Priscilla
Com o coração acelerado e o pensamento em tumulto, tomei a decisão definitiva: precisava descobrir a verdade sobre o que realmente acontecera. Minha mãe, visivelmente cansada e emocionalmente desgastada, havia saído para a casa de uma amiga, em busca de um breve alívio da tensão. A casa, normalmente cheia de vida e conversas, agora se encontrava imersa em um silêncio opressor e quase palpável.
Era o momento ideal para investigar sem o risco de sermos interrompidas. Com um misto de nervosismo e determinação, liguei para Fernanda. Quando ela chegou, sua expressão mostrava uma preocupação genuína, refletindo o peso da situação. A urgência no ar era quase tangível, e eu sabia que não podíamos perder tempo.
Fernanda_ Menina, me conta, o que aconteceu?_ perguntou ela, sentando-se ao meu lado com um olhar ansioso.
Priscilla_ Foi o que eu te falei pelo celular, maluca. Minha mãe está achando que meu pai está traindo ela_ respondi, tentando manter a calma apesar do turbilhão interno.
Fernanda_ E ele está? Olha, se ele estiver, eu mato seu pai, ok?! Eu gosto muito dele, mas eu amo mais a minha chefe_ brincou Fernanda, tentando aliviar a tensão com uma risada nervosa.
Priscilla_ Não acho que ele está traindo minha mãe, mas ele está escondendo alguma coisa. Olha só, achei este livro aqui no escritório dele_ expliquei, mostrando o livro com a capa de couro desgastado._ Estava trancado, mas eu encontrei a chave em um fundo falso no chão, e dentro tinha outra chave.
Fernanda_ 'As Leis da Máfia’? Que p***a, seu pai é um mafioso? Priscilla, vamos embora daqui agora_ disse Fernanda, com um tom brincalhão, mas logo se acalmou._ Ai, amiga, relaxa. Essa chave deve ser do cofre, que deve estar recheado, né?
Priscilla_ Não é do cofre, Fernanda. O cofre dele abre com impressão digital, c*****o. Estou falando sério, meu pai está escondendo alguma coisa muito séria_ respondi, sentindo o peso das minhas palavras e o peso da responsabilidade que estava assumindo.
Fernanda pegou a chave e examinou-a com cuidado.
Fernanda_ Deixa eu ver essa chave_ disse ela._ Parece ser de alguma porta mesmo. Chave estranha, parece antiga, não sei. Vamos procurar essa p***a e depois vamos dormir, ok?
Concordei com um aceno firme e, juntas, começamos a busca meticulosa. Entramos no escritório, que estava envolto em uma penumbra silenciosa, e começamos a vasculhar cada canto. Tiramos livros e pastas das estantes, movemos cuidadosamente as pilhas de papéis e olhamos atrás dos móveis pesados, como a estante e a mesa de escritório. Cada gaveta foi aberta e revisada, cada superfície foi inspecionada com um olhar atento.
A tensão no ambiente era palpável; o peso da expectativa nos deixava nervosas. A cada minuto que passava, a frustração se acumulava, pois, apesar de nossos esforços concentrados, não encontrávamos nada que parecesse significativo. A sensação de que estávamos à beira de algo importante, mas sem conseguir alcançá-lo, tornava a busca ainda mais angustiante.
Fernanda_ Amiga, vamos desistir. Não tem nada aqui, cara_ disse Fernanda, visivelmente cansada e desalentada.
Priscilla_ Não procuramos direito, Fernanda. O escritório é grande, precisamos de mais gente. Faz o seguinte, chama os meninos para virem aqui. Enquanto você manda mensagem, vou ver como a Sophia está_ falei, saindo do escritório com um misto de ansiedade e esperança.
Fui até meu quarto e verifiquei a babá eletrônica para me assegurar de que Sophia ainda estava dormindo tranquilamente. Desci novamente, encontrando Fernanda já de volta com os meninos a caminho.
Priscilla_ E aí, mandou mensagem para eles?_ perguntei, entrando no escritório novamente.
Fernanda_ Já, e eles disseram que estão vindo. Estou começando a acreditar em você. Olha esses papéis que encontrei dentro desta pasta. São as transferências que seu pai faz. Olha os nomes na lista. São de vários policiais, Priscilla_ revelou Fernanda, apontando para os documentos.
Olhei para os papéis com incredulidade.
Priscilla_ Como você sabe que são de policiais?_ perguntei, tentando entender o contexto.
Fernanda_ Já vi vários papéis na sala do meu irmão com esses nomes e vários dados dessas pessoas_ respondeu ela, com um tom de confirmação.
Priscilla_ Por qual motivo meu pai está fazendo essas transferências para esses policiais?_ minha voz tremia de ansiedade crescente.
Fernanda_ Amiga, pelo que parece, seu pai é corrupto_ disse Fernanda, com um tom grave que só aumentou meu pânico.
Priscilla_ Não é possível, meu pai não é assim_ falei, andando de um lado para o outro, tentando processar a revelação chocante.
Depois de algum tempo, esgotadas pela busca infrutífera, começamos a discutir e a tentar organizar nossos pensamentos. Conversávamos em sussurros ansiosos, tentando conectar as pistas que havíamos encontrado e avaliar o que poderíamos ter deixado passar. A tensão era visível em nossos rostos e na maneira como gesticulávamos.
Nesse momento de incerteza, os meninos chegaram. C2 entrou primeiro, a expressão no rosto misturava desconforto e um certo desgosto. Ele fez uma careta, olhando ao redor com um ar de desagrado, como se o ambiente e a situação fossem mais do que ele pudesse suportar. Seu olhar desconfiado e a maneira como se afastou do centro da sala indicavam que algo o incomodava profundamente.
C2_ é bom ser um assunto importante. Tava transando, cara, e vocês atrapalhando_ disse ele, com um tom irritado.
Fernanda_ Que nojo, C2. Eu não precisava saber disso_ respondeu Fernanda, claramente enojada.
Th_ virgem falando_ debochou Th, fazendo Fernanda mostrar o dedo do meio para ele.
Pesadelo_ Qual o motivo de nos chamar aqui? Fala logo_ perguntou Pesadelo, impaciente.
Expliquei detalhadamente a situação para os meninos, apontando o papel que eu havia encontrado, que continha uma lista de depósitos financeiros associados ao meu pai. Mostrei a eles o documento, destacando os detalhes que poderiam ser relevantes para a nossa investigação. Quando terminei, a expressão de Pesadelo mudou imediatamente para uma de intenso interesse.
Seus olhos brilharam com uma curiosidade aguçada, e ele se aproximou do papel com uma determinação visível. Sem perder tempo, começou a examinar as informações meticulosamente, fazendo anotações rápidas e murmurando para si mesmo enquanto procurava possíveis pistas ou conexões que pudessem esclarecer o mistério. A atmosfera na sala parecia carregar uma nova energia, agora centrada na esperança de que aquele documento pudesse ser a chave para resolver a situação.
Pesadelo_ Vocês procuraram em tudo aqui?_ perguntou Pesadelo, olhando ao redor do escritório com atenção.
Priscilla_ Na verdade, só olhamos atrás dos móveis para ver se tinha alguma porta, e nada_ respondi.
Pesadelo_ Talvez seja uma passagem secreta_ sugeriu Pesadelo, indo até a estante de livros e começando a bater para ver se encontrava algum fundo falso._ É aqui! Tá aqui atrás, pega alguma coisa para quebrar aqui, Th.
Priscilla_ Não, tá doido? Não podemos quebrar nada. Tenho que deixar essa sala do jeitinho que estava antes_ argumentei, preocupada com as possíveis consequências.
Pesadelo_ E como você quer entrar lá dentro?_ falou Pesadelo, impaciente.
Th_ Deve ter uma alavanca, um botão, ou sei lá_ sugeriu Th, olhando ao redor para qualquer indício de um mecanismo oculto.
Fernanda_ Olha o tamanho dessa sala. Nós nunca vamos encontrar, e outra, você tá achando que isso é um filme?_ falou Fernanda, sentando-se na poltrona com um olhar exasperado.
Pesadelo_ Vamos procurar logo, preciso saber o que seu pai tem com esses filhos da p**a_ disse Pesadelo, apontando para os papéis.
Ficamos horas procurando, e a frustração estava começando a se instalar quando Pesadelo sugeriu que tirássemos os livros para verificar atrás da estante.
Priscilla_ Olha a bagunça que está essa sala. Chega, não vamos tirar nada do lugar. Se meu pai sonhar que eu entrei aqui, ele me mata_ argumentei, exasperada com a situação.
Pesadelo_ O que foi? Tá com medo de eu descobrir que seu pai é um x9, filho da p**a? Você deve estar junto com ele_ provocou Pesadelo, e eu fechei a cara, irritada com a acusação infundada.
Fernanda_ Pesadelo, para com isso_ interrompeu Fernanda, tentando apaziguar a situação.
Priscilla_ Sim, claro, se eu estivesse junto com meu pai, eu ia mesmo te chamar para vir aqui me ajudar, né? Se manca, e outra, meu pai não é nada disso que você falou_ respondi, com raiva crescente.
Pesadelo_ Isso nós vamos ver, quando eu conseguir entrar ali_ disse, apontando para a estante de livros onde supunha haver uma porta secreta.
De repente, Th exclamou: "ACHEI!" Todos se viraram para ele.
Th_ c*****o! Eu sou f**a. Enquanto vocês estavam aí discutindo, eu achei a p***a do botão.
Fui até Th e vi um pequeno botão vermelho escondido debaixo de uma prateleira da estante. Pesadelo pressionou o botão e, com um som de engrenagem, a estante se moveu lentamente para o lado, revelando uma porta oculta atrás dela. A surpresa nos rostos de todos foi evidente.
Peguei a chave que estava no livro e a inseri na fechadura da porta. A maçaneta girou com um clique e, ao abrir a porta, um mundo de segredos se revelou diante de nós.
O que encontrei lá dentro era além de qualquer coisa que eu pudesse imaginar. Papéis amassados, armas escondidas e pacotes de dinheiro empilhados em uma sala pequena e secreta. Era uma visão assustadora que desmantelava qualquer noção de normalidade que eu tinha sobre meu pai. Meu coração batia acelerado, e a atmosfera estava carregada de tensão e medo.
Pesadelo_ Que filho da p**a!_ exclamou, olhando ao redor com uma expressão de choque e descrença.
A revelação das atividades ilícitas de meu pai mudava tudo. O que parecia ser apenas uma suspeita agora se concretizava em um pesadelo palpável. O mistério que rodeava seu comportamento agora estava claro, e a complexidade da situação só aumentava a incerteza do que viria a seguir.