Ana narrando.
Que diabos de ideia foi essa de ir pra Madagascar? Tem noção o quão trabalhoso é ir pra uma ilha no meio do nada?’
Não posso deixar essas coisas na mão dele, chega a ser loucura, mas resolvi não o contrariar, só aceitei.
Ele tá morrendo de medo de alguém nos achar, saber nosso paradeiro, pra ele é um pesadelo pensar em voltar pro Brasil, voltar pra vida do crime, mas eu não acho que isso vá acontecer, tanto bandido por lá, duvido que alguém venha procurar o Michel onde quer que estejamos.
Estamos esperando nosso voo, eu to impaciente só de pensar que eu vou passar por 5 aeroportos diferentes, sim, serão 5 conexões até chegar em Moçambique, depois disso ainda tem uma viagem de barco até a ilha, olha que loucura! Só o Michel pra me fazer passar por isso, esse medo dele tá fora do comum!
Não vejo necessidade disso tudo, mas se ele acha mais seguro.... vamos ver até quando isso vai durar né.
Já prevejo que não vou gostar, vou me sentir entediada, presa, e vou meter meu pé!
Estamos numa sala vip no aeroporto, esperando o primeiro voo, daqui a 52 horas eu volto pra trazer atualizações.
Moçambique:
Enfim estamos em Moçambique, eu to só o pó, sei nem como to andando.
Michel está tão acabado quanto eu, mas ele tá mantendo a pose pra não ouvir um sermão bonito meu.
Definitivamente Madagascar não foi uma boa ideia!
Pegamos um barco até a ilha, eu já não estava aguentando mais nada.
Michel me olhava impaciente e cansada e ousou dizer pra mim:
Michel: isso é temporário, se não gostarmos a gente vai embora
Ana: ir embora? Michel, foram mais de dois dias de viagem, eu não vou sair daqui tão cedo.
Michel: e se não curtimos? Não nos adaptarmos?
Ana: ai a gente resolve depois, nem chegamos ainda e já tá pensando em ir embora. - eu disse e desviei o olhar.
Michel: fala sério, você nem queria está aqui.
Ana: eu disse algo? - Arqueei a sobrancelha e voltei a olhar pra ele.
Michel: nem precisava né, ta de cara fechada o tempo inteiro.
Ana: eu to de boa, to na minha, você escolheu o destino e eu estou indo, você confiou em mim quando eu falei pra irmos pro Uruguai, agora to confiando em você! -disse num tom rude.
Michel: eu só quero uma vida boa pra nós dois.
Ana: eu sei amor, eu também quero isso, mas acho que vir pra cá foi um extremo, eu nem sei que língua se fala aqui, meu celular não tem sinal a horas, e totalmente fora de conexão
Michel: essa é a ideia, tu acha que alguém vai nos achar aqui?
Ana: é quase impossível, só se tiver alguém na nossa cola o tempo inteiro, fora a isso eu duvido um pouco.
Michel: então, era isso que eu queria, viver tranquilo, na paz.
Ana: você acha que vamos ficar aqui pra sempre? A gente conhece o mundo michel, não vamos passar muito tempo por aqui, pode ter certeza.
Michel: você está sendo muito pessimista. - Ele me olhou meio triste.
Ana: não estou, é a realidade, quando você enxergar vai ver que eu tenho razão. - cruzei as pernas e virei a cara.
Não to pra muito papinho, to cansada pra caramba e o Michel quer começar uma DR atoa.
Chegamos na ilha depois de um tempo de viagem, eu estava completamente esgotada.
O guia que estava no barco nos levou no hotel mais proximo, de cara vi que não era nada muito luxuoso, um hotel a beira mar, bem simples mas comodo.
Princesse du lagon o nome.
Eu me sentei num sofá na recepção e esperei o michel e o guia pegarem o quarto.
Não demorou muito o Michel voltou com a chave do quarto.
Ele pegou minhas malas eu o segui.
Entramos no quarto, e como eu imaginava tudo era muito simples, fui direto pro banheiro, precisava fazer xixi.
Quando saí vi Michel sentado na cama pensativo.
Ana: preciso de um banho — disse indo em direção a minha mala.
Michel: eu também. Vamos descansar, amanhã a gente conhece um pouco da ilha.
Ana: se tivermos disposição né, eu durmo uns três dias facilmente.
Michel: então descansa, quando você quiser nós vamos. — eu assenti e fui pro banheiro com as minhas coisas na mão.
Tomei um banho rápido, só pra me limpar, estava louca pra deitar, esticar minhas pernas.
Coloquei um vestidinho de dormir, bem soltinho, enrolei na toalha na cabeça e saí.
Michel me olhou de cima a baixo e disse:
Michel: eu ganhei na loteria mesmo! — eu sorri leve e me deitei.
Ele veio na minha direção, me deu um selinho e foi pro banheiro.
Eu fiquei extremamente pensativa, tava calma, mas minha cabeça tava a mil.
Tudo era muito incerto pra mim, esse lugar me assusta.
Na minha cabeça tinha vários lugares melhores pra gente ir, ele tinha que escolher logo aqui.
Isso não entrava na minha cabeça, o medo dele ia acabar estragando nossas vidas.
Me virei de lado na cama e inconsciente comecei a chorar.
Fiquei um tempo assim, até que Michel saiu do banheiro.
Limpei rapidamente as lágrimas fingi que estava dormindo.
Ele se deitou ao meu lado, me puxou pros braços dele, e eu acabei adormecendo.
Quando acordei já estava a noite, o quarto estava bem escuro.
Senti que Michel não estava na cama, então me levantei e acendi a luz.
Fui até minha bolsa e peguei meu celular e o carregador, cheguei tão desnorteada que nem coloquei pra carregar.
Eu ainda estava com o horário do Uruguai, celular marcava 14:05. Nem sei quantas horas de fuso tem aqui, mas claramente são muitas por já está escuro aqui.
Me sentei na cama novamente é coloquei o celular pra carregar.
Tava tentando me contentar cm a situação, já estava ali mesmo, não tinha muito o que fazer.
A porta do quarto se abriu, Michel entrou com uma bandeja cheia de coisa.
Michel: achei que ainda estaria dormindo, ia fazer uma surpresa. — eu coloquei as mãos nos olhos e os fechei, soltando um leve sorriso.
Michel veio pra cama e colocou a bandeira em cima.
Michel: pode abrir, tentei achar coisas que você gosta, mas aqui é meio complicado,
Eu abri os olhos e olhei a bandeja cheia de coisas, salgadinhos, umas coisas que não soube identificar, salsicha num molho que parecia Strogonoff e um miojo de copinho, que com certeza ele trouxe sabendo que eu não ia gostar de nada kkkkkk
Ana: nossa, várias coisas legais, vou provar um pouco de cada. — eu disse num tom mais alegre, diferente das nossas últimas conversas.
Começamos a provar as comidas juntinhos, e fazíamos cara feia pras mesmas coisas.
Tinha um potinho com tomate, cebola, e algo verde bem picado, não identifiquei se era salsa, coentro... mas de longe era a comida mais normal que tinha ali.
Comemos um pouco de tudo, e no final dividimos o miojo porque pro nosso paladar era o mais aceitável.
Depois que guardamos tudo, nós voltamos pra cama e ficamos conversando.
Michel: gostou do lugar?
Ana: tu sabe que não né — eu ri.
Michel: eu só pensei num lugar isolado e distante pra gente conseguir viver em paz.
Ana: eu sei amor, e eu prezo esse seu cuidado, mas acho que você foi extremo demais, tinha outras opções que poderiam ser tão isolado quanto aqui.
Michel: vamos dar uma chance, ficar um tempo, se não der certo a gente busca outro lugar.
Ana: o problema é que se ficarmos gastando horrores em cada viagem dessa, uma hora o dinheiro acaba, e vamos ficar como?
Michel: tem um dinheiro investido ainda, não vamos falir assim.
Ana: mas se cada viagem custar mais de cem mil o dinheiro voa bem rápido. — ele abaixou a cabeça, e eu logo contornei. — mas nós vamos dar uma chance, ficar um tempo aqui, relaxa.
Michel: eu sabia que não tinha errado em ficar com você.
Ana: só não sei se eu acertei — disse rindo alto, e em seguida dei um abraço. — te amo
Michel: também te amo meu amor.