SERENA
Passaram-se dois dias desde que eu saí tarde da noite de Grosseto daquela forma, e eu já precisava voltar.
A intenção era pegar a minha moto o mais rápido possível, e voltar para Roma.
Primeiro eu fui até a agência de aluguel de carros no aeroporto e devolvi o carro deles, em seguida, peguei um táxi e parei de frente a oficina mecânica onde estava sendo feito o conserto da minha moto.
O mecânico estava mexendo no celular, e ao olhar na minha direção colocou o aparelho no bolso.
— Olá! Minha moto ficou pronta? — perguntei.
— Estou apenas finalizando os últimos reparos.
— Quanto tempo?
— Poucos minutos.
Como ele falou que demoraria poucos minutos, achei por bem esperar lá mesmo, eu não queria correr o risco de encontrar o Marco.
Em menos de cinco minutos, escutei um barulho inconfundível, e na mesma hora olhei para a cara do mecânico.
Era muita coincidência o Marco chegar com a sua moto na oficina bem na hora que eu estava lá. Só que não.
O babaca do mecânico fez cara de paisagem.
— O que está fazendo aqui, Marco? — perguntei vendo ele descer da sua moto.
— Minha moto começou a fazer um barulho estranho, então eu trouxe para o Davide dar uma olhada — ele falou conseguindo enganar um total de zero pessoas.
— O barulho da sua moto está normal — o fitei.
— Parece que voltou ao normal — ele olhou para a moto se fazendo de desentendido.
— Quer um palco? Vai continuar insistindo nesse teatro? — revirei os olhos.
— Tudo bem, Serena! Eu não sabia onde você morava e não tinha o seu número de celular, então pedi ao Davide para me avisar quando você chegasse, eu confesso.
— Para que?
— Vamos almoçar comigo? — o Marco sugeriu. — Eu estou fazendo uma massa, só falta finalizar.
"Merd@, a barriga chegou a roncar. Tinha que tentar me comprar logo com comida?"
[...]
MARCO
O que aconteceu comigo e com a Serena ficou martelando na minha cabeça desde o dia que aconteceu e que ela foi embora daquela forma abrupta.
Eu pensei em ligar para o Angelo e pedir o contato dela, mas desisti. Não queria enfrentar o interrogatório dele.
Pensei em ligar para a Aurora, mas ela passava o dia na universidade, estava envolvida na construção do centro de acolhimento que ela está fundando, e ainda está nos preparativos finais do casamento deles. Sem falar que quando ela não está na universidade, ela está com o Angelo.
No início da semana, quando vim buscar a minha moto, vi a moto da Serena e me lembrei que ela viria buscá-la. Como eu e o Davide somos amigos de longas datas, eu pedi para ele me avisar quando ela chegasse.
— E aí? Vamos? — insisti mais uma vez, e insistiria quantas vezes você preciso até ela aceitar.
— Vamos! Só por que eu estou com fome — ela aceitou, e eu não pude evitar um sorriso largo surgindo no meu rosto.
Nós colocamos o capacete e subimos na moto. Em poucos minutos estávamos na frente do bar.
Ela já ia entrando quando eu a interrompi.
— Por aí não — ela parou. — Vamos para a minha casa.
Ela voltou alguns passos, e seguimos pela lateral do meu bar.
— Nossa? Pensei que era um puxadinho, um quartinho... Não imaginei que era uma casa tão equipada.
— Eu gosto de casa pequena e confortável.
Na verdade, nos fundos do meu bar eu tenho um pequeno chalé.
O meu quarto é no mezanino, e o chalé é bem pequeno, mas com todo o conforto que eu preciso.
Tem um piso falso que leva para um porão que ninguém tem conhecimento, e lá eu guardo todas as minhas armas e tudo mais que eu preciso para o meu trabalho como agente secreto.
***
Depois de dar alguns passos para o interior do meu chalé, a Serena viu a mesa que eu havia preparado para ela.
— Você já sabia que eu viria? — ela me fitou com uma sobrancelha arqueada.
— Na verdade eu achei que você não viria, mas como existia uma chance mesmo que minima de você vir, eu quis preparar algo especial.
— A mesa está linda — ela falou, mas ainda estava com um semblante serio.
— Vou finalizar o molho e nós poderíamos comer, tudo bem? — falei e ela assentiu se encostando na ilha da cozinha. — Quer uma taça de vinho?
— Valeu, mas eu voltarei para Roma pilotando.
— Sobre isso — dei uma pausa. — Por que não dorme aqui essa noite?
— Por que eu dormiria aqui? — bem assim, curta e grossa. — Aliás, sobre o que você quer conversar?
Já que ela foi tão direta, achei por bem ser direto também.
— Sobre nós — respondi.
A Serena não falou nada, apenas me encarou.
Eu me aproximei dela e nós ficamos com nossos rostos bem próximos.
— Aquilo não deveria ter acontecido, e não vai mais acontecer — ela falou, mas não me encarava.
— Fala novamente, só que dessa vez olhando nos meus olhos — eu levantei levemente o queixo dela, e aproximei propositalmente ainda mais o meu rosto, para que ela pudesse me olhar nos olhos.
Ela parecia que iria falar algo, mas ao invés disso mordeu a lateral do seu lábio inferior.
Eu, que já estava cedendo por beijá-la novamente, não resisti e invadi a sua boca.
Ela não tentou me impedir, ao invés disso, passou os seus braços por cima do meu ombro e puxou o meu cabelo por trás da nuca, fazendo com que o beijo se encaixasse de uma forma ainda melhor.
"Que boca deliciosa, quente... Que lábios tão macios... Eu ficaria por horas a beijando.
Eu a ergui, a colocando sentada na ilha. Ela involuntariamente abriu suas pernas para que eu me encaixasse melhor e pudesse passar meus braços pela sua cintura.
Estávamos tão entregues aquilo tudo, que precisamos parar para recuperar o fôlego.
Eu tirei a Serena da ilha, segurei as suas pernas voltando a beijá-la, e ela cravou as pernas no meu quadril.
— Você falou que estava com fome — provoquei com um sorriso.
— Passou — ela disse intensificando ainda mais o nosso beijo.