Pesadelo
Estávamos deitados no sofá, entrelaçados após um momento de i********e, nossas peles ainda quentes e respirações ofegantes, se misturando no ar sereno da sala. O ambiente estava envolto em uma calma quase palpável, enquanto a luz suave e dourada do entardecer filtrava-se pelas cortinas, projetando sombras aconchegantes nas paredes.
Nossos corpos relaxavam, se ajustando ao estofado macio, imersos em um silêncio confortável e íntimo. De repente, esse silêncio foi interrompido por um choro agudo e persistente, ecoando do andar de cima, cortando o momento de tranquilidade com sua urgência e intensidade, exigindo nossa atenção imediata.
Águia_ Vá tomar banho, eu cuido dela_disse eu, levantando-me e indo na direção do choro, mas Priscilla me olhou com uma expressão de desconfiança.
Priscilla_ Você sabe cuidar de criança, Pesadelo?_ ela perguntou, claramente cética.
Pesadelo_ Claro que sei, relaxa_ respondi com um sorriso confiante, tentando acalmá-la.
Havia algo de reconfortante em saber que eu poderia ajudar, especialmente em um momento que exigia cuidado e atenção. As habilidades que adquiri ao longo dos anos me ajudavam a me sentir mais preparado para esses pequenos desafios.
Subi as escadas e entrei no quarto de Sophia. O choro dela era inconfundível e, ao encontrá-la em seu berço, percebi o quanto ela estava desconfortável. Peguei-a nos braços com cuidado, tentando transmitir um pouco da minha calma para ela.
Pesadelo_ Já estou aqui, pequena, para de chorar,_ murmurei, balançando-a suavemente.
Ela parecia começar a se acalmar, embora ainda houvesse um leve incômodo em seu rosto. Então, o cheiro se tornou mais evidente.
Pesadelo_ Você fez cocô, hein? Tá podre, garota,_ eu disse, rindo levemente ao perceber a situação. Sophia me olhou com curiosidade e, para minha surpresa, ela soltou uma risada.
A risada dela era um som maravilhoso que me fez sorrir ainda mais. Coloquei-a em cima do trocador e comecei a trocar sua fralda. Enquanto trabalhava, olhei para ela e percebi que ela estava começando a se divertir com a troca, dando pequenos sorrisos e movimentos de braços. Eu tentava fazer a troca de maneira leve e divertida, e parecia que estava conseguindo.
Quando terminei de trocar a fralda, decidi brincar um pouco com ela. Peguei um dos brinquedos coloridos e balancei-o na frente dela, fazendo com que ela seguisse o movimento com os olhos e depois com as mãos. A diversão foi curta, mas clara, e ela estava começando a ficar cansada.
Então, para minha surpresa, Sophia falou algo que me deixou completamente confuso.
Sophia_ Papa,_ ela disse com uma dificuldade adorável, a palavra saindo de sua boca como se estivesse tentando se lembrar dela. Fiquei estupefato, olhando para ela com uma mistura de espanto e alegria.
Pesadelo_ Repete o que você falou, pequena, me chamou de papai?_ perguntei, com uma empolgação quase infantil.
A ideia de que ela poderia estar começando a associar-me a um papel tão importante era incrível para mim. Sem hesitar, fui correndo em direção ao quarto onde Priscilla estava se trocando.
Pesadelo_ Você não vai acreditar no que aconteceu!_ exclamando, entrei no quarto, exultante. _Ela me chamou de papai, acredita?
Priscilla estava em frente ao espelho, ajustando sua roupa, e me lançou um olhar de ceticismo.
Priscilla_ Duvido. Para de ser mentiroso_ respondeu ela, com uma expressão que misturava surpresa e dúvida.
Pesadelo_Estou falando sério. Repete, filha, de novo_ eu disse, voltando para o quarto de Sophia, sem perceber o tom inadequado. A empolgação fez com que eu esquecesse que estava lidando com uma criança pequena e não com um adulto.
Priscilla se virou para mim, sua expressão mudando para uma clara irritação.
Priscilla_ Que história é essa de chamar minha filha de filha? Me dá ela_ ela exigiu, pegando Sophia dos meus braços com um movimento rápido.
Pesadelo_ Foi m*l, falei no calor do momento. Só fiquei feliz por ela ter me chamado de pai, só isso_ tentei explicar, passando a mão pelo cabelo e me sentindo um tanto envergonhado.
Priscilla_ Tá, acho melhor você ir embora. Meus pais estão chegando_ Priscilla disse, com um tom que não deixava espaço para discussão. Sua decisão estava tomada e não havia muito que eu pudesse fazer além de respeitar.
Pesadelo_ Demorou_ respondi, pegando minhas coisas e me levantando._Foi m*l qualquer coisa.
A sensação de frustração e tristeza me envolveu enquanto eu saía do quarto e descia as escadas. Fui para casa, tomei um banho rápido e voltei para a rua, tentando processar o que tinha acontecido.
Priscilla
Ao sair, Sophia repetiu a palavra que tinha dito antes. Como pode isso? Foi só a segunda vez que ele a pegou, e ela já estava o chamando de "papai"? E eu? O que isso significava para mim?
Priscilla_ Filha, o Pesadelo não é seu pai, ok? Só eu sou, sou sua mamãe e seu papai. Entendeu, meu amor?_ falei, tentando explicar para Sophia, enquanto eu olhava para ela com uma tristeza contida. Ela apenas me observou, balançando a cabeça de um lado para o outro, aparentemente confusa.
Sophia_ Pa..papa_ ela disse novamente, olhando fixamente para a porta, como se esperasse que ele fosse aparecer ali novamente.
Priscilla_ Não, filha, para com isso. Mamãe vai ficar triste_ falei, tentando conter as lágrimas que ameaçavam surgir. O fato de ela estar chamando-me de "papai" parecia indicar uma conexão que eu queria ter, mas que estava sendo dificultada pela situação atual.
Nesse momento, ouvi a porta se abrindo e, para minha surpresa, era minha mãe.
Paula_ Oi, amor da vovó_ ela disse, com um sorriso carinhoso, pegando Sophia no colo. A presença dela trouxe um alívio imediato, e a atmosfera no quarto se tornou um pouco mais leve.
Priscilla_ Você não acredita no que aconteceu,_ falei, ainda perplexa._ Essa pilantra chamou o Pesadelo de pai, acredita?
Minha mãe me olhou com os olhos arregalados, surpresa e confusa.
Paula_ Tá de brincadeira! E quando o Pesadelo esteve aqui?_ perguntou, claramente chocada.
Priscilla_ Uns minutos atrás_ respondi, um pouco envergonhada pela situação.
Paula_ Está usando camisinha, né Priscilla? Não quero ser avó agora_ disse minha mãe, rindo, enquanto Sophia deu um tapa leve na cabeça dela, como se estivesse tentando chamar sua atenção. _Ai, minha linda, desculpa, vovó esqueceu de você. _Rimos juntas, a tensão diminuindo um pouco.
Minha mãe tinha vindo para o almoço, mas após a refeição, ela voltou para a loja. Aproveitei o tempo livre para dar um banho em Sophia, alimentá-la com papinha e colocá-la para dormir. O processo de cuidar dela, apesar dos desafios, era gratificante e me dava uma sensação de realização.
Enquanto ela dormia tranquilamente, eu decidi trabalhar um pouco. Minutos depois, meu telefone tocou. Era Théo, meu amigo, dizendo que precisava conversar comigo. Convidando-o para vir até minha casa, esperei ansiosamente pela sua chegada.
Quando Théo chegou, o cumprimento foi cordial.
Priscilla_ Oi, tudo bem? Entra aí_ eu disse, indicando a entrada.
Théo_ Estou bem. Queria te pedir desculpas por não ter vindo antes para conhecer a Sophia. Estava viajando esses dias_ ele explicou, com uma expressão de arrependimento.
Priscilla_ Está tudo bem. Já sei que você é um homem chique que sempre tem uma viagem marcada_ brinquei, tentando descontrair o clima.
Théo_ Falando nisso, tenho outra viagem esse final de semana. Vou ficar três meses fora_ Théo anunciou, me pegando de surpresa. O prazo parecia muito longo e a ideia de que ele estaria longe por tanto tempo causou uma sensação de perda.
Priscilla_ c****e! Por que tanto tempo?_ perguntei, espantada com a notícia.
Théo_ É uma viagem de negócios, algo muito importante_ ele respondeu, com um tom sério que indicava a gravidade da situação.
Conversamos sobre vários assuntos enquanto ele estava em minha casa. Quando ele foi embora, voltei ao trabalho, tentando me concentrar enquanto processava a nova informação sobre a ausência prolongada de Théo.
Às 17:30, meus pais e meu irmão chegaram. Kauã entrou em casa com um ar desleixado e relaxado.
Priscilla_ Kaua! Por que você chega tão tarde? Você estuda de manhã, seu safado. Já era para estar aqui faz tempo_ eu o repreendi com uma mistura de frustração e preocupação.
Kauã_ Avisei a mãe que ia para a casa de um amigo jogar videogame_ disse ele, subindo as escadas rapidamente em direção ao seu quarto, sem se dar ao trabalho de se explicar mais.
Meu pai, Murilo, sentou-se no sofá, seu rosto mostrando uma expressão que indicava que ele estava prestes a compartilhar algo importante.
Murilo_ Preciso falar uma coisa importante com vocês_ anunciou, com um tom de seriedade que atraiu imediatamente a minha atenção. A atmosfera na sala mudou, e eu senti que uma conversa significativa estava prestes a acontecer.
O que meu pai tinha para nos dizer era algo que eu sentia que poderia mudar as coisas para todos nós.