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Efeito Borboleta VOL 1

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Blurb

Sempre fui daqueles que acreditavam no livro do destino e que quando nossa vida está escrita da forma errada por nós mesmos, cabe a nós mesmos consertamos a tempo. Sempre acreditei que mesmo que perdêssemos a pessoa amada, se fosse pra ser, o destino se encarrega de trazê-la de volta, porque o que é seu, sempre volta.

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Esperança. Ah, doce e venenosa esperança... sempre me disseram que esperança era algo perigoso quando imposto em grande quantidade. Acho que eu estava me afogando em minhas próprias esperanças cada vez que via o tempo passar, mas ao mesmo tempo parecia que tudo ao meu redor estava congelado. Não queria acreditar que você não viria. Não queria acreditar que você conseguiu esquecer os nossos anos juntos e, se esqueceu, como nem ao menos veio dar um último adeus? Era isso que mais doía em mim no momento. Saber que irei partir sem um adeus... eu precisava tentar engolir todas as minhas lágrimas e ter coragem de embarcar. A última chamada do voo com destino a San Diego foi anunciada e encarei meus familiares com semblantes de pena. Me dei conta de que estava esperando por algo impossível... você não vai vir. Engoli o choro e me despedi de todas as pessoas que estavam ali por mim. Sabia que você pensava que estávamos seguindo caminhos diferentes e talvez realmente estamos, mas isso é apenas um detalhe insignificante, certo? Não, não está certo. Amor pode ser a base, mas não é o suficiente para manter um relacionamento. Lembro que nós nos desentendíamos tanto e os motivos? Eu nem lembro mais. Só consigo lembrar que conseguíamos nos amar e nos odiar várias vezes em apenas um dia. Só consigo lembrar que seus braços sempre serão o meu lar. Foi como um choque de realidade ouvir a última chamada do meu voo. Porém, as lembranças e os sentimentos se misturaram e me atingiram em cheio.  - Ei, você precisa ir. - uma voz doce soou atrás de mim, mas nem consegui prestar atenção em quem era. Talvez minha mãe. Eu não lembrava mais como eu era antes de nós, mas eu precisava descobrir. Precisava seguir em frente e focar no meu futuro, assim como você está fazendo. Quero dizer, foi por isso que você me deixou ir, não foi? Você me deixou ir para me libertar, para libertar a si mesmo e focar em seu próprio futuro. Ao entrar na área de embarque, olhei para trás mais uma vez antes de transformar a sua imagem, Leonardo, em fumaça e focar em apenas uma coisa: era apenas eu e eu agora. Esse meu coração teimoso precisa aprender a reencontrar o amor próprio. Preciso de um encontro comigo mesma e descobrir coisas sobre mim mesma que antes passavam despercebidas. Como as coisas que você sempre me dizia... Descobrir que meu sorriso é mesmo o mais lindo que você já viu, que as minhas piadas são realmente muito ruins, que eu não sou tão simpática e paciente assim, que o meu senso de humor é o melhor. Que meu gosto musical é meio bizarro, que meu abraço é o melhor do mundo e que sei me importar com tudo e todos como ninguém. Lembrei de quando você me dizia o quanto eu era incrível e que eu merecia o mundo inteiro. Eu realmente mereço e é por isso que não posso deixar meu mundo desmoronar por sua causa. Então, eu te desejo tudo de incrível que esse mundo possa te oferecer, Leo. Te desejo abraços, sorrisos, piadas, cafuné em um sábado a noite, abraços de moletom no inverno, mensagens de boa dia, beijos de boa noite e risadas que fazem doer a barriga. Seja feliz. Mantenha sua coragem, sua ousadia de viver, sua perseverança e evolua, Leo, mas não mude completamente. Seja sempre aquele homem íntegro, incrível e autêntico que sempre foi. Não pense que nós não demos certo... nós demos certo, sim, e por muito tempo. Talvez a gente