Garrafas azul

1369 Words
Acordei quanto tudo estava já escuro, quando olhei no relógio em cima do criado mudo, vi que eram quatro horas da madrugada. Eu tinha dormido literalmente por treze horas, TREZE f*****g HORAS! Era um recorde para mim. Lene dormia feito pedra ao meu lado, tinha chegado lá pelas duas horas da madrugada e apagado instantaneamente. Quando ela se deitou ao meu lado, já senti de imediato o cheiro de perfume forte e caríssimo de homem, com certeza ela conheceu alguém e passou a noite do quarto da pessoa. O bom de estar em um cruzeiro, era que ele era como um hotel, só que em um hotel em alto mar, navegando por aí. No meio da madrugada liguei para a cozinha do restaurante e pedi waffles e suco de maracujá. Estava morrendo de fome, tinha passado o dia e a noite dormindo sem comer absolutamente nada. Já tinha tomado banho e vestido uma camisola fresquinha e um tanto quanto sexy, já que tinha trazido ela para passar a lua de mel. Quando bateram na porta com a comida, me enrolei em um robbie que combinava com a camisola e abri a porta, vendo um funcionário com um carrinho com algumas comidas em taubas douradas. - Bom dia. Trouxemos algumas frutas, espero que goste.- Ele colocou a tauba dentro do meu quarto e me entregou uma maquininha de cartão. - Me desculpa, como funciona isso desse cartão ser cartão e chave do quarto?- Perguntei meio confusa e perdida, passando o cartão na maquininha e digitando o número do quarto, que era a senha. - Um resumo rápido: os dois cartões que entregamos a vocês estão vinculado ao mesmo quarto, então quando a viagem terminar vocês vão pagar tudo de uma vez com débito, crédito ou cheque nas nossas recepções. Funciona como cartão e chave do quarto, recomendo não perderem por que é como uma comanda e custa uns seiscentos dólares só uma comanda perdida.- Ele explicou guardando a maquininha no carrinho.- Precisa de mais alguma coisa? - Quanto custa mais ou menos uma refeição por pessoa?- Perguntei preocupada em como pagaríamos uma conta muito alta. - Em torno de sessenta dólares por pessoa por dia. - Obrigada... Fechei a porta e quase surtei. Sessenta dólares por pessoa? Por dia?! Lene e eu éramos duas, isso significa que os catorze dias que ficaríamos naquele cruzeiro custariam mil seiscentos e oitenta dólares na viagem toda, isso se comessemos apenas coisas básicas, sem luxos, lagostas ou restaurantes caros! Respirei fundo. Olhei para minha mala e lembrei que a carteira do meu ex noivo tinha ficado dentro da minha mala. Abri um sorriso m*****o. Amanha mesmo eu poderia pegar os cheques que ele deixava assinado para que eu usasse durante os gastos do casamento. Isso era crime? Eu poderia ser presa? O que é pior: ser presa por crime de falsificação ou por não pagar a conta do navio? Eu estava fodida! Peguei uma garrafinha de bebida que Lene tinha escondido dentro da bolsa de mão em um fundo falso e virei em um gole.  Passei a madrugada adiante assistindo Netflix no notebook, assistindo Brooklyn 99 enquanto dia de absolutamente qualquer coisa - a série já era engraçada, mas o fato de eu estar bêbada aumentava mais ainda minha diversão. - Lene, eu me sinto tão viva!- Gritei quando o dia amanheceu, pulando em cima da cama como uma criança. Ela resmungou. - Que p***a você tá fazendo?- Perguntou me dando uma rasteira ao bater sua perna nos meus pés quando eu pulava me fazendo cair sentada. Gargalhei. - Acorda, única pessoa que sobrou na minha vida e minha melhor amiga comigo na minha lua de mel por que meu noivo me abandonou!- Puxei o lençol dela. - Deprimente, me fez querer cortar os pulsos.- Ela se sentou, sonolenta.- Você bebeu? Me levantei e dancei alegremente pelo quarto, dando pulos de um lado para o outro. - Um pouquinho apenas.- Fiz um sinal com a mão, indicando bem pouco.- Vamos, Lene! - Pra onde você quer ir, Lily? São...- Olhou para o relógio.- p***a, são seis horas da manhã! Seis horas! - Não era você que costumava dizer.- Fiz biquinho, manhosa.- Estou me sentindo tão só... já que meu noivo me abandonou no altar e eu não tenho mais nada além de você e de um cachorro fedido que ele deixou lá em casa. Ela respirou fundo, passando a mão pelo rosto, caindo de sono. - Você não pode usar essa desculpa para sempre, Lily! - Mas por enquanto eu posso, já que meu noivo me... Levei um empurrão e cai no chão, deitada. Olhei para ela com cara f**a. - Ele te deixou anteontem! Fiquei receosa e pesquisei quais são as reações, normalmente é negação, mas você, você aceitou muito bem, fala nisso sempre que quer que eu faça algo! - É que tá recente, daqui dois meses eu vou estar bem, morando com um cachorro fedido e velho, não vou nem estar tocando no assunto.- Prometi, com um sorriso enorme. Lene passou alguns minutos sentada na cama, olhando para o nada enquanto deveria estar pensando se me mataria e as formas de como esconder o corpo naquele cruzeiro enorme. Me mantive deitada no chão, olhando para o teto enquanto minha cabeça girava com várias informações. - Eu tô vendo tudo girando, girando e girando. Parece que estamos em algo que se mexe e flutua infinitamente, em um mar infinito e em um universo infinito, repleto de coisas, pessoas e eu tô sozinha aqui... tecnicamente não estou sozinha! Tem o que? Umas três mil e quinhentas pessoas nesse cruzeiro ou mais, né?- Indaguei, encarando o teto branco. Lene se agachou até mim, tocando em meu rosto e me fazendo olhar nos olhos dela. - Qual garrafa você tomou? Gargalhei. - Uma garrafa azul berrante, a cor era incrível que me fez querer beber tudo de uma vez... bebi umas duas garrafinhas coloridas!- Pausei, tocando no rosto dela também.- Você é tão linda... por que não pintamos meu cabelo de azul, tipo naquele tom da garrafa? Lene empalideceu, algo que me fez rir mais ainda. - Eu não me preocupei que você beberia duas garrafinhas daquelas! Se uma já faz m*l imagina duas!- Ela andava de um lado para o outro. Me sentei no chão. - Por que tá preocupada?- Olhei para ela assustada.- Tinha veneno naquela garrafa? Quem você queria m***r? Ela revirou os olhos. - Antes fosse veneno! d***a, Lily, D R O G A! Ganhei aquela garrafa de um cara que eu conheci no almoço aqui no cruzeiro, drogas alucinantes, você tá completamente chapada! Arregalei os olhos. - M E N T I R A!- Falei pausadamente, olhando ela assustada. - Verdade! - M E N T I R A! - Vai se f***r, Lily! Gargalhei. - Relaxa, eu chapada sou a pessoa mais de boa desse mundo, não vai se estressar... vamos só relaxar.- Me levantei e me aproximei dela.- Respira e inspira, segue o que eu tô falando! Ela fechou os olhos e tentou me acompanhar, mas logo parou, me olhando séria. - Como você sabe que é de boa? Você nunca ficou chapada! Dei de ombros e me joguei na cama. - Sabe o que eu quero agora?- Ela negou com a cabeça.- Um café da manhã com waffles e chocolate quente!- Gritei empolgada.- E depois cair na piscina! Ela respirou fundo e passou a mão no rosto. - Deus, o que eu fiz pra merecer?- Ela olhou para o céu pela varanda e depois me olhou.- Então, vamos fazer o que você quer! Vou tomar banho e depois vamos tomar o café da manhã e curtir a p***a dessa viagem! Comemorei, vibrando.  Marlene McKinnon Quando sai do banheiro já vestindo um biquini por baixo de uma saída de praia, não encontrei Lily onde tinha deixado ela, deitada na cama. Ela tinha ido e deixado as roupas e o sutiã dela tudo em cima da cama. Puta que pariu! Estávamos encrencadas! Se ela estivesse andando naquele cruzeiro pelada, iríamos ser expulsas na próxima parada em qualquer país que fosse! Não só pelo nudismo seríamos expulsas, mas também pelas bebidas alcoolicas sendo levadas ilegalmente e as drogas!
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