CAPÍTULO QUATRO

753 Words
CAPÍTULO QUATRO Kyle assistia admirado ao alargamento da fissura na terra, com milhares de trolls a cair para a sua morte, agitando-se, na direção das profundezas da terra. Alva estava por perto, de bastão erguido de onde brilhavam intensos raios de luz, tão intensos que Kyle tinha de proteger os olhos. Ele estava a destruir o exército de trolls, sozinho, protegendo o norte. Kyle tinha lutado com tudo o que tinha, assim como Kolva a seu lado. Como tinham acabado com dezenas de trolls em ferozes combates corpo-a-corpo antes de cair feridos, os seus recursos eram limitados. Alva era a única coisa que impedia os trolls de invadir Escalon. Os trolls logo perceberam que a fissura estava a matá-los e pararam do outro lado, a cinquenta pés de distância, percebendo que não podiam mais avançar. Olharam para Alva, Kolva, Kyle, Dierdre e Marco, com uma olhar de frustração. A fissura continuava a alastrar na direção deles e eles voltaram-se e, em pânico, fugiram. Pouco depois, o grande estrondo afastou-se e tudo ficou em silêncio. A maré de trolls tinha parado. Estavam a fugir de volta para Marda? Reagrupando-se para invadir outro lugar? Kyle não conseguia ter a certeza. Quando tudo se acalmou, Kyle permaneceu ali, na agonia causada pelos seus ferimentos. Ele observou Alva a baixar lentamente o seu bastão e a luz a escurecer ao redor dele. Alva, em seguida, virou-se para ele, estendeu a palma da sua mão e colocou-a na testa de Kyle. Este sentiu uma onda de luz a entrar no seu corpo, sentindo-se a aquecer, a ficar mais leve e, em pouco tempo, sentiu-se completamente curado. Sentou-se, em choque, sentindo-se novamente ele - e transbordando de gratidão. Alva ajoelhou-se ao lado de Kolva, colocou a mão no estômago e curou-o também. Pouco depois, Kolva levantou-se, claramente surpreendido por estar recuperado, com um brilho nos seus olhos. Dierdre e Marco foram os próximos e, quando Alva colocou as suas mãos neles, eles também ficaram curados. Ele aproximou o seu bastão e tocou em Leo e Andor, também. Eles levantaram-se, todos curados pelo poder mágico de Alva antes que os seus ferimentos acabassem de vez com eles. Kyle ficou ali, espantado, testemunhando em primeira mão o poder deste ser mágico sobre quem ele só tinha ouvido rumores durante a maior parte da sua vida. Ele sabia que estava na presença de um verdadeiro mestre. Ele também sentia que era uma presença fugaz; um mestre que não podia ficar. "Conseguiste", disse Kyle, cheio de admiração e gratidão. "Impediste toda a nação de trolls." Alva abanou a cabeça. "Eu não impedi", respondeu ele, deliberadamente, com uma voz cautelosa, antiga. "Eu apenas os abrandei. Uma grande e terrível destruição ainda vem a caminho." "Mas como?", insistiu Kyle. "A fissura - eles nunca poderiam atravessá-la. Tu mataste tantos milhares deles. Não estamos seguros?" Alva abanou a cabeça tristemente. "Tu ainda nem começaste a ver a ponta desta nação. Muitos mais milhões vão ainda avançar. A grande batalha começou. A batalha que vai decidir o destino de Escalon." Alva atravessou os escombros da Torre de Ur, escolhendo o seu caminho com o seu bastão. Kyle estudava-o, perplexo, como sempre, por aquele enigma. Ele finalmente virou-se para Dierdre e Marco. "Vocês anseiam voltar para Ur, não é?", perguntou-lhes. Dierdre e Marco acenaram de volta, com um olhar esperançado. "Ide", ele ordenou. Eles olharam para ele, claramente perplexos. "Mas não resta nada lá", disse ela. "A cidade foi destruída. Inundada. Os Pandesianos governam-na agora." "Voltar lá seria voltar para as nossas mortes", Marco entrou na conversa. "Por agora," Alva respondeu. "Mas tu vais lá fazer falta em breve, quando a grande batalha chegar." Dierdre e Marco, não necessitando de estímulo, viraram-se, montaram Andor juntos e galoparam para longe, para sul em direção à floresta, de volta para a cidade de Ur. Leo ficou para trás, ao lado de Kyle e este acariciou-lhe a cabeça. "Tu pensas em mim e em Kyra, não é rapaz?", perguntou Kyle a Leo. Leo ganiu-lhe carinhosamente. Kyle poderia dizer que ele ficaria a seu lado, protegendo-o como se ele fosse Kyra. Ele sentia nele um grande parceiro de luta. Kyle olhou para Alva, questionando, quando este se virou e olhou para a floresta ao norte. "E nós, meu senhor?", perguntou Kyle. "Onde é que fazemos falta?" "Exatamente aqui", disse Alva. Kyle olhou para o horizonte, juntando-se a ele ao olhar para norte em direção a Marda. "Eles estão a chegar", acrescentou Alva. "E nós os três somos a última e derradeira esperança."
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