar. Era como se um bagulho estivesse cravado na minha mente desde o momento que bati o olho nela. Segui os moleques de longe, mantendo a distância pra ninguém perceber minha presença. Já tinha dado as instruções: só um susto, nada de violência, nem precisava de barulho. Eles sabiam o trampo, já fizeram isso várias vezes antes. Mas, por algum motivo, o desconforto tava ali, martelando minha cabeça. Vai entender, né? Coração é traiçoeiro nessas horas. Tava escuro, só as luzes da rua e a luz fraca dos faróis dos carros cortavam a noite. O bagulho ia ser rápido, sem chance de erro. Mas aí, mano, foi quando a parada mudou de figura. Do nada, do nada mesmo, começou o pipoco. Só ouvi os estampidos dos tiros cortando o silêncio. Fiquei bolado na hora, nem conseguia acreditar. Meus homens nunca erram nesse tipo de missão. Pô, era simples demais pra dar ruïm. Peguei o rádio na mão, desesperado, e já mandei a ideia. "Aí, rapaziada, sem matar ninguém! É pra assustar, porr@!" Só que a resposta que veio do outro lado era diferente. Alguém de dentro do carro tava sentando o dedo, Pensei, caralhø, quem é esse doido? Será que o maluco é cana? Se fosse polícia, os caras já iam tá caindo matando de outro jeito, mas os tiros tavam vindo como se fosse pessoal. Nessa hora eu comecei a juntar os pontos e percebi que alguma coisa não tava batendo. Só que o barato já tava acontecendo, e eu tinha que agir. Fui me aproximando mais, seguindo a rota dos moleques que já tinham metido o pé, fugido pra me esperar mais na frente. Só que antes de eu alcançar eles, emparelhei meu carro com o do outro lado, o tal carro que tava no meio da treta. Bicho, nem acreditei no que vi quando baixei o vidro. Era ela. Caralhø, a morena que eu tava de olho desde o começo da parada. Ela tava com a porr@ de uma arma na mão, apontada direto pra mim, e os olhos dela queimavam de raiva, mas ao mesmo tempo tinha um brilho que eu não sabia decifrar. Sabe quando você sente que a pessoa tá disposta a tudo, mas tem uma coisa a mais ali, algo que você não consegue pegar no ar? Era isso. Abaixei o vidro devagar, com cautela, olhando bem nos olhos dela. E porr@, de perto ela é ainda mais linda. A luz fraca da rua deixava o rosto dela meio sombreado, mas dava pra ver os detalhes, a força nos olhos dela, o jeito como ela segurava a arma com confiança, sem tremer. Ela não é só uma mulher bonita que eu tinha esbarrado os olhos sem querer. Tem algo muito mais profundo ali, algo que eu ainda não conseguia entender, mas que me puxava pra perto. Aí, mano, é føda de explicar. O silêncio entre a gente era pesado, como se o mundo inteiro tivesse parado pra assistir àquela troca de olhares. Eu conseguia ouvir a minha própria respiração e o som do motor do carro rodando baixinho, no embalo. Ela olhou bem nos meus olhos, e por um segundo pareceu que ela tava tentando decidir se ia atirar ou não. — Tu vai atirar em mim, morena? — perguntei, na tranquilidade. Não sabia o que ela ia fazer. Eu não sei nem de onde ela tinha tirado essa coragem toda. E por mais absurdo que pareça, naquele momento, mesmo com uma arma apontada pra minha cara, eu só conseguia pensar em uma coisa: eu preciso saber mais sobre ela. Ela não respondeu de imediato. Segurou o olhar, firme, e abaixou a arma lentamente, mas ainda tava com aquele ar de que não sabia se ia seguir em frente ou se ia meter o pé dali. O clima tava tenso, mano, parecia que qualquer movimento em falso e a situação ia explodir de vez. — Quem é você? — ela perguntou, a voz dela baixa, mas com um tom que mostrava que ela tava acostumada a lidar com situações barra-pesada. — Eu? Sou só mais um nessa vida, igual a tu — respondi, mantendo a calma, mas sentindo o sangue fervendo nas veias. Eu precisava desarmar aquele momento antes que virasse um caos total. — Não somos iguais, eu posso afirmar isso — Ela disse, e o Cüzão que eu até tinha esquecido se levantou e me encarou. O Cara tava de graça, tampando a visão da morena, me encarando com aquele ar de superioridade como se tivesse algum poder sobre a situação. Eu já tava irritado só de olhar pra ele, observando o movimento dele enquanto tentava tirar alguma vantagem. Quando ele botou a mão na ignição, me olhou e soltou, cheio de desdém, Corajoso esse Cüzão. — Vai ficar de papo com bandïdo agora, Camila? — Foi aí que eu entendi que o jogo ia virar de vez. Camila, então, esse é o nome dela. Não sabia antes, mas agora eu sei quem ele tava querendo proteger ou impressionar, e isso só me deu mais motivo pra agir. Nesse mesmo instante, sem nem pensar duas vezes, saquei minha pistola e atirei uma única vez na porta do carro dele. O barulho seco do disparo ecoou no ar, e o Cara se encolheu no banco, o olhar dele, que antes era de arrogância, virou puro medo. Só com um tiro, eu já tinha deixado claro quem mandava ali. Desci do carro devagar, com calma, como se tivesse todo o tempo do mundo. A adrenalina corria no meu sangue, mas minha cabeça tava fria. O Cara, paralisado de medo, mäl respirava. Apontei a arma pra ele e falei baixo, mas firme: — Fica quietinho, parceiro. Se meteu no meu lance sem ser chamado, agora vai ter que aguentar as consequências. Ele não disse nada, só me olhava, ainda tremendo, sem saber se respondia ou se corria. Camila, por outro lado, sacou a arma pra mim, porr@ de mulher, essa marra toda só me deixa mais louco. Abri a porta do carro com tudo, já na pilha, e antes que eu fizesse qualquer coisa, a Morena soltou o grito, apontando a arma pra mim, mandando eu não chegar perto. Só que, mano, eu tava nem aí. Peguei o Cara pela gola da camisa e puxei para fora com brutalidade. O maluco começou a chorar, descontrolado, Como se isso fosse mudar alguma coisa.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD