Narrado por: Jade.
Meu mundo desabou no momento que acordei hoje de manhã, não sei o que fazer, nem pra onde ir, as lágrimas escorriam cada vez mais, chorar nunca foi a solução, mas não tinha como não chorar? vendida eu fui vendida pro dono do moro pelo meu próprio pai! fugir? Até quero, mas sei que se eu fugir jamais vou ter paz, vou viver fugindo e não se pode fugir por muito tempo sem ter dinheiro pra nada, a única solução é encarar a realidade e minha realidade não pode ficar pior
_Jade! – escutei alguém gritar e então sequei as lágrimas lagrimas e virei pra ver quem era
_Oi, Raiane – Falei olhando pra ela, éramos amigas na infância, mas quando ela entrou pro tráfico minha mãe me proibiu de falar com ela
_você tá bem? Parece que andou chorando? – Ela falou vendo meu estado
_tô ...tô bem sim – Falei e ela me encarou
_olha Jade nos éramos amigas, você ainda pode confiar em mim – Falou seria
_eu sei Raiane, minha vida tá indo de m*l a pior e não quero falar sobre isso – Falei e ela me abraçou
_você pode contar comigo – Ela falou e eu forcei o sorriso
_eu sei – Falei e me afastei, continuei subindo por mais que eu quisesse acreditar que alguém ia me ajudar, eu sabia que ninguém faria nada, ninguém arriscaria morrer pra me salvar
Cheguei em casa quase morta, tomei um copo de água e a ficha finalmente caiu, minha vida acabou, meus sonhos, meu futuro, a partir de agora eu pertencia a ele, o dono do moro e querendo ou não ele podia fazer o que quisesse comigo.
Passaram hora e mais horas e a única coisa que eu consegui fazer foi deitar em posição fetal e chorar, chorar por perder minha mãe, chorar por ter sido vendida, chorar por não poder fugir, chorar e chorar como se tudo fosse melhorar
_garota? – alguém abriu a porta com força e entrou
_tô ...aqui – Falei secando as lágrimas
_já tá pronta? – o homem cheio de tatuagem perguntou
_como assim pronta? – Perguntei sem olhar pra ele
_sobe, arruma suas coisas e desce, o chefe mandou eu te levar pra um lugar – Falou e eu senti um frio na espinha
_mas ...eu não quero ir – Falei e ele riu
_qual é garota, você acha que tô brincando? Que se você não for pra droga desse quarto agora eu não vou te matar? – Falou e começou a apertar meu pescoço
_me....sol...solta – Falei sem ar
_ENTÃO ANDA LOGO p***a – gritou e eu me levantei do chão e subi as escadas
Peguei minha mochila e a mala ainda com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, mas não era hora de chorar e sim de encarar a realidade a terrível e dura realidade
Não demorou muito pro cara que tentou me matar sufocada parar na porta do meu quarto e ficar me encarando em quanto eu tentava me manter em pé e colocar as coisas na mala
_anda logo – Falou
_já acabei – Falei colocando a mala no chão
_da isso aqui – Falou pegando a mala
_pra onde você vai me levar? – Perguntei quando ele simplesmente me jogou pra dentro do carro
_não interessa e cala essa droga de boca – Falou ligando o carro
Não sei por onde passamos a única coisa que sei é que não saímos do morro, ele estacionou na frente de uma casa gigante e abriu a porta de trás agarrou meu braço e entramos na casa
_que lugar é esse? Droga, me solta! – Falei praticamente gritando
_tua sorte que ele ainda não decidiu o que fazer com você – Falou e me jogou dentro de um quarto e saiu, corri pra porta, mas ele trancou a porta. Logo depois abriu de novo e jogou a mala, o quarto estava vazio não tinha absolutamente nada, só eu ali jogada no canto do quarto sem saber o que seria de mim
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Faz dois dias que estou presa nesse quarto, ninguém entrou aqui, não ouvi nada do lado de fora e aquelas palavras não saíram da minha mente
"sorte sua que ele ainda não decidiu o que vai fazer com você."
O desespero toma conta de mim cada vez que essa frase passa pela minha cabeça, meu pai me vendeu, minha mãe morreu, não posso fugir só posso ficar aqui presa sofrendo e imaginando mil formas da minha vida piorar
Escutei alguns passos, fui pra perto da parede e então a porta abriu, e aqueles olhos que me atormentaram esses dois dias surgiram atráves da porta.
Será que ele decidiu o que fazer comigo?