se reencontre algum dia com a vida formada, a mente madura e o coração mais leve. Nosso coração nunca foi leve. Sempre foi intenso, avassalador e sempre transbordava. Nosso amor transbordava, Leo, e sei que ninguém nunca vai te amar do jeito que eu amo. Talvez daqui alguns anos nós podemos nos conhecer novamente, mas por hoje, para curar corações partidos, é melhor que cada um embarque em sua própria vida.    03 de Fevereiro, 2015. Queria saber desde quando me tornei uma pessoa tão antissocial a ponto da minha mãe vir conversar comigo a respeito. Tive vontade de rir quando ela perguntou se eu gostaria de marcar um horário com "a melhor psicóloga da cidade". Desde quando me recusar a ir em festas, passar o final de semana assistindo Netflix e dizer não a um amigo eram sinais tão sérios a ponto da minha mãe querer que eu vá na psicóloga? Isso até chegava a ser cômico quando eu parava pra pensar. Por que todos os adolescentes precisam sair todo final de semana e ficarem totalmente bêbados? Eu era mais caseira, mas isso não diminuía minha diversão de ir a festas - por mais que agora eu tenha parado. Amava música, amava dançar, mas me tirava do sério quando eu dizia "Obrigada, mas eu não bebo" e as pessoas me olhavam como se eu fosse um ET. Talvez era por isso que as festas perderam a graça pra mim. Agora a diversão não era mais dançar até os pés doerem ou rir com os seus amigos, e sim ter amnésia por tanto álcool no sangue. Era ainda pior quando eu precisava ficar de olho se nenhum dos meus amigos estavam desmaiando ou se nenhum bêbado nojento vinha dar em cima de mim. Me senti um peixe fora d'água na última festa que fui e foi como um choque de realidade. Eu não pertencia mais àquele mundo e isso me fazia questionar: então à qual mundo eu pertencia? - Você não está ouvindo o seu celular tocando, Mari? - Gustavo, meu irmão mais velho, entrou no meu quarto. - Ou você é surda ou quer deixar a Luíza irritada. - Por que acha que é a Luíza? - indaguei. - É um garoto que não para de me ligar e... - como imaginei, meu irmão atendeu por mim. - Olha aqui, se você não parar de ligar para minha namorada, eu vou descobrir seu endereço e você vai acordar dentro de uma caixa. o****o! - e desligou, me fazendo cair na gargalhada. - Obrigada! Você me fez um favor enorme! - falei rindo. Gustavo e eu sempre fomos muito próximos e pensei que quando ele fosse para faculdade nós íamos nos afastar de uma forma absurda, mas foi tudo ao contrário. Nós nos aproximamos ainda mais - talvez por causa da saudade - mesmo com os seis anos de diferença de idade. Ele era a pessoa que eu mais me sentia confortável de estar perto quando tudo estava na pior ou quando tudo estava incrível. - Está preparada para voltar ao colégio? - Gustavo perguntou e eu fiz um barulho com a boca que respondeu sua pergunta: eu não estava nada preparada. Primeiro colegial... eu estava um pouco mais nervosa do que estaria se fosse qualquer ano do fundamental. Eu estudava na mesma escola desde que me entendo por gente, mas não fazia ideia do que me esperava para esse primeiro ano. Precisava parar de pensar nisso que começasse a fantasiar mil e uma formas de ser morta no colégio. - Na verdade, não. Eu quero férias! E minha viagem de formatura de volta. Eu estava em uma triste depressão pós minha viagem de formatura do nono ano. Conheci tantas pessoas incríveis e eu ficava com o coração apertado de saber que talvez nunca veria nenhum dos amigos que fiz naqueles dias. - Qual colégio marca a volta às aulas para dia 04 de fevereiro, em uma quinta feira?! Por que não começam segunda de uma vez? - perguntei enquanto arrumava o meu material. Hoje era dia 03, ou seja, amanhã seria "Olá, ensino médio!". - Mari, para de ficar prolongando nossa conversa. - Gustavo se aproximou e eu respirei fundo. - Você sabe que daqui um tempo eu não vou mais estar aqui... Meu