01 - Dom, dono do morro do Salomão
Dom
Meu nome é Daniel, mas geral me conhece como Dom, até eu me esqueço que tenho esse nome, acho que é porque Daniel não existe mais, para assumir a herança de ser dono de morro tive que matar o Daniel dentro de mim.
Tenho 29 anos e quando eu tinha 22 anos meu pai morreu e fui obrigado a assumir o morro e matar os sonhos que eu tinha pra minha vida, porque tive a desgraça de nascer filho de bandido.
Aprendi a ser duro, frio, na marra... Ter sentimento e demonstrar é troço que deixa o homem fraco e na minha vida não tem brecha pra isso não. Cuido da comunidade com mão de ferro, protegendo as famílias, mas tenho muitos inimigos e agora estamos numa guerra, desde que mexeram com umas meninas da nossa comunidade.
O negócio foi feio, revoltante mesmo, uns p*u no ** de duas facção rival, estupraram as meninas aqui no meu morro e isso eu não deixo barato não, irmão. É o fim do mundo comer mulher sem ela querer. Isso pra mim não é ser bandido que se respeite não. Tem perdão não, meu irmão... Eu mesmo corto o p*u e faço o cara morrer com ele engasgado.
Esse negócio de ter fiel, namorar, não é pra mim e nem gosto de moral pra essas putas emocionadas que querem fazer carreira nas costas do cara. Marmita, Maria fuzil não se cria muito comigo não.
Nem gosto de pegar mulher de morro e se é pra pagar prefiro ir no lugar certo ou comprar acompanhante. Mulher de morro, só dou uma moralzinha a Sarinha e Drica e já me arrependi, porque elas vira e mexe estão se tapeando na praça. Oh inferno, p**a é um negocio bom, mas dá um trabalho da p***a.
Ai, o d***o resolve brincar comigo e coloca essa tal de Julia na minha frente, só pra me desestabilizar, véi… A mina aperta o meu psicológico.
O PH tava com a sogra dele doente, proibido de levar ela pra o hospital e de repente cai do céu essa médica do nada e PH fica todo emocionado, confiando de peito aberto nessa mina. Ele só pode ter abilolado de vez, nessa p***a.
Desde quando aparece gente boa pra bandido? Tem treta nessa mina e se PH tá emocionado, eu não tô não.
Fui eu mesmo investigar essa mina, procurar saber quem é e se for coisa dos inimigos eu pego essa mina e mostro a ela, como é que mexe com bandido feito eu.
Fui monitorar ela de longe e meu irmão, que deusa é essa… Gostosinha demais, uma branquinha deliciosa... desde o dia que vi a mina pela primeira vez não tiro ela da cabeça… Tá doido, meu irmão!
Teve o show de Henrique e Juliano, na quadra da favela, coisa grande, muita gente do asfalto, lucro alto, mas o trabalho era dobrado também.
Eu tava no camarote, olhando o movimento, quando PH chega com umas mina amiga da mulher dele e quando vejo que a branquinha deliciosa, tava com eles, véi, quase tive um troço… A mina tava chamando o perigo, linda demais, com uma blusinha, que tinha um decote, mostrando o jeito dos p****s, um short branco com brilho, mostrando as pernas, um tênis... Toda no conforto, charmosa demais, muito diferente das mina daqui que mostra tudo. Eu não consegui tirar os olhos dela um minuto.
Ela bebeu demais e quando a amiga disse que ia levar ela pra casa, foi a minha vez de tomar conta mesmo... Quando ela ia saindo, falo logo: — Quem vai levar ela sou eu, Ana. Deixa que ela tá comigo. — Pego ela pela cintura e quase morro emocionado, véi… Nunca senti isso. Essa mina é de outro mundo.
Ai fechou irmão, essa mina, devolvo mais não ... é minha.
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Júlia
Meu nome é Júlia, tenho 22 anos, sou médica, com especialização em medicina familiar e de comunidade. Sempre fui fissurada em aprender, e fui aquele tipo de criança que aprende a ler muito cedo e sozinha. Sei que pode ser exagero, mas sempre foi fácil pra mim aprender e meu pai sempre me incentivou a sonhar e eu sempre quis ser médica.
Eu terminei o ensino médio com 14 anos, e logo entrei na faculdade de medicina. Meu pai faleceu 2 anos depois de um infarto, foi tudo muito rápido, mas antes de morrer me pediu para continuar e nunca desistir de aprender.
Por mim e por ele eu continuo com minha sede de conhecimento e agora já formada continuo com meu sonho de ajudar as pessoas e ser realizada profissionalmente. Tenho um emprego em um hospital, em um consultório popular e eu também faço outra especialização... Vida amorosa não existe para mim e sou péssima de namoro, só tive um namorado, e mesmo assim nada sério, apenas beijo na boca. Tenho poucos amigos, Rodrigo que fiz faculdade comigo e que é muito meu parceiro, mas é apenas amigo e também as duas loucas, Raíssa e Ana.
Minhas amigas e minha mãe, ficam me atormentando pra eu me divertir e namorar e principalmente deixar de ser virgem... Isso parece que incomoda mais a ela que a mim.
Elas acabaram me convencendo a ir ao show de Henrique e Juliano lá no morro onde elas moram, e como eu sou louca por eles, sai de casa dizendo que estava no perigo, pronta pra matar… Eu não devia ter dito isso, porque eu não tinha ideia que aquele show iria mudar a minha vida pra sempre.
Quando vi aquele homem gato, olhando pra mim de longe, meu corpo tremeu e eu não sei se de medo pelo olhar tão intenso dele ou de t***o. Já tinha visto ele algumas vezes, mas quando vi que ele estava naquela festa, eu me animei e paquerei com ele sem parar, coisa que nunca tive coragem de fazer e nem vontade.
Me animei tanto que me empolguei a beber e eu fui dançando, me entregando ao show que estava maravilhoso. Quando o show acabou, eu já estava bem desequilibrada porque sou fraquinha para bebida, não tenho costume. Minha amiga Ana ficou perto de mim e só lembro de pedir a ela pra ir para casa.
Sai cambaleando com ela, e não lembro como cheguei em casa e quando acordei no outro dia, estava num quarto muito bonito, deitada numa cama macia e cheirosa, vestida com uma camisa masculina e uma cueca box.
Quando me viro, vejo aquele homem moreno claro, cabelos e olhos pretos intensos, sem camisa, mostrando seus músculos, apenas de calça de moletom, sentado num sofá em frente a cama.
Ele não tirava os olhos de mim, parecendo que ia me devorar ali mesmo e meu corpo inteiro tremeu, só com aquele olhar.
Eu não tinha a menor ideia do que tinha acontecido e o porquê eu estava ali e na minha cabeça eu só conseguia fazer uma pergunta: “Meu Deus, o que foi que eu fiz?”
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