Narrado por Alyson
O vazio ocupa uma grande espaço
Acordo e vejo os primeiros raios de sol a aparecer lá fora.
Tento me situar a tentar perceber onde estou, até que tudo o que se passou ontem me vem à cabeça.
Suspiro desiludida, com a p**a da minha sorte.
Tenho a certeza que ontem adormeci no chão, por isso não percebo porque estou deitada na cama.
Olho ao meu redor, mas não vejo vestígios dele nem de ninguém.
Levanto-me, pego num vestido e na minha roupa íntima, entro na casa de banho e fecho a porta à chave, não vá alguém ter ideias absurdas.
Tomo um longo banho, estava mesmo a precisar.
Visto-me e saio da casa de banho, vou tão distraída a olhar para os meus pés, que nem o vejo e esbarro com ele.
Olho para ele que me olha sério.
— Bom dia e desculpe, vinha distraída. — me desculpo rapidamente, envergonhada e sem jeito.
— Bom dia Alyson, como passaste a noite? — ele pergunta andando para o closet, estica a mão e tira uma gravata de cor verde.
— Bem, eu acho. — lembro-me que adormeci no chão e acordei na cama e resolvo perguntar — Foi você que me colocou na cama?
Ele vira apenas o seu rosto para mim, enquanto faz o nó da sua gravata.
— Acredito que ias acordar hoje com dores no corpo, o chão não foi feito para dormir, Alyson. — ele volta a olhar para o espelho, finalizando o nó da sua gravata — E outra coisa, deixa de ser tão formal para mim, vamos conviver durante um ano, prefiro que me trates por tu, pode ser?
— Sim, pode. — falo apenas a meia voz.
— Tomas o pequeno almoço comigo? — ele pergunta.
— Claro que sim.
Descemos, e a mesa do pequeno almoço já está pronta, com tudo o que se tem direito.
— Só vamos nós comer? — pergunto me sentando e admirada com tanta fartura para duas pessoas apenas.
— Sim, só nós. — ele diz se sentando também, esticando o guardanapo de linho e bem branquinho no seu colo
Começamos a comer.
— Hum, é verdade, hoje tenho um jantar de negócios e quero que me acompanhes, pede à Soledad para te mostrar o armário dos vestidos para estas ocasiões.
— Está bem.
Não tenho nenhuma vontade de ir para lado nenhum, mas que posso eu fazer? Ele praticamente é o meu dono, comprou-me, tenho que lhe obedecer e também só tenho prazo de um ano.
Que triste vida a minha.
Ele sai, se despedindo com um,até logo e, eu fico ali na mesa sozinha.
Bem, até que podia ser pior, até agora ninguém me tratou m*l, ele ainda não me obrigou a nada e posso andar livremente pela casa.
É, até que não estou m*l.
Estava bem pior na casa daquele arrogante do meu pai.
Levanto-me da cadeira e começo a juntar a louça da mesa.
— Senhorita, o que está a fazer? — Soledad pergunta ao entrar a correr na sala do pequeno almoço.
Eu paro de imediato o que estou a fazer.
— Desculpe, só queria ajudar. — me desculpo de imediato, não quero aborrecer ninguém.
Ela pára perto de mim, coloca as mãos na sua cintura e diz com ar brincalhão.
— Aqui em casa não precisa de fazer nada, temos empregadas que cheguem e que sabem o que tem que fazer, nem eu levanto a mesa. — ela ri, ao dizer isto — Vamos, a Rosita já trata disso, é o trabalho dela, colocar e tirar as mesas das refeições. Agora vamos, acho que temos um vestido para escolher. — pisca-me o olho.
Soledad é uma senhora já perto dos 50 anos, ela me conta que trabalha para a família Macwire há muitos anos e conhece o menino Kevin, como ela o chama, desde sempre, mas não se alonga muito mais.
Eu também não pergunto, percebo que ela está instruída a não contar muito, deve haver um babado qualquer na família.
Mas também não me Interessa, eu não sou nem nunca vou ser da família mesmo.
Estou aqui apenas de passagem.
O quarto onde a Soledad me leva, fica logo a seguir ao meu, bem, não é um quarto propriamente é um enorme closet onde só tem roupas de festa, sapatos, sandálias, bolsas, ali também tem uma casa de banho completa e um espaço com espelho e luzes, com uma mesa e tudo o que uma mulher precisa para se maquilhar e arranjar.
Soledad me mostra que por baixo da mesa tem três gavetas, onde estão as jóias.
Tem colares, gargantilhas, anéis, pulseiras, enfim, um autêntico regalo para quem gosta de jóias.
Só espero que não esteja nada aqui, que tenha sido comprado ao odioso do meu pai.
— Soledad, isto tudo era de quem? — pergunto curiosa.
— Isto foi tudo comprado e entregue ontem à tardinha.
Fico espantada.
— Isto foi tudo comprado para mim?
— Sim Senhorita Alyson, foi o que o menino Kevin disse.
— Mas tudo isto?? Para quê?
— O menino costuma ir a muitos jantares de beneficência, festas de todos os tipos, jantares, possivelmente é por isso. — ela faz uma pausa — Mas isso já a Senhorita sabe não é? É namorada dele.
Ela se vira para os sapatos.
Eu fico com cara de nada, seja lá o que for uma cara de nada!
Namorada??
Mas afinal o que ele contou sobre mim? Sobre nós os dois?
Com os meus pensamentos muito confusos, acabo por escolher um vestido cor de salmão, com uma a******a na minha perna esquerda até um pouco acima do joelho, da cintura para cima todo bordado com brilhantes com um requintado decote à barco.
Uns sapatos da mesma cor do vestido, mas um pouco mais escuros para sobressair, de saltos altos e a bolsa igual aos sapatos.
Soledad me admira com um sorriso no rosto.
— A Senhorita vai ficar ainda mais linda do que já é.
Ela me elogia toda contente.
Eu sorrio para ela.
O resto do dia foi passado sem grandes emoções e assim, a noite chegou rápido.
Ele entra no enorme closet, que apelidei de "Closet do brilho" kkk, é o que ele parece mesmo, é muito maravilhoso e requintado, e pára na porta com o seu olhar fixo em mim.
Pelo reflexo do espelho pergunto.
— Estou bem vestida para a ocasião?
Ele abana ligeiramente a cabeça parecendo sair de um transe.
— Estás linda, Alyson. — ele fala com a voz um pouco rouca.
Aquilo faz estremecer o meu íntimo, o seu olhar e a sua voz.
Mas que p***a se passa comigo?
Tento disfarçar o meu nervosismo, acho que com sucesso, porque ele também me parece nervoso.
Ele entra, escolhe o seu terno, os seus sapatos e todos os seus acessórios.
— Vou te deixar a preparar à vontade, vou para o quarto e preparo-me lá.
E sai, sem dar sequer tempo de eu dizer alguma coisa.