coração se apertava ao lembrar que meu irmão vai fazer intercâmbio para a França daqui dois meses e parecia que seria o fim do mundo só de me imaginar anos longe dele. Ele faz faculdade de Engenharia Mecânica na USP e conseguiu um intercâmbio de duplo diploma... ou seja, ele voltará da França formado. Mas mesmo que eu queira o melhor pra ele, eu não queria que ele fosse para ficar perto de mim sempre! Meu irmão era tudo pra mim, era o meu porto-seguro e só de imaginar que ficarei anos sem sentir o seu abraço me dava uma vontade absurda de chorar. - Eu não quero falar sobre isso agora. - falei enquanto colocava meu caderno dentro da mochila.  - Ok, então. Mas não tem como você evitar nada disso. - disse me olhando por cima do ombro e eu sentei na cama quando ele me deixou sozinha. Talvez eu também tenha um pouco de ciúmes porque eu era egoísta o suficiente para querê-lo apenas perto de mim. Não tenho orgulho disso, não mesmo, mas era inevitável. Antes mesmo dele conhecer as pessoas que farão parte de seu intercâmbio, tenho ciúmes porque vão conhecer e conviver com a pessoa maravilhosa e incrível que o Victor é. Talvez também tenha um pouco de inveja porque meu sonho desde os meus sete anos de idade sempre foi me mudar do Brasil. Acho que todos os adolescentes dessa face da Terra no meio de uma crise existencial já quis - ou pensou - em deixar o Brasil por um país desenvolvido. - Mari, a Luíza acabou de chegar aqui. - Maria Clara, minha prima mais nova, disse entrando meu quarto. A Clarinha mora do outro lado da cidade e vive na minha casa durante as férias esperando que eu deixe ela brincar com as minhas coisas, mas eu era meio ciumenta até com meus brinquedos que nem uso mais. - Você não precisa nem anunciar, não é, Clarinha? Até parece que eu não sei o caminho. - a Luíza entrou, enchendo o quarto com o bom humor invejável que ela tinha. - Oi, Lu! Que saudade! - falei indo até ela, e a abracei. Não nos víamos desde que voltamos da viagem de formatura. - Nem fale! Já estava sentido da sua cantoria no nosso quarto do Adventure! - ela me abraçou mais forte e eu ri com o que ela disse. - E o gato do Felipe? Já te ligou? Ou mandou mensagem? - ela perguntou sentando na minha cama. - Você sabe que não. Felipe foi um garoto que fiquei durante todos os dias da minha viagem de formatura. Ele era sobrinho de um dos monitores, por isso tinha alguns privilégios. Além de ele não ser formando do nono ano, ainda podia fazer coisas que nós não podíamos. Ele já foi várias vezes e sempre deve encontrar uma garota nova para passar o tempo, deveria ser algo comum em sua vida. - Como assim? Ele mesmo disse que nunca tinha ficado com uma garota na viagem. - Luíza disse mexendo no meu celular, certamente vendo as fotos do Réveillon. - Foi uma paixãozinha de quatro dias, Lu. Já passou. - Aham. Finjo que acredito. - disse. - Mas que ele é lindo demais, ele é hein... - ela disse, certamente vendo minhas fotos com ele. - Ô, se é! - ri. - Mas então, você está ansiosa para o primeiro dia de aula? - Não mesmo. - disse revirando os olhos. - Por isso vim aqui. Vamos dar uma volta? Eu não gostava nem de morar no Brasil, quem dirá no interior. Moro em uma cidadezinha no interior de São Paulo que tem um pouco menos de sessenta mil habitantes. Não era totalmente pequena como algumas dos arredores, mas para mim... isso era muito pequeno! Eu tinha o mundo inteiro para conhecer e m*l conhecia o mundo fora dessa cidade que meus pais tanto amam. Tudo nessa cidade me tirava do sério... desde os estabelecimentos até as pessoas. - Vamos? - Luíza disse quando terminei de me arrumar. - Aposto que a cidade toda está pensando em fazer o mesmo que nós. - É, porque a coisa mais difícil do mundo é encontrar alguém conhecido no Centro, né? - falei irônica e a Luíza riu. Isso sempre acontecia. Fomos andando mesmo e durante o caminho encontramos