Quando as aulas acabaram eu mandei as garotas irem na frente e caminhei até o fundo da sala parando em frente a mesa de Neji. Ele me olhou assim como seus amigos que logo saíram rindo de alguma coisa. Lee acenou pra mim e eu sorri fraco devolvendo o cumprimento.
— Precisamos conversar. — avisei para o Hyuuga quando o mesmo se levantou pegando sua mochila.
— Já fez minha tarefa? — perguntou não muito interessado.
— Amanhã te entrego, mas a questão aqui não é essa. — comentei dando uma olhada em volta encontrando a sala quase vazia.
Sasuke estava do outro lado da sala não parecendo muito apressado ao guardar suas coisas e Naruto o esperava na porta parecendo impaciente.
— Por que brigou com Sasuke? — cochichei para que o Uchiha não escutasse.
Apesar de achar que ele estava alheio a tudo.
— Acho que isso não é da sua conta. — Neji cochichou de volta entrando na onda.
— Foi por causa da Tenten? — fui direto ao ponto vendo seus olhos se estreitarem.
Ele olhou para o Uchiha do outro lado e depois sorriu. Tinha alguma coisa entre os dois.
— Acho que estou começando a entender o que está acontecendo. Você parece ser esperta Haruno, mas não é lá muito inteligente. — ele continuou rindo da minha cara e foi embora.
Neji era um caso a ser estudado. Era outro que estava me deixando confusa ao não me mostrar realmente o que pensava.
Bufei e sai da sala vendo que Sasuke continuava do mesmo jeito, resolvi não ir importuna-lo, ainda estava irritada com toda sua arrogância na noite passada.
— Ei Sakura. — Naruto me parou quando passei por ele.
— Que?
Ele se aproximou dando uma olhada na sala antes de voltar sua atenção a mim.
— Eu sei que isso não é da minha conta mas, você está tendo algo com o Hyuuga?
O olhei confusa não entendendo, por que ele achava que eu teria alguma coisa com Neji?
— Vamos logo Naruto. — Sasuke passou por nós não tendo a decência de me cumprimentar e muito menos olhar na minha cara.
Isso já estava me dando nos nervos. O que foi que eu fiz pra ele me odiar tanto?
— Depois a gente se fala. — Naruto bufou seguindo o amigo. — Esperai seu i****a.
— Acha que tenho tempo pra suas futilidades?
Futilidades? Ele estava me chamando de fútil? Será que ele só conseguia me ofender?
— Vá a merda seu babaca.
Observei os dois sumirem pelo corredor vazio, meio desanimada. Tudo que eu queria agora era chegar em casa e me jogar no sofá com uma tigela de pudim e assistir um filme i****a.
— Por que demorou tanto? Tô cansada de esperar. — Ino buzinou quando cheguei em frente ao seu carro.
— Não enche Ino. — entrei no carro soltando um suspiro cansado.
— Sua ingrata eu te dou carona e é assim que me trata?
— Eu só quero chegar em casa e abraçar meu gato.
— O que aconteceu?
— Eu só não aguento mais ser desprezada. — sussurrei me arrependendo em seguida.
Ino não precisava saber que eu estava na merda.
— Sakura eu sou sua amiga e mesmo não entendo porque toda essa obsessão por aquele i****a e apoiando suas ideias malucas, eu acho que você deveria parar. — ela disse toda séria.
— Ta me mandando desistir dele?
— Tô mandando você viver sua vida e esquecer que esse garoto existe por um tempo. Ele é um babaca por não ver a garota incrível que você é.
— Eu não posso desistir assim.
— Você fala como se sua vida dependesse de conquistar o Uchiha e ele só te ignora e despreza. Manda esse cara ir se f***r e vai atrás de alguém que te mereça. Você só precisa estralar os dedos que filas de garotos surgirão a sua frente.
— Eu gosto dele Ino.
— Sakura querida, se você parar para conhecer outros garotos com certeza você vai esquecer o Uchiha.
— Eu não sei Ino. — cruzei os braços emburrada.
— Essa não é a Sakura que eu conheço, vai beijar na boca e ser feliz menina e se o Uchiha tiver interesse em você ele que corra atrás.
Fiquei pensativa vendo Ino ligar o rádio, a musica Black magic começou a tocar. Me lembrei de tudo que já fiz para chamar a atenção de Sasuke e só levei patada e seu descaso. Quanto mais e eu tento, mais parece que ele me ignora.
— Quer saber de uma coisa Ino? Você está completamente certa.
(...)
— Vamos no Shopping hoje? — Ino perguntou quando parou em frente a minha casa.
Sai do carro batendo a porta e assenti. Eu precisava mesmo de um banho de loja para alegrar meu dia.
— Passa aqui às... — parei de falar ao ver a mãe de Sasuke sair de sua casa e parar no meio do caminho caindo em seguida. — Dona Mikoto.
Corri em sua direção a vendo desmaiada no gramado. Entrei em desespero tentando manter a calma e fazer alguma coisa.
— Ai meu deus. Ela morreu? — Ino gritou vindo atrás de mim.
Ela não estava ajudando.
— Me ajuda a levar ela pro carro.
— Ta.
Conseguimos leva-la até o carro e eu liguei pro meu pai a caminho do hospital explicando o que tinha acontecido.
Quando chegamos ele já nos esperava com alguns enfermeiros e uma maca.
— Ela vai ficar bem? — perguntei os seguindo.
— Preciso fazer alguns exames, o que exatamente aconteceu?
— Eu não sei, ela simplesmente caiu. — forcei minha voz arrasada a sair.
— Pode ter sido pressão baixa, vai ficar tudo bem.
Assenti parando no meio do hospital o vendo entrar em um corredor com Dona Mikoto e sumir. Olhei a minha volta notando algumas pessoas reclamando a demora de um dos pacientes e outras simplesmente esperavam sentadas nas cadeiras.
— Isso foi assustador. — Ino se aproximou me olhando nervosa.
— Ele disse que ela vai ficar bem.
— Precisamos avisar o Sasuke.
— Eu não tenho o número dele.
— Vou ligar para Karin, talvez ela consiga com o Suigetsu. — Ino avisou pegando o celular e saindo pra fora do hospital.
Me sentei em uma das cadeiras vazias ao lado de uma criança que chorava, e cruzei o braços esperando.
Era tudo o que eu poderia fazer naquele momento.
(...)
— Ela acordou e quer te ver. — meu pai apareceu depois de 10 minutos.
Me levantei apressada e o segui por um corredor até o quarto 85. Ao entrar naquela imensidão branca fitei os cabelos negros da mulher espalhados pela maca. Eles pareciam a única cor viva ali.
— Oi querida. — a voz de Mikoto saiu fraca e um pequeno sorriso desenhou em seus lábios.
— Oi. — sorri fraco vendo o quanto ela estava pálida.
— Venha aqui.
Me aproximei ficando ao seu lado e ela segurou minha mão. Seu toque era tão gentil e reconfortante.
— Seu pai disse que foi você que me trouxe.
— A senhora caiu na minha frente. Minha amiga ajudou a traze-la pra cá.
— Obrigada, agradeça a sua amiga por mim.
— Pode deixar.
— Sabe Sakura, eu estou doente, meu filho não sabe e não quero que isso aconteça por enquanto.
Engoli em seco assentindo. Ela parecia uma mulher tão feliz e sadia. Como poderia está doente?
— Ele só tem a mim e não é muito bom com despedidas, eu não quero ver meu filho abalado do mesmo jeito que ficou quando Fugaku e Itachi foram embora. — ela soltou um suspiro cansado.
— A senhora...— minha voz falhou e um gosto amargo surgiu em minha boca.
Não pode ser verdade, ela está querendo me dizer que vai morrer? É isso?
— Está tudo bem, eu não vou desistir tão fácil assim, mas caso eu não consiga, por favor não deixe meu filho se afundar.
— Dona Mikoto eu...
— Eu sei que ele é difícil, mas se você tentar com jeitinho vai conseguir quebrar aquela casca dura.
Abaixei a cabeça não conseguindo impedir as lágrimas que segurava a muito tempo. Ela não pode está falando sério, Sasuke não pode perder a mãe, isso vai acabar com ele.
— Eu vou fazer tratamento, e seu pai prometeu me ajudar a melhorar.
— Você vai conseguir. — disse certa limpando as lágrimas.
Ela precisava conseguir.
Mikoto sorriu assentindo e a porta foi aberta atrapalhando o momento, me afastei ao ouvir a voz de Sasuke e me virei para janela tentando me recompor, ele não poderia me ver naquele estado.
— Mãe o que aconteceu?
— Foi só uma queda de pressão querido, está tudo bem.
