Sem Joguinhos

1775 Words
-Acorda Bella, vamos fazer nossa caminhada, se não fica tarde, poxa. –minha irmã fala puxando as cobertas. -Desde quando a gente caminha cedo? – questiono puxando ela pra um abraço que gargalha gostoso. Somos apenas minha mãe, irmã e eu. Não lembro do meu pai, que foi embora quando minha irmã nasceu e eu era bem pequena. Por falar nela, Yasmim é minha copia, muito parecida comigo, mas com quatro anos de diferença, ja que tenho 25 e ela acabou de completar 21 aninhos. -Ontem saí com o pessoal da faculdade e extravasei na pizzaria. Preciso pagar o prejuízo. –fala rindo e rio com ela. Como se uma vez de pé na jaca fosse estragar seu esforço de todos os dias. -Como foi na faculdade ontem? –pergunto. -Foi tudo bem. Para de ser super protetora. Vai te deixar velha mais rápido, hein. Fala ainda deitada ao meu lado e dou uma mordida nela. Devagar, claro, e ela rir se esquivando de mim. -E como foi a reunião de ontem com a Evans? Fechou contrato?  -pergunta batendo palminhas em expectativa. -Tive um certo imprevisto, mas no final assinei o contrato. De uma coisa eu tenho certeza: não quero ver o i****a do Evans nem pintado de ouro. Falo relembrando a terrível experiência e a vejo se levantando, começando a pular na cama, gritando igual doida, tamanha felicidade, ignorando minha raiva pelo dono da empresa. -Uhuuuuu!!!! Você vai ficar famosa a nível mundial. Afirma pulando na cama com seus longos cabelos sendo balançado e rindo cai ofegante ao meu lado. -Fica quieta, sua louca, vai acordar a m... –chamo sua atenção, mas sou interrompida por nossa mãe, entrando no quarto. -O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? QUE d***a, EU ESTAVA DORMINDO! Ela grita nos repreendendo, vestida em seu roupão, descabelada e raiva na voz, voltando para o seu quarto sem nos dar tempo de desculpas. -Ela nunca gritou com a gente antes, Bella. -Yayá fala sentida, com os olhos cheio de lagrimas. -Calma, meu amorzinho, ela tem uma consulta na segunda. Tudo vai melhorar! Tento passar calma, mas confesso que também estou assustada, ja que minha mãe é a doçura em pessoa. Ha alguns anos, minha mãe sofreu um atropelamento chegando em casa quando vinha do trabalho e isso deixou sequelas. O acidente a deixou puxando uma perna e com muitas dores. Isso é algo que alem de mexer com sua auto-estima, também a impossibilitou de trabalhar, fazendo com que entrasse numa grande depressão. Ela sempre foi muito independente e agora estamos em outro nível, onde ela depende de mim e da minha irmã em tudo. Difícil! -Essa consulta é pra falar sobre a cirurgia no joelho, não é? E sobre o plano de saúde? –minha irmã pergunta. -Sim, a consulta é pra falarmos da cirurgia. Sobre o plano de saúde, o corretor disse que nenhum plano cobrirá os gastos da cirurgia antes de um ano de uso. Como ela tem um problema pré-existente, precisaríamos esperar pelo termino da carência. -respondo dando os devidos detalhes.  -Como vamos fazer? - pergunta pensativa, visivelmente preocupada, e estamos deitadas uma ao lado da outra olhando para o teto. -Pensei muito nos últimos dias e resolvi começar a pagar o plano de saúde dela, já pensando no futuro. Também decidi que vou pagar toda a cirurgia do meu bolso. Por isso aceitei esse trabalho com as empresas Evans. - Respondo vendo ela se virar espantada para me olhar. -Meu Deus! —Fala chocada com a informação, pois sabe que o valor da cirurgia é alto.— O que precisar de mim, vou estar a disposição. – fala sorrindo, com as lagrimas dando sinal de vida. -Vou precisar muito de você aqui em casa. Esse novo trabalho que aceitei, junto com os videos para o meu canal, vão me consumir demais. Por mais que eu tenha conseguido uns horários flexíveis, ainda sim, vai ser puxado. –falo e me levanto indo por uma roupa de caminhar. -Agora, vamos parar com esse papo triste e vamos caminhar que estou querendo ver uns tanquinhos bem suadinhos. Uui! Deu até um negocinho só de pensar. –falo rindo e ela rir se levantando. -Opaaa!!! Agora você falou minha língua. Vou preparar nosso café. –fala ja vestida para caminhar e sai do quarto. Tomamos nosso café na cozinha, fazendo planos para a semana e combinando ir a noite num barzinho dançante aqui perto. Adoooro! *** -Hmmm... Te amo, Yayá! -Falo vendo um moreno passar por nós, sem camisa, na orla da praia. -Hoje tem tantos gatos, que é só fechar os olhos e escolher, Bella. –ela fala rindo e se vira, começando a caminhar de costas, só pra ver o gato que acabou de passar. -Ali naquele quiosque está cheio de gatinhos, Yayá. Vamos parar pra tomar uma água de coco, que bateu uma baita sede. –falo sorrindo, já puxando ela pro quiosque. -Sei bem a sede que você está. –fala me fazendo rir. Sentamos iguais meninas comportadas e o garçom vem nos atender, ja anotando nosso pedido. - Olhamos discretamente ao redor, por baixo dos nossos óculos de sol e vários deles nos olham. Ponto para nós! -Será que algum deles vai vir até nós? –pergunto baixinho. -Você é f**a, Bella! Sempre espera os gatos aparecerem e quando aparece, os dispensa.  –fala revoltada. -Ué! Sou seletiva meu bem. Não fui achada no lixo não, queridinha. Passo horas cuidando do meu corpo e mente, pra vim um panaca e acabar com tudo? É r**m, hein! –falo e dou um beijo no meu ombro, fazendo ela rir. -Se continuar assim, vai ficar pra titia. Isso sim! -afirma sorrindo. -Vou arrumar um homão com pegada e ainda vou esfregar na sua cara. –digo sorrindo, vendo ao longe um surfista caminhando em nossa direção. -Isso mesmo, esfrega ele na minha cara. –fala rindo e dou um tapinha nela. -Ei meninas, bom dia! Vem sempre aqui? –o surfista gatinho pergunta, mas essa de "vem sempre aqui" é tao velhinha. Sorrio com meu pensamento, vendo a Yayá revirar os olhos, sabendo o que penso sobre cantadas baratas.  -Três vezes por semana, mais ou menos. – Yayá responde toda "dada" pro gatinho. Oo menina fácil! Outros quatro amigos do gatinho foram se aproximando, formando uma pequena roda de papo, que logo fica agradável, mas nada que me chame atenção alem de amizade. Decido dar um bom mergulho no mar, pois hoje vai ser puxado com muitos videos para estocar. -Vamos dar um mergulho antes de irmos embora, Yasmim? –pergunto decidida, ja me levantando, mas quando olho para ela, vejo que se derrete pelo gatinho loiro a sua frente com piadas prontas e nada criativas. A ignoro vendo que mais uma vez não seguiu meus conselhos em não ser tão fácil com os homens e começo a tirar minhas roupas. Estou usando biquini cortininha que valoriza bem o corpo. Com ajuda da academia tenho as curvas em seu devidos lugares, s***s fartos e cabelos longos na cor castanho, chamando a atenção dos homens a minha volta. -Claro! Minha irmã, que se permite sair do transe em que se encontrava, concorda se levantando com sua cara de sapeca e tira a roupa sensualizando para o surfista. Sorrindo com a atitude dela, pego meu celular e tiro uma foto minha, logo postando no ** com a legenda: Bom dia, amores!  Deixamos nossa roupa na mesa em que estávamos e juntas caminhamos lado a lado em direção ao mar, com a água refrescando nosso calor. -Tinha um gato querendo seu numero e você disse que perdeu o celular, mas logo depois o pega pra fazer selfie. Você está doida? –pergunta rindo alto. -Eu até pensei em dar meu numero, mas depois do que ele falou, desisti. "Quando você caiu do céu machucou? Porque você parece um anjo". Ahhh tenha dó né? – falo rindo com voz de bobona e ela gargalha. -É! Essa foi bem ruinzinha mesmo. – concorda rindo junto comigo. *** -Ei amores da minha vida, como vocês estão? –pergunto começando a gravar o primeiro vídeo do dia para o meu canal do Youtube. -Hoje quero dividir com vocês uma experiência. –interajo, enquanto passo base em meu rosto. Meu canal é assim. Falo sobre tudo enquanto me maquio. -Hoje fui caminhar na orla para manter a forma e aproveitei para ver uns tanquinhos delicias, que não sou boba, né?! Quando sentei num quiosque com uma conhecida pra tomar água de côco, uns gatinhos vieram até nós. O que é ótimo, mas os meninos chegaram com uns papos furados, achando que as velhas cantadas como: "Doeu quando caiu do céu? Você parece um anjo!" fosse o suficiente para nos conquistar. Tive que "fugir", não aguentava mais. -Poxa meninas! Eles precisam entender que não somos tão fáceis como eles pensam. Precisamos nos dar o respeito e mostrar para eles que essas cantadas não funcionam mais com a gente. Eles fazem isso porque sempre tem alguma menina aceitando, deixando eles acreditarem que somos fáceis, mas não somos. Somos emponderadas e isso é o suficiente para não cairmos em suas lábias. -digo passando base em meu rosto. -No final das contas, o que espero de um homem é espontaneidade. Que se aproxime como realmente é. Seria bom ouvir coisas como: "Posso me sentar com você? Estava te olhando dali e te achei interessante". Sei lá! Acho isso mais sexy!... ...Agora vou passar essa sombra metálica bafônica da Mac. –falo com o pincel na mão. -Seria mais fácil, não é? Sem jogos, apenas a sedução, que não faz m*l a ninguém.... -Essa sombra que estou marcando o côncavo é da Alice Salazar, minha gente... -Falo para a câmera, discursando sobre a minha teoria, ao mesmo tempo que elaboro a maquiagem. ...então é isso, amores. Se respeitem, mas não exagerarem nos joguinhos. Quando são muito difíceis, a tendência é pularmos para o próximo. -explico dando uma piscadela para a câmera e rio. -Beeeijocas e até o próximo vídeo. Tchau! –me despeço sorrindo e desligo a câmera. -Humm, essa foi pra mim, né!? —Yayá afirma pensativa e eu aumento o meu sorriso. -Que bom que a carapuça serviu. Pensa bem. Se o homem chega com o papo furado, sem nenhum esforço pra te conquistar e vê que cola, a impressão que ele vai ter, é que você já está no papo dele. Não sei você, mas gosto de mostrar que tenho valor e não vou cair em qualquer cantada decorada. Falo enquanto arrumo o meu quarto pro próximo vídeo que vai ser o de recebidos que está recheado de mimos.
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