duas amigas que estudavam em escolas diferentes da nossa. Elas foram para o mesmo lugar que nós na viagem de formatura e mesmo que não fossemos tão próximas, tínhamos vários assuntos para colocar em dia e marcarmos para sair amanhã. Gisele e Carla disseram que a aula na escola delas começariam apenas semana que vem... bem que eu queria mais uma semana de férias. - Nos vemos amanhã, então. - Luíza disse. - Amanhã! - Gisele sorriu e Luíza e eu continuamos indo em direção ao Centro. No caminho ficamos conversando sobre vários assuntos e, para variar, eu esbarrei em alguém assim que dobramos a esquina da rua principal. Logo ouvi duas risadas muito familiares: Guilherme e Rafael. - Desculpa, eu estava distraído. - o amigo deles disse me olhando. Engoli em seco quando vi quem era. Eu o conhecia muito bem e sentir suas mãos na minha cintura desse jeito me fez ficar quente. Como era possível sentir um tipo de paixão por alguém inconstante? O conheci no ano passado e apesar de termos demonstrado interesse na primeira vez que nos vimos, não aconteceu nada além disso por um simples motivo: ele era cafajeste. Todas as frequentes trocas de olhares nas festas... ah, me iludia tanto. E o pior era que ele tinha uma "namorada", mas pra ele - um conquistador barato - namoro nem significa nada. Não sei como consegui ficar desse jeito por causa dele. - Quando você voltou da Ilha, Mari? - Guilherme perguntou, me acordando dos devaneios. - Semana passada. - respondi. - E vocês vão para o colégio amanhã? - Não estava afim, mas Dona Lilian vai me obrigar. - Rafa disse. Sentia saudades da mãe do Rafinha. - Ah, sim... - eu disse. Por que o clima estava tão estranho? - Nós vamos tomar açaí. Vocês estão afim? - Luíza perguntou. Eu estava com uma sensação tão estranha dentro do peito, misturado a um calafrio que não era normal. Ainda estávamos no verão, certo? - Na verdade, o Castanhari vai ter que ir embora e o Gui também. Mas eu estou de boa. - Rafa disse. Guilherme e Rafael são da minha sala desde a sétima série e são tipo muito amigos do Castanhari, que é um ano mais velho. Todos o chamam pelo sobrenome e eu nunca entendi o motivo. Leonardo é muito mais bonito do que apenas Castanhari. - Então vem com a gente, Rafa. - sugeri. - Beleza. Tchau pra vocês. - ele e os meninos bateram as mãos. - Tchau. - dei um beijo na bochecha do Gui e depois na do Leonardo, que fez um friozinho na barriga - bem chato - aparecer. A Luíza fez o mesmo, então nós três seguimos para a lanchonete onde tinha o melhor açaí da cidade. - Rafa, o Castanhari ainda está namorando? - fiquei morrendo de medo que a Luíza também estivesse interessada nele. - Não. Eles terminaram faz umas três semanas se não me engano. - disse. - Por que o interesse, Luíza? - o Rafa leu meus pensamentos. - Foi apenas uma curiosidade! E eu percebi que ele ficou olhando para minha querida amiga, vulgo Mariana, daquele jeito cafajeste que só ele tem. - é, era esse olhar que me dava raiva. Mas aí me toquei do que ela disse. - Que?! Sai fora, Luíza! - Aham. - ela disse rindo. - Você não precisa mentir pra mim! Sei que você sempre teve uma queda por ele! Acha que nunca percebi os olhares que vocês sempre trocam nas festas? - Não tem nada a ver! Além de que se ele tivesse afim, ele chegaria em mim! É um galinha, por que não chegaria na garota que está afim? - Aí amiga... acho melhor você cair fora enquanto há tempo! - às vezes a Luíza viaja tanto que me dá raiva. - E Rafael, se você abrir a boca para o Castanhari sobre a nova quedinha da Mariana, eu acabo com você. - Não tem quedinha, Luíza! Para com isso! Ás vezes é você quem fica paranoica. - falei. - Nunca me envolveria com um conquistador barato. - Sei... - Luíza cantarolou. O assunto m*l começou, e eu já estava ficando irritada. Bom, pelo menos ele não estudava no meu colégio e isso seria muito mais fácil pra eu