50" Natal e tensão e tradição "

1587 Words
Priscilla Hoje deveria ser um Natal de paz e alegria, mas o clima de tensão paira no ar desde a invasão de ontem. Júlia, minha sogra, tenta esconder a preocupação com sorrisos e tarefas, mas é impossível não notar a sombra de angústia em seu olhar. Diogo, ou melhor, Pesadelo, ainda está furioso com ela. Desde que ele descobriu a verdade sobre seu pai biológico, Jorge, parece que o Natal perdeu seu brilho para ele. Estou ajudando Júlia com os preparativos, enquanto Fernanda organiza a casa. Os homens saíram para comprar as bebidas: cervejas, uísque, e outras opções para a noite. A Sophia está brincando com Kauã na rua, o único raio de luz em meio à tensão. 18:42 A mesa está quase pronta, os enfeites de Natal brilham, mas a atmosfera ainda está carregada. Júlia se aproxima e me chama, com o tom maternal de sempre: Júlia _ Priscilla, pode ir se arrumar, meu amor. Tem pouca coisa pra fazer e eu consigo terminar aqui. Priscilla _ Não, que isso. Vou te ajudar a terminar as coisas e me arrumo rapidinho! _ respondo, tentando ser útil. Júlia _ Sei que isso é mentira. E você também tem que arrumar a Sophia, não se esqueceu? _ ela insiste, sempre cuidadosa com os detalhes. Priscilla _ Tá bom então. Vou indo pra casa. Beijo, Júlia. _ dou-lhe um abraço caloroso, desejando que o clima pudesse melhorar para todos. Ao passar pela sala, noto os homens afundados no sofá, exaustos. Diogo se levanta e me abraça por trás, sua presença quente e familiar. Pesadelo _ Tá indo embora já, amor? _ ele pergunta, sua voz grave tingida de cansaço. Priscilla _ Sim, quero descansar um pouco antes de voltar. _ respondo, virando-me para ele. Pesadelo _ Tá bom. Quando estiver pronta, me mande uma mensagem que eu vou te buscar. Priscilla _ Não precisa, amor. Minha casa é duas ruas abaixo da sua! Pesadelo _ Eu sei, mas quando você voltar já vai estar escuro. Não vou deixar minha mulher e minha filha sozinhas na rua. _ ele afirma, com aquela determinação que sempre me faz rir. Priscilla _ O Kauã nos protege! _ brinco, tentando aliviar a tensão. Diogo sorri e me beija suavemente. No momento em que nos separamos, sinto as mãozinhas de Sophia envolvendo minhas pernas. Priscilla _ O que foi, meu amor? _ pergunto, pegando-a no colo. Sophia _ Quelo ir embola, mamãe. Tô com soninho. _ ela murmura, coçando os olhos, e eu sorrio. Pesadelo _ E também, ficou brincando o dia todo! _ Diogo comenta, balançando a cabeça. Priscilla _ Filha, vai lá dar tchau pra sua vovó e seus tios. _ coloco-a no chão e observo enquanto ela vai, ainda sonolenta, se despedir. Pesadelo _ Não deixa ela dormir agora, amor, porque senão ela não vai dormir à noite. E eu quero ficar contigo. _ Diogo sussurra, me segurando pela cintura, o desejo evidente em seu tom. Priscilla _ Ela precisa aproveitar o Natal também, amor. _ respondo, rindo suavemente. Pesadelo _ Mas ela brincou o dia inteiro! _ ele insiste, e eu rio novamente. Sophia volta e se despede de Diogo. Caminho com ela até em casa, passando pelo bar do Zé. Lá, vejo Rafaela e uma mulher desconhecida. Rafaela me lança um olhar de deboche, e eu retribuo com um olhar firme, sem recuar. Chegamos em casa, e eu imediatamente coloco Sophia no banho para espantá-la do sono que ameaça tomá-la completamente. Não posso deixá-la dormir agora, sabendo que mais tarde ela não me daria um segundo de paz. Coloco uma roupa qualquer nela, nada especial ainda — a roupa nova de Natal ficará guardada até a hora da ceia, evitando acidentes com sujeira de última hora. Sophia logo se junta a Kauã para brincar um pouco mais enquanto eu tento recuperar um momento de tranquilidade. Vou até o quarto e me permito um breve suspiro de alívio ao fechar a porta atrás de mim. O dia foi longo, cheio de responsabilidades e emoções misturadas, e agora, finalmente, é a minha vez de cuidar de mim mesma. Às 19:30, consigo meu tão esperado momento de sossego. Entro no banheiro e ligo o chuveiro, deixando a água quente correr por um longo tempo antes de entrar debaixo do fluxo. Cada gota parece levar embora a tensão acumulada, relaxando meus músculos um a um. Deixo a mente vagar, tentando esquecer, mesmo que por alguns minutos, os olhares de deboche, as conversas tensas e a preocupação constante. Lavo o cabelo com cuidado, passando os dedos entre os fios e desfrutando da sensação reconfortante da água morna. Depois de enxaguar, pego o secador e começo a modelar algumas ondas suaves. Gosto de como meu cabelo ganha vida com