— Uma queda de pressão? Você quase me matou de susto. — a voz de Sasuke estava alterada.
— Por que está suado e ofegando? Respira ou vai ter um ataque.
Me virei para eles vendo Sasuke ao lado da mãe analisando ela toda. Ele realmente estava ofegante e todo suado.
— Eu estava treinando com Naruto e vim correndo quando recebi a ligação.
— Você veio correndo até aqui? Cadê seu carro? — entrei no meio da conversa atraindo o olhar do Uchiha em mim.
— Não me lembrei na hora. — ele fez uma careta provavelmente se dando conta do quão burro foi por ter corrido uns 2 quilômetros.
Mikoto riu o chamando de i****a e Sasuke se sentou ao seu lado falando que ela ainda o mataria.
— Eu tô bem, Sakura apareceu na hora e me trouxe pra cá.
Senti o olhar do Uchiha em mim e caminhei para a porta.
— Eu vou comer alguma coisa, descanse Dona Mikoto.
— Obrigada querida.
Voltei para a recepção encontrando Ino sentada batendo o pé inquieta. Ela deveria está nervosa por notícias.
— Ela está bem, pode ir Ino eu vou ficar mais um pouco.
— Tem certeza? Sasuke passou por aqui correndo, ele falou alguma besteira pra você?
— Não, está tudo bem.
Na verdade nada estava bem, Sasuke me odeia e sua mãe está em leito de morte me fazendo prometer que não falarei nada para o Uchiha.
— Ta bom, se cuida amiga, qualquer coisa liga. — ela me deu um beijo no rosto e eu assenti a vendo sair do hospital.
Fui para a lanchonete que tinha no hospital e peguei um sanduíche com um suco de uva me sentando em uma mesa vazia próxima a janela.
Estava morrendo de fome e já era hora do almoço. Comia distraída batucando os dedos na mesa quando a cadeira a minha frente foi arrastada atraindo minha atenção.
— Obrigado. — Sasuke se sentou a minha frente me encarando.
Me engasguei com o suco não acreditando no que tinha ouvido.
— Não precisa me agradecer, eu nunca a deixaria desmaiada no meio do quintal.
Ele assentiu cruzando as mãos em frente ao rosto e ficou em silêncio, voltei a comer esperando seu próximo passo.
— Ela disse que está tudo bem mas eu sei que tem algo a mais, não sou i****a, ela falou alguma coisa pra você?
— Por que acha isso? — tentei parecer desinteressada.
— Por que estava chorando? — ele devolveu com outra pergunta.
— Eu não estava.
— Sua cara ta inchada e parece que você andou fumando maconha de tão vermelho que estão seus olhos.
Abri a boca sem fala, eu não podia contar a ele, era um pedido de Mikoto.
— Pois é né, eu andei fumando antes de vir pra cá. — sorri vendo ele continuar serio.
Parece que não colou.
— Fala o que você sabe. — mandou.
Mas que cara insistente, estou me sentindo em um interrogatório no FBI.
— É normal as pessoas chorarem Sasuke, garotas vivem chorando por ai. — disse exaltada com toda aquelas perguntas.
Se ele continuasse com isso eu iria acabar falando o que não devia.
— Você não chora atoa. — retrucou impaciente.
Isso era verdade, mas como ele poderia saber disso? Não sabia nada sobre mim e ainda me achava mimada e irritante.
— Como pode saber disso? Eu não sou uma patricinha fútil e mimada? Pois é isso que elas fazem, choram quando as coisas não saem como elas querem. — me levantei irritada.
— Você está fugindo do assunto.
— E por que ainda está aqui? não fique aqui suportando minha presença já que eu sou irritante pra você não é?
Eu não sei o que estava acontecendo comigo, mas tudo aquilo estava mexendo com minha cabeça.
— Sakura minha mãe está em uma cama de hospital, e eu sei que você sabe de alguma coisa. Será que você pode por um momento parar de ser egoísta e me dizer o que está acontecendo? — ele também se levantou e eu o fitei incrédula.
— Egoísta? Eu sou a egoísta aqui? Seu...seu... — completamente fora de mim peguei o resto do meu suco e joguei na cara dele. — i*****l.
Sasuke fechou os olhos crispando os lábios e eu voltei a mim querendo desaparecer da face da terra.
Que merda que eu fiz?
— Lencinho? — ofereci um guardanapo o vendo me matar com o olhar.
Acho que eu já posso fazer as malas e me mudar para Timbuktu.