esquecer minha quedinha ridícula por ele. Precisava me desfazer de antigos hábitos e pensar tanto no Leonardo era um deles. *** Eu realmente não estava preparada psicologicamente para o primeiro dia de aula depois de tantas semanas de folga e tendo momentos inesquecíveis. Me senti perdida ao passar pelos portões do colégio. Deveria me sentir confiante por estudar na mesma escola desde os meus sete anos, mas muitas coisas mudaram e a última coisa que eu me sinto é confortável. Como seria entrar na sala e não conversar com as pessoas que costumavam ser meus melhores amigos ano passado? Não queria olhar novamente para o rosto de todos de quem decorei cada traço de tanto tempo que convivo com elas! Eu estava em um ponto bem crítico de cansar até mesmo das roupas que eu usava porque queria mudar e tentar me achar no meio desse mar de gente. Mas por que eu me tornaria outra pessoa se for pra continuar no mesmo lugar e rodeada das mesmas pessoas vazias e sem valores? Me enojava lembrar da confusão do ano passado que me fez restar apenas a Luíza de amiga. De amiga real, né? Porque "amigos" todos tem. - Bom dia, flor do dia. - Luíza disse quando entrei na sala e tentei encontrar uma carteira vazia para eu me sentar. Eu cheguei atrasada - como sempre em minha vida toda - e a situação estava muito engraçado. Luíza estava com a perna em cima de uma carteira e segurando outra com a mão para guardar pra mim. Ano passado sentamos bem longe uma da outra. - É o único lugar que restou. - ela disse quando viu minha expressão de desgosto ao ver que era a última carteira da segunda fileira perto da porta. - Tudo bem. Fazer o que? A culpa foi minha com esse atraso constante. - revirei os olhos e deixei a mochila em cima da carteira. - Cadê os alunos novos e gatos? - Luíza disse dando uma olhada geral na sala. - Amiga, essa sala não tem mais salvação, entende? O que nos resta é dar uma volta pela escola. - falei. - Para ver se pelo menos tem um gatinho no segundo colegial. Ou talvez no terceiro. - Eu já perdi a esperança do colégio. - Luíza disse enquanto mexia nas unhas. - Estamos esperando pessoas legais e bonitas faz anos e nunca entra ninguém, credo! - Nós temos que pensar em um tema para o próximo vídeo! - mudei de assunto e a Luíza assentiu. A Luíza e eu temos um canal no YouTube há um ano onde falamos sobre tudo. Polêmicas, celebridades, cinema, música, séries, expomos nossas opiniões sobre assuntos mais sérios e cresceu tão rápido que eu fiquei impressionada! Na verdade, nós estamos em muitos grupos no w******p e no f*******: relacionado aos nossos ídolos, e assim que começamos a postar, o pessoal nos deu total apoio e sempre acompanham. Agora tinha sessenta mil inscritos e nós estamos rumo aos cem mil. E isso é muita coisa pra mim! O número de inscritos do canal é maior do que a população da minha cidade... triste. Minha atenção se voltou para as pessoas que eu costumava ser amiga ano passado e me deu uma repulsa tão grande. Lara, Larissa, Ana, Márcio, João... ah, eu sentia mesmo era nojo de todos eles. Não fazia mais questão de ficar perto nem agora nem nunca mais. Mas eu precisava admitir que as coisas ficaram um pouco estranhas dentro de mim... como se algo importante estivesse faltando. Algo desconhecido. - Aquela menina parece estar perdidinha! - Luíza disse apontando para uma garota que tinha acabado de entrar. - Nós sempre falamos com todos os alunos novos todos os anos, Lu. Vamos fazer isso novamente, mas na hora do intervalo. - falei olhando a garota nova. Ela estava mesmo perdida. Conhecemos a mais nova bruxa do primeiro colegial, vulgo Márcia. A professora de Física. Todos falavam que ela era uma chata, que não sabia explicar nada e além de tudo isso, era esnobe por ser rica. Meu irmão nunca gostou dela - e sim, ele já estudou aqui. Morro de saudades daquela época. Percebi que tinham sete alunos novos. O único menino poderia ser legal, mas fiquei sem vontade de conhecê-lo no momento em que ele foi grosso com o Guilherme. O Gui era um amor de pessoa e eu sempre tinha vontade de colocá-lo dentro de um pote e levar pra cuidar. Ele era um fofo! Eu ainda tinha muito carinho por ele e isso era um pouco estranho, porque nós ficamos no ano passado. Por cinco meses inteiros. Agora estamos super amigos como se aqueles beijos não tivessem acontecido e me aliviei tanto por saber que nada mudaria entre nós. O diretor Pedro veio avisar que era para todos irmos ao pátio porque ele queria dar as boas vindas. Todo ano era a mesma coisa. Todas as outras salas já estavam no pátio e o diretor subiu no mini palco, pegou o microfone e começou com seu discurso de sempre: o quanto ele estava feliz pela volta às aulas e pelos novos alunos. - Deve estar super feliz mesmo! Vai voltar a ver a Márcia. - Luíza sussurrou no meu ouvido. Eu soltei um riso e cruzei os braços enquanto olhava para frente, e eu juro que pensei que o calor era tanto que estava afetando meu cérebro ou a minha visão. Meu olhar se encontrou com o do Leonardo - aquele Leonardo! - e o meu coração palpitou tão rápido que fiquei com receio de que a Luíza ouvisse. Ele ficou me olhando também, meio surpreso e eu simplesmente não conseguia desviar o olhar. Como assim ele estava estudando aqui?! Como assim?! E por que o Rafael não disse nada ontem? E ele não sabia que eu estudava aqui?! Que expressão ridícula de surpresa foi aquela? O Leonardo deu um sorriso e desviou o olhar, enquanto eu ainda estava surpresa demais para desviar a atenção. - Olha só! Aquele é gato hein! - Luíza disse apontando para um garoto com os meninos do segundo colegial. - Você não lembra quem ele é? Por a cidade ser pequena, tinha um negócio ridículo de populares. O Leonardo e seus amigos eram todos conhecidos por aqui, enquanto eu estava bem longe disso. Aqui estava bem longe de ser igual aqueles seriados e filmes americanos, mas realmente parecia na parte de ser bem dividido. Sempre que uma pessoa não tão conhecida era vista com uma mais conhecida, era começo de fofocas e julgamentos sem fim... o que era totalmente ridículo! - É o Lucas Rochette. - falei para a Luíza. - Você lembra que perdeu o seu bv com ele, amiga? - ela arregalou os olhos. - Meu Deus! - ela levou as mãos a boca. - O que aconteceu com ele? Cortou aquele cabelo horrível e está mais malhado. Cadê as espinhas? O aparelho? E a monocelha? - O que você tem contra aparelho? - perguntei levando para o lado pessoal. Eu usava aparelho fixo desde o ano passado. - Nada, amiga! Você é linda e vai tirar no meio do ano. - Luíza disse rindo. - Quietas aí! - uma professora chamou nossa atenção e nós ficamos caladas. O diretor voltou a falar que estava muito feliz, pois tinha grandes planos para esse colégio. O que eu acho que é uma grande mentira! A estrutura dessa escola era um lixo e o diretor nem queria mudar isso. Era para ser maravilhosa por ser um colégio particular, mas cadê o conforto de quem paga mais de seiscentos reais de mensalidade? Um absurdo! E o pior era que a escola tinha tudo pra ser bonita e confortável, até tinha dois andares, mas o fato era que o diretor era pão duro demais. - A professora Márcia quer dizer algumas coisas. - o diretor disse e a Luíza me cutucou, me fazendo rir. Ela achava que a Márcia e o Pedro tinham relações! Credo... - Bom, primeiramente... bem-vindos de volta! - ela disse. A Márcia era sócia do colégio, por isso ela ajuda o Pedro a administrar. - Nesse ano estamos querendo deixar as coisas mais abertas em relação aos eventos que vocês pedem para ter anualmente no colégio. - franzi o cenho. - Vocês sempre pedem para ter uma festa de Halloween, Festa Junina, Feira de Ciências... - sempre pedíamos e o Pedro sempre negava.

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