Priscilla
Segunda-feira, 10:10
Acordei com o som insistente do rádio do Pesadelo, um alerta cru e impertinente que rasgava o silêncio da manhã com sua melodia estridente. O ambiente estava imerso numa penumbra suave, apenas um leve resquício da noite ainda pairava no quarto. Ao olhar para o lado, vi que ele estava completamente imóvel, como uma estátua de mármore em meio à tempestade.
Um impulso impetuoso tomou conta de mim. Em vez de continuar a batalha contra o som do radinho, decidi tomar as rédeas da situação de uma forma mais direta, mais íntima. Subi com cuidado sobre o corpo adormecido de Pesadelo, sentindo a leveza dos lençóis sob meus joelhos. Meu coração pulsava com uma mistura de antecipação e desejo.
Comecei a rebolar lentamente, meu corpo deslizando sobre o dele com uma cadência provocante. Cada movimento meu era uma declaração de desdém para o som do rádio, que parecia perder a batalha contra a nossa conexão. Senti a tensão do seu corpo relaxar sob mim, seus músculos começando a se soltar com a minha proximidade. O calor que emanava de nós se misturava ao calor dos lençóis, criando uma atmosfera carregada de eletricidade e i********e.
Seu rosto, antes fechado em uma expressão de sono pesado, começou a se desanuviar, e um sorriso malicioso se formou em seus lábios quando ele finalmente despertou. Seus olhos abriram-se lentamente, e ao me ver ali, com o corpo contra o dele, um brilho indomável surgiu em seu olhar.
O sorriso que se abriu em seu rosto era a mistura perfeita de surpresa e desejo, um reflexo da química que havia entre nós.
Priscilla _ Agora você acorda, né, seu safado? _ falei, me levantando e indo para o banheiro.
Pesadelo resmungou:
Pesadelo _ c*****o, não tenho paz nessa porra._ resmungou, se referindo ao radinho
O radinho continuou a apitar, um lembrete constante de que o dia estava começando, mesmo que a nossa preguiça não estivesse pronta para enfrentá-lo.
Pesadelo _ Qual foi? _ respondeu ao radinho.
Th _ Tá onde, Pesadelo? _ perguntou Th, sua voz preocupada.
Pesadelo _ Sou teu homem agora pra tá dando satisfação pra você? _ respondeu Pesadelo, com uma pitada de sarcasmo.
Th _ Preciso saber onde meu chefinho tá, pô _ insistiu Th.
Pesadelo _ Tô em casa, seu viado do c*****o _ Pesadelo respondeu, visivelmente irritado.
Th _ Brota aqui na boca principal, pô, trabalhar, vagabundo _ brincou.
Pesadelo _ Vou mandar um vapor meu te levar em casa. Tenho que ir pra boca agora, antes que o Th vem atrás de mim. _ Pesadelo comentou, rindo enquanto eu observava com um sorriso.
Terminamos um banho relaxante , sem nada de mais além de algumas pegadas e carinhos rápidos. Pesadelo pediu o Vt para me levar em casa. Durante o caminho, tentei puxar conversa, mas ele respondia sempre de forma seca.
Priscilla _ Te fiz alguma coisa? Por que tá me respondendo assim? _ perguntei.
VT, com uma risada nervosa, disse:
Vt _ Fez nada não, patroa, só não quero problema pro meu lado, entendeu? Chefe é ciumento, pô.
Priscilla _ Que problema, o quê? Não tenho nada com seu chefe, e não me chama de patroa, por favor _ pedi, tentando manter a calma.
Vt _ Demorou, se você não tem nada com ele, o que tava fazendo na casa dele então? _ indagou Vt.
Priscilla _ Sou amiga da Fernanda, nunca tinha te visto lá no morro. Por onde andava? _ perguntei curiosa.
Vt _ Tava em uma missão, fiquei dois meses fora _ respondeu, com uma expressão indiferente.
O trajeto continuou em silêncio até que algo interrompeu a monotonia. Vimos um homem batendo em uma menina caída no chão, chutando-a sem misericórdia. A cena era brutal.
Priscilla _ Que filho da p**a, temos que ajudar ela _ falei, meu coração acelerado enquanto Vt parava a moto.
Descemos e nos aproximamos rapidamente. VT foi em direção ao agressor e o segurou com força, enquanto eu corri até a garota, ajudando-a a se levantar.
Priscilla _ Por que ele tava te batendo? _ perguntei, enquanto Vt socava o homem com fúria.
xxx _ Não mata ele, ele é meu pai _ respondeu a garota, ignorando o pai caído e olhando-o com um olhar triste.
Vt só parou de bater no homem quando ele desmaiou, a cena de violência agora se desfazendo lentamente.
Vt _ Responde o que ela te perguntou, pô. Por qual motivo ele tava te batendo? _ demandou, ainda ofegante.
xxx _ Eu descobri que estou grávida. Fui contar para o pai, mas ele não quis assumir. Quando meu pai descobriu, ele surtou e começou a me bater _ a garota, agora identificada como Isabella, explicou, lágrimas escorrendo pelo rosto.
Vt _ Você tem quantos anos, mina? perguntou, cruzando os braços.
Isabella _ 17, vou fazer 18 daqui a duas semanas _ respondeu, a voz trêmula.
Priscilla _ E sua mãe, por que ela não te ajudou? _ perguntei, sentindo uma onda de compaixão por ela.
Isabella _ Ela morreu quando eu nasci. Desde então, meu pai cuida de mim _ respondeu, com uma tristeza profunda. _ Vocês podem me ajudar? Eu tenho que sair daqui. Ele me expulsou de casa e disse que se eu aparecer aqui de novo, ele me mata _ ela implorou.
Priscilla _ Vou te ajudar. Pega suas coisas, vou te esperar aqui _ disse, decidida.
Isabella foi buscar suas coisas e, enquanto ela fazia isso, conversei com VT sobre o próximo passo.
Vt _ Vai levar a garota pra onde, c*****o? _ perguntou VT, com um olhar de preocupação.
Priscilla _ Eu, não. Você vai. Vai levar ela pro morro e vai pedir pro Pesadelo arrumar uma casa pra ela. Eu p**o o aluguel _ instrui, firme.
Vt _ tá maluca? Nem conheço a mina, isso vai dar BO pra mim, Priscilla, p***a _ protestou, passando a mão na cabeça.
Priscilla _ Relaxa, não vai acontecer nada. Eu falo com o Pesadelo depois. Só faz o que estou pedindo _ assegurei, tentando aliviar suas preocupações.
Isabella voltou com uma mochila pendurada nas costas, sua expressão carregando um misto de determinação e apreensão. Seguindo minhas instruções, ela se dirigiu para a moto do Vt. Segui a pé para casa, considerando a proximidade. À medida que caminhava, pensava em como Pesadelo poderia ajudar a Isabella. Não conseguia entender como um pai poderia ter a coragem de agir de forma tão insensível com a própria filha. Essa ideia me deixava com um nó no estômago.
Ao chegar em casa, o cenário que encontrei era o oposto do que esperava. Sophia estava no chão da sala, envolta em uma brincadeira solitária com seus brinquedos, seu sorriso inocente contrastando com a inquietação que sentia. Meus pais estavam relaxados no sofá, cada um em seu próprio mundo. Paula estava parcialmente reclinada, folheando uma revista, enquanto Murilo repousava com os olhos fechados, aparentemente alheio ao que se passava ao seu redor.
O ambiente estava tranquilo, mas a serenidade da cena não conseguia apagar a sensação de angústia que carregava comigo. O contraste entre a calma da minha casa e a situação angustiante com Isabella e Pesadelo era quase c***l.
Priscilla _Que vida boa essa de vocês, hein? _ comentei, trancando a porta.
Sophia correu para mim, me dando um abraço apertado.
Sophia _ Mamãe! _ ela exclamou, com um sorriso radiante.
Priscilla_ Oi, meu amor. Mamãe tava com saudades de você, sabia? _ falei, enchendo-a de beijos.
Paula _ Ela não parava de te chamar, falava que tava com saudade da mamãe _ disse, rindo.
Priscilla _ A mamãe tá aqui agora. Vou passar o dia com você, tá, meu amor? _ falei, olhando para Sophia com carinho
Murilo _ Vocês vão pra algum lugar? _ perguntou
Priscilla _ Sim, vamos à praia. Vou aproveitar que minha mãe não vai abrir a loja hoje e vou chamar a Fernanda também _ respondi.
Paula _ Queria ir, mas prometi pra Júlia que ia ver ela. _ Fez uma careta de desapontamento.
Murilo _ E por que vocês duas não vão com as meninas? _ sugeriu.
Priscilla _ Sim, mãe, vai ser ótimo. Liga pra Júlia chamando ela. Vou lá arrumar as coisas da Sophia _ disse, subindo as escadas.
Tomei um banho relaxante com Sophia para descontrair e deixar a tensão do dia para trás. Dirigi-me ao banheiro, onde Sophia já estava ansiosa, pulando e sorrindo enquanto esperava. Enchi a banheira com água morna e adicionei um pouco de espuma para tornar o momento mais divertido.
Quando a banheira estava pronta, ajudei Sophia a se despir e a entrar na água, que a fez rir e brincar com a espuma. Enquanto a pequena se divertia, eu também tomei um banho, me vestindo com um biquíni azul que havia escolhido para o dia. O tecido leve e confortável combinava com a atmosfera descontraída que queria criar.
Depois de ajudar Sophia a colocar um biquíni cor-de-rosa com pequenas estampas florais, peguei meu celular para registrar o momento. Abaixei-me para tirar uma foto dela enquanto ela brincava. Certifiquei-me de capturar a imagem perfeita, com a luz suave do banheiro realçando a cena alegre.
A foto ficou adorável, mostrando Sophia se divertindo e a expressão de contentamento no seu rosto. Senti uma pequena sensação de alívio ao ver o registro desse momento leve e feliz, e postei a imagem no i********:, esperando que os amigos e familiares pudessem compartilhar desse pequeno momento de felicidade com a gente.