Priscilla
Eu sabia que tinha que conversar com minha mãe sobre o Kauã morar aqui com a gente, pelo menos por enquanto. Quando eu conseguir montar meu escritório, já vou planejar uma casa, e ele pode vir morar comigo. E também tem a questão da tia dele, né? Será que ela vai deixá-lo vir morar comigo? Mas pelo jeito que ele falou, acho que ela nem ligaria.
Fui com o Kauã para a cozinha, para ele comer o lanche que minha mãe fez para ele. Aproveitei para perguntar se ele podia ficar. Puxei minha mãe para um canto da casa mais afastado.
Eu_ Mãe, o Kauã pode morar aqui com a gente? _falei de uma vez.
Paula_ O quê? _ perguntou, abrindo os olhos de surpresa.
Eu_Perguntei se ele pode morar aqui com a gente!_ falei um pouco mais baixo, com medo da resposta dela.
Paula_ Mas por que isso agora? A gente nem conhece ele, Priscilla. E também tem a tia dele, o que ela vai achar disso, filha?
Eu_ Mãe, a senhora não entende. A tia dele nem gosta dele, coitadinho. Ele não pode ficar lá._Falei gesticulando com as mãos.
Paula_ E como você sabe que a tia dele não gosta dele, garota? Você nem sabe nada sobre ele.
Eu_ Ele me contou, mãe._Fiz uma pausa, respirando fundo._ É o seguinte..._ comecei a contar toda a história que o Kauã tinha me falado. Minha mãe ficou com um olhar triste enquanto me escutava atentamente.
Paula_Meu Deus, como uma pessoa pode fazer isso?_ disse, passando a mão no rosto._ Olha, filha, ele pode ficar, mas não sei se seu pai vai gostar muito.
Eu_Pode deixar que eu converso com meu pai. E tem outra coisa: temos que ir à casa da tia do Kauã para pegar as roupas dele.
Paula_Tudo bem, deixa ele terminar de comer e nós vamos para lá. Já vou tirando o carro da garagem.
Voltei para a cozinha e o Kauã já tinha terminado de comer, ele só estava conversando com a Fernanda.
Eu_Kauã, vamos buscar suas coisas na casa da sua tia?
Fernanda_ Como assim? Para que ele vai buscar as coisas dele?_erguntou , confusa.
Eu_Ele vai morar aqui comigo e com meus pais._ Falei, sorrindo para Kauã, que deu um meio sorriso.
Fomos com os dois para o carro. No caminho, Kauã foi explicando para minha mãe onde era a casa da tia dele. Demorou uns 15 minutos para chegar, e a casa era bem humilde. Kauã bateu na porta, e quem atendeu foi uma mulher magrinha, de cabelo longo e preto.
Xx_ Onde você estava, garoto? Carlos vai acabar com você! Já era para você ter chegado há muito tempo._ Parou de falar, desviando o olhar dele e olhando para nós._E quem são essas mulheres aí? _ perguntou, nos olhando com nojo.
Kauã_ Eduarda, essa é..._comecou a falar, mas o interrompi.
Eu_Sou Priscilla, essa é a Fernanda e essa é minha mãe, Paula _ falei, apontando para cada uma.
Eduarda_ Por que você está com elas, Kauã? O que você fez, hein, embuste? _ falou, me ignorando completamente.Antes que ele pudesse responder, minha mãe falou:
Paula_Nós podemos conversar lá dentro, por favor?_A mulher não falou nada, só olhou feio para Kauã e deu espaço para a gente passar.
Eduarda_ Fala logo o que vocês querem! _ disse, sem paciência.
Paula_Então, vim perguntar se tem problema o Kauã vir morar comigo e com as meninas? — falou de uma vez.
Kauã_É o quê?_riu._ Por mim, que se f**a. Leva logo esse garoto daqui, por mim que morra._ falou e eu olhei para Kauã, que estava com a cabeça baixa.
Eu_Então, Kauã, vai pegar suas coisas, meu amor. Não demora, tá bom? _falei e ele foi pegar as coisas dele com a ajuda da Fernanda.Minutos depois, eles voltaram com três mochilas._Pegou tudo?_ perguntei e ele concordou com a cabeça.
Paula_Então vamos embora logo.
Fomos até a porta e Eduarda veio nos seguindo.
Eduarda_Já vão tarde — falou, fechando a porta na nossa cara.
Fernanda_Meu Deus, que ódio! Eu tava me segurando para não dar na cara dessa p*****a — falou Fernanda, depois olhou para Kauã. — Desculpa, Kaka.
Kauã_ Sem problemas. A partir de agora, não a considero da minha família _ falou triste.
Paula_Isso mesmo, meu anjo. Só queira do seu lado as pessoas que querem teu bem, entendeu?_ disse minha mãe, dando um beijo na cabeça dele.
Voltamos para casa. Assim que entramos, estavam meu pai, o Pesadelo, o Th e o C2.
Paula_Minha casa virou pensão foi? _ falou minha mãe, rindo.
Murilo_Oi, meu amor_disse meu pai, dando um beijo na minha mãe._Onde vocês estavam e quem é esse garoto?
Eu_Longa história, pai. Depois eu te conto._Falei, dando um beijo em sua bochecha._ Kauã, leva suas coisas para o meu quarto por enquanto. Já vou arrumar o outro quarto para você, tá bom? _falei e ele assentiu, subindo as escadas.
C2_E aí, mandada? Não cumprimenta mais os amigos, não? _ falou C2, me abraçando por trás.
Th_Essa patricinha conversa com pobre mais não, tá vendo como é. Até a Fernanda, que nasceu no mesmo lugar que nós, tá ficando igual a você, Priscilla.
Fernanda_Seu cu, filho da p**a. Não cumprimentei porque vejo vocês todo santo dia. Cumprimentar toda vez que vejo vocês não dá, né? — retrucou
Priscilla_ Pois é, vieram fazer o quê aqui em minha humilde casa?
Fernanda_Se isso é humilde, então eu moro no quê, minha linda?_ falou, e todos nós rimos.
Pesadelo_ Nós viemos buscar a Fernanda, e já estamos indo embora _ disse,indo em direção à porta.
Paula_Ah, que isso! Vocês não estão com fome, não? Eu preparo alguma coisa para vocês, não vai demorar_ falou minha mãe, e ele voltou.
Th_Opa! Falou em comida, eu tô dentro. Aí, Pesadelo, vamos agora, não — disse, todo animado.
Kauã voltou para a sala onde estávamos e sentou ao meu lado, me abraçando,e o Pesadelo e o C2 olharam de cara fechada.
Th_Parece que tem alguém com ciúmes!
Fernanda_ E não é só um, são dois!_ falou, saindo para a cozinha.
C2_Quem é esse aí, Priscilla? _perguntou, grosso.
Eu_Esse é o Kauã. Ele vai morar aqui em casa agora!
Pesadelo_ Morar aqui? — falou, bravo.
Eu_Sim, vai morar aqui. Ele está passando por dificuldades e eu resolvi ajudar. Temos espaço, então não há problema_ falei, tentando acalmar os ânimos.
Murilo_Mas como assim? De onde surgiu esse garoto?_ perguntou meu pai, ainda tentando entender a situação.
Eu_Pai, a história é longa. O Kauã estava morando com a tia dele, mas a situação lá é insustentável. A tia dele o trata muito m*l. Eu não podia deixar ele lá. Ele é uma boa pessoa e merece uma chance de ter uma vida melhor _expliquei, esperando que ele entendesse.
Murilo_ Isso é verdade? _ perguntou meu pai, olhando diretamente para Kauã, que assentiu timidamente.
Kauã_Sim, senhor. Eu agradeço muito a Priscilla e a todos vocês por me acolherem _ disse Kauã, com sinceridade.
Murilo_ Bem, se é assim... Vamos ver como as coisas se desenrolam. Mas você terá que ajudar nas tarefas da casa, entendeu? _ disse meu pai, tentando estabelecer algum controle sobre a situação.
Kauã_ Claro, senhor. Eu farei o que for preciso_ respondeu Kauã, aliviado.
Paula_Pronto, está resolvido _disse minha mãe, sorrindo._ Agora vamos preparar algo para todos comerem.
Fui para a cozinha ajudar minha mãe, enquanto Kauã ficou na sala com os outros. Ele parecia um pouco desconfortável, mas Fernanda e os outros começaram a conversar com ele, tentando deixá-lo à vontade.
Murilo_ Mãe, você acha que o pai realmente vai aceitar bem essa situação? _perguntei, preocupada.
Paula_ Olha, filha, seu pai é um homem justo. Ele pode ser um pouco rígido às vezes, mas se ele vê que o garoto está precisando de ajuda, ele vai aceitar. Só precisamos mostrar que Kauã é uma boa pessoa e que merece uma chance_ disse minha mãe, com sabedoria.Passamos um bom tempo preparando o jantar.
Quando tudo estava pronto, chamamos todos para a mesa. Foi uma refeição agradável, apesar das circunstâncias. Kauã estava mais relaxado, conversando e rindo com todos. Eu podia ver que ele estava começando a se sentir parte da família.Depois do jantar, todos ajudaram a arrumar a cozinha.