Quis tudo, acabei sem nada

1109 Words
... Pedro narrando ... ... dia seguinte ... Eu acordei deitado no sofá , todo torto e com a coluna doendo ... minha cabeça explodia de uma forma que eu pensava que ela ia sair pulando , lembrei da noite anterior , de tudo que tinha acontecido e até cheguei a agradecer o fato de ter conseguido fugir sem aqueles caras virem atrás de mim . Me levantei do sofá , fui para a cozinha , abri os armários para ver o que tinha para comer , mas não tinha nada , tinha apenas duas bolachas dentro do pacote , e um fundinha do ** de café no pote ... respirei fundo ... eu cometi a maior burrada da minha vida , eu perdi a única segurança que a gente tinha de reservar um dinheiro até eu conseguir um novo emprego , eu fui ganancioso , quis tudo e acabei sem nada . Me apoiei com os braços no armário , abaixei a cabeça e por uns segundos tentei pensar o que eu podia fazer para mudar isso ... - bom dia ... - ouvi a voz doce de Laura ... - bom dia ... infelizmente não tem nada para comer , mas eu vou sair e vou dar um jeito . - eu disse e ela suspirou . - eu estou sem fome ... e para o almoço ainda tem arroz e feijão , eu faço ... - eu me aproximei dela a encarando nos olhos . - Laura , me desculpa ... eu fui ganancioso , e perdi tudo que a gente tinha ... - eu não quero mais falar sobre isso Pedro ... agora já está feito , não tem como mudar . Temos que correr atrás do prejuízo , por isso eu mandei mensagem para uma patroa antiga e hoje vou fazer faxina para ela . - ela disse e eu engoli em seco . - não Laura , eu cometi esse erro e eu tenho que consertar . - Pedro , não temos tempo para discutir isso ... - ela disse saindo da cozinha , eu respirei fundo ... ... mais tarde ... Nós dois estávamos nos preparando para sair de casa , eu ia levar a Laura até a casa da família que ela ia trabalhar e depois disso eu ia entregar uns currículos , tranquei a porta e fomos para o ponto de ónibus , estava apenas nós dois lá e até mesmo a rua estava vazia . - será que o ónibus vai demorar ? - Laura perguntou impaciente . - tem um agora daqui cinco minutos , logo passa ... - ela me olhou e se aproximou de mim me abraçando , do nada ... - que foi ? - perguntei sorrindo de lado e a abraçando também ... - do nada eu senti uns calafrios ... - ela disse se aconchegando nos meus braços ... eu suspirei . - é que nosso dia não tá sendo muito bom . - eu não sei se é isso Pê ... - ela disse e eu franzi a testa . - tá tudo bem La , eu vou conseguir um emprego e as coisas vão melhorar ... eu prometo . - eu disse acariciando o rosto dela e ela assentiu ... O ónibus infelizmente estava atrasado , já tinham se passado os cinco minutos , Laura foi até a esquina para ver se ele não estava vindo , quando do nada entra um carro preto na rua , os vidros escuros , um carro robusto , ele passa devagar , quase parando , vejo o vidro descer e de dentro dele sai uma mão segurando uma arma , nesse momento tudo pareceu acontecer em camera lenta , meu coração parou de bater por uns segundos , quando eu ouvi o barulho daquela arma e logo em seguida vi Laura cair no chão ... eu gritei pelo seu nome , olhei para o carro e atrás estava colado um adesivo da Itália ... o carro acelerou e fugiu ... eu corri ao encontro de Laura , ela estava caída no chão naquela poça de sangue , meus olhos marejados faziam minha vista ficar embaçada ... eu coloquei ela no meu colo . - Laura ... fica acordada ... - eu pedi baixo , ela assentiu e eu liguei para a ambulância . - quem eram ... eles ? - ela perguntou ... - eu não sei ... - eu disse chorando ... - a ambulância ta vindo . - era ... isso ... os calafrios ... - ela disse baixo , quase sem voz ... - aguenta meu amor , aguenta ... eu te amo ... - ela sorriu de lado ... - eu também te amo Pê ... - ela disse baixinho ... ouvi o barulho da ambulância e agradeci infinitamente ... ( ... ) Eu andava de um lado para o outro na sala de espera , durante esse tempo relembrei a cena daquele carro , aquela bandeira da Itália queria me dizer alguma coisa ... no salão dos jogos de azar o homem disse que eu fiquei devendo dinheiro para a máfia italiana e que eles não perdoavam nada ... aqueles filhos da pura quiseram levar a vida da minha Laura em troca da dívida ... eram pessoas completamente sem coração , eu destruí tudo , eu coloquei a vida da Laura em risco por puro capricho ... eu não conseguia me conformar com isso ... logo vi um médico vindo na minha direção . - Sr. Pedro ? - sim , como está a Laura ? - ele respirou fundo ... - eu sinto muito , nós fizemos tudo que podíamos , mas ... a Laura não resistiu ... - eu caí de joelhos na sua frente e comecei a chorar ... chorar como eu nunca chorei na vida ... eu tinha perdi a mulher que mais me amou nesse mundo ... e o pior ... TUDO FOI CULPA MINHA . Naquela noite , eu podia ter voltado para casa e cozinhado um jantar para gente , e não parado num salão de cassino . Eu perdi a Laura , eu perdi a mulher mais doce que já viveu no mundo , eu não posso viver sem ela ... eu nunca mais vou me apaixonar ... nunca mais ! Eu tinha perdido o meu chão , para mim nada mais no mundo fazia sentido , eu não conseguia entender , se Deus é tão bom e justo , por que ele tirou de mim a pessoa mais importante da minha vida ... e eu nunca vou perdoar isso !
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