Priscilla
Eu e Théo voltamos para casa em um silêncio constrangedor. Ainda não conseguia acreditar que ele tinha ficado com a mãe da minha melhor amiga. Sabia que ele era mais velho, quase da idade dela, mas isso não diminuía a traição que eu sentia. Ele estava ficando comigo, e isso tornava tudo ainda mais complicado.
Priscilla_c*****o, Théo, de tantas mulheres naquela casa você teve que pegar logo a mãe da minha melhor amiga — falei indignada, rompendo o silêncio.
Théo_ Desculpa, me desculpa de verdade. Não queria ter causado essa confusão e muito menos ter feito isso com você por perto — disse ele, visivelmente arrependido.
Eu suspirei, tentando controlar minhas emoções.
Priscilla_ Tá tudo bem. Só falei porque você foi pegar logo a mãe do i****a do Pesadelo — revirei os olhos, ainda incrédula com a situação.
Théo parecia pensar por um momento antes de falar.
Théo_Será que foi por isso mesmo que ele veio pra cima de mim? — perguntou, e eu o olhei confusa.
Priscilla_ E por qual outro motivo ele ia bater em você? — perguntei, ainda tentando entender a lógica da situação.
Théo me olhou com um olhar significativo.
Théo_ Você, né, Priscilla. Você é o motivo. Acho que ele é doido por você — falou, e eu ri, achando a ideia absurda.
Priscilla_ Eu pensei nisso, mas ele deixou bem claro que não é por isso — respondi, lembrando das palavras de Pesadelo.
Théo deu um passo mais perto, tentando mudar o clima.
Théo_Então, já que nós já conversamos sobre o que aconteceu — começou ele, chegando mais perto —, a gente podia relaxar um pouquinho agora, né?
Antes que eu pudesse responder, a voz do meu pai ecoou pela sala.
Murilo_Você pode ir relaxar na sua casa. Minha filha vai dormir agora — disse ele, descendo as escadas e nos olhando com desaprovação.
Priscilla_ Achei que o senhor já estava dormindo, pai — falei, surpresa.
Murilo_ Vou dormir quando esse daí for embora — ele respondeu, apontando para Théo.
Priscilla_Pai, não fala assim com ele. Cadê o respeito? — rebati, tentando defender Théo.
Olhei para Théo e vi que ele estava de cabeça baixa, como se estivesse com medo do meu pai.
Murilo_Eu só respeito quem tem respeito com minha família. E ele não te respeitou. Ao invés disso, ele ficou com outra mulher na sua frente, como se você não fosse nada — disse meu pai, sua voz firme e inabalável.
Priscilla_ Pai, mas nós não temos na... — comecei a dizer, mas fui interrompida por Théo.
Théo_ Está tudo bem, Priscilla. Já está tarde, eu já vou embora — disse ele, resignado.
Priscilla_Tem certeza? Você pode ficar se quiser — insisti, mas sabia que era inútil.
Murilo_ Priscilla, já falei que aqui ele não fica — meu pai reforçou.
Théo_ Está tudo bem, Priscilla, já estou indo — disse Théo, indo até a porta._ E outra coisa — ele voltou _Acho melhor nós sermos só amigos de agora em diante, para não causar problemas — falou e saiu.
Fiquei parada por um momento, sentindo uma mistura de raiva e tristeza. Olhei para meu pai, que estava mexendo no celular, ignorando completamente o que tinha acabado de acontecer.
Murilo_ Que coisa feia, hein, senhor Murilo. Que falta de educação — falei, subindo as escadas em direção ao quarto do meu irmão, Kauã.
Quando entrei no quarto, ele estava deitado na cama, rindo de algo no celular. O amor que sentia por ele crescia a cada dia. Sempre quis ter um irmão, e Deus me deu isso de uma forma tão inesperada.
Priscilla_Oi, meu amor. Está conversando com quem, hein? — perguntei, deitando ao lado dele.
Kauã_ Tô conversando com uns amigos aqui. Nós estamos marcando de ir numa lanchonete amanhã depois da aula. Posso ir? — perguntou ele, animado.
Priscilla_ Claro que pode, só toma cuidado e não se mete em confusão, ok? — respondi, acariciando seu cabelo.
Kauã_Eu sei disso, relaxa. Me conta aí o que rolou lá no churrasco! — pediu ele, curioso.
Kauã não tinha ido ao churrasco porque preferiu ir para a casa de um dos amigos dele.
Priscilla_Então... — comecei a contar tudo o que tinha acontecido, desde a briga até o desfecho com Théo e meu pai.
[...]Conversamos por um bom tempo sobre o que tinha acontecido. Kauã ouvia atentamente, ocasionalmente fazendo perguntas ou expressando sua opinião. Era reconfortante ter alguém com quem compartilhar meus sentimentos e frustrações.
Depois de conversar bastante, fui para o meu quarto, tomei um banho e me preparei para dormir. Enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, tentei processar tudo o que tinha acontecido. A noite tinha sido um caos, cheia de revelações e emoções conflitantes.
Kauã
Acordei cedo para ir à escola. O sol ainda estava nascendo e um brilho suave entrava pela janela do meu quarto.
Levantei-me, espreguicei-me e fui direto para o banheiro. Tomei um banho quente e relaxante, deixando a água lavar o sono que ainda tentava me prender à cama.
Depois do banho, vesti meu uniforme escolar, me olhei no espelho, passei uma escova rápida pelo cabelo e desci as escadas em direção à cozinha.Ao entrar na cozinha, senti o cheiro delicioso de café recém-coado e pão torrado. Minha mãe, Paula, estava de pé junto ao balcão, servindo suco de laranja fresco, enquanto meu pai, Murilo, lia o jornal do dia. Sentada à mesa, Priscilla, minha irmã mais velha, já estava comendo seu café da manhã.
Kauã_Bom dia, mãe! Bom dia, pai!_ falei, dando um beijo na cabeça de cada um deles.
Paula_Bom dia, meu amor. Dormiu bem? Quer carona para a escola?_Minha mãe disparou as perguntas de uma só vez, com seu sorriso caloroso que sempre me animava.
Kauã_Dormi sim, mãe. E eu aceito a carona, sim, por favor.
Priscilla, que até então estava concentrada no seu cereal, levantou os olhos e sorriu com uma pitada de sarcasmo.
Priscilla_Bom dia pra você também, Kauã. É tão bom ver o amor que você tem pela sua irmã.
Kauã_Ah, oi Priscilla. Bom dia! Nem tinha te visto aí_ menti, sabendo que ela ficaria irritada. Adorava provocá-la. Quando estava irritada, ela ficava com uma carinha fofa, parecendo um smurf bravo.
Priscilla_Não se faz, Kauã. Seu falso!_ ela retrucou, revirando os olhos.
Murilo_Não começa, vocês dois_ interveio meu pai, abaixando o jornal._Filho, como estão indo as coisas na escola?
Kauã_Tá indo bem, pai. Semana que vem já vamos entrar em prova.
Murilo_Que bom. Estuda bastante para ir bem nas provas e não precisar fazer recuperação_ ele aconselhou, enquanto eu concordava com a cabeça.
Sentei-me à mesa e comecei a preparar meu prato, pegando uma fatia de pão e espalhando manteiga. Enquanto isso, minha mãe colocou uma xícara de café com leite na minha frente e um prato com ovos mexidos.
A cozinha estava cheia de vida, com o som das conversas e o cheiro do café da manhã.Priscilla terminou seu cereal e se levantou para lavar a tigela.
O celular da minha mãe tocou e ela foi atender, depois de alguns minutos voltou.
Paula_Querido tem como leva o Kauã hoje? Tenho que ir na loja agora,as roupas novas já chegaram e eu preciso receber_falou pro meu pai
Priscilla_Pode deixa, eu levo ele! _falou e eu olhei para ela confuso
Kauã_Por que? Você nunca quer ir me levar, seu escritório fica no caminho contrário
Priscilla_Tenho que entregar um projeto para um cliente meu e é no caminho da sua escola
Terminamos o café e saímos,chegando na porta da escola vi alguns dos meus amigos nos olhando, me despedi da Priscilla e fui até eles
Kauã_Iae, seus puto! _falei fazendo toque com eles
Vítor _quem é aquela, gostosa pra c*****o! _falou olhando para minha irmã
Kauã_Vitor seu p*u no **, respeita minha irmã desgraçado! _falei dando um tapa na cabeça do mesmo
Vítor_Irmã gostosinha essa em, será que tenho chance? _falou e eu rir
Pedro_A mina já deve até ser casada seu arrombado, deixa a irmã do cara em paz
Arthur_Papo reto, que isso em Kauã, você é o único feio da família, sua irmã e sua mãe duas gata que isso
Fechei logo a cara, quem esses filhos da p**a acham que são para falar assim da minha mãe e da minha irmã.
O sinal tocou indicando que as aulas começaram, fomos todos pra sala.
[...]
Quando as aulas acabaram, eu e os meninos fomos pra lanchonete.
Arthur_Vocês viram a cara que o professor de educação física fez, quando o Vitor apareceu de saia. _falou rindo, quase derrubando o seu refrigerante.
Kauã_Vocês são muito idiotas, essa ideia foi de quem mesmo?
Vítor_Foi do Pedro, era para nós quarto entrarmos com as saias, mais vocês arregaram, seus cuzão.
Kauã_Nem fodendo eu ia fazer isso, em troca tú perdeu dois pontos na aula dele. _rir da cara dele
Ficamos mais alguns minutos conversando e zuando, decidi ir embora, tinha que estudar para as provas.
Kauã_Galera, vou ir nessa!_ Falei me levantando e fazendo toque com eles.
Estava caminhando para casa, quando escutei um choro de uma criança,estava vindo de uma rua com pouquíssimo movimento.
Segui o som do choro e cheguei perto de umas caixas de lixo, procurei para ver se era mesmo uma criança e quando vi me assustei.
Era uma menininha linda, estava com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar, as roupas rasgadas, e uns machucados nos braços e nas pernas.