esse simples toque, dando um ar mais sofisticado e leve ao mesmo tempo. Em seguida, encaro o espelho e penso na maquiagem. Opto por algo que realce meus traços sem exagerar. Faço uma base leve, um contorno sutil, e uso sombras em tons neutros, dando apenas um toque de brilho nos olhos. O delineador afiado e os cílios alongados trazem intensidade ao meu olhar. Nos lábios, escolho um batom nude, equilibrando a maquiagem sem pesar demais.Visto o conjunto novo que comprei no shopping, uma peça escolhida com carinho para essa noite de Natal que deveria ser especial. O vestido é de um tom vermelho vivo, elegante e sensual ao mesmo tempo, marcando minha cintura e deixando as pernas à mostra de forma sutil. As alças finas expõem meus ombros, e o decote em V confere um toque de ousadia sem perder a classe. A textura do tecido é suave, fluida, acompanhando os movimentos do corpo com naturalidade. Antes de sair do quarto, tiro uma foto. A iluminação está perfeita, destacando o brilho do meu cabelo e o contraste do vestido contra minha pele. Decido postar no i********:, algo que tenho feito cada vez mais com frequência. É uma pequena lembrança para mim mesma de que estou no controle, mesmo que às vezes as coisas pareçam caóticas. Saio do quarto e encontro Sophia ainda brincando com Kauã. Priscilla _ Vai se arrumar também, Kauã? _ pergunto. Kauã _ Eu queria, mas quem disse que essa coisinha me deixou ir tomar banho? _ ele responde, fazendo cócegas na Sophia, que ri alto. Priscilla _ Vem, filha, vamos nos arrumar. E você vai tomar banho, Kauã. Está todo suado! _ comento, fingindo desgosto. Kauã _ Claro, estava jogando bola. _ ele ri, mas logo vai tomar seu banho. Mais um banho em Sophia, agora para prepará-la para a noite. Coloco o vestido novo nela e arrumo seu cabelo, espero Kauã terminar de se arrumar. Mando uma mensagem para Diogo nos buscar. Ele chega minutos depois, desce do carro e me olha de cima a baixo, um sorriso orgulhoso no rosto. Kauã já entra no carro com Sophia, mas quando estou prestes a entrar, Diogo me puxa para mais perto. Pesadelo _ Você está maravilhosa, amor. Conseguiu ficar ainda mais linda! _ ele sussurra, me dando um beijo demorado. Priscilla _ Você também está um gato, amor. Sentaria fácil, fácil! _ brinco, e ele ri, aquele sorriso safado que tanto amo. Sophia _ Vamo logo, papai. A Soso tá com fome! _ Sophia diz do banco de trás, e todos rimos. Chegamos à casa de Júlia rapidamente, já que é bem perto. A casa já está cheia de gente, e entre os convidados, Rafaela. Meu humor azeda instantaneamente. Priscilla _ Quem convidou ela, Diogo? _ pergunto, tentando esconder o incômodo. Pesadelo _ Minha mãe é amiga da mãe dela. Então, minha mãe teve que convidar as duas. Mas fica tranquila, ela não vai fazer nada com você, amor. _ ele tenta me tranquilizar, mas meu olhar de tédio o faz perceber que não estou convencida. Priscilla _ E você acha mesmo que ela teria coragem? Só se quiser cavar a própria cova! _ comento, fria. Cumprimento todos, forçando sorrisos, e me sento à mesa com nosso grupo. Fernanda _ Se você tiver a ideia de matar a Rafaela, me avisa que eu te ajudo! _ Fernanda diz, me lançando um olhar cúmplice. Th _ Qual foi, amor? Vai ficar nessa mesmo? _ Th pergunta, tentando aliviar a tensão. Priscilla _ O que eu perdi, gente? _ pergunto, percebendo que perdi algo enquanto circulava pela festa. Fernanda _ Desde que essa marmita chegou, não para de dar em cima do Thiago. Já estou ficando estressada. _ Fernanda explica, se referindo a amiga da rafaela,a garota que vi com ela mais cedo. Priscilla _ Essas piranhas adoram um homem casado. Ela está doida para ficar careca! _ comento, balançando a cabeça em descrença. C2 _ E o homem casado que ela mais gosta é o seu, Priscilla! _ C2 diz, rindo, apontando discretamente para o canto da sala. Olho na direção que ele aponta e vejo Diogo conversando com Rafaela. Ela desliza a mão pela barriga dele enquanto fala, e o sangue começa a ferver nas minhas veias. Não me movo, apenas observo. Quero ver se ele percebe meu olhar. Fernanda _ É sério que você não vai lá quebrar a cara dos dois? _ Fernanda pergunta, incrédula. Priscilla _ Vou me rebaixar a esse nível para quê? Sou muito mais que isso! _ respondo, tomando um gole da minha cerveja, mantendo a calma exterior. Fico observando até que Diogo percebe meu olhar fixo. Ele logo interrompe a conversa e vem até mim, um misto de culpa e preocupação no